Russas é um município brasileiro localizado no estado do Ceará, na região do Baixo Jaguaribe. Situa-se à 165 km da capital Fortaleza, tendo como principal acesso a BR 116. A cidade constitui um dos mais importante centros populacionais e econômico do Vale do Jaguaribe. É conhecida como a “Capital do Vale do Jaguaribe”, “Terra da Laranja Doce”, “Terra das Telhas Vermelhas”, e “Terra de Dom Lino”.
História
Origem Militar
As terras que viriam a constituir o atual município de Russas eram habitadas por tribos indígenas até a chegada dos primeiros colonos, por volta de 1690, oriundos da capitania de Pernambuco e de Portugal. Em 1695, o governador da Capitania de Pernambuco ordenou a construção de uma pequena fortaleza no curso baixo do Rio Jaguaribe, onde hoje se localiza a cidade de Russas. Esta fortificação, que recebeu a denominação de Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do Jaguaribe, foi o embrião da cidade. Foi erguido numa época em que os povos indígenas do Ceará se encontravam em luta contra a presença portuguesa na região,a chamada Guerra dos Bárbaros. Palco de massacre de índios residentes na região, o forte foi destruído em 1705 durante uma rebelião dos detentos, que atearam fogo na edificação. Após sua destruição, o governador da Capitania de Pernambuco propôs à Coroa portuguesa a extinção deste forte, considerando terem os indígenas deixado livre aquela área, perdendo o forte a sua finalidade.
Crescimento com a criação de gado
A economia local se expandiu baseada na criação de gado. Iniciou-se com o núcleo militar São Francisco Xavier, que segurava 150 currais de gado, e depois consolidou-se como entreposto dos vaqueiros que traziam gado do interior para vender no porto de Aracati na época do ciclo da carne de charque no Nordeste.
Entre os criadores, se destaca Teodósio Gracismão de Abreu, que recebeu sua Sesmaria em janeiro de 1681 e foi o doador de meia légua de terra em quadra para patrimônio da Igreja, onde foi erguida a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário das Russas. A construção da igreja se iniciou em 1707, sendo a mais antiga do estado do Ceará. No ano de 1712 o Vigário de Russas, que já detinha o poder espiritual, passou a acumular o poder temporal, quando recebeu o Termo de Curato das Russas. Em 1735, o Bispado de Pernambuco, ao perceber a crescente riqueza das fazendas de criação, resolveu dar a administração da paróquia aos Jesuítas, que eram fiscalizados de perto pelos Visitadores do Recife, sempre preocupados com os tributos sobre as mercadorias jaguaribanas. A igreja foi reconstruída com estrutura de maior porte em 1735, agora chamada de Matriz de Nossa Senhora do Rosário, a mesma que se encontra hoje no centro de Russas.
Criação da vila em 1801
Desde o século XVIII a população da ribeira do Jaguaribe aspirava por autonomia política. Em 15 de junho de 1801, o governador da Capitania do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos, ordenou ao ouvidor Manuel Leocádio Rademaker que transformasse em vila a povoação de Sítio Igreja das Russas, que ficou conhecida como São Bernardo das Russas. A vila foi instalada em seis de agosto daquele mesmo ano.
A cidade teve, contudo, a primeira oportunidade de ser elevada a vila em 1766, durante o governo do ministro português Marquês de Pombal, quando Carta Régia enviada a Capital da Província em Pernambuco mandava que se criasse nova Vila na Ribeira do Jaguaribe (Russas). O então Vigário Manoel da Fonseca Jaime omitiu a ordem aos moradores de Russas, pois uma vez elevada a Vila, o Pároco perderia metade de seu poder político, já que ficaria apenas com o poder espiritual. A segunda oportunidade surgiu em 1799, quando Recife decretou a criação da Vila Nova de Santo Antônio do Ouvidor das Russas. Mas a documentação foi considerada inválida, já que neste mesmo ano a Capitania do Ceará se desvinculava de Pernambuco tornando-se Província.
