São Carlos é um município brasileiro localizado no interior do estado de São Paulo, na região Centro Leste, e a uma distância rodoviária de 231 quilômetros da capital paulista. Sua população estimada pelo IBGE, para 1º de julho de 2022, era de 256.915 habitantes, distribuídos em uma área total de 1.136,907 km². A cidade é formada pela sede e pelos distritos de Água Vermelha, Bela Vista São-carlense, Santa Eudóxia e Vila Nery.
São Carlos é um polo regional, da Região Geográfica Intermediária com 26 municípios e na sua Região Geográfica Imediata com 9 municípios ao seu entorno. O estudo mais recente do IBGE sobre Regiões de Influência das Cidades - REGIC (2018), classificou a cidade como Capital Regional C, no Arranjo Populacional de Araraquara e relacionando-a diretamente ao Arranjo Populacional de Ribeirão Preto e de Campinas.
A cidade é um importante centro regional industrial, com a economia fundamentada em atividades industriais, serviços e na agropecuária (neste setor, destaca-se a produção de laranja, leite e frango). Servida por sistemas rodoviário e ferroviário, São Carlos conta com uma unidade comercial da multinacional suíça Leica Geosystems e com unidades de produção de algumas empresas multinacionais, dentre as quais a Volkswagen, Faber-Castell (a subsidiária são-carlense é a maior do grupo em todo o mundo, produzindo 1,5 bilhão de lápis por ano), Electrolux, Tecumseh, Husqvarna, LATAM, Serasa Experian e Grupo Segurador BB-MAPFRE. Algumas unidades de produção de empresas nacionais, dentre as quais Toalhas São Carlos, Tapetes São Carlos, Papel São Carlos, Prominas Brasil, Latina, Engemasa, Apramed, Piccin e XMobots.
No campo de pesquisas, além das universidades, estão presentes no município dois centros de desenvolvimento técnico da Embrapa. Em 2006, São Carlos era a primeira cidade da América do Sul em números de doutores por habitante, de acordo com um levantamento feito pela UFSCar. Ao todo, eram 1,7 mil doutores em um município de 230 mil moradores, o que representava um doutor para cada 135 habitantes. No Brasil, a relação na época era de um doutor para cada 5423 habitantes Um estudo realizado no início de 2019, concluiu que a cidade contava com mais de 2 530 doutores para uma população aproximada de 250 mil habitantes, ou seja, um doutor para cada 100 moradores, uma média quase dez vezes maior que a nacional. Os dois campi da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e a FATEC, além de uma instituição de ensino superior particular, o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), tornam intensa a atividade universitária no município, que conta com uma população flutuante de mais de vinte e nove mil graduandos e pós-graduandos, boa parte atraída de outras cidades e estados.
História
Povos indígenas e caboclos
Originalmente, o território era habitado por indígenas, provavelmente guaianases, os quais foram exterminados ou expulsos e são possivelmente os responsáveis pela introdução de pinhais de araucária na região. Entretanto, existe também a hipótese de a espécie ser de ocorrência natural. O território seria ocupado no século XIX por posseiros, pequenos proprietários de terra, então chamados "caboclos". Dentre estes, talvez o mais ilustre tenha sido um certo Gregório que, por volta de 1831, residia à beira de um riacho que corta a cidade e herdou seu nome, o córrego do Gregório.
Sesmarias
O atual município engloba terras das antigas sesmarias do Pinhal, do Monjolinho e do Quilombo. A sesmaria do Pinhal, ao sul do município, originou-se de uma doação de terras, em 1781, ao cirurgião mor do Regimento de Voluntários Reais de São Paulo, o qual as vendeu em 1786 a Carlos Bartholomeu de Arruda. No entanto, a sesmaria só seria demarcada em 1831, a pedido de seu filho, Carlos José Botelho, pai do futuro Conde do Pinhal. Já as sesmarias do Monjolinho, ao noroeste, e do Quilombo, a leste, foram demarcadas em 1810 e 1812, respectivamente, a pedido de sucessores de Miguel Alberto de Vasconcelos e de Manuel Joaquim do Amaral Gurgel.
Fundação
Com a ocupação das sesmarias por grandes fazendeiros, que utilizavam mão de obra escrava, os antigos posseiros, com poucas condições de legalizar suas terras, foram expulsos ou absorvidos às novas propriedades. Esses latifundiários, mais tarde, se auto identificariam com o "espírito bandeirante", o que se reflete no lema da cidade, A bandeirantibus venio, idealizado pelo Visconde de Taunay. Apesar desta referência anacrônica ao bandeirantismo, a ocupação inicial da região por não indígenas foi feita, de fato, pelos posseiros acima referidos, e não por bandeirantes.
São Carlos foi fundada na segunda metade da década de 1850, por iniciativas de Antônio Carlos de Arruda Botelho (Conde do Pinhal) e Jesuíno José Soares de Arruda, localizada num caminho que levava às minas de ouro de Cuiabá e Goiás, saindo de Piracicaba. As povoações mais próximas neste caminho eram, à época, Rio Claro, na depressão periférica e, subindo as escarpas das encostas do planalto, Araraquara.
Embora iniciada em 1856, a construção da capela foi oficialmente autorizada pelo bispo de São Paulo apenas em 4 de fevereiro de 1857. No mesmo ano, em 6 de julho, foi criado o distrito de paz de São Carlos do Pinhal. Em 1858, a capela foi elevada a freguesia. Em março de 1865, desmembrando-se de Araraquara, a freguesia tornou-se vila (correspondente à atual divisão administrativa de município), com o nome de São Carlos do Pinhal. Em setembro do mesmo ano foi empossada a Câmara Municipal.
