sexta-feira, 9 de julho de 2021

TIMÓTEO - MINAS GERAIS

Timóteo é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país. Localiza-se no Vale do Rio Doce e pertence à Região Metropolitana do Vale do Aço, estando situado a cerca de 200 km a leste da capital do estado. Ocupa uma área de pouco mais de 144 km², sendo aproximadamente 35 km² em área urbana, e sua população em 2020 era de 90.568 habitantes.
História
Colonização da região
A exploração da região conhecida inicialmente como Sertões do Rio Doce teve início no final do século XVI, em expedições à procura de metais preciosos, no entanto o desbravamento dessas terras foi proibido no começo do século XVII, a fim de evitar contrabando do ouro extraído nas redondezas de Diamantina. O povoamento foi liberado em 1755, porém a existência de indígenas no Vale do Rio Doce era vista como um obstáculo para a exploração. Isso fez com que, no início do século XIX, fossem criados "quartéis" com o objetivo de fortalecer a proteção aos colonos pela chamada "4ª Divisão do Rio Doce", na qual situava-se o atual município. Havia a presença dos índios borun, também chamados de botocudos, que habitavam a vasta Mata Atlântica local. Em 1820, a região de Timóteo era conhecida como Alegre e encontrava-se subordinada ao Quartel Onça Pequena, com sede em Jaguaraçu. Data dessa ocasião a estadia de Guido Marlière, comandante geral das divisões do rio Doce e responsável pela catequização dos índios pelo leste mineiro em alternativa ao massacre sistemático dos nativos, visando a facilitar a colonização.
Apesar da proibição dos ataques a indígenas em 1831, os nativos já se encontravam praticamente extintos do Vale do Rio Doce, conforme consta em documentos de 1832, o que serviu como um incentivo à estadia de forasteiros e à colonização. Data de 11 de setembro de 1831 a chegada de Francisco de Paula e Silva (conhecido por Chico Santa Maria, por ser natural de Santa Maria de Itabira), que se estabeleceu juntamente com sua família e numerosos escravos nas proximidades do atual bairro Alegre. Chico Santa Maria recebera três sesmarias (Alegre, Limoeiro e Timóteo) na região banhada pelo curso hidrográfico chamado por ele de "Ribeirão de Timóteo", onde desenvolveu a agricultura e a criação de gado e recebia tropeiros em busca de descanso. A origem da denominação "Timóteo" é atribuída ao sobrenome de um tropeiro que se instalou na localidade, onde abriu uma venda que se tornou um importante ponto de referência, ficando conhecida também como "Paragem do Ribeirão do Timóteo". Outra versão refere-se a um desbravador que decidiu homenagear um sobrinho europeu, de nome Timóteo.
Por volta de 1840, Alegre já se consolidava como um povoado, vindo a ser anexado à Freguesia de Santana do Alfié. Nas décadas seguintes, houve a compra de terras por Manoel Archanjo de Andrade (por volta de 1855), Antônio Pacífico Fraga (1877) e pelos irmãos João e Manoel Lino de Sá, naturais de Joanésia, que compraram posses de José Luiz de Paula, herdeiro de Francisco de Paula e Silva (em 1885). Os domínios do falecido Chico Santa Maria foram repartidos aos seus filhos e netos em 1890. Data de 1895 a criação do Grupo de Congado Nossa Senhora do Rosário, por Manoel Berto de Lima. Em 1907, Francisco Malachias doou um terreno dedicado a São Sebastião no local onde está situada a atual Praça 29 de Abril, no Centro-Sul, que veio a ser utilizado para a construção de uma pequena igreja de madeira. Dessa forma, o povoamento passou a ser conhecido como São Sebastião do Alegre.
Formação urbana
A locação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) pelo leste mineiro vinha estimulando o desenvolvimento populacional nas áreas próximas da ferrovia em construção, assim como viria a ocorrer na região do Vale do Aço entre as décadas de 1910 e 1920. Em 1921, fixou-se no atual bairro Horto, em Ipatinga, o farmacêutico Raimundo Alves de Carvalho, com objetivo de atender às obras da EFVM. Raimundo adquiriu terras em São Sebastião do Alegre, tendo doado o terreno para a construção da primeira escola do povoado, a Escola Rural Mista de São Sebastião do Alegre, em 1922, ano em que também ocorreu a instalação da primeira agência de correios. Em 1925, foi inaugurada a Escola Mista Municipal de Timotinho (como era conhecida a região do bairro Ana Moura), também em terras cedidas pelo boticário. Ambas as escolas foram incorporadas mais tarde pelo Grupo Escolar Dona Angelina Alves (atual Escola Municipal Angelina Alves de Carvalho), cujo nome homenageia a mãe de Raimundo Alves. Paralelamente, o povoado foi incorporado ao distrito de São José do Grama (atual Jaguaraçu), com a criação deste em 7 de setembro de 1923, então pertencente a São Domingos do Prata. Em 1928, o farmacêutico instalou nas proximidades do povoado a chamada Fazenda Dona Angelina, na margem do rio Piracicaba.