Desde 1938 a cidade adota o nome resumido que conhecemos hoje: Russas. A origem do topônimo Russas tem sido alvo de discussão entre estudiosos da área. Uma das versões populares é de que surgiu em referência a cor das éguas de um fazendeiro chamado Zacarias do Pedro Ribeiro, nos primeiros anos do povoamento, que possuía éguas cobiçadas e vistosas éguas de cor ruça. Os animais se destacavam pela uniformidade de sua cor encarnada, sendo batizadas de éguas russas (embranquecidas). Outra possibilidade é de que o nome faz referência à existência no local de umas pedras brancas de granito com partes pintadas de tinta vermelha. Existe ainda quem defenda que o nome se originou da reminiscência sentimental de uma família pernambucana que estabeleceu-se nesta zona e teria dado ao local o nome da sua terra de origem localizada no nordeste de Pernambuco.
Desenvolvimento da cidade até os dias de hoje
A cidade logo se tornou o centro para onde convergia toda região jaguaribana. Assim foi primeiramente o núcleo militar (com a Fortaleza de São Francisco Xavier que segurava 150 currais), centro religioso (com a construção da Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Russas), centro econômico, político e administrativo.
Russas é um importante polo econômico do Vale do Jaguaribe. Localizada numa região de solo fértil do Vale Jaguaribano, Russas sempre foi ponto estratégico para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso ocorre por ali ter passado a Estrada Real do Jaguaribe no período colonial, depois a estrada Transnordestina e hoje a BR 116. Após o ciclo da Carne de Charque, a economia do município passou pelo ciclo do algodão, o ciclo da carnaúba, e da laranja. Nos dias de hoje a economia russana é baseada em movimentado Comércio, prestação de serviços, Agronegócio (Frutos tropicais com o projeto Tabuleiro de Russas), e Indústrias. Russas possui grande polo ceramista, com mais de 100 indústrias instaladas, sendo o maior produtor de telha colonial do Nordeste. O município é sede de filial da indústria Dakota Calçados, uma das maiores empresa calçadista da América do Sul, que constitui o maior empregador da cidade, gerando em torno de 4.000 empregos diretos.
Atualmente, Russas se mantém como polo militar, com a sede do 1º Batalhão Militar; polo religioso com mais de 30 templos católicos, vários evangélicos, e também outras religiões; polo político/administrativo com as sedes da AmuVale (Associação dos Municípios do Vale do Jaguaribe), de equipamentos federais (Receita Federal, Banco do Brasil, INSS, DNIT), e estaduais (CREDE 10, 9ª Coordenadoria Regional de Saúde, DETRAN, Regional do Baixo e Médio Jaguaribe da CAGECE); Em breve Russas será também importante centro de ensino superior, com a expectativa da implantação de um Campus avançado de Universidade Federal do Ceará na cidade.
Geografia
Russas é um município cearense localizado na mesorregião do Vale do Jaguaribe, microrregião do Baixo Jaguaribe. Situa-se a 165 km da capital Fortaleza, e o principal acesso é feito pela BR116. Russas possui uma área de 1.591,281 km², e uma população de 71.723 habitantes de acordo com estimativa do IBGE em 2012, a maioria vivendo na zona urbana do município. Faz limite com as seguintes cidades: Beberibe, Quixeré, Jaguaruana, Palhano, Morada Nova e Limoeiro do Norte. O município é subdividido em sete distritos: Russas (sede), Bonhu, Flores, São João de Deus, Lagoa Grande, Peixe e Timbaúba de Nossa Senhora das Dores.
Russas situa-se em terras férteis do vale do Jaguaribe, e faz parte de um grande projeto de irrigação, o perímetro irrigado do tabuleiro de Russas. Em suas terras registram-se a ocorrência de berilo, mica, ambligonita, espodumênio, petalita, felspato, biotita, piruluzita e moscovita. Possui solos podzólicos vermelho-amarelo, areia quartzosas, litólicos de substratos gnáissicos, etc., de textura superficial normalmente arenosa ou média. As terras de Russas são de várzea e não possuem grandes elevações, sendo considerada um município em geral “plano”. Algumas elevações são os serrotes: Verde e da Serraria, na divisa com o município de Morada Nova. A vegetação é composta por caatinga arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa e mata ciliar, com predomínio da carnaúba.
O Rio Jaguaribe, que vem do tupi-guarani e significa rio das onças, tem construído em seu leitos o maior açude do país, a represa do Castanhão (no muniçipio de Nova Jaguaribara). Como aflente do Rio Jaguaribe, temos o Riacho Araibu, que corta a sede do Município, assim como Umburanas; Córrego da Bananeira; Lagoa da Caiçara; Açudes: Altamira, Santo Antônio e das Melancias.
