Igarapé-Miri é um município do estado do Pará, no Brasil, que pertence a Mesorregião do Nordeste Paraense. Igarapé-Miri é conhecido como a "Capital Mundial do Açaí", por ser o maior produtor e exportador do fruto no mundo, título confirmado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Etimologia
Traduzido do tupi, Igarapé-Miri significa "Caminho de Canoa Pequena", da junção de ygara (canoa), pé (caminho) e mirim (pequeno). O nome faz referência ao rio homônimo que banha a cidade, o mesmo não permite a entrada de grandes embarcações.
História
A região onde hoje se encontra o Estado do Pará, foi diversas vezes invadida desde o início do século XVI, por holandeses e ingleses, que tinham como objetivo a exploração de especiarias como: sementes de urucum, guaraná e pimenta. Com a finalidade de consolidar a região como território português, em 1616, foi fundado o Forte do Presépio, primeira construção significativa, na então chamada Santa Maria de Belém do Grão-Pará, a atual capital do estado, Belém. Além de defender o território, expandindo a ocupação pelo vale amazônico, a expulsão dos invasores do litoral, também possibilitou o impulso militar dos portugueses na região e a exploração da biodiversidade local.
Nos últimos anos do século XVII, já era forte o interesse pelas madeiras amazônicas utilizadas na construção de embarcações ou edifícios no Reino. Naquela época, foi estabelecido em terras ribeirinhas, onde hoje está a Cidade de Igarapé-Miri, uma Fábrica Nacional para extração, aparelhamento e depósito de madeiras, que dali eram exportadas para Belém em abundância e das melhores qualidades. Esse estabelecimento chamou a atenção de colonos para o local, começando assim o povoamento na região.
Das Fábricas Nacionais da Província do Grão-Pará, a de Igarapé-Miri era a mais proficiente e de maior renome, talvez, pelo fato de estar situada nos terrenos planos, sólidos e férteis que se estendiam desde a margem do Rio Sant’Ana de Igarapé-Miri, pelo centro, até a descida do Rio Itanimbuca, bem como, pela abundância de caça, a salubridade do lugar e o fato de não ser conhecido naquela localidade, nenhum caso das febres paludosas que existem em grande parte dos interiores da Amazônia.
A Sesmaria
João Mello Gusmão, conseguiu em 1º de outubro de 1710, do governador e capitão-general do Maranhão, Cristóvão da Costa Freire, a concessão de duas léguas de terras em Igarapé-Miri, as quais iam do Rio Cataiandeua, prolongando-se até o Rio Santo Antonio. Entre as terras cedidas a João Mello Gusmão, estava o terreno onde foi estabelecida a Fábrica Nacional. Este ato do governo a favor de quem sequer residia nos terrenos cedidos, causou grande descontentamento entre os então posseiros, agricultores e comerciantes que ali haviam se estabelecido. Grande parte dos prejudicados, dirigiram suas reclamações ao governador que não os atendeu, sendo a sesmaria confirmada pelo Rei Dom João V, em 20 de janeiro de 1714.
A demarcação da sesmaria foi requerida por João Mello Gusmão, e contestada por diversos posseiros, que exigiam elevadas indenizações pelas benfeitorias existentes nos terrenos, por isso, Gusmão, foi obrigado a vender-lhes, a maior parte das terras, cabendo ao agricultor e comerciante português, Jorge Valério Monteiro, comprar a parte onde estava situada a referida fábrica. Jorge Valério Monteiro, casou-se com Anna Gonçalves de Oliveira, filha do agricultor Antonio Gonçalves de Oliveira. Devido ao seu casamento e a boa compra que fez, viu prosperar o seu comércio, e em agradecimento a Nossa Senhora Sant’Ana, madrinha de sua esposa, mandou construir uma linda capela, onde era anualmente festejada a imagem da santa.
A Paróquia de Igarapé-Miri
Precisando Jorge Valério educar seus filhos na Europa, resolveu vender ao agricultor João Paulo de Sarges Barros, suas propriedades, inclusive o terreno onde estava a capela. Sarges de Barros, prosperou muito após adquirir o terreno de Jorge Valério e continuou a festejar Nossa Senhora Sant’Ana, agora com maior riqueza, mandando abrir uma grande área nas vizinhanças da capela, onde anualmente eram construídas centenas de barracas para acolher as pessoas que vinham para as festas ali celebradas.