A data histórica atribuída a fundação é o dia 4 de novembro de 1857, dia de São Carlos Borromeu, padroeiro da cidade, ao qual foi dedicada uma capela que começou a ser erigida em 1856, solicitada por Jesuíno de Arruda, proprietário de terras na sesmaria do Pinhal. Inicialmente, sua construção foi planejada numa fazenda na sesmaria do Monjolinho porém, por rejeição de seu proprietário, João Alves de Oliveira, que temia que o povoado nascente distraísse seus escravos, a capela foi construída na sesmaria do Pinhal. São Carlos foi o santo escolhido por ser o nome predominante na família Botelho, desde suas origens em Portugal. Não há, entretanto, um consenso sobre a verdadeira data de fundação e o real fundador da cidade (Jesuíno de Arruda ou a família Botelho), pelo fato de o conceito de fundação variar de acordo com os vários critérios usados: erigir uma capela, doar um terreno para o patrimônio público, erigir as primeiras casas de telha, algum ato de desprendimento e benevolência dos poderosos da época, entre outros.
No contexto estadual, uma circunstância talvez singular a São Carlos foi o fato de a fundação da cidade, o início do plantio de café e o declínio do regime escravista brasileiro terem coincidido.
Em 1880, a vila foi elevada a cidade (à época, um título honorífico), e foi criada também a comarca de São Carlos, instalada em 1882. Sua denominação foi reduzida de "São Carlos do Pinhal" a "São Carlos" no ano de 1908. O município é conhecido também pelo nome de "Cidade do Clima", devido ao clima seco e ameno. Hoje é conhecida como a "Capital da Tecnologia" ou simplesmente "Sanca".
O atual território de São Carlos foi desmembrado sucessivamente dos municípios de São Paulo (1558–1625), Santana de Parnaíba (1625–1654), Nossa Senhora da Candelária de Itu (atual Itu, 1654–1822), Vila Nova da Constituição (atual Piracicaba, 1822–1833) e São Bento de Araraquara (atual Araraquara, 1833–1865). Ao longo do século XIX, as divisas do município passaram por diversas mudanças. Em 1948, foram estabelecidos três distritos: Água Vermelha, Ibaté e Santa Eudóxia. Em 30 de dezembro de 1953, Ibaté foi desmembrado do município.
Geografia
Geologia
O município está incluído na província geomorfológica das cuestas basálticas e de arenito, entre as províncias do planalto Ocidental (ao norte) e a Depressão Periférica Paulista (ao sul). Em São Carlos, incluído na Bacia do Paraná, são encontrados afloramentos das seguintes formações geológicas: Bauru (Grupo Bauru), no reverso das cuestas (Planalto de São Carlos), onde se localiza a maior parcela do núcleo urbano, mais ao norte; Serra Geral (Grupo São Bento), na estreita região das cuestas onde ocorre quebra de relevo (encostas); Botucatu (Grupo São Bento), que contém a parte baixa das cuestas, mais ao sul, além de incluir o Aquífero Guarani. O solo do município é constituído principalmente por, em ordem decrescente: latossolo vermelho-amarelo (LV); latossolo roxo (LR); areia quartzosa profunda (AQ); latossolo vermelho-escuro (LE); terra roxa estruturada (TE); solo litólico (Li); solo hidromórfico (Hi) e solo podzólico (PV).
Vegetação
A vegetação original do município, e os respectivos remanescentes, correspondem respectivamente a: cerrado de fisionomia florestal (cerradão; 16% e 2%); cerrado de fisionomias savânicas (cerrado s.s., campo cerrado, campo sujo) e campestres (campo limpo úmido); 27% e 2%); mata atlântica do interior (florestas semi decíduas e ripárias; 54% e 1%); mata de araucária (floresta semi decídua com araucária; 1% e 0%) e capoeiras (matas degradadas; 0% e 1%). Atualmente, boa parte da vegetação foi substituída por plantações, pastos e florestamentos de silvicultura. Cabe lembrar que, entretanto, as proporções acima indicadas, em parte obtidas a partir de interpretações de imagens de satélite, possuem certa incerteza, pela dificuldade de se diferenciar pastos artificiais de campos limpos naturais.Em uma visão geral a savana do Brasil.
Hidrografia
O município está inserido entre duas Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI): a nº 9, Mogi-Guaçu, e a nº 13, Tietê-Jacaré. A área urbana encontra-se, principalmente, na bacia hidrográfica do rio Monjolinho, incluída, serialmente, nas bacias dos rios Jacaré-Guaçu, Tietê, Paraná e rio da Prata. A área urbana é cortada pelos rios Monjolinho, Gregório e Santa Maria do Leme, e pelos córregos Tijuco Preto, Simeão, Água Quente e Água Fria, dentre outros. A bacia do rio Mojiguaçu, que conta com o rio do Quilombo, ribeirão das Araras, córrego Cabaceiras, córrego Guabirobas, córrego Jararaca, córrego Água Branca, córrego Brejo Grande ou Água Vermelha, córrego Matinha, ribeirão dos Negros, ribeirão do Pântano, córrego Cachoeira.
A bacia do rio Jacaré-Guaçu, que conta com o rio Monjolinho, ribeirão Feijão, córrego Cã Cã, e córrego Laranja Azeda. A bacia do rio Monjolinho, que conta com o córrego Santa Maria Madalena (ou córrego Santa Maria do Leme), córrego do Jockey Clube, córrego Espraiado, córrego Federal, córrego Belvedere, córrego Ponte de Tábua, córrego Alto Monjolinho, córrego Mineirinho, córrego Santa Fé, córrego Paraíso, córrego Tijuco Preto, córrego do Gregório, córrego Botafogo, córrego Medeiros, ribeirão Água Quente e ribeirão Água Fria.
A bacia do córrego do Gregório, que nasce em área rural, a leste da cidade de São Carlos, numa região de aproximadamente 900 metros de altitude (onde nascem também o rio Monjolinho e o ribeirão dos Negros, importantes cursos d'água deste município). Tem como afluentes pela margem direita o córrego Primeira Água perto da SP-310 antes do córrego do Gregório atravessar a rodovia, córrego Sorregotti perto da Educativa, córrego Lazarini próximo da rua Major Manuel Antonio de Matos, córrego da Biquinha na rua Visconde de Inhaúma (canalizado), e pela margem esquerda o córrego Simeão na região do mercado (canalizado), e corre no sentido oeste numa extensão aproximada de 7 km, onde deságua no rio Monjolinho, perto do shopping center.