Clima
O clima de Russas é Tropical e semiárido, com pluviometria média anual de 829,8 mm. As chuvas são concentradas nos meses de janeiro à maio. A principal fonte de água é proveniente da bacia do Rio Jaguaribe e seus afluentes. Os braços rio Jaguaribe chegam a desaparecer em épocas de seca, o que lhe rendeu o título de “maior rio seco do mundo”, retornando o volume na estação chuvosa.
Economia
Russas é um importante polo econômico do Vale do Jaguaribe e do estado do Ceará. Localizada numa região de solo fértil do Vale Jaguaribano, Russas sempre foi ponto estratégico para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso ocorre por ali ter passado a Estrada Real do Jaguaribe no período colonial, depois a estrada Transnordestina e hoje a BR 116. Após o ciclo da Carne de Charque, a economia do município passou pelo ciclo do algodão, o ciclo da carnaúba, e o da laranja. Esta última lhe rendeu o título de “Terra da Laranja Doce”, pois se criou uma verdadeira marca para a laranja da região, a “Laranja de Russas” conhecida nacionalmente.
Nos dias de hoje a economia russana é baseada em movimentado Comércio, prestação de serviços, o Agronegócio, bem como as Indústrias (calçadista, cerâmicas, peças automotivas, etc). O PIB do município foi de R$ 431.695,00 reais em 2008, de acordo com o IBGE. Graças ao bom desempenho no quesito Emprego & Renda, Russas ficou entre os 10 municípios de estado do Ceará com melhor IFDM ( Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal).
O município é sede de filial da indústria Dakota Calçados, uma das maiores empresa calçadista da América do Latina, que constitui o maior empregador da cidade, gerando em torno de 4.000 empregos diretos. Desde sua instalação, em 1997, a Dakota tornou-se vetor de desenvolvimento para novas indústrias na região jaguaribana.
Em relação ao Agronegócio, Russas faz parte do Perímetro irrigado Tabuleiros de Russas (juntamente com os municípios de Limoeiro do Norte e Morada Nova). O projeto consiste de faixa contínua de terras agricultáveis ao longa da margem esquerda na parte baixa do rio Jaguaribe. O Perímetro de Irrigação foi concebido dentro de uma filosofia de empreendimento empresarial e agricultura comercial visando os mercados nacional e de exportação. A base de sustentabilidade é a produção de frutas.
Russas possui grande polo ceramista, com mais de 100 indústrias instaladas, sendo o maior produtor de telha colonial de toda a região Nordeste. Produz-se também tijolos e outros tipos de telhas cerâmicas, como a telha americana, maior que a original. Contribui para isto, a boa qualidade da Argila encontrada na região. Enquanto as indústria Cerâmicas impulsionam a economia do município, é preciso continuar buscando soluções para tentar minimizar os possíveis prejuízos ambientais (poluição do ar) associados com a produção de telhas.
Existem mais de 100 Indústrias cerâmicas do município de Russas.
Cultura
Dentre as várias manifestações populares, Russas já foi palco das tradicionais congadas, cavalhadas, do carnaval cultural de rua com apresentação de escolas de Samba (décadas de 1970 e 80), e do bumba-meu-boi, dos quais se destacaram no âmbito estadual o Boi Pai do Campo e o Bumba-meu-boi Russano da localidade rural de São João de Deus.
Nos dias de hoje, a população de Russas tradicionalmente comemora por uma semana o aniversário do Município, sendo a data da emancipação dia 6 de Agosto, participa das Festas Juninas em Junho, o que inclui um festival que conta com a participação de vários grupos de quadrilha do município e do estado. Os russanos também se envolvem em vários movimentos religiosos, sendo muito tradicional a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário, comemorada em 7 de Outubro.
Nas artes literárias se destaca o poeta russano Francisco Carvalho, membro da Academia Cearense de Letras. Francisco Carvalho é autor de obras como “Quadrante Solar”, “Girassóis de Barro” e “Raízes da Voz”, tendo ganhado vários prêmios nacionais.