O Histórico Canal de Igarapé-Miri
A fertilidade do solo de Igarapé-Miri fez com que os seus habitantes prosperassem. Porém esse desenvolvimento era entravado pela difícil locomoção para a capital Belém, pois as viagens pela baía, a remo, eram impraticáveis. Em 1810, segundo o Tenente-Coronel Agostinho Monteiro, existia no rio Igarapé-Miri uma fazenda agrícola pertencente a Sebastião Freire da Fonseca, mais conhecido por Carambolas. Carambolas foi o idealizador da escavação do Canal, para substituir o obstruído Furo Velho, havendo ele mesmo escolhido o traçado em linha reta entre os rios Igarapé-Miri e Mojú.
No ano de 1821 Carambolas começou os serviços de escavações que se prolongaram por longos meses. Os trabalhos foram iniciados a partir do rio Igarapé-Miri, no dia 21 de maio de 1821, e somente quando já faltavam pouco mais de cem metros, no dia 7 de agosto de 1822, é que começaram as escavações a partir do lado da margem do rio Mojú.
Criação do Município, Vila e Cidade de Igarapé-Miri
Na vigência do regime político imperial, em outubro de 1843, um decreto criou o Município de Igarapé-Miri, sendo a freguesia que abrigava a igreja de Sant'Ana, elevada a categoria de vila.
No dia 23 de maio de 1896, a Lei Estadual nº 438 eleva a então Vila Sant'Ana de Igarapé-Miri a categoria de cidade, tendo sua denominação simplificada, pela Lei Estadual, passando a condição de cidade com o nome de Igarapé-Miri.
Pelo Decreto Estadual nº 6, de 4 de novembro de 1930, o município de Igarapé-Miri foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Abaetetuba e os seus distritos passando a figurar como zona administrativa.
Pelo Decreto Estadual nº 78, de 27 de dezembro de 1930, o município é criado novamente e é constituído por 2 distritos: Igarapé-Miri e do extinto município de Moju.
Pelo Decreto Estadual nº 931, de 22 de março de 1933, desmembra do município de Igarapé-Miri o distrito de Moju é restabelecido como subprefeitura.
Na divisão territorial de 1937-38, o município de Igarapé-Miri foi dividido em quatro distritos: Igarapé-Miri (sede), Anapu, Maiauatá e Meruú, que ainda hoje constituem os núcleos populacionais mais expressivos.
O Ciclo Canavieiro em Igarapé-Miri
Foi a partir de Pernambuco, através de pernambucanos, que a cana é introduzida no Estado Pará, tendo chegado a Igarapé-Miri, através de um cidadão conhecido apenas pela alcunha de Pernambuco, que a plantou, inicialmente, no Rio Anapú, expandindo-se, a partir daí, para outras regiões do Município.
Data de 1712 a instalação de um pequeno engenho movido a água, o qual foi chamado de Santa Cruz, considerado o primeiro do município, onde fabricava-se mel, rapadura, açúcar batido e, posteriormente, aguardente.
Igarapé-Miri, a Capital Mundial do Açaí
Desde os anos da década de 1980, Igarapé-Miri atravessou sérias mudanças na sua economia com o fim do ciclo da cana-de-açúcar.
Na década de 1980, a pesca em igarapé-Miri, foi fortemente abalada pela construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (que a partir de 1983 teria levado à redução de muitas espécies, principalmente do mapará, e sua vegetação ficou comprometida com a atuação de serrarias (instaladas após a abertura da rodovia PA 150) e de indústrias de palmito, responsáveis pela redução do mais tradicional alimento daquela população local, o açaí. Assim, os açaizais mirienses sofreram um forte impacto com a exploração do palmito de açaí. Essas fábricas começaram a chegar do sudeste para as regiões de várzea no Pará ainda na década iniciada em 1970, a partir do esgotamento das fontes do palmito jussara na Mata Atlântica. As mesmas vieram para a região Baixo-Tocantins atrás do palmito do açaí. Antes abundantes nas regiões de várzea da Amazônia, os açaizeiros começaram a sofrer impacto com o corte indiscriminado de suas palmeiras em idade produtiva. Essa ação predatória afetou o estoque de frutos para a dieta alimentar da população, baseada na farinha de mandioca, peixe e polpa de açaí, a qual é produzida com certa quantidade do fruto amassado e misturado com água. Assim, os açaizais mirienses sofreram um forte impacto com a exploração do palmito de açaí, iniciou-se então naquela o processo de organização político-econômica de trabalhadores rurais, especialmente daqueles que estavam desempregados.