No começo da década de 1930, instalou-se em Coronel Fabriciano um escritório da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, que buscava centralizar a exploração de madeira e produção de carvão da região do rio Doce com o objetivo de alimentar os fornos de suas usinas em João Monlevade. A implantação dessa empresa trouxe negociação de terras em grande escala pela região visando a extrair a madeira das matas, culminando em vastas áreas desmatadas. A preocupação de Dom Helvécio Gomes de Oliveira em preservar a Mata Atlântica nativa culminou na criação do Parque Estadual do Rio Doce em 1944, sendo a primeira unidade de conservação de Minas Gerais. Pelo decreto estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1938, o antigo povoado de São Sebastião do Alegre deixou de pertencer a Jaguaraçu e foi elevado à categoria de distrito, sendo então anexado a Antônio Dias com a denominação de "Timóteo". A instalação ocorreu em 1º de janeiro de 1940, tendo como primeiro juiz de paz Joaquim Ferreira de Souza.
A localidade era beneficiada pelas paradas de trem da Estrada de Ferro Vitória a Minas nas estações Baratinha (inaugurada em 9 de junho de 1924), Ana Matos (26 de agosto de 1925) e Sá Carvalho (26 de agosto de 1925). A disponibilidade de ferrovia, cursos hídricos e matas para a extração de madeira foram fatores decisivos para que os estudos da Itabira Iron, sob liderança do norte-americano Percival Farquhar e dos empresários mineiros Amyntas Jacques de Moraes e Athos de Lemos Rache, apontassem Timóteo como o melhor local para a implantação de seu complexo siderúrgico, levando à fundação da Acesita (Aços Especiais Itabira) em 31 de outubro de 1944. Um empréstimo com o Banco do Brasil era a garantia da consolidação do empreendimento. Em 3 de junho de 1947, foi inaugurada a Estação Acesita, atendida pelas paradas da EFVM.
Originalmente, Itabira havia sido definida para receber o complexo, o que não foi possível devido ao relevo acidentado do município. O minério de ferro extraído em Itabira poderia ser escoado rumo à fábrica em Timóteo por meio da EFVM, que também possibilitaria contato com os complexos portuários do litoral do Espírito Santo. O local escolhido para a construção da fábrica foi a Fazenda Dona Angelina, comprada e adquirida de Raimundo Alves de Carvalho. Também era prevista a construção de uma vila industrial para 2 mil habitantes, enquanto que a população do povoado era de apenas 200 residentes. O projeto urbanístico foi concebido pelo engenheiro Romeu Duffles Teixeira, contratado em 1946, apesar de não ter sido executado exatamente como foi idealizado. Em 27 de dezembro de 1948, o então distrito de Timóteo foi incorporado ao município de Coronel Fabriciano, emancipado nessa mesma data sob influência do impulso recebido pela chegada da Acesita.
Expansão econômica e emancipação
A locação da Acesita incentivou a chegada de operários e funcionários de várias partes do Brasil e mesmo imigrantes, consolidando assim o processo de urbanização tanto de Timóteo quanto da vizinha Coronel Fabriciano. Nos anos seguintes a empresa foi a responsável pela construção de diversos conjuntos residenciais destinados a servir como abrigo aos funcionários, que mais tarde deram origem a bairros como Quitandinha (o mais antigo), Bromélias, Funcionários, Vila dos Técnicos e Olaria. Em 1949, ocorreu a primeira corrida de gusa da Acesita. Sua presença representa o impulso da vocação industrial do atual Vale do Aço, reforçada pela implantação da Usiminas no distrito fabricianense de Ipatinga, no final da década de 1950.
Em 1950, atingindo a marca de 11.813 habitantes, Timóteo passou a contar com abastecimento de água tratada e em 1952, houve a instalação do Hospital Acesita (atual Hospital e Maternidade Vital Brazil). Em 1958, já existiam 2.734 residências construídas pela empresa. No entanto, ela passou a cobrar dos trabalhadores pelas moradias em 1964. Os bairros reproduziam a hierarquia dos empregados; o bairro Funcionários, por exemplo, era destinado aos médicos, engenheiros e funcionários com cargo de chefia, construído mais próximo da usina e com habitações de padrão relativamente melhor. Além de escolas, também foram construídas quadras esportivas e clubes, onde passaram a ser organizados torneios esportivos, bailes e apresentações de teatro.