Meio ambiente
Parte de São Carlos está incluída na Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí. Proximamente, encontram-se outras unidades de conservação: a Estação Ecológica (EE) de Itirapina, a EE Mata do Jacaré, e a EE Jataí. Em áreas rurais, há também fragmentos de vegetação nativa importantes em algumas Reservas Legais (RL) privadas, como a da Fazenda Canchim, da Embrapa. A cidade apresenta percentual de propriedades regularizadas, quanto a RLs, acima da média calculada para o estado.
Quanto às Áreas de Preservação Permanente (APPs) dos rios, muitas das que ocorrem na área urbana foram irregularmente ocupadas por vias marginais e edificações. Entretanto, pouco foi feito para compensar a construção destas marginais, como aumentar a proporção mínima de área permeável nos terrenos adjacentes. Além disso, muitos rios foram retificados ou canalizados, obras essas hoje consideradas inadequadas. Estes fatores, em conjunto, são determinantes para a ocorrência de enchentes nas baixadas da cidade.
A arborização urbana da malha viária urbana é diversa, porém, em termos quantitativos, o número de árvores é ainda muito baixo, e muitas têm conflitos com equipamentos públicos do entorno, como a fiação aérea e a pavimentação. Quanto à poluição, o município possui cerca de duas dezenas de áreas contaminadas, em especial, por resíduos de postos de combustíveis, e de lixões e aterros.
Clima
O clima de São Carlos é considerado subtropical (do tipo Cwa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger). A temperatura média anual é de 21 °C; o verão é morno com precipitação e o inverno é fresco com pouca precipitação. Ao longo do ano, normalmente, a temperatura mínima nos meses mais frios é de 12 °C e a temperatura máxima nos meses mais quentes é de 28 °C e raramente são inferiores a 7 °C ou superiores a 33 °C.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 São Carlos registrou mínimas negativas em duas ocasiões, a primeira em 18 de julho de 1975 (−0,1 °C) e a segunda em 17 de julho de 2000 (−1 °C). Por outro lado, os dias mais quentes foram 7 de outubro de 2020 e 21 de setembro de 2021, com máximas de 38,7 °C e 38,2 °C, respectivamente.
O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 143,1 mm em 13 de fevereiro de 1980.
Economia
No setor agropecuário do município, destacam-se as redes agroindustriais de produção: sucroalcooleira, de citricultura, de laticínios, de carne bovina, de avicultura de corte, e de silvicultura, com florestamentos de Eucalyptus sp. e Pinus sp. Nas últimas décadas, muitas áreas de pastagem estão sendo substituídas por áreas de lavoura. No caso das lavouras temporárias, a maior parte é destinada ao cultivo de cana-de-açúcar, enquanto a maioria das lavouras permanentes é destinada ao cultivo de laranja. A propósito, a cidade se insere na bacia do rio Mogi-Guaçú, região que constitui os principais complexos agroindustriais citrícola e canavieiro paulistas. Na mineração, o município não possui grandes jazidas com significância no mercado nacional, produzindo apenas insumos voltados para o setor da construção civil, especialmente areia e a brita. Em termos de estrutura fundiária, na área rural, predominam pequenas e médias propriedades. Embora o município conte com mais de mil propriedades rurais, as unidades de produção agrícola giram em torno de apenas 800. Essa diferença se deve ao processo de desmembramento de pequenas propriedades com fins não agrícolas, como chácaras de lazer e moradias rurais, surgidas a partir dos anos 1970.
O processo inicial de industrialização em São Carlos e, de modo geral, no Brasil, é tributário da acumulação de capitais gerada pela cultura cafeeira no Estado de São Paulo no final do século XIX e início do século XX. No anos 1940, a industrialização em São Carlos é marcada pela substituição das importações, em paralelo à Segunda Guerra. Ocorreria, inclusive, o florescimento de algumas atividades surgidas na década anterior, chamadas "indústrias da crise", como a indústria leiteira e, especialmente, a têxtil, a qual contava com integração vertical. São Carlos passou a ser conhecida, portanto, como um núcleo industrial de relativa importância, apesar da influência da capital. Assim como no meio rural, a maioria das grandes indústrias passara a ser administrada da capital, enquanto, na cidade, restava um grande números de pequenos e médios empresários de origem imigrante.
No pós-guerra, entretanto, a maioria das indústrias têxteis locais, com maquinário obsoleto, foi facilmente superada pelas indústrias de países desenvolvidos. Além disso, a partir de meados dos anos 1950, com um capitalismo mais maduro no Brasil, as indústrias dos imigrantes empresários passam a enfrentar dificuldades, seja pela gestão de padrão tradicional, seja pela rejeição à inserção dos imigrantes no meio político das elites rurais. Isso seria compensado em parte, pela instalação da Tapetes São Carlos, e a fábrica de conservas da Hero, casos singulares por terem se aproveitado de vínculos importantes com o exterior, importando tecnologia, embora se tratem de empresas de capital nacional. Aliás, no período, as únicas indústrias locais processadoras de alimentos, com porte razoável, seriam a Cooperativa de Laticínios, e a Hero.
Nos anos 1950, o grupo Pereira Lopes, com a fábrica Climax, produtora de refrigeradores, teria influência econômica e política decisiva sobre a cidade. Nos anos 1960, outra enorme empresa, igualmente pioneira no Brasil, seria construída pelo grupo, a CBT, fábrica de tratores. Essa seria a primeira fase de industrialização pesada em São Carlos. Apesar de ter havido uma retomada do crescimento industrial na cidade nos anos 1950, nas duas décadas seguintes acentuou-se novamente o processo de concentração da industrialização na metrópole, causando grande concorrência. Na década de 1980, entretanto, o processo de interiorização da indústria paulista, iniciado nos anos 1970, se intensificou. São Carlos hoje tem um perfil industrial ativo, possuindo unidades de produção de várias empresas multinacionais. Destacam-se entre as grandes unidades industriais, as fábricas da Volkswagen, Faber-Castell, Electrolux, Tecumseh do Brasil, Husqvarna, Toalhas São Carlos, Tapetes São Carlos, Papel São Carlos, Prominas Brasil, Opto Eletrônica, Latina, Sixtron Company. A cidade possui ainda o LATAM MRO, localizado na antiga fábrica da Companhia Brasileira de Tratores (CBT).