Uma das alternativas foi o chamado Projeto Mutirão, no início da década de 1990. Esta iniciativa contou com a força de um reduzido grupo de mulheres que, após lutarem pelo trabalho de seus maridos, passaram a lutar pela igualdade de seus direitos, elas entraram nesse processo como meras coadjuvantes, estimulando e apoiando seus companheiros a enfrentar o novo desafio: retomar as atividades abandonadas com o êxodo rural provocado pelo fim desse mesmo ciclo.
E foi assim que nasceu a AMUT, cujo nome também, o objetivo da associação era ousado: desenvolver a economia do município a partir da produção rural, investir na formação política e ambiental de seus sócios, fortalecer sua organização e incentivar o trabalho em harmonia com a natureza.
E foi assim que, com o Mutirão, que os ribeirinhos reaprenderam a produzir o açaí, intensificando os cuidados de higiene e passam a usar até máscaras, luvas e touca no processo de colheita e debulha do fruto. Os procedimentos novos no processo de produção de açaí mudaram a rotina de trabalho e o comportamento desses ribeirinhos.
Hoje igarapé-Miri é o maior produtor e exportador de açaí do mundo, sendo que essa conquista teve início com o Projeto Mutirão, quando o açaí ainda era desvalorizado.
A Pesca do Mapará
O Hypophthalmus edentatus, conhecido popularmente como Mapará, é uma espécie encontrada em abundância no estuário do gigante Rio Tocantins e seus afluentes. No Pará, os municípios que se destacam na pesca do Mapará, são os que ficam na foz do Rio Tocantins, tendo maior notoriedade os municípios de Igarapé-Miri, Cametá, Limoeiro do Ajuru e Abaetetuba.
A captura do Mapará na zona rural de Igarapé-Miri, é uma verdadeira demonstração artística, graças não só ao sistema de “borqueio” (variação de bloqueio), mas muito em especial a maneira como se localiza o cardume de peixe existente, bem assim o tamanho que é sondado no fundo do rio, por meio de talas feitas de pachinha (palmeira resistente), com cumprimento que varia entre três e quatro metros. Essas talas são manejadas com uma perícia extraordinária pelo “taleiro”, homem que calcula não só o tamanho do peixe, como a quantidade existente no fundo do rio.
Na Pesca do Mapará no Município de Igarapé-Miri, destacam-se os rios; Anapu, Pindobal e Panacauera. Segundo Eládio Lobato, em Igarapé-Miri, o sistema de “borqueio” foi introduzido pelo espanhol Manoel Aires que residia no Rio Maiauatá, onde posteriormente, foi construído um engenho e uma fábrica de redes para pesca.
A Abertura da Pesca do Mapará é um evento grandioso que atrai milhares de pessoas para a região das ilhas de Igarapé-Miri. As famílias de ribeirinhos trabalham nos preparativos para esperado dia de abertura da pesca.
Festividade de Sant'Ana, uma tradição de mais de 300 anos
A devoção de Sant’Ana em Igarapé-Miri, veio de Portugal, ainda em 1704. Hoje a Festividade de Sant'Ana constitui-se na maior e mais tradicional festa católica de todo o Baixo-Tocantins, atraindo milhares de turistas para Igarapé-Miri durante o período de sua realização.
O Festival do Camarão
No mês de Junho, período em que a pesca do Camarão se dá de forma mais intensa, e o crustáceo é encontrado de forma mais abundante, é que acontece o Festival do Camarão.
O Festival do Açaí
O Festival do Açaí surgiu no ano de 1989, na ocasião foi criado e idealizado pelo casal Dorival e Conceição Galvão, casal que chefiava no mesmo ano o projeto de escoteiros em Igarapé-Miri, o grupo de escoteiros do mar Sarges Barros. Esse projeto foi idealizado pelo casal onde buscaram uma forma de ajudar as crianças e jovens de Igarapé-Miri a ter uma “ocupação”.