No campo musical, Russas é a terra natal do músico e compositor Liduíno Pitombeira, Ph.D. em Composição pela Universidade de Louisiana, Estados Unidos (EUA). Pitombeira tem um catálogo de mais de 100 obras e já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais. Um deles foi o prêmio Inter-Americano de Música em 2006, nos Estados Unidos, em que concorreram compositores residentes na América do Norte, do Sul e Central. A obra vencedora foi quinteto para Metais, Brazilian Landscapes N. 2. que contém dois movimentos denominados Santo Antonio e Ingá, em homenagem aos locais de nascimento da mãe e do pai do compositor, respectivamente.
Outro gênio russano da música, é o Maestro Orlando Leite (in memorian), que foi aluno de Heitor Villa Lobos. Orlando Leite recebeu várias condecorações locais, bem como internacionais. A Banda Municipal de Russas recebe o nome do proeminente regente. A Banda Municipal Maestro Orlando Leite é considerada uma das melhores bandas de músicas do estado Ceará. Russas possui vários artistas populares “cantadores”e “violeiros”. Ainda na música, a cidade abriga conjuntos de M.P.B., chorinho, “rock”, forró, pagode, axé, dentre outros. Assim como em outras cidades do interior cearense, o forró constitui, provavelmente, um dos gêneros musicais mais populares na cidade.
Nas artes cênicas, podemos citar o renomado ator e diretor de teatro José Carlos Bezerra de Matos (in memorian). Russas foi palco da premiada produção “Doce de Coco”, de 2010, filme de curta metragem dirigido pelo cineasta russano Allan Deberton. O curta-metragem trouxe como revelação a jovem atriz Débora Ingrid, também de Russas, no papel principal.
Em 1990 foi criada a companhia de artes cênicas Oficarte Teatro & Cia, que é a gestora do Ponto de Cultura Brincantes de Teatro, do Centro Cultural Galpão das Artes e da Banda K-Zumbar. O Município é sede do Centro Cultural Padre Pedro Alcântara, e da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA). A cidade conta com grande número de artesãos, sendo as principais atividades artísticas a escultura com argila e a arte com a palha da carnaúba. Formada por russanos, a Casa dos Amigos de Russas (CARUS) reúne russanos radicados em Fortaleza.
Os principais eventos culturais da cidade são: Semana do Município – SEMUR (aniversário emancipação política em 6 de agosto 1801); Festa da Padroeira – Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro); Semana Espírita de Russas (terceira semana de novembro); Russas Folia – Micareta; Festival Junino de Quadrilhas do Vale do Jaguaribe; Festa de Timbauba de Nossa Senhora das Dores; Festa de São Sebastião e de Libertação dos Escravos em Russas; Feira de Arte e Cultura Espírita (mês de julho); Encontro Cultural Russano; Festival do Beija-Flor; Semana da Consciência Negra; Festival de Teatro do Vale do Jaguaribe – FESTVALE; Marcha para Jesus; Vinde e Vede – evento da Renovação Carismática Católica de Russas; Semana de Inclusão Digital – Realizada pelo Projeto Ação Digital – PAD.
Atrativos
Atrativos históricos e arquitetônicos: Praça Monsenhor João Luís e Coluna da Hora; Monumento Obelisco (na praça da Matriz Nossa Senhora do Rosário); Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário; Igreja Presbiteriana de Russas; Biblioteca Municipal Pedro Maia Rocha; Centro Cultural Padre Pedro de Alcântara; Museu Padre Júlio Maria; Praça da Carnaúba/ Estudante; Casa Gondim/Centro histórico da cidade; Mercado Público José Martins de Santiago; Antiga Cadeia Pública e Câmara Municipal/Fórum; Sede do 1º Batalhão Militar; Igreja de São Francisco/Col. Estadual; Igreja São Sebastião e busto de Dom Lino; Casarão e Farmácia Ramalho; Mosteiro dos Jesuítas; Santuário de Nossa Senhora de Fátima; Igreja de São Bento; Associação Atlética e Cultural de Russas; Casa Paroquial; Casa do Padre Edvaldo; Colégio UNECIM e Auditório Lino Gonçalves; Casa das Irmãs Cordimarianas.
Atrativos naturais: Ilhota, no Rio Jaguaribe; Bancos de areia; Balneário das Bombas; Banho do Pedro Ribeiro; Açude de Santo Antônio de Russas, próprio para mergulho; Pedras do Sítio de Baixo/Cipó; Riacho Araibu; Lagoa da Caiçara
Fonte para o texto: Site da Prefeitura Municipal de Russas .