Nos anos 1990, houve um crescimento da oferta de serviços pelo setor terciário na cidade, não apenas nos setores tradicionais, mas também naqueles mais capital intensivos e utilizadores de mão de obra qualificada, como os serviços de telecomunicações, informática, pesquisa e desenvolvimento, e publicidade. A oferta desses serviços, caracteristicamente concentrados na metrópole, teve um aumento devido à reestruturação do setor industrial local, havendo um incremento de tecnologia no processo produtivo, ampliando a demanda por tais serviços. Também nos anos 1990, houve a instalação de algumas cadeias de magazines de projeção nacional. Em 1997, foi inaugurado o primeiro shopping, o Iguatemi, direcionado ao consumo da classe média alta. Diante dessas novas formas de comercialização, o comércio tradicional teve de se reorganizar. Atualmente, as principais atividades econômicas da cidade, em termos de números de estabelecimentos, são: o comércio varejista, o setor de alimentação, o comércio e reparação de veículos, e atividades de atenção à saúde humana. Apesar de terem ocorrido recentes modificações socioespaciais em São Carlos, ainda hoje as agências bancárias prevalecem no centro. A característica educacional dá à cidade ainda outro título: "Atenas Paulista". Isto faz de São Carlos um importante polo tecnológico, educacional e científico.
Infraestrutura
Educação, ciência e tecnologia
A história de São Carlos como centro educacional data do início do século XX. Em 1911, é fundada a Escola Normal Secundária, estadual, voltada para a formação de professores. Inicialmente abrigada num prédio próximo à Estação Ferroviária, teve seu prédio novo inaugurado em 1916. Com a extinção das Escolas Normais, a instituição passou a ser uma escola de ensino básico, atual Escola Estadual Álvaro Guião. Em 1914, é instalada uma efêmera "Escola de Pharmacia". Outro estabelecimento importante da época foi a Escola Profissional Secundária Mista, fundada nos anos 1930, também chamada Escola Industrial, atual ETEC Paulino Botelho.
Quanto ao ensino primário, em 1858 foi instituída a primeira cadeira de ensino de primeiras letras para o sexo masculino e, em 1862, para o sexo feminino. Em 1905, é fundado o Colégio São Carlos, privado, pelas Irmãs Sacramentinas, inicialmente no Palacete Conde do Pinhal, passando para a sede própria em 1914. Os primeiros Grupos Escolares, estaduais, foram o Paulino Carlos (1901-1904, na Praça Coronel Salles), o Eugênio Franco (1919, no prédio antes usado pela Escola Normal), o do Centenário (1922, na Avenida; posteriormente rebatizado Arlindo Bittencourt e movido para a Vila Monteiro), o Bispo Dom Gastão (1934, na Vila Prado) e o Professor Luiz Augusto de Oliveira (1934, na Vila Monteiro). Na reforma do ensino paulista dos anos 1920, a cidade passou a sediar uma das quinze Delegacias de Ensino então criadas, hoje Diretorias. O ensino secundário só seria expandido a partir dos anos 1960 e 1970, pelo governo estadual. Na década de 1980, cresce a educação infantil, por parte da esfera municipal. Nos anos 1990, tem início a municipalização do ensino fundamental estadual, em especial o ciclo inicial.
Atualmente, a cidade destaca-se pela presença de instituições de pesquisa voltadas à alta tecnologia. Possui grande número de empresas e centros tecnológicos, desenvolvidos em torno de duas das mais destacadas universidades do país: a Universidade de São Paulo (USP, estabelecida na cidade nos anos 1950, com a Escola de Engenharia de São Carlos-EESC, contando hoje com dois campi), e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, fundada em 1968). A USP se instalou inicialmente no prédio da Sociedade Dante Alighieri (atual CDCC), depois se transferiu para o local do antigo Posto Zootécnico, enquanto a UFSCar foi instalada na antiga Fazenda Trancham. Além destas duas universidades, São Carlos possui outras entidades públicas de pesquisa, ensino superior ou profissional, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa, com duas unidades, estabelecidas em 1974 e 1984, sendo que a primeira se originou de uma estação experimental do Ministério da Agricultura, de 1935), o Instituto Federal de São Paulo (IFSP, instalado em 2008), e uma FATEC (2014). Dentre os estabelecimentos privados de ensino superior ou profissional, estão o Senai (1951), o Senac (1951), o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP, antiga Asser, de 1972), Atheneu (2005), o Instituto de Educação e Tecnologia de São Carlos (IETECH, 2012), e um polo da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp, 2018).
A cidade também contava com a Escola Técnica de Comércio (1919-1963), a Faculdade de Comércio D. Pedro II (1928-1963), Escola Técnica de Química Industrial (1960-63), o Liceu José Geraldo Keppe (1963-1974), a Escola de Educação Física (EEFSC, 1949-1996), a Escola de Biblioteconomia e Documentação (EBDSC, 1959-1996), a FADISC (1962-2012, privada). A EEFSC e a EBDSC, inicialmente privadas, foram municipalizadas em 1976, sendo absorvidas pela Fundação Educacional São Carlos (FESC), e posteriormente federalizadas nos anos 1990, incorporadas pela UFSCar.
Dentre alguns intelectuais ligados à cidade e suas universidades, estão: o filólogo Amadeu Amaral, que residiu na cidade, onde realizou parte de seus estudos sobre o dialeto caipira; Euclides da Cunha, o qual acompanhou a construção da escola Paulino Carlos, tendo concluído a primeira versão de sua obra Os Sertões enquanto residia na cidade; o médico veterinário Antônio Teixeira Viana, desenvolvedor da raça de gado Canchim; o químico Mário Tolentino, com trabalhos sobre o ensino de ciências; o físico Vanderlei Bagnato, membro da Pontifícia Academia das Ciências, especialista em óptica; o casal Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas, pioneiros da ciência dos materiais e da cristalografia no país, respectivamente; o sociólogo e político Florestan Fernandes, referência na sociologia brasileira, cidadão honorário; o filósofo Bento Prado Júnior, dedicado ao problema da subjetividade; o filósofo José Arthur Giannotti, natural da cidade, especialista em filosofia da lógica; e o escritor Deonísio da Silva, professor da UFSCar por mais de vinte anos.