O grupo de escoteiros oferecia diversos aprendizados para a comunidade: na plantação com horta doméstica, na fabricação de vassouras, na produção de placas numeradas para as casas do Município (trabalho esse feito pelos escoteiros) e nas campanhas de vacinação de crianças e animais (já que Dorival era funcionário da antiga Fundação Nacional de Saúde, e solicitava o trabalho dos jovens, para que os mesmos pudessem aprender mais um ofício). Na foto a seguir estou segurando a bandeira do grupo de escoteiros (o último na foto). Como o grupo era uma Organização não governamental que não tinha recursos próprios, e se mantinha com doações dos pais dos membros, resolveram criar um evento para que o referido grupo tivesse um recurso financeiro para manter-se. A FESTA DO AÇAÍ, como foi batizada pelo casal. O Festival buscou construir um padrão em sua estrutura, ele foi realizado em praça pública, aberto ao publico, com atrações folclóricas, artistas locais, desfile da Rainha do Açaí, e uma grande atração da Capital, que na oportunidade foi o cantor Nilson Chaves, que apresentava aos mirienses o sucesso “Sabor Açaí”.
A Festa de São Sebastião e Carnaval fora de época de Vila Maiauatá
A Festa de São Sebastião, em Vila Maiauatá, município de Igarapé-Miri, teve início em 1925, com o coronel Sebastião Pantoja, patriarca de uma das grandes famílias residentes às proximidade do então povoado de Concórdia. A festa era realizada na casa-grande, de propriedade do patriarca, com uma vasta programação religiosa e com bailes dançantes no encerramento. Os bailes eram repletos de muito respeito e glamour, onde se exigia do cavalheiro trajes de gala (inclusive paletó e gravata). Após a morte de Sebastião Pantoja, a devoção a São Sebastião continuou com o genro do patriarca Anilo Cardoso, o qual anos depois transferiu a coordenação da Festa para Comunidade Cristã de Vila Maiauatá.
A festa quase secular estende-se pelos dias 21 e 22 de janeiro. Durante o período, acontece também o tradicional carnaval fora de época de Vila Maiauatá. Alguns blocos fazem a alegria dos foliões, destacando-se o tradicionalíssimo "Sujo", onde os brincantes saem às ruas com os corpos pintados de bisnagas e outras variedades de tintas, relembrando também a tradição de origens indígenas, onde cada brincante transforma-se em “Bicho Folharal” de Vila Maiauatá.
Referência para o texto: Wikipédia .
Etimologia
Traduzido do tupi, Igarapé-Miri significa "Caminho de Canoa Pequena", da junção de ygara (canoa), pé (caminho) e mirim (pequeno). O nome faz referência ao rio homônimo que banha a cidade, o mesmo não permite a entrada de grandes embarcações.
História
A região onde hoje se encontra o Estado do Pará, foi diversas vezes invadida desde o início do século XVI, por holandeses e ingleses, que tinham como objetivo a exploração de especiarias como: sementes de urucum, guaraná e pimenta. Com a finalidade de consolidar a região como território português, em 1616, foi fundado o Forte do Presépio, primeira construção significativa, na então chamada Santa Maria de Belém do Grão-Pará, a atual capital do estado, Belém. Além de defender o território, expandindo a ocupação pelo vale amazônico, a expulsão dos invasores do litoral, também possibilitou o impulso militar dos portugueses na região e a exploração da biodiversidade local.
Nos últimos anos do século XVII, já era forte o interesse pelas madeiras amazônicas utilizadas na construção de embarcações ou edifícios no Reino. Naquela época, foi estabelecido em terras ribeirinhas, onde hoje está a Cidade de Igarapé-Miri, uma Fábrica Nacional para extração, aparelhamento e depósito de madeiras, que dali eram exportadas para Belém em abundância e das melhores qualidades. Esse estabelecimento chamou a atenção de colonos para o local, começando assim o povoamento na região.
Das Fábricas Nacionais da Província do Grão-Pará, a de Igarapé-Miri era a mais proficiente e de maior renome, talvez, pelo fato de estar situada nos terrenos planos, sólidos e férteis que se estendiam desde a margem do Rio Sant’Ana de Igarapé-Miri, pelo centro, até a descida do Rio Itanimbuca, bem como, pela abundância de caça, a salubridade do lugar e o fato de não ser conhecido naquela localidade, nenhum caso das febres paludosas que existem em grande parte dos interiores da Amazônia.