História
Origem Militar
As terras que viriam a constituir o atual município de Russas eram habitadas por tribos indígenas até a chegada dos primeiros colonos, por volta de 1690, oriundos da capitania de Pernambuco e de Portugal. Em 1695, o governador da Capitania de Pernambuco ordenou a construção de uma pequena fortaleza no curso baixo do Rio Jaguaribe, onde hoje se localiza a cidade de Russas. Esta fortificação, que recebeu a denominação de Forte Real de São Francisco Xavier da Ribeira do Jaguaribe, foi o embrião da cidade. Foi erguido numa época em que os povos indígenas do Ceará se encontravam em luta contra a presença portuguesa na região,a chamada Guerra dos Bárbaros. Palco de massacre de índios residentes na região, o forte foi destruído em 1705 durante uma rebelião dos detentos, que atearam fogo na edificação. Após sua destruição, o governador da Capitania de Pernambuco propôs à Coroa portuguesa a extinção deste forte, considerando terem os indígenas deixado livre aquela área, perdendo o forte a sua finalidade.
Crescimento com a criação de gado
A economia local se expandiu baseada na criação de gado. Iniciou-se com o núcleo militar São Francisco Xavier, que segurava 150 currais de gado, e depois consolidou-se como entreposto dos vaqueiros que traziam gado do interior para vender no porto de Aracati na época do ciclo da carne de charque no Nordeste.
Entre os criadores, se destaca Teodósio Gracismão de Abreu, que recebeu sua Sesmaria em janeiro de 1681 e foi o doador de meia légua de terra em quadra para patrimônio da Igreja, onde foi erguida a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário das Russas. A construção da igreja se iniciou em 1707, sendo a mais antiga do estado do Ceará. No ano de 1712 o Vigário de Russas, que já detinha o poder espiritual, passou a acumular o poder temporal, quando recebeu o Termo de Curato das Russas. Em 1735, o Bispado de Pernambuco, ao perceber a crescente riqueza das fazendas de criação, resolveu dar a administração da paróquia aos Jesuítas, que eram fiscalizados de perto pelos Visitadores do Recife, sempre preocupados com os tributos sobre as mercadorias jaguaribanas. A igreja foi reconstruída com estrutura de maior porte em 1735, agora chamada de Matriz de Nossa Senhora do Rosário, a mesma que se encontra hoje no centro de Russas.
Criação da vila em 1801
Desde o século XVIII a população da ribeira do Jaguaribe aspirava por autonomia política. Em 15 de junho de 1801, o governador da Capitania do Ceará, Bernardo Manuel de Vasconcelos, ordenou ao ouvidor Manuel Leocádio Rademaker que transformasse em vila a povoação de Sítio Igreja das Russas, que ficou conhecida como São Bernardo das Russas. A vila foi instalada em seis de agosto daquele mesmo ano.
A cidade teve, contudo, a primeira oportunidade de ser elevada a vila em 1766, durante o governo do ministro português Marquês de Pombal, quando Carta Régia enviada a Capital da Província em Pernambuco mandava que se criasse nova Vila na Ribeira do Jaguaribe (Russas). O então Vigário Manoel da Fonseca Jaime omitiu a ordem aos moradores de Russas, pois uma vez elevada a Vila, o Pároco perderia metade de seu poder político, já que ficaria apenas com o poder espiritual. A segunda oportunidade surgiu em 1799, quando Recife decretou a criação da Vila Nova de Santo Antônio do Ouvidor das Russas. Mas a documentação foi considerada inválida, já que neste mesmo ano a Capitania do Ceará se desvinculava de Pernambuco tornando-se Província.
Desde 1938 a cidade adota o nome resumido que conhecemos hoje: Russas. A origem do topônimo Russas tem sido alvo de discussão entre estudiosos da área. Uma das versões populares é de que surgiu em referência a cor das éguas de um fazendeiro chamado Zacarias do Pedro Ribeiro, nos primeiros anos do povoamento, que possuía éguas cobiçadas e vistosas éguas de cor ruça. Os animais se destacavam pela uniformidade de sua cor encarnada, sendo batizadas de éguas russas (embranquecidas). Outra possibilidade é de que o nome faz referência à existência no local de umas pedras brancas de granito com partes pintadas de tinta vermelha. Existe ainda quem defenda que o nome se originou da reminiscência sentimental de uma família pernambucana que estabeleceu-se nesta zona e teria dado ao local o nome da sua terra de origem localizada no nordeste de Pernambuco.