Cultura
A cidade conta com várias opções de cultura, entretanto, a maioria dos equipamentos públicos se encontra na região central. Com relação às políticas de fomento à cultura, as duas universidades públicas vêm desempenhando um papel importante por meio de projetos de extensão, como o festival Contato (desde 2006), e o projeto Contribuinte da Cultura (desde 1999), que organiza anualmente o festival Chorando sem Parar (desde 2004).
Nos últimos anos, entretanto, a cidade passou por alguns reveses na área, como: a descontinuidade dos Pontos de Cultura (2012–2013), fechamento do Museu TAM (2006–2014), do Espaço Cultural Acervo Antônio Ibaixe (2013–2016), da Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda (1990–2017), da Pinacoteca Municipal (2012–2017, desalojada para a BPMAA), e a descontinuidade da Casa da Cultura Prof. Vicente Camargo (1982–2007, prédio que abrigava a BPMAA, remanejado para órgãos administrativos). Mas ainda assim permanecem alguns espaços, como o Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira "Odette dos Santos", fundado em novembro de 2006 como fruto de uma parceria entre a prefeitura da cidade e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSCar.
Na área do lazer, falta, ainda hoje, uma política pública consistente, que não se limite a atividades esportivas. Na área do turismo, há potencial em campos como o do turismo histórico e rural, mas até recentemente faltavam iniciativas organizadas. Em 2017, no novo Mapa do Turismo Brasileiro, a cidade foi incluída na Região Turística Histórias e Vales, havendo a elaboração de um plano regional de turismo.
Artes
Teatro
- A primeira apresentação teatral na cidade se deu em 1874, enquanto o primeiro teatro, o Ypiranga, foi construído em 1884 (depois renomeado Theatro São Carlos, demolido nos anos 1970)
- Teatro Municipal Dr. Alderico Vieira Perdigão (1969), que conta com um teatro de arena
- Teatro do SESC (1996)
Cinema
- A primeira exibição de cinema na cidade ocorreu em 1897
- Cine Iguatemi (1997, três salas)
- Cine São Carlos (reinaugurado em 2008, duas salas)
- Programação esporádica do SESC, Sesi, Cine UFSCar, Cineclube do CDCC/USP
- Projeto Cinema para Todos (em todos os lugares, todos os dias da semana), projeto em parceria entre Prefeitura com Vídeo 21, CDCC, CINEUFScar e SESC.
Outros espaços culturais (exposições, música)
- Conservatório Musical de São Carlos (1947-1991)
- Foto-Cine Clube Sancarlense (1948-1957)
- Íris Foto Grupo (1959-)
- Escola Livre de Música Maestro João Seppe (2004)
- Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira Odette dos Santos (2006)
- Centro Cultural Espaço 7 (2007)
- Instituto Cultural Janela Aberta (2007)
O grande ator e comediante Ronald Golias era natural do município.
Bibliotecas
O Sistema Integrado de Bibliotecas de São Carlos (SIBI São Carlos), criado pela Lei nº 13.464, de 2 de dezembro de 2004, engloba 12 unidades de informação (dentre elas bibliotecas públicas, escolas do futuro e uma biblioteca voltada a deficientes visuais) que possuem o objetivo comum de contribuir na implantação e consolidação do Programa de Incentivo ao Livro e à Leitura, atendendo assim a população das várias regiões de São Carlos.
O SIBI São Carlos atualmente está instalado no Centro, Rua São Joaquim, 735.
São 3 as bibliotecas públicas participantes do sistema e 8 as Escolas do Futuro, além de uma biblioteca voltada a deficientes visuais:
- Biblioteca Pública Municipal Amadeu Amaral
- Biblioteca Pública Municipal Euclides da Cunha
- Biblioteca Pública Distrital de Água Vermelha
- Escola do Futuro - EMEB Dalila Galli
- Escola do Futuro - EMEB Afonso Fioca Vitalli
- Escola do Futuro - EMEB Antonio Stella Moruzzi
- Escola do Futuro - EMEB Janete Maria Martinelli Lia
- Escola do Futuro - EMEB Angelina Dagnone de Melo
- Escola do Futuro - EMEB Maria Ermantina Tarpani
- Escola do Futuro - EMEB Carmine Botta
- Escola do Futuro - EMEB Arthur Natalino Deriggi
- Espaço Braille
-Biblioteca Comunitária UFSCar - BCo
Em março de 2010, o acervo do SIBI São Carlos era composto por 143.300 exemplares, os quais podem ser emprestados a qualquer indivíduo, desde que o mesmo tenha efetuado seu cadastro no sistema. Para se cadastrar basta a apresentação de um documento com foto e de um comprovante de residência. Crianças e jovens devem se apresentar com seus responsáveis. Outro serviço oferecido é um catálogo online que indica em qual das unidades participantes o exemplar buscado poderá ser encontrado; o catálogo online do SIBI São Carlos encontra-se disponível para consulta pública.
Museus
- Casa Ronald Golias (2016)
- Centro de Divulgação Científica e Cultural/USP (1980)
- Museu da Ciência Professor Mario Tolentino (2012)
- Museu de Energia (anos 2000), localizado na Usina Hidrelétrica Monjolinho
- Museu Histórico e Pedagógico Cerqueira César (1957, renomeado Museu Histórico em 2012), no prédio da Estação Cultura
Arquivos históricos
- Arquivo Histórico, da Fundação Pró-Memória (1993), no prédio da Estação Cultura
- Centro de Estudos da Casa do Pinhal (anos 2000)
- Fundo Florestan Fernandes (1996), da BCo/UFSCar
- Unidade Especial de Informação e Memória - UEIM (1998), antigo Arquivo de História Contemporânea - AHC (anos 1970), da UFSCar.