O movimento a favor da autonomia política de Timóteo teve início ainda em 1947 e apesar de ter fracassado em primeiro momento, foi reformado em 1954. Posteriormente, seu desmembramento chegou a ser aprovado pela Câmara Municipal de Coronel Fabriciano e efetivado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) mediante a lei estadual nº 2.764, de 30 de dezembro de 1962, assim como ocorreu com o distrito de Ipatinga. No entanto, a emancipação dos distritos foi vetada pelo governador José de Magalhães Pinto sob influência de uma aliança política com o então prefeito fabricianense Cyro Cotta Poggiali. A prefeitura de Fabriciano não queria perder a renda originada pela Acesita e Usiminas e o governador afirmava que pretendia manter uma unidade política, administrativa, econômica e financeira desse polo siderúrgico.
Uma quebra de aliança entre o prefeito fabricianense e Magalhães Pinto, no entanto, fez com que o governador reconsiderasse o veto, favorecendo que uma nova comissão conseguisse a aprovação da emancipação de Timóteo pela Secretaria de Interior do estado em 28 de abril de 1964. No mesmo processo também houve a emancipação do distrito de Ipatinga, desmembrado de Coronel Fabriciano, além de João Monlevade e Bela Vista de Minas. A notícia da independência dos distritos foi anunciada em um palco montado no Centro de Fabriciano por volta do meio-dia da mesma data, sendo oficializada com a publicação no Diário Oficial do dia seguinte, 29 de abril. Em seguida, Virico Fonseca foi empossado como intendente, porém José Antônio de Araújo foi o primeiro prefeito eleito, tendo assumido o cargo em 3 de dezembro de 1965.
Desenvolvimento urbano
A responsabilidade da Acesita sobre os bens prestados à população foi transferida à prefeitura em 1969. Até então, a população que habitava o núcleo urbano ao redor da empresa era quase que exclusivamente composta pelos operários, haja vista que, a princípio, a infraestrutura construída era destinada exclusivamente a seus trabalhadores e suas famílias. Essa situação levou à divisão da zona urbana em dois agrupamentos: um composto pelos bairros construídos pela empresa, região que cresceu ao redor do Centro-Norte e ainda hoje é conhecida como "Acesita", e o outro formado a partir das ocupações originais do antigo povoado de São Sebastião do Alegre (região do Centro-Sul), que por sua vez é referido como "Timóteo". Uma vez que a região do Centro-Sul recebeu poucos investimentos por parte da Acesita, esta área apresentou taxas relativamente maiores de pobreza e carência. Uma tentativa de integração entre os dois núcleos foi a construção do bairro Primavera, através de uma parceria entre a prefeitura e o governo estadual, na década de 70, em uma área doada pela Acesita.
Paralelamente ao desenvolvimento da original vila operária, foi notável o crescimento das áreas periféricas da cidade por parte da população não industrial entre as décadas de 1960 e 70, atraída pelo progresso local, culminando em ocupações periféricas relativamente recentes em bairros como Ana Moura, Alvorada, Limoeiro e Macuco, além do distrito Cachoeira do Vale, às margens da BR-381, criado em 13 de maio de 1976. Essa localidade, situada em uma baixada banhada pelo rio Piracicaba, foi severamente afetada pelo transbordamento do curso hidrográfico durante as enchentes de 1979. Naquele ano tiveram início as primeiras preocupações da administração municipal com impactos de enchentes, porém o distrito continuou sendo afetado de forma recorrente por episódios de cheia do rio, uma vez que se encontra no seu leito de inundações.
Entre 1979 e 1981, realizou-se um plebiscito que propôs a alteração da denominação do município para "Acesita" que, apesar de ter conquistado 12.861 votos a favor da mudança e 4.908 contra, não procedeu devido à reprovação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O progresso populacional e econômico da cidade, no entanto, viu-se relativamente estagnado ao longo da década de 80, em função de uma crise que se abatia sobre todo o país. De 55 empresas que planejavam se instalar em Timóteo, apenas sete consolidaram requerimento de recursos. Dívidas acumuladas pela Acesita foram um dos fatores decisivos para sua privatização, assinada em 23 de outubro de 1992. Posteriormente houve uma redução de despesa com pessoal e cargos e a modernização de sua mão de obra, porém o número de demissões dificultava a absorção do efetivo demitido pela economia local, mesmo que as destituições tenham ocorrido gradualmente até 1994.