A Sesmaria
João Mello Gusmão, conseguiu em 1º de outubro de 1710, do governador e capitão-general do Maranhão, Cristóvão da Costa Freire, a concessão de duas léguas de terras em Igarapé-Miri, as quais iam do Rio Cataiandeua, prolongando-se até o Rio Santo Antonio. Entre as terras cedidas a João Mello Gusmão, estava o terreno onde foi estabelecida a Fábrica Nacional. Este ato do governo a favor de quem sequer residia nos terrenos cedidos, causou grande descontentamento entre os então posseiros, agricultores e comerciantes que ali haviam se estabelecido. Grande parte dos prejudicados, dirigiram suas reclamações ao governador que não os atendeu, sendo a sesmaria confirmada pelo Rei Dom João V, em 20 de janeiro de 1714.
A demarcação da sesmaria foi requerida por João Mello Gusmão, e contestada por diversos posseiros, que exigiam elevadas indenizações pelas benfeitorias existentes nos terrenos, por isso, Gusmão, foi obrigado a vender-lhes, a maior parte das terras, cabendo ao agricultor e comerciante português, Jorge Valério Monteiro, comprar a parte onde estava situada a referida fábrica. Jorge Valério Monteiro, casou-se com Anna Gonçalves de Oliveira, filha do agricultor Antonio Gonçalves de Oliveira. Devido ao seu casamento e a boa compra que fez, viu prosperar o seu comércio, e em agradecimento a Nossa Senhora Sant’Ana, madrinha de sua esposa, mandou construir uma linda capela, onde era anualmente festejada a imagem da santa.
A Paróquia de Igarapé-Miri
Precisando Jorge Valério educar seus filhos na Europa, resolveu vender ao agricultor João Paulo de Sarges Barros, suas propriedades, inclusive o terreno onde estava a capela. Sarges de Barros, prosperou muito após adquirir o terreno de Jorge Valério e continuou a festejar Nossa Senhora Sant’Ana, agora com maior riqueza, mandando abrir uma grande área nas vizinhanças da capela, onde anualmente eram construídas centenas de barracas para acolher as pessoas que vinham para as festas ali celebradas.
O Histórico Canal de Igarapé-Miri
A fertilidade do solo de Igarapé-Miri fez com que os seus habitantes prosperassem. Porém esse desenvolvimento era entravado pela difícil locomoção para a capital Belém, pois as viagens pela baía, a remo, eram impraticáveis. Em 1810, segundo o Tenente-Coronel Agostinho Monteiro, existia no rio Igarapé-Miri uma fazenda agrícola pertencente a Sebastião Freire da Fonseca, mais conhecido por Carambolas. Carambolas foi o idealizador da escavação do Canal, para substituir o obstruído Furo Velho, havendo ele mesmo escolhido o traçado em linha reta entre os rios Igarapé-Miri e Mojú.
No ano de 1821 Carambolas começou os serviços de escavações que se prolongaram por longos meses. Os trabalhos foram iniciados a partir do rio Igarapé-Miri, no dia 21 de maio de 1821, e somente quando já faltavam pouco mais de cem metros, no dia 7 de agosto de 1822, é que começaram as escavações a partir do lado da margem do rio Mojú.
Criação do Município, Vila e Cidade de Igarapé-Miri
Na vigência do regime político imperial, em outubro de 1843, um decreto criou o Município de Igarapé-Miri, sendo a freguesia que abrigava a igreja de Sant'Ana, elevada a categoria de vila.
No dia 23 de maio de 1896, a Lei Estadual nº 438 eleva a então Vila Sant'Ana de Igarapé-Miri a categoria de cidade, tendo sua denominação simplificada, pela Lei Estadual, passando a condição de cidade com o nome de Igarapé-Miri.
Pelo Decreto Estadual nº 6, de 4 de novembro de 1930, o município de Igarapé-Miri foi extinto, sendo seu território anexado ao município de Abaetetuba e os seus distritos passando a figurar como zona administrativa.
Pelo Decreto Estadual nº 78, de 27 de dezembro de 1930, o município é criado novamente e é constituído por 2 distritos: Igarapé-Miri e do extinto município de Moju.
Pelo Decreto Estadual nº 931, de 22 de março de 1933, desmembra do município de Igarapé-Miri o distrito de Moju é restabelecido como subprefeitura.