Arquivos de registros
- 1º Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos (1859)
- Oficial de Registro de Imóveis e Anexos (1883)
- 2º Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos (1890)
- Arquivo da Mitra Diocesana de São Carlos (anos 1900)
Bens históricos
São Carlos possui quase uma dezena de edifícios tombados, além de um política municipal de proteção do patrimônio histórico, contando com cerca de 500 "imóveis declarados de interesse histórico". No tocante às fazendas históricas, podem ser listadas:
- Fazenda Pinhal - km 4,5 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini e acessar (SCA-276).
- Fazenda Iolanda (Restaurante Iolanda) - km 4,5 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini e acessar (SCA-276).
- Fazenda Paulo Botelho (Tulha Paulo Botelho) - km 6 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini com acesso à esquerda.
- Fazenda Santa Maria do Monjolinho - km 158 da (SP-215) Rodovia Luís Augusto de Oliveira.
- Fazenda Vale do Quilombo -
- Fazenda São Roberto - km 245 da (SP-318) Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Junior e (SCA-329) EM Abel Terrugi até Santa Eudóxia.
- Fazenda Lenda D'Água - km 11 da (SCA-334) EM da Babilônia.
- Sítio São Joaquim
- Sítio São João - km 7,8 Rodovia Municipal Domingos Innocentini à esquerda, mais 5 km de terra. Projetos de recuperação de áreas degradadas, principalmente da micro bacia do Ribeirão Feijão e Programa de Educação Ambiental "Amigos do Ribeirão Feijão" com trilhas ecológicas, oficinas, brincadeiras, dinâmicas, cursos, cursos de férias com acampamento e aulas práticas, para Educadores Ambientais, Produtores Rurais, Alunos e Professores de escolas estaduais, municipais e particulares de São Carlos e Região.
Atrativos naturais
- Horto Florestal Municipal Navarro de Andrade (1936): fundado por Edmundo Navarro de Andrade para fornecimento de madeira de eucalipto para a CPEF. Foi municipalizado em 1953 e, hoje, tem como função o fornecimento de mudas para a arborização urbana, além de possuir algumas áreas de vegetação nativa e uma trilha de 400 m.
- Parque Ecológico de São Carlos Dr. Antônio Teixeira Viana (1976): fundado nos anos 1970, conta com zoológico, atuando na educação ambiental e preservação. No passado, abrigou a Piscina Municipal do Espraiado, foi local de captação de água, e também estande de tiro do Tiro de Guerra.
- Pista da Saúde da UFSCar (1980): bosque com percurso de 2.000 m, sinalização de exercícios apropriados a cada 100 m.
- Bosque Santa Marta (1985): com uma trilha com percurso de 1.500 m.
Eventos
Além de encontros acadêmicos regulares, nas universidades, a cidade possui um calendário de eventos anuais, incluindo, por exemplo:
- Festa do Clima (desde 1961): realizada anualmente no mês de abril, com uma tradicional exposição de orquídeas, shows, artesanato e barracas de comidas diversas.
- Taça Universitária de São Carlos – TUSCA (desde 1978): competição e festival universitários.
- Festa do Milho de Água Vermelha (desde 2002): evento gastronômico, realizada anualmente no distrito de Água Vermelha.
- Festival Chorando Sem Parar (desde 2004): festival de chorinho.
- Festival Contato (desde 2006): evento multimídia.
- Matsuri (desde 2007): festa tradicional da cultura japonesa.
- Festival Rock na Estação (desde 2007): cultura rock and roll da cidade e região.
Esportes
O associativismo em São Carlos tem início no final do século XIX, com lojas maçônicas (1874), associações de cunho étnico racial (1896), clubes recreativos (1903), associações profissionais e sindicatos (1904) e associações patronais (1931).
Os esportes na cidade ocorrem desde, pelo menos, o início do século, quando eram comuns o turfe em hipódromos, além do futebol. Em 1929, realizou-se um concurso de pesca, reputado como o primeiro do Brasil. A seguir, as principais equipes esportivas profissionais da cidade, que atuam em seis modalidades esportivas:
- Rugby - Confederação Brasileira de Rugby - Estádio da USP e Campo de Água Vermelha
- Futebol Americano (FLAG) – Estádio da USP
- Futebol - Estádio Luís Augusto de Oliveira
- Handebol - Ginásio João Marigo Sobrinho e Ginásio Hugo Dornfeld (Zuzão)
- Handebol em Cadeira de Rodas - HCR UFSCar - Ginásio Poliesportivo da UFSCar
- Basquete - Ginásio Clube dos Bancários e Ginásio João Marigo Sobrinho
- Basquete Lance Livre São Carlos - Ginásio João Marigo Sobrinho e Ginásio da Santa Felícia
- Tiro com Arco - Estande Indoor BEST
- Futsal - Ginásio Milton Olaio Filho
Referência para o texto: Wikipédia .
São Carlos é um polo regional, da Região Geográfica Intermediária com 26 municípios e na sua Região Geográfica Imediata com 9 municípios ao seu entorno. O estudo mais recente do IBGE sobre Regiões de Influência das Cidades - REGIC (2018), classificou a cidade como Capital Regional C, no Arranjo Populacional de Araraquara e relacionando-a diretamente ao Arranjo Populacional de Ribeirão Preto e de Campinas.
A cidade é um importante centro regional industrial, com a economia fundamentada em atividades industriais, serviços e na agropecuária (neste setor, destaca-se a produção de laranja, leite e frango). Servida por sistemas rodoviário e ferroviário, São Carlos conta com uma unidade comercial da multinacional suíça Leica Geosystems e com unidades de produção de algumas empresas multinacionais, dentre as quais a Volkswagen, Faber-Castell (a subsidiária são-carlense é a maior do grupo em todo o mundo, produzindo 1,5 bilhão de lápis por ano), Electrolux, Tecumseh, Husqvarna, LATAM, Serasa Experian e Grupo Segurador BB-MAPFRE. Algumas unidades de produção de empresas nacionais, dentre as quais Toalhas São Carlos, Tapetes São Carlos, Papel São Carlos, Prominas Brasil, Latina, Engemasa, Apramed, Piccin e XMobots.