História recente
No começo da década de 1990, a criação do primeiro Plano Diretor Municipal, com a intenção de ordenar o planejamento urbano e suas questões ambientais, aliado à privatização da Acesita, contribuiu com o desvinculo da administração pública e seu foco voltado à empresa. Ainda assim, ela manteve investimentos em arte e equipamentos culturais na sociedade, com destaque às ações da Fundação Acesita (atual Fundação Aperam-Acesita), instituída em 1994. Também permaneceu como proprietária de vastas terras no município, tanto em seu perímetro urbano quanto rural.
Em 2007, a Acesita foi adquirida pelo grupo ArcelorMittal, sendo seu nome modificado para ArcelorMittal Timóteo. Em janeiro de 2011, passou a fazer parte do grupo Aperam, ocorrendo uma nova mudança de nome, para Aperam South America. Apesar das mudanças, uma parte considerável da população timotense continua a se referir à usina, bem como a todo o Centro-Norte de Timóteo (bairros próximos ao complexo), como "Acesita", dada a grande influência histórica da empresa nessa região. Uma confusão comum a forasteiros é a impressão de que Timóteo e "Acesita" são nomes de duas cidades diferentes, visto que o centro administrativo do município se encontra no Centro-Sul, em outra área do perímetro urbano. A antiga denominação da empresa ainda dá nome a logradouros e estabelecimentos comerciais.
Relevo e hidrografia
Timóteo está inserida na depressão interplanáltica do Vale do Rio Doce, cujo relevo é resultado de uma dissecação fluvial atuante nas rochas granito-gnáissicas do período Pré-Cambriano. O conjunto apresenta rochas do complexo gnáissico-magmático-metamórfico, que incluem biotita-gnaisse, rochas graníticas e granito-gnaisse. O relevo é heterogêneo, sendo 50% do território timotense de terras onduladas, enquanto que 30% são áreas montanhosas e nos 20% restantes os terrenos são planos.
As maiores elevações podem ser encontradas a oeste, onde a altitude chega aos 864 metros no Pico do Ana Moura. Por outro lado, as menores altitudes são notadas nas margens dos rios, ao passo que a altitude mínima, de 225 metros, está localizada na foz do rio Piracicaba no rio Doce. O ponto central do município se encontra a 350 metros. A posição do rio Piracicaba, no limite norte da cidade, e o relevo plano em suas proximidades serviram como pretexto para a instalação da Estrada de Ferro Vitória a Minas e da Acesita e, posteriormente, para o estabelecimento do perímetro urbano de Timóteo, que foi forçado a se expandir em direção às altitudes mais elevadas. Dessa forma, é considerável a ocupação e o surgimento de bairros, em especial de classes baixas, em áreas com forte declividade. A região do Parque Estadual do Rio Doce, a leste e sul do território municipal, por sua vez, apresenta alternância entre colinas e planícies fluviais.
O rio Piracicaba banha a cidade, na divisa com Coronel Fabriciano, sendo assim integrante de sua sub-bacia que, por sua vez, está inserida na bacia do rio Doce. A foz do rio Piracicaba no rio Doce se encontra no limite do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), na divisa com Ipatinga. No subsolo, abaixo da foz do rio Piracicaba, está localizado um aquífero aluvionar, que é de onde é extraída a água utilizada para o suprimento da maior parte do Vale do Aço. De forma geral, o território municipal é abrangido por cinco sub-bacias menores, sendo elas dos córregos Atalho, Celeste e Limoeiro e ribeirões Belém (190 km²) e Timotinho (39 km²). O ribeirão Timotinho é o principal que corta a cidade e sofre gravemente com a poluição e a ocupação desenfreada de suas margens, favorecendo a ocorrência de enchentes durante o período chuvoso. O Parque Estadual do Rio Doce, por sua vez, é cortado pelo curso do rio Doce e abriga em seu interior centenas de pequenas nascentes, além de constituir um dos maiores sistemas lacustres do mundo.
Clima
O clima timotense é caracterizado como tropical quente semiúmido (tipo Aw segundo Köppen), com temperatura média anual de 23 °C e pluviosidade média de 1.430 mm/ano, concentrados entre os meses de outubro e abril. A estação chuvosa compreende os meses mais quentes, enquanto que a estação seca abrange os meses mornos. Outono e primavera, por sua vez, são estações de transição. A passagem entre os períodos seco e chuvoso é marcada por tempestades e amplitude térmica elevada, sobretudo entre o fim do inverno e a primavera.