Desenvolvimento da cidade até os dias de hoje
A cidade logo se tornou o centro para onde convergia toda região jaguaribana. Assim foi primeiramente o núcleo militar (com a Fortaleza de São Francisco Xavier que segurava 150 currais), centro religioso (com a construção da Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Russas), centro econômico, político e administrativo.
Russas é um importante polo econômico do Vale do Jaguaribe. Localizada numa região de solo fértil do Vale Jaguaribano, Russas sempre foi ponto estratégico para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso ocorre por ali ter passado a Estrada Real do Jaguaribe no período colonial, depois a estrada Transnordestina e hoje a BR 116. Após o ciclo da Carne de Charque, a economia do município passou pelo ciclo do algodão, o ciclo da carnaúba, e da laranja. Nos dias de hoje a economia russana é baseada em movimentado Comércio, prestação de serviços, Agronegócio (Frutos tropicais com o projeto Tabuleiro de Russas), e Indústrias. Russas possui grande polo ceramista, com mais de 100 indústrias instaladas, sendo o maior produtor de telha colonial do Nordeste. O município é sede de filial da indústria Dakota Calçados, uma das maiores empresa calçadista da América do Sul, que constitui o maior empregador da cidade, gerando em torno de 4.000 empregos diretos.
Atualmente, Russas se mantém como polo militar, com a sede do 1º Batalhão Militar; polo religioso com mais de 30 templos católicos, vários evangélicos, e também outras religiões; polo político/administrativo com as sedes da AmuVale (Associação dos Municípios do Vale do Jaguaribe), de equipamentos federais (Receita Federal, Banco do Brasil, INSS, DNIT), e estaduais (CREDE 10, 9ª Coordenadoria Regional de Saúde, DETRAN, Regional do Baixo e Médio Jaguaribe da CAGECE); Em breve Russas será também importante centro de ensino superior, com a expectativa da implantação de um Campus avançado de Universidade Federal do Ceará na cidade.
Geografia
Russas é um município cearense localizado na mesorregião do Vale do Jaguaribe, microrregião do Baixo Jaguaribe. Situa-se a 165 km da capital Fortaleza, e o principal acesso é feito pela BR116. Russas possui uma área de 1.591,281 km², e uma população de 71.723 habitantes de acordo com estimativa do IBGE em 2012, a maioria vivendo na zona urbana do município. Faz limite com as seguintes cidades: Beberibe, Quixeré, Jaguaruana, Palhano, Morada Nova e Limoeiro do Norte. O município é subdividido em sete distritos: Russas (sede), Bonhu, Flores, São João de Deus, Lagoa Grande, Peixe e Timbaúba de Nossa Senhora das Dores.
Russas situa-se em terras férteis do vale do Jaguaribe, e faz parte de um grande projeto de irrigação, o perímetro irrigado do tabuleiro de Russas. Em suas terras registram-se a ocorrência de berilo, mica, ambligonita, espodumênio, petalita, felspato, biotita, piruluzita e moscovita. Possui solos podzólicos vermelho-amarelo, areia quartzosas, litólicos de substratos gnáissicos, etc., de textura superficial normalmente arenosa ou média. As terras de Russas são de várzea e não possuem grandes elevações, sendo considerada um município em geral “plano”. Algumas elevações são os serrotes: Verde e da Serraria, na divisa com o município de Morada Nova. A vegetação é composta por caatinga arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa e mata ciliar, com predomínio da carnaúba.
O Rio Jaguaribe, que vem do tupi-guarani e significa rio das onças, tem construído em seu leitos o maior açude do país, a represa do Castanhão (no muniçipio de Nova Jaguaribara). Como aflente do Rio Jaguaribe, temos o Riacho Araibu, que corta a sede do Município, assim como Umburanas; Córrego da Bananeira; Lagoa da Caiçara; Açudes: Altamira, Santo Antônio e das Melancias.