No campo de pesquisas, além das universidades, estão presentes no município dois centros de desenvolvimento técnico da Embrapa. Em 2006, São Carlos era a primeira cidade da América do Sul em números de doutores por habitante, de acordo com um levantamento feito pela UFSCar. Ao todo, eram 1,7 mil doutores em um município de 230 mil moradores, o que representava um doutor para cada 135 habitantes. No Brasil, a relação na época era de um doutor para cada 5423 habitantes Um estudo realizado no início de 2019, concluiu que a cidade contava com mais de 2 530 doutores para uma população aproximada de 250 mil habitantes, ou seja, um doutor para cada 100 moradores, uma média quase dez vezes maior que a nacional. Os dois campi da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e a FATEC, além de uma instituição de ensino superior particular, o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), tornam intensa a atividade universitária no município, que conta com uma população flutuante de mais de vinte e nove mil graduandos e pós-graduandos, boa parte atraída de outras cidades e estados.
História
Povos indígenas e caboclos
Originalmente, o território era habitado por indígenas, provavelmente guaianases, os quais foram exterminados ou expulsos e são possivelmente os responsáveis pela introdução de pinhais de araucária na região. Entretanto, existe também a hipótese de a espécie ser de ocorrência natural. O território seria ocupado no século XIX por posseiros, pequenos proprietários de terra, então chamados "caboclos". Dentre estes, talvez o mais ilustre tenha sido um certo Gregório que, por volta de 1831, residia à beira de um riacho que corta a cidade e herdou seu nome, o córrego do Gregório.
Sesmarias
O atual município engloba terras das antigas sesmarias do Pinhal, do Monjolinho e do Quilombo. A sesmaria do Pinhal, ao sul do município, originou-se de uma doação de terras, em 1781, ao cirurgião mor do Regimento de Voluntários Reais de São Paulo, o qual as vendeu em 1786 a Carlos Bartholomeu de Arruda. No entanto, a sesmaria só seria demarcada em 1831, a pedido de seu filho, Carlos José Botelho, pai do futuro Conde do Pinhal. Já as sesmarias do Monjolinho, ao noroeste, e do Quilombo, a leste, foram demarcadas em 1810 e 1812, respectivamente, a pedido de sucessores de Miguel Alberto de Vasconcelos e de Manuel Joaquim do Amaral Gurgel.
Fundação
Com a ocupação das sesmarias por grandes fazendeiros, que utilizavam mão de obra escrava, os antigos posseiros, com poucas condições de legalizar suas terras, foram expulsos ou absorvidos às novas propriedades. Esses latifundiários, mais tarde, se auto identificariam com o "espírito bandeirante", o que se reflete no lema da cidade, A bandeirantibus venio, idealizado pelo Visconde de Taunay. Apesar desta referência anacrônica ao bandeirantismo, a ocupação inicial da região por não indígenas foi feita, de fato, pelos posseiros acima referidos, e não por bandeirantes.
São Carlos foi fundada na segunda metade da década de 1850, por iniciativas de Antônio Carlos de Arruda Botelho (Conde do Pinhal) e Jesuíno José Soares de Arruda, localizada num caminho que levava às minas de ouro de Cuiabá e Goiás, saindo de Piracicaba. As povoações mais próximas neste caminho eram, à época, Rio Claro, na depressão periférica e, subindo as escarpas das encostas do planalto, Araraquara.
Embora iniciada em 1856, a construção da capela foi oficialmente autorizada pelo bispo de São Paulo apenas em 4 de fevereiro de 1857. No mesmo ano, em 6 de julho, foi criado o distrito de paz de São Carlos do Pinhal. Em 1858, a capela foi elevada a freguesia. Em março de 1865, desmembrando-se de Araraquara, a freguesia tornou-se vila (correspondente à atual divisão administrativa de município), com o nome de São Carlos do Pinhal. Em setembro do mesmo ano foi empossada a Câmara Municipal.
A data histórica atribuída a fundação é o dia 4 de novembro de 1857, dia de São Carlos Borromeu, padroeiro da cidade, ao qual foi dedicada uma capela que começou a ser erigida em 1856, solicitada por Jesuíno de Arruda, proprietário de terras na sesmaria do Pinhal. Inicialmente, sua construção foi planejada numa fazenda na sesmaria do Monjolinho porém, por rejeição de seu proprietário, João Alves de Oliveira, que temia que o povoado nascente distraísse seus escravos, a capela foi construída na sesmaria do Pinhal. São Carlos foi o santo escolhido por ser o nome predominante na família Botelho, desde suas origens em Portugal. Não há, entretanto, um consenso sobre a verdadeira data de fundação e o real fundador da cidade (Jesuíno de Arruda ou a família Botelho), pelo fato de o conceito de fundação variar de acordo com os vários critérios usados: erigir uma capela, doar um terreno para o patrimônio público, erigir as primeiras casas de telha, algum ato de desprendimento e benevolência dos poderosos da época, entre outros.
No contexto estadual, uma circunstância talvez singular a São Carlos foi o fato de a fundação da cidade, o início do plantio de café e o declínio do regime escravista brasileiro terem coincidido.
Em 1880, a vila foi elevada a cidade (à época, um título honorífico), e foi criada também a comarca de São Carlos, instalada em 1882. Sua denominação foi reduzida de "São Carlos do Pinhal" a "São Carlos" no ano de 1908. O município é conhecido também pelo nome de "Cidade do Clima", devido ao clima seco e ameno. Hoje é conhecida como a "Capital da Tecnologia" ou simplesmente "Sanca".
O atual território de São Carlos foi desmembrado sucessivamente dos municípios de São Paulo (1558–1625), Santana de Parnaíba (1625–1654), Nossa Senhora da Candelária de Itu (atual Itu, 1654–1822), Vila Nova da Constituição (atual Piracicaba, 1822–1833) e São Bento de Araraquara (atual Araraquara, 1833–1865). Ao longo do século XIX, as divisas do município passaram por diversas mudanças. Em 1948, foram estabelecidos três distritos: Água Vermelha, Ibaté e Santa Eudóxia. Em 30 de dezembro de 1953, Ibaté foi desmembrado do município.