As precipitações caem principalmente sob a forma de chuva e, esporadicamente, de granizo, com registro desse fenômeno em 28 de agosto de 2014, destelhando centenas de casas e estabelecimentos. As chuvas podem ainda vir acompanhadas de descargas elétricas e fortes rajadas de vento.
Ecologia e meio ambiente
A vegetação nativa pertence ao domínio florestal Atlântico (Mata Atlântica), cujo bioma original ocupa 116,17 km², o que equivale a 80,46% da área do município. Cabe ressaltar que 53,2 km² da área municipal são protegidos pelo Parque Estadual do Rio Doce (PERD), que foi criado em 1944, como uma forma de proteger a mata nativa que ainda restava frente ao avanço do desflorestamento para alimentar os complexos industriais locais. Além de abranger um dos maiores sistemas lacustres do mundo, a unidade de conservação constitui a maior reserva de Mata Atlântica de Minas Gerais, estendendo-se ainda pelos municípios de Dionísio e Marliéria. A biodiversidade também é notável, comportando 325 espécies de aves e 77 espécies de mamíferos, inclusive espécies em extinção, como onça-pintada, macuco e mono-carvoeiro.
Ademais, Timóteo conta com uma área de proteção ambiental (APA), que aliada a áreas de preservação dos municípios vizinhos, constitui um corredor ecológico entre outras regiões do Vale do Aço ao PERD. A APA Serra do Timóteo, como é chamada, é considerada uma zona de amortecimento do PERD e foi reconhecida em 2003, porém ela sofreu ocupações irregulares e invasivas com a expansão urbana dos bairros Alphaville, Macuco e Recanto Verde. O Projeto Oikós, que está situado na malha urbana, constitui uma área de revegetação da Aperam South America integrada à Serra do Timóteo e ao Parque Estadual do Rio Doce que atende às escolas e à comunidade da região com visitas, palestras, atividades ecológicas e dinâmicas por meio da Fundação Aperam-Acesita, contando com trilhas e áreas de lazer dedicadas às crianças. A presença do Parque Estadual do Rio Doce contribui para que Timóteo apresente um índice de cerca de mil metros quadrados de área verde por habitante, um dos maiores do Brasil. Com foco à conservação ambiental, também destacam-se campanhas de conscientização ecológica que envolvem a população e programas de arborização de logradouros. O município possui um Plano Integrado de Arborização Urbana, visando ao planejamento e o manejo de espécies arbóreas na cidade de modo que haja a devida interação com a população e o ambiente
Economia
Agropecuária
Em 2018, a pecuária e a agricultura acrescentavam 823,87 mil reais na economia de Timóteo.
Indústria e prestação de serviços
A indústria, em 2018, era o setor mais relevante para a economia do município. 1 393 038,07 mil reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor secundário. Boa parte desse valor se deve à presença da Aperam South America, destacando-se como a maior produtora de aço inoxidável e elétrico da América do Sul, com uma capacidade anual de produção de 800 mil a 900 mil toneladas de aço bruto (em placas). Em 2015, empregava mais de 3 200 funcionários em Timóteo e no norte mineiro, na Aperam Bioenergia, e cerca de 20% de sua produção era exportada. O estabelecimento do complexo industrial foi o responsável por atrair empresas fornecedoras, complementares e de prestação de serviços às atividades produtivas tanto em Timóteo quanto nos municípios ao redor.
Timóteo possui dois distritos industriais, sendo um o Distrito Industrial Limoeiro, localizado entre os bairros Limoeiro e Alphaville, e o outro às margens da BR-381, entre o núcleo industrial da Aperam e o distrito Cachoeira do Vale. Dentre outros ramos industriais, fazem-se presentes a confecção de artigos e acessórios de vestuário, extração e manipulação de minerais não-metálicos, fabricação de móveis e artefatos mobilísticos, produção de alimentos e bebidas, fabricação de máquinas e fabricação de produtos oriundos da metalurgia. Segundo estatísticas do ano de 2010, 0,43% dos trabalhadores do município estavam ocupados no setor industrial extrativo e 22,64% na indústria de transformação.
Em 2010, 8,72% da população ocupada estava empregada no setor de construção, 0,92% nos setores de utilidade pública, 15,30% no comércio e 44,20% no setor de serviços e em 2018, 1.032.628,82 mil reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor de serviços e 386.680,97 mil reais do valor adicionado da administração pública. O movimento comercial em Timóteo possui uma representatividade especial no Centro-Norte, onde a então Acesita estabeleceu um centro comercial para atender a antiga vila operária na década de 1960. Essa região, atualmente conhecida como Acesita, é considerada uma centralidade metropolitana que exerce um considerável grau de polarização na RMVA, em função da presença de serviços públicos e comércio que atraem consumidores das cidades próximas. Uma expansão do fluxo comercial foi registrada de forma mais recente nos bairros Funcionários e Timirim, que possuem fácil acesso ao Centro-Norte
Infraestrutura
Saúde
A rede de saúde de Timóteo inclui 15 unidades básicas de saúde, um posto de saúde, um hospital geral e um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), segundo informações de 2018.