Clima
O clima de Russas é Tropical e semiárido, com pluviometria média anual de 829,8 mm. As chuvas são concentradas nos meses de janeiro à maio. A principal fonte de água é proveniente da bacia do Rio Jaguaribe e seus afluentes. Os braços rio Jaguaribe chegam a desaparecer em épocas de seca, o que lhe rendeu o título de “maior rio seco do mundo”, retornando o volume na estação chuvosa.
Economia
Russas é um importante polo econômico do Vale do Jaguaribe e do estado do Ceará. Localizada numa região de solo fértil do Vale Jaguaribano, Russas sempre foi ponto estratégico para o transporte de pessoas e mercadorias. Isso ocorre por ali ter passado a Estrada Real do Jaguaribe no período colonial, depois a estrada Transnordestina e hoje a BR 116. Após o ciclo da Carne de Charque, a economia do município passou pelo ciclo do algodão, o ciclo da carnaúba, e o da laranja. Esta última lhe rendeu o título de “Terra da Laranja Doce”, pois se criou uma verdadeira marca para a laranja da região, a “Laranja de Russas” conhecida nacionalmente.
Nos dias de hoje a economia russana é baseada em movimentado Comércio, prestação de serviços, o Agronegócio, bem como as Indústrias (calçadista, cerâmicas, peças automotivas, etc). O PIB do município foi de R$ 431.695,00 reais em 2008, de acordo com o IBGE. Graças ao bom desempenho no quesito Emprego & Renda, Russas ficou entre os 10 municípios de estado do Ceará com melhor IFDM ( Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal).
O município é sede de filial da indústria Dakota Calçados, uma das maiores empresa calçadista da América do Latina, que constitui o maior empregador da cidade, gerando em torno de 4.000 empregos diretos. Desde sua instalação, em 1997, a Dakota tornou-se vetor de desenvolvimento para novas indústrias na região jaguaribana.
Em relação ao Agronegócio, Russas faz parte do Perímetro irrigado Tabuleiros de Russas (juntamente com os municípios de Limoeiro do Norte e Morada Nova). O projeto consiste de faixa contínua de terras agricultáveis ao longa da margem esquerda na parte baixa do rio Jaguaribe. O Perímetro de Irrigação foi concebido dentro de uma filosofia de empreendimento empresarial e agricultura comercial visando os mercados nacional e de exportação. A base de sustentabilidade é a produção de frutas.
Russas possui grande polo ceramista, com mais de 100 indústrias instaladas, sendo o maior produtor de telha colonial de toda a região Nordeste. Produz-se também tijolos e outros tipos de telhas cerâmicas, como a telha americana, maior que a original. Contribui para isto, a boa qualidade da Argila encontrada na região. Enquanto as indústria Cerâmicas impulsionam a economia do município, é preciso continuar buscando soluções para tentar minimizar os possíveis prejuízos ambientais (poluição do ar) associados com a produção de telhas.
Existem mais de 100 Indústrias cerâmicas do município de Russas.
Cultura
Dentre as várias manifestações populares, Russas já foi palco das tradicionais congadas, cavalhadas, do carnaval cultural de rua com apresentação de escolas de Samba (décadas de 1970 e 80), e do bumba-meu-boi, dos quais se destacaram no âmbito estadual o Boi Pai do Campo e o Bumba-meu-boi Russano da localidade rural de São João de Deus.
Nos dias de hoje, a população de Russas tradicionalmente comemora por uma semana o aniversário do Município, sendo a data da emancipação dia 6 de Agosto, participa das Festas Juninas em Junho, o que inclui um festival que conta com a participação de vários grupos de quadrilha do município e do estado. Os russanos também se envolvem em vários movimentos religiosos, sendo muito tradicional a Festa da Padroeira Nossa Senhora do Rosário, comemorada em 7 de Outubro.
Nas artes literárias se destaca o poeta russano Francisco Carvalho, membro da Academia Cearense de Letras. Francisco Carvalho é autor de obras como “Quadrante Solar”, “Girassóis de Barro” e “Raízes da Voz”, tendo ganhado vários prêmios nacionais.
No campo musical, Russas é a terra natal do músico e compositor Liduíno Pitombeira, Ph.D. em Composição pela Universidade de Louisiana, Estados Unidos (EUA). Pitombeira tem um catálogo de mais de 100 obras e já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais. Um deles foi o prêmio Inter-Americano de Música em 2006, nos Estados Unidos, em que concorreram compositores residentes na América do Norte, do Sul e Central. A obra vencedora foi quinteto para Metais, Brazilian Landscapes N. 2. que contém dois movimentos denominados Santo Antonio e Ingá, em homenagem aos locais de nascimento da mãe e do pai do compositor, respectivamente.