Na divisão territorial de 1937-38, o município de Igarapé-Miri foi dividido em quatro distritos: Igarapé-Miri (sede), Anapu, Maiauatá e Meruú, que ainda hoje constituem os núcleos populacionais mais expressivos.
O Ciclo Canavieiro em Igarapé-Miri
Foi a partir de Pernambuco, através de pernambucanos, que a cana é introduzida no Estado Pará, tendo chegado a Igarapé-Miri, através de um cidadão conhecido apenas pela alcunha de Pernambuco, que a plantou, inicialmente, no Rio Anapú, expandindo-se, a partir daí, para outras regiões do Município.
Data de 1712 a instalação de um pequeno engenho movido a água, o qual foi chamado de Santa Cruz, considerado o primeiro do município, onde fabricava-se mel, rapadura, açúcar batido e, posteriormente, aguardente.
Igarapé-Miri, a Capital Mundial do Açaí
Desde os anos da década de 1980, Igarapé-Miri atravessou sérias mudanças na sua economia com o fim do ciclo da cana-de-açúcar.
Na década de 1980, a pesca em igarapé-Miri, foi fortemente abalada pela construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (que a partir de 1983 teria levado à redução de muitas espécies, principalmente do mapará, e sua vegetação ficou comprometida com a atuação de serrarias (instaladas após a abertura da rodovia PA 150) e de indústrias de palmito, responsáveis pela redução do mais tradicional alimento daquela população local, o açaí. Assim, os açaizais mirienses sofreram um forte impacto com a exploração do palmito de açaí. Essas fábricas começaram a chegar do sudeste para as regiões de várzea no Pará ainda na década iniciada em 1970, a partir do esgotamento das fontes do palmito jussara na Mata Atlântica. As mesmas vieram para a região Baixo-Tocantins atrás do palmito do açaí. Antes abundantes nas regiões de várzea da Amazônia, os açaizeiros começaram a sofrer impacto com o corte indiscriminado de suas palmeiras em idade produtiva. Essa ação predatória afetou o estoque de frutos para a dieta alimentar da população, baseada na farinha de mandioca, peixe e polpa de açaí, a qual é produzida com certa quantidade do fruto amassado e misturado com água. Assim, os açaizais mirienses sofreram um forte impacto com a exploração do palmito de açaí, iniciou-se então naquela o processo de organização político-econômica de trabalhadores rurais, especialmente daqueles que estavam desempregados.
Uma das alternativas foi o chamado Projeto Mutirão, no início da década de 1990. Esta iniciativa contou com a força de um reduzido grupo de mulheres que, após lutarem pelo trabalho de seus maridos, passaram a lutar pela igualdade de seus direitos, elas entraram nesse processo como meras coadjuvantes, estimulando e apoiando seus companheiros a enfrentar o novo desafio: retomar as atividades abandonadas com o êxodo rural provocado pelo fim desse mesmo ciclo.
E foi assim que nasceu a AMUT, cujo nome também, o objetivo da associação era ousado: desenvolver a economia do município a partir da produção rural, investir na formação política e ambiental de seus sócios, fortalecer sua organização e incentivar o trabalho em harmonia com a natureza.
E foi assim que, com o Mutirão, que os ribeirinhos reaprenderam a produzir o açaí, intensificando os cuidados de higiene e passam a usar até máscaras, luvas e touca no processo de colheita e debulha do fruto. Os procedimentos novos no processo de produção de açaí mudaram a rotina de trabalho e o comportamento desses ribeirinhos.
Hoje igarapé-Miri é o maior produtor e exportador de açaí do mundo, sendo que essa conquista teve início com o Projeto Mutirão, quando o açaí ainda era desvalorizado.
A Pesca do Mapará
O Hypophthalmus edentatus, conhecido popularmente como Mapará, é uma espécie encontrada em abundância no estuário do gigante Rio Tocantins e seus afluentes. No Pará, os municípios que se destacam na pesca do Mapará, são os que ficam na foz do Rio Tocantins, tendo maior notoriedade os municípios de Igarapé-Miri, Cametá, Limoeiro do Ajuru e Abaetetuba.
A captura do Mapará na zona rural de Igarapé-Miri, é uma verdadeira demonstração artística, graças não só ao sistema de “borqueio” (variação de bloqueio), mas muito em especial a maneira como se localiza o cardume de peixe existente, bem assim o tamanho que é sondado no fundo do rio, por meio de talas feitas de pachinha (palmeira resistente), com cumprimento que varia entre três e quatro metros. Essas talas são manejadas com uma perícia extraordinária pelo “taleiro”, homem que calcula não só o tamanho do peixe, como a quantidade existente no fundo do rio.
