terça-feira, 5 de março de 2019

Nova Lima - Minas Gerais

Nova Lima é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
História
Século XVIII: fundação e desenvolvimento inicial
A história de Nova Lima remonta ao fim do século XVII, quando o bandeirante paulista Domingos Rodrigues da Fonseca Leme chega em busca do ouro. A ele, seguiram-se outros aventureiros, dando origem a um povoamento na região. Por volta de 1708, já havia uma capela dedicada a Nossa Senhora do Pilar — a padroeira da cidade —, e na década de 1720 surgiram engenhos e concessões para a exploração mineral. A Igreja do Senhor do Bonfim, de 1720, atualmente tombada pelo Conselho Consultivo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Lima, também marca o início da ocupação da região. Outros mineradores resolvem fixar-se na área, que, àquela época, já possui um número considerável de habitantes.
A primeira denominação dada ao local foi a de Campos de Congonhas. Com a expansão das faisqueiras(*), passou a ser conhecido por Congonhas das Minas de Ouro (pela quantidade de ouro encontrada na cidade), abrigando a população que trabalhava em diversas minas como Bela Fama, Cachaça, Vieira e Urubu.
Em 1748 o arraial é elevado à condição de freguesia, e em 1836 é criado o distrito, subordinado ao município de Sabará, com o nome de Congonhas de Sabará.
Século XIX: expansão e apogeu
Ao passo em que o século XVIII foi o auge do ciclo do ouro no estado de Minas Gerais, e da maior era de prosperidade de cidades como Ouro Preto e Mariana, o grande período de efervescência de Nova Lima se deu a partir de 1834. Nesse ano, a companhia inglesa Saint John del Rey Mining Company comprou a antiga mina de Morro Velho e, a partir de então, a exploração da mina passou a ser feita de forma mais organizada e com tecnologias até então pouco comuns no Brasil para a atividade. Com isso, a produtividade da mina aumentou vertiginosamente a sua produção, chegando a ser responsável, em 1879, por 83% do ouro exportado pela província de Minas Gerais.
À explosão na produção aurífera, seguiu-se um desenvolvimento considerável nas pequenas manufaturas locais, que abasteciam a mina com os materiais necessários, e no setor de serviços, com o surgimento de vendas, hospitais, bibliotecas e demais serviços. Estes, por sua vez, também impulsionavam as manufaturas, e os três setores, juntos, foram responsáveis pelo aumento na população local.
A presença da cultura britânica na região é explicada pela vinda de imigrantes quando da compra da mina de Morro Velho pela Saint John del Rey. Com eles, veio também o Anglicanismo, religião ainda forte no município. Outro exemplo claro de influência inglesa é a "Queca", sobremesa da cidade muito comum, sobretudo, na época do Natal. Na verdade, trata-se do tradicional bolo inglês Christmas Cake, de frutas cristalizadas, sendo que o termo "queca" é um aportuguesamento de cake (bolo em inglês).
Tradicionalmente, famílias locais presenteiam-se umas às outras com o bolo. O Centro de Memória Morro Velho através de fotos, utensílios e de sua própria construção, transmite a história da mina, dos imigrantes e da cidade.
A data de 5 de fevereiro de 1891 marca a emancipação do município, denominado então Villa Nova de Lima, em homenagem ao ilustre historiador, poeta e político Antônio Augusto de Lima. Apenas em 1923 Nova Lima recebeu o nome que permanece até hoje.
Economia
A principal atividade econômica da cidade é a extração do minério de ferro, responsável por mais de 5 mil dos 46,3 mil empregos gerados pela cidade. As profissões mais bem-remuneradas da cidade são, principalmente, as de administração, análise de TI e professor no Ensino Fundamental. Em 2015, o município exportou o equivalente a 1,79 bilhões de dólares, dos quais 1,04 bilhões tiveram como destino a China, e importou, no total, 32,7 milhões de dólares, sendo a África do Sul a principal origem.
Setor primário
A extração de minério de ferro responde por 65% das exportações novalimenses, ao passo em que o ouro, se era o principal produto no século XIX, ainda ocupa posição de destaque, com 34% do total. Somadas, portanto, ambas as atividades equivalem a 99% de toda a exportação da cidade.
Setor secundário
A maior parte indústrias de Nova Lima encontram-se no Parque Industrial de Bela Fama, próximo à sede do município. A região Sul (onde se encontra a Lagoa dos Ingleses), no entanto, vem recebendo investimentos industriais, como a recém-inaugurada planta da Coca-Cola e uma unidade de fabricação de insulinas da empresa Biomm, cuja conclusão está prevista para 2018.
Setor terciário
A sede do município, onde se encontra o centro histórico e os principais cartórios e órgãos públicos, tradicionalmente concentra diversas lojas, as quais atendem, principalmente, à população local. Nessa região encontra-se a sede sul-americana da Anglo Gold Ashanti. Nas últimas décadas, porém, a cidade expandiu-se consideravelmente para fora de sua sede, desenvolvendo novos núcleos.
O bairro Jardim Canadá e os adjacentes, por exemplo, também possuem supermercados, lojas — sobretudo de materiais de construção, pedras e demais itens relacionados a obras e reformas — e casas de festas, sendo uma região que, mais do que a Sede, atende também à população da RMBH.