Outro gênio russano da música, é o Maestro Orlando Leite (in memorian), que foi aluno de Heitor Villa Lobos. Orlando Leite recebeu várias condecorações locais, bem como internacionais. A Banda Municipal de Russas recebe o nome do proeminente regente. A Banda Municipal Maestro Orlando Leite é considerada uma das melhores bandas de músicas do estado Ceará. Russas possui vários artistas populares “cantadores”e “violeiros”. Ainda na música, a cidade abriga conjuntos de M.P.B., chorinho, “rock”, forró, pagode, axé, dentre outros. Assim como em outras cidades do interior cearense, o forró constitui, provavelmente, um dos gêneros musicais mais populares na cidade.
Nas artes cênicas, podemos citar o renomado ator e diretor de teatro José Carlos Bezerra de Matos (in memorian). Russas foi palco da premiada produção “Doce de Coco”, de 2010, filme de curta metragem dirigido pelo cineasta russano Allan Deberton. O curta-metragem trouxe como revelação a jovem atriz Débora Ingrid, também de Russas, no papel principal.
Em 1990 foi criada a companhia de artes cênicas Oficarte Teatro & Cia, que é a gestora do Ponto de Cultura Brincantes de Teatro, do Centro Cultural Galpão das Artes e da Banda K-Zumbar. O Município é sede do Centro Cultural Padre Pedro Alcântara, e da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA). A cidade conta com grande número de artesãos, sendo as principais atividades artísticas a escultura com argila e a arte com a palha da carnaúba. Formada por russanos, a Casa dos Amigos de Russas (CARUS) reúne russanos radicados em Fortaleza.
Os principais eventos culturais da cidade são: Semana do Município – SEMUR (aniversário emancipação política em 6 de agosto 1801); Festa da Padroeira – Nossa Senhora do Rosário (7 de outubro); Semana Espírita de Russas (terceira semana de novembro); Russas Folia – Micareta; Festival Junino de Quadrilhas do Vale do Jaguaribe; Festa de Timbauba de Nossa Senhora das Dores; Festa de São Sebastião e de Libertação dos Escravos em Russas; Feira de Arte e Cultura Espírita (mês de julho); Encontro Cultural Russano; Festival do Beija-Flor; Semana da Consciência Negra; Festival de Teatro do Vale do Jaguaribe – FESTVALE; Marcha para Jesus; Vinde e Vede – evento da Renovação Carismática Católica de Russas; Semana de Inclusão Digital – Realizada pelo Projeto Ação Digital – PAD.
Atrativos
Atrativos históricos e arquitetônicos: Praça Monsenhor João Luís e Coluna da Hora; Monumento Obelisco (na praça da Matriz Nossa Senhora do Rosário); Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário; Igreja Presbiteriana de Russas; Biblioteca Municipal Pedro Maia Rocha; Centro Cultural Padre Pedro de Alcântara; Museu Padre Júlio Maria; Praça da Carnaúba/ Estudante; Casa Gondim/Centro histórico da cidade; Mercado Público José Martins de Santiago; Antiga Cadeia Pública e Câmara Municipal/Fórum; Sede do 1º Batalhão Militar; Igreja de São Francisco/Col. Estadual; Igreja São Sebastião e busto de Dom Lino; Casarão e Farmácia Ramalho; Mosteiro dos Jesuítas; Santuário de Nossa Senhora de Fátima; Igreja de São Bento; Associação Atlética e Cultural de Russas; Casa Paroquial; Casa do Padre Edvaldo; Colégio UNECIM e Auditório Lino Gonçalves; Casa das Irmãs Cordimarianas.
Atrativos naturais: Ilhota, no Rio Jaguaribe; Bancos de areia; Balneário das Bombas; Banho do Pedro Ribeiro; Açude de Santo Antônio de Russas, próprio para mergulho; Pedras do Sítio de Baixo/Cipó; Riacho Araibu; Lagoa da Caiçara
Fonte para o texto: Site da Prefeitura Municipal de Russas .