O Hospital e Maternidade Vital Brazil, antigo Hospital Acesita, está localizado no bairro Timirim e foi construído pela atual Aperam South America na década de 1950. A unidade de saúde é considerada referência regional para a realização de partos, além de obstetrícia e ortopedia. O Centro de Saúde João Otávio, situado no bairro Olaria, é mantido pela administração municipal e realiza atendimentos médicos clínicos e emergenciais.
Educação
Cabe ressaltar que 13,8% dos estudantes de Timóteo frequentam a escola em outra cidade, enquanto que é considerável a demanda de alunos nas instituições de ensino do município que residem nas cidades vizinhas. O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), cujo campus está localizado no Centro-Norte, atende a uma demanda regional, fornecendo gratuitamente o ensino médio concomitante ao técnico e cursos superiores. Em 2013, além do CEFET, o município dispunha de duas unidades de ensino técnico e sediava um campus da UNIPAC, faculdade particular. A Aperam South America mantém um Centro de Formação Profissional, onde disponibiliza cursos técnicos em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a possibilidade de estágio na empresa. Por meio da Fundação Aperam-Acesita, a Aperam ocasionalmente também oferece cursos de qualificação.
Cultura
Os primeiros investimentos destinados ao lazer foram construídos pela antiga Acesita, com a intenção de incentivar a fixação de seus trabalhadores na vila operária. A princípio foram organizadas festividades cívicas, campeonatos de futebol e, posteriormente, houve a criação de clubes, a exemplo do Elite Clube e do Clube do Operário, onde também eram realizadas apresentações teatrais e musicais. O Cine Marabá, antigo Cine Acesita, foi criado na década de 1950 e transferido para um novo prédio no centro comercial da vila operária (atual Centro-Norte) na década de 70, porém veio a ser desativado e transformado em estabelecimento comercial na década de 90. O Centro-Sul, por sua vez, já abrigava tradições culturais mais antigas, a exemplo do Grupo de Congado Nossa Senhora do Rosário, que é datado de 1895, ou do carnaval de rua, na década de 40.
Após a emancipação, em 1964, a administração pública intensificou os investimentos em praças e centros de esporte pela cidade. Timóteo conta com um conselho municipal de cultura e conselho de preservação do patrimônio, sendo ambos paritários e de caráter deliberativo e fiscalizador. Também há legislações municipais de proteção ao patrimônio cultural material, ministradas por uma secretaria municipal exclusiva, que é o órgão gestor da cultura no município. Apesar da administração pública do setor cultural, a Aperam South America, por meio da Fundação Aperam-Acesita, também mantém investimentos em arte e equipamentos culturais, incluindo sob recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A pontuação de políticas culturais do município para o cálculo do ICMS Cultural, válida para exercício em 2020, foi de 1,40 em uma escala que vai de 0 a 4, valor que era o menor dentre os municípios da RMVA. A pontuação total, considerando variantes como conservação, despesas e quantidade de bens tombados e/ou registrados, foi de 3,20.
Manifestações e espaços culturais
A cidade possui um folclore rico e diversificado. Há existência de equipes artísticas de coral, folclore e grupos musicais de acordo com o IBGE em 2012. Uma de suas principais manifestações culturais é o Grupo de Congado Nossa Senhora do Rosário, que foi introduzido por Manoel Berto de Lima em 1895 e realiza apresentações em homenagem à Nossa Senhora do Rosário em ocasiões festivas. As comemorações do carnaval, por sua vez, tiveram suas origens na atual Praça 29 de Abril, no Centro-Sul, onde os moradores passaram a se reunir para dançar usando máscaras e fantasias incentivados pelas marchinhas que ouviam nos rádios à pilha, em meados dos anos 1940. Na década de 60, essas festividades vieram a ocorrer nos clubes da cidade, evoluindo com a formação de escolas de samba e blocos carnavalescos. Na década de 1980, a prefeitura, em parceria com a Acesita, começou a organizar um carnaval de rua no Centro-Norte, envolvendo os carnavalescos da cidade. Apesar de sua realização não ser regular, chegou a atrair mais de 40 mil pessoas, envolvendo desfiles de blocos e espetáculos musicais.