Ao norte, na divisa com Belo Horizonte, encontram-se os bairros Vila da Serra e Vale do Sereno, os quais desenvolveram-se bastante, a partir dos anos 1990, em função da expansão da capital rumo ao Sul, de forma que, hoje, ambos os bairros e o belo-horizontino Belvedere são conurbados. Na região, estão sediadas diversas empresas, como a Global Value Soluções, do grupo IBM, o INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial), a Accenture e a sede da Fiat do Brasil, holding do Grupo FCA. A maioria delas encontra-se nos edifícios comerciais da Avenida Oscar Niemeyer (também conhecida como "Seis Pistas" ou por seu antigo nome, Alameda da Serra), na qual também se está construindo o edifício Concordia Corporate, que, com 170 metros, será o mais alto do estado, e tem conclusão prevista para 2017. O bairro Vila da Serra tem, ainda três centros hospitalares privados importantes para a Grande Belo Horizonte: o Biocor Instituto, o Hospital e Maternidade Vila da Serra e o Holhos — Hospital de Holhos de Minas Gerais. No setor educacional, o bairro abriga, ainda, um campus do Instituto Metodista Izabela Hendrix e os dois campi da Faculdade Milton Campos, de Direito e Administração.
Transporte - A cidade é cortada por diferentes ramais férreos. Na década de 1920, um bonde da St. John del Rey Mining Co. ligava a estação ferroviária de Raposos a Nova Lima. Até 1996, um trem de subúrbio atendia o distrito de Honório Bicalho, na linha que ia até Raposos e que foi desativada a partir da dissolução da RFFSA e concessão de seus ramais à iniciativa privada. Adjacente à Serra do Curral, está o ramal Águas Claras, que servia para escoar a produção mineral da mina homônima que ali funcionou até 2003. A partir de então, o ramal, que vai até Betim, está desativado.
Turismo e lazer
Sede
Bicame: aqueduto construído para abastecer a área industrial da Mineração Morro Velho, na lavagem do minério no engenho e hidrantes da segurança. Suas águas nascem na Serra do Curral, formando o Ribeirão dos Cristais e Rego Grande. Ele foi planejado por George Chalmers, superintendente da Saint John D’Rey Mining Company (Mina de Morro Velho) e construído em 1890. É constituído de madeiras nobres: Aroeira e Peroba Rosa e possui 194 m de extensão. As águas correm sobre chapas de aço arqueadas e livres. Uma curiosidade é que durante a construção do Bicame houve um problema sério: os alemães haviam torpedeado o navio Vital de Oliveira, em Vitória – Espírito Santo, causando morte de 100 militares da Marinha Nacional. Como as chapas para término da construção não eram encontradas no mercado brasileiro, com consentimento da Marinha, foi retirado o costado do navio do fundo do mar e feita a calha do Bicame, hoje símbolo de Nova Lima.
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, na Praça Bernardino de Lima: Segundo Germain Bazin, “É a mais completa ornamentação de igreja concebida pelo nosso artista… a tribuna do coro, com seus balaústres rendilhados, é de um desenho recortado muito elegante que lembra o Carmo, de Sabará… o altar-mor é uma obra-prima, está tão próxima do de São Francisco de Ouro Preto que deve ser do mesmo período…”. Essas obras foram doadas por George Chalmers.
Bairro das Quintas: marcado por construções de origem inglesa, desde o período de instalação de uma mineradora no século XIX.
Centro de Memória: localizado na antiga casa de Padre Freitas, mais tarde cedida a ingleses, guarda mobiliário, tradições orais, coleção de relógios de parede e outros objetos associados à chegada dos ingleses na região.
Estádio Castor Cifuentes, mais conhecido como Alçapão do Bonfim.
Festa do Peão Boiadeiro (antiga Festa do Cavalo), realizada no meio do ano com rodeios e grandes shows musicais.
Teatro Municipal.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
São Sebastião das Águas Claras
A localidade, mais conhecida como Macacos, é famosa por suas exuberantes cachoeiras. Possui pousadas, restaurantes de comida mineira e uma capela, e costuma receber, todos os finais de semana, muitos turistas, principalmente de Belo Horizonte. Macacos tem, também, uma trilha utilizada por ciclistas de mountain-biking e motociclistas, chamada Trilha Perdidas.
Vila da Serra e Jardim Canadá
A região do Vila da Serra possui restaurantes bastante frequentados tanto pela população da cidade quanto pela de Belo Horizonte. Um dos pontos mais conhecidos é a torre Altavila, a qual, no topo de seus 103 metros, possui um restaurante de culinária japonesa e um mirante, de onde é possível ver toda a capital e partes de Nova Lima, Contagem e Sabará, dependendo da visibilidade e do horário. Outro destino comum da região são as casas de shows e festas, principalmente no Jardim Canadá.
Referência para o texto: Wikipédia.
(*)Tabelas como a “Mineração de Faisqueira e de Sociedades em Lavras do Funil” são de real importância para o estudo desse segmento que ainda não foi contemplado devidamente pela historiografia, onde se encontrava a garimpagem de Miguel Garcia Duarte e as sociedades ou companhias formadas no século XIX. Trata-se de um Relatório preparado para administração real, a partir das informações da viagem de Eschewege entre 1809-1811, intitulado Tabelas de todas as lavras de ouro de cada distrito da Província de Minas Gerais com o nome de seus proprietários, situação e natureza das lavras, número dos trabalhadores e produção total do ouro em 1814, para elaborar a política econômica da mineração, na qual o Barão Eschewege foi a figura central. (Referência: MINERAÇÃO DO OURO NAS “MINAS GERAIS” DO SÉCULO XIX: VIAJANTES ESTRANGEIROS E POLÍTICA ECONÔMICA - Por  Maria da Graça Menezes Mourão). Vale a pena a leitura completa do material, que trata da mineração nas Minas Gerais.