Na Pesca do Mapará no Município de Igarapé-Miri, destacam-se os rios; Anapu, Pindobal e Panacauera. Segundo Eládio Lobato, em Igarapé-Miri, o sistema de “borqueio” foi introduzido pelo espanhol Manoel Aires que residia no Rio Maiauatá, onde posteriormente, foi construído um engenho e uma fábrica de redes para pesca.
A Abertura da Pesca do Mapará é um evento grandioso que atrai milhares de pessoas para a região das ilhas de Igarapé-Miri. As famílias de ribeirinhos trabalham nos preparativos para esperado dia de abertura da pesca.
Festividade de Sant'Ana, uma tradição de mais de 300 anos
A devoção de Sant’Ana em Igarapé-Miri, veio de Portugal, ainda em 1704. Hoje a Festividade de Sant'Ana constitui-se na maior e mais tradicional festa católica de todo o Baixo-Tocantins, atraindo milhares de turistas para Igarapé-Miri durante o período de sua realização.
O Festival do Camarão
No mês de Junho, período em que a pesca do Camarão se dá de forma mais intensa, e o crustáceo é encontrado de forma mais abundante, é que acontece o Festival do Camarão.
O Festival do Açaí
O Festival do Açaí surgiu no ano de 1989, na ocasião foi criado e idealizado pelo casal Dorival e Conceição Galvão, casal que chefiava no mesmo ano o projeto de escoteiros em Igarapé-Miri, o grupo de escoteiros do mar Sarges Barros. Esse projeto foi idealizado pelo casal onde buscaram uma forma de ajudar as crianças e jovens de Igarapé-Miri a ter uma “ocupação”.
O grupo de escoteiros oferecia diversos aprendizados para a comunidade: na plantação com horta doméstica, na fabricação de vassouras, na produção de placas numeradas para as casas do Município (trabalho esse feito pelos escoteiros) e nas campanhas de vacinação de crianças e animais (já que Dorival era funcionário da antiga Fundação Nacional de Saúde, e solicitava o trabalho dos jovens, para que os mesmos pudessem aprender mais um ofício). Na foto a seguir estou segurando a bandeira do grupo de escoteiros (o último na foto). Como o grupo era uma Organização não governamental que não tinha recursos próprios, e se mantinha com doações dos pais dos membros, resolveram criar um evento para que o referido grupo tivesse um recurso financeiro para manter-se. A FESTA DO AÇAÍ, como foi batizada pelo casal. O Festival buscou construir um padrão em sua estrutura, ele foi realizado em praça pública, aberto ao publico, com atrações folclóricas, artistas locais, desfile da Rainha do Açaí, e uma grande atração da Capital, que na oportunidade foi o cantor Nilson Chaves, que apresentava aos mirienses o sucesso “Sabor Açaí”.
A Festa de São Sebastião e Carnaval fora de época de Vila Maiauatá
A Festa de São Sebastião, em Vila Maiauatá, município de Igarapé-Miri, teve início em 1925, com o coronel Sebastião Pantoja, patriarca de uma das grandes famílias residentes às proximidade do então povoado de Concórdia. A festa era realizada na casa-grande, de propriedade do patriarca, com uma vasta programação religiosa e com bailes dançantes no encerramento. Os bailes eram repletos de muito respeito e glamour, onde se exigia do cavalheiro trajes de gala (inclusive paletó e gravata). Após a morte de Sebastião Pantoja, a devoção a São Sebastião continuou com o genro do patriarca Anilo Cardoso, o qual anos depois transferiu a coordenação da Festa para Comunidade Cristã de Vila Maiauatá.
A festa quase secular estende-se pelos dias 21 e 22 de janeiro. Durante o período, acontece também o tradicional carnaval fora de época de Vila Maiauatá. Alguns blocos fazem a alegria dos foliões, destacando-se o tradicionalíssimo "Sujo", onde os brincantes saem às ruas com os corpos pintados de bisnagas e outras variedades de tintas, relembrando também a tradição de origens indígenas, onde cada brincante transforma-se em “Bicho Folharal” de Vila Maiauatá.
Referência para o texto: Wikipédia .