A Festa de São Sebastião (padroeiro municipal), a Corrida Rústica de São Sebastião, a Festa do Rosário (com a participação do grupo de congado), as celebrações do aniversário da cidade no mês de abril, a Festa de Nossa Senhora Aparecida e a Cantata de Natal da Fundação Aperam-Acesita são outros exemplos de manifestações culturais populares que podem ser encontradas no município. No dia de Corpus Christi, tapetes são confeccionados nas ruas dos bairros pelas paróquias, mantendo as celebrações cujas origens remontam a 1930. O artesanato também é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural timotense, sendo que, segundo o IBGE, as principais atividades artesanais desenvolvidas são os trabalhos que envolvem frutas e sementes, madeira e metal.
Dentre os espaços culturais destinados à manutenção e à preservação das manifestações populares, destaca-se a existência de bibliotecas mantidas pelo poder público municipal, teatros, estádios, ginásios poliesportivos, clubes, associações recreativas e arquivo público, segundo o IBGE em 2005 e 2012. Sob recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Aperam South America, sob intermédio da Fundação Aperam-Acesita e em parceria com a prefeitura e outros órgãos locais, ocasionalmente organiza uma programação diversificada que envolve a realização de oficinas e espetáculos culturais. O Centro Cultural da Fundação Aperam-Acesita (antiga casa de hospedes da Acesita), que foi aberto em outubro de 1994, abriga em seu interior um teatro, um museu da empresa e áreas destinadas a exposições, cursos e aulas de teatro que também são disponibilizadas à comunidade. No entanto, a instituição estende sua atuação com eventos nas escolas e principais praças e áreas livres da cidade, abertos à população em geral.
Marcos e atrativos
Timóteo faz parte do Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas Gerais, que foi oficializado em 2010 pela Secretaria de Estado de Turismo com o objetivo de estimular o turismo nas cidades integrantes. Dentre os atrativos naturais, destaca-se o Pico do Ana Moura, que é o ponto mais elevado do município, alcançando os 864 metros de altitude. Seu topo é aberto à visitação e, além de antenas de comunicação, conta com rampa de decolagem para voo livre, sendo utilizado também para escaladas.
Na região do bairro Petrópolis, situado em um dos principais acessos do Pico do Ana Moura, encontram-se hotéis fazenda, chácaras e trilhas que são utilizadas para caminhadas e motociclismo e propiciam o turismo rural. Também cabem ser ressaltadas as matas do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), que são tombadas como patrimônio cultural municipal. No centro de educação ambiental do Projeto Oikós, que é mantido pela Aperam South America e se encontra integrado ao PERD, é possível visitar uma amostra da Mata Atlântica conservada, disponibilizando trilhas, mirantes, circuito de arvorismo e biblioteca.
A zona urbana concentra uma gama de atrativos que são considerados como principais marcos da cidade, seja pela importância patrimonial ou identificatória. A Igreja São José Operário da Praça 1º de Maio, também chamada de "Igreja São José de Acesita" ou "Igrejinha do Centro", foi construída pela Acesita para a celebração das atividades religiosas dos fiéis da vila operária da empresa e teve sua inauguração em 1947. O público que é recebido em algumas celebrações, que chega a ultrapassar 1.500 pessoas, não é suportado pelo tamanho do templo, que comporta cerca de 100 pessoas sentadas e 300 em pé, o que obriga a realização de algumas atividades do lado de fora. Isso incentivou propostas de expansão e reformas, que não se consolidaram devido a seu "valor histórico, paisagístico e simbólico" reconhecido pela Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, além de um projeto da ampliação da igreja para o subsolo de modo que não alteraria as características arquitetônicas da edificação. O impasse sobre o tamanho da igreja foi resolvido com a construção de um novo templo na Rua 20 de Novembro, na mesma região do antigo, cuja pedra fundamental para início das obras foi lançada em 2 de agosto de 2018.
A Igreja Matriz de São José (Igreja do Timirim), que representa a sede da Paróquia São José, encontra-se no alto do bairro Timirim e teve sua construção iniciada em 1950. Concluída somente 27 anos depois, foi baseada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A Igreja Matriz de São Sebastião, sede da Paróquia São Sebastião no Centro-Sul, por sua vez, teve sua edificação iniciada em 1950 para substituir a antiga igreja de pau a pique da localidade, que havia sido construída em 1915 em substituição à primeira capela do povoado. No trevo de acesso para Coronel Fabriciano pela antiga ponte da BR-381, está localizado o Monumento Sinergia, que foi projetado pela escultora Wilma Noel. Instalado na década de 1990, representa as administrações municipais das três principais cidades do Vale do Aço (Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo), sendo assim conhecido também como monumento "Três Cidades".
No bairro Timirim, encontra-se a chamada Praça do Coliseu, que foi projetada pelo arquiteto Éolo Maia e construída em 1983. Nela está situado um teatro de arena, onde são realizadas atividades culturais. No mesmo ano, Éolo Maia também projetou a Escola Estadual Percival Farquhar, situada no bairro Vale Verde, cujo prédio se destaca pelas estruturas autoportantes de tijolos maciços. O Forno Hoffmann, situado no bairro Novo Horizonte, foi construído em 1945 e serviu para a produção de tijolos destinados à edificação das residências da vila operária da então Acesita. Desativado na década de 60, foi usado posteriormente como casa noturna, mas precisou ser isolado devido ao estado de conservação. Apesar de ter sido abandonado e sofrido desabamento de paredes e do telhado, o local é utilizado para estudos e ocasionalmente recebe atividades culturais e ocupações.
A mata do Parque Estadual do Rio Doce e a Escola Estadual Percival Farquhar, já mencionadas, são consideradas patrimônios culturais municipais. Além destas, são tombadas a antiga Escola Técnica de Metalurgia, construída pela Acesita em 1963 e desativada em 1994, quando seu prédio foi adquirido pela prefeitura; a "biquinha", onde os moradores do então povoado de São Sebastião de Timóteo extraíam água para uso, no começo do século XX; e a Escola Estadual Getúlio Vargas, situada no bairro Funcionários e inaugurada em 1948. Em relação a bens móveis, o único tombamento existente em 2013 era o do Oratório do Divino Espírito Santo. Dentre outros espaços de cultura que cabem ser ressaltados estão as praças 29 de Abril e 1º de Maio, no Centro-Sul e Centro-Norte, respectivamente, que estão entre as principais áreas de lazer e de promoção de eventos da região.
Esportes
Timóteo disponibiliza uma série de espaços e equipamentos destinados às práticas esportivas, dentre clubes, campos de futebol e ginásios, mas o futebol foi a modalidade mais beneficiada pelos primeiros incentivos ao esporte na cidade devido a sua popularidade. O Florestino Social Clube foi o primeiro clube de futebol do atual município, fundado na região do Centro-Sul em 12 de outubro de 1938. No entanto, a antiga Acesita foi a responsável pela realização dos primeiros campeonatos e pela formação do Acesita Esporte Clube, na década de 1940, visando a fornecer lazer aos trabalhadores da empresa, o que incentivou a criação de novas equipes.
As equipes que se formaram até a década de 1960 receberam incentivos da Acesita para se sustentarem, porém o Acesita Esporte Clube foi o time mais bem sucedido do município. Disputou competições profissionais do campeonato mineiro e é um dos recordistas de títulos dentre os principais campeonatos amadores das ligas municipais. Na mesma ocasião, a empresa ampliou os investimentos em outras modalidades esportivas, com a realização de torneios e a construção da sede social do Acesita Esporte Clube e da praça de esportes da Associação de Lazer dos Funcionários da Acesita (ALFA), concluída na década de 80. O ALFA, no entanto, foi desativado e teve sua área vendida em 2019. Desde a década de 50, já existiam o Elite Clube e o Clube Operário, porém a estrutura do Elite era focada em bailes e eventos, enquanto que o Operário, destinado às classes mais baixas de trabalhadores, privilegiava as práticas esportivas. Os investimentos em praças e centros de esporte pela cidade também foram intensificados pela administração pública após a emancipação do município.
A sede social do Acesita Esporte Clube, o Clube Campestre, conta com piscinas, quadras de basquete, vôlei, futebol de salão e tênis, além do Estádio José de Oliveira Freitas, o Jucão. O clube disponibiliza, além da recreação, cursos de algumas dessas modalidades esportivas e a escola de futebol do Acesita. Outros estádios de futebol da cidade são o Joaquim Cirilo, o campo do Vila Nova, no bairro Quitandinha; e o General Ney Futuro Rocha, no bairro São Cristóvão. O Ginásio Iorque José Martins, que foi inaugurado em 1986 e reinaugurado em junho de 2016, após ter sido desativado devido a problemas hidráulicos no ano 2000, disponibiliza quadras poliesportivas, quadra de areia e pista de caminhada. Também cabe ressaltar a existência de programas de incentivo à prática esportiva pelas crianças e adolescentes mantidos pelo poder público e campeonatos que envolvem escolas públicas e particulares, que se enfrentam em partidas de diversos esportes.
Referência para o texto: Wikipédia .