Geografia
Geologia
O município está incluído na província geomorfológica das cuestas basálticas e de arenito, entre as províncias do planalto Ocidental (ao norte) e a Depressão Periférica Paulista (ao sul). Em São Carlos, incluído na Bacia do Paraná, são encontrados afloramentos das seguintes formações geológicas: Bauru (Grupo Bauru), no reverso das cuestas (Planalto de São Carlos), onde se localiza a maior parcela do núcleo urbano, mais ao norte; Serra Geral (Grupo São Bento), na estreita região das cuestas onde ocorre quebra de relevo (encostas); Botucatu (Grupo São Bento), que contém a parte baixa das cuestas, mais ao sul, além de incluir o Aquífero Guarani. O solo do município é constituído principalmente por, em ordem decrescente: latossolo vermelho-amarelo (LV); latossolo roxo (LR); areia quartzosa profunda (AQ); latossolo vermelho-escuro (LE); terra roxa estruturada (TE); solo litólico (Li); solo hidromórfico (Hi) e solo podzólico (PV).
Vegetação
A vegetação original do município, e os respectivos remanescentes, correspondem respectivamente a: cerrado de fisionomia florestal (cerradão; 16% e 2%); cerrado de fisionomias savânicas (cerrado s.s., campo cerrado, campo sujo) e campestres (campo limpo úmido); 27% e 2%); mata atlântica do interior (florestas semi decíduas e ripárias; 54% e 1%); mata de araucária (floresta semi decídua com araucária; 1% e 0%) e capoeiras (matas degradadas; 0% e 1%). Atualmente, boa parte da vegetação foi substituída por plantações, pastos e florestamentos de silvicultura. Cabe lembrar que, entretanto, as proporções acima indicadas, em parte obtidas a partir de interpretações de imagens de satélite, possuem certa incerteza, pela dificuldade de se diferenciar pastos artificiais de campos limpos naturais.Em uma visão geral a savana do Brasil.
Hidrografia
O município está inserido entre duas Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI): a nº 9, Mogi-Guaçu, e a nº 13, Tietê-Jacaré. A área urbana encontra-se, principalmente, na bacia hidrográfica do rio Monjolinho, incluída, serialmente, nas bacias dos rios Jacaré-Guaçu, Tietê, Paraná e rio da Prata. A área urbana é cortada pelos rios Monjolinho, Gregório e Santa Maria do Leme, e pelos córregos Tijuco Preto, Simeão, Água Quente e Água Fria, dentre outros. A bacia do rio Mojiguaçu, que conta com o rio do Quilombo, ribeirão das Araras, córrego Cabaceiras, córrego Guabirobas, córrego Jararaca, córrego Água Branca, córrego Brejo Grande ou Água Vermelha, córrego Matinha, ribeirão dos Negros, ribeirão do Pântano, córrego Cachoeira.
A bacia do rio Jacaré-Guaçu, que conta com o rio Monjolinho, ribeirão Feijão, córrego Cã Cã, e córrego Laranja Azeda. A bacia do rio Monjolinho, que conta com o córrego Santa Maria Madalena (ou córrego Santa Maria do Leme), córrego do Jockey Clube, córrego Espraiado, córrego Federal, córrego Belvedere, córrego Ponte de Tábua, córrego Alto Monjolinho, córrego Mineirinho, córrego Santa Fé, córrego Paraíso, córrego Tijuco Preto, córrego do Gregório, córrego Botafogo, córrego Medeiros, ribeirão Água Quente e ribeirão Água Fria.
A bacia do córrego do Gregório, que nasce em área rural, a leste da cidade de São Carlos, numa região de aproximadamente 900 metros de altitude (onde nascem também o rio Monjolinho e o ribeirão dos Negros, importantes cursos d'água deste município). Tem como afluentes pela margem direita o córrego Primeira Água perto da SP-310 antes do córrego do Gregório atravessar a rodovia, córrego Sorregotti perto da Educativa, córrego Lazarini próximo da rua Major Manuel Antonio de Matos, córrego da Biquinha na rua Visconde de Inhaúma (canalizado), e pela margem esquerda o córrego Simeão na região do mercado (canalizado), e corre no sentido oeste numa extensão aproximada de 7 km, onde deságua no rio Monjolinho, perto do shopping center.
Meio ambiente
Parte de São Carlos está incluída na Área de Proteção Ambiental (APA) Corumbataí. Proximamente, encontram-se outras unidades de conservação: a Estação Ecológica (EE) de Itirapina, a EE Mata do Jacaré, e a EE Jataí. Em áreas rurais, há também fragmentos de vegetação nativa importantes em algumas Reservas Legais (RL) privadas, como a da Fazenda Canchim, da Embrapa. A cidade apresenta percentual de propriedades regularizadas, quanto a RLs, acima da média calculada para o estado.
Quanto às Áreas de Preservação Permanente (APPs) dos rios, muitas das que ocorrem na área urbana foram irregularmente ocupadas por vias marginais e edificações. Entretanto, pouco foi feito para compensar a construção destas marginais, como aumentar a proporção mínima de área permeável nos terrenos adjacentes. Além disso, muitos rios foram retificados ou canalizados, obras essas hoje consideradas inadequadas. Estes fatores, em conjunto, são determinantes para a ocorrência de enchentes nas baixadas da cidade.
A arborização urbana da malha viária urbana é diversa, porém, em termos quantitativos, o número de árvores é ainda muito baixo, e muitas têm conflitos com equipamentos públicos do entorno, como a fiação aérea e a pavimentação. Quanto à poluição, o município possui cerca de duas dezenas de áreas contaminadas, em especial, por resíduos de postos de combustíveis, e de lixões e aterros.
Clima
O clima de São Carlos é considerado subtropical (do tipo Cwa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger). A temperatura média anual é de 21 °C; o verão é morno com precipitação e o inverno é fresco com pouca precipitação. Ao longo do ano, normalmente, a temperatura mínima nos meses mais frios é de 12 °C e a temperatura máxima nos meses mais quentes é de 28 °C e raramente são inferiores a 7 °C ou superiores a 33 °C.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 São Carlos registrou mínimas negativas em duas ocasiões, a primeira em 18 de julho de 1975 (−0,1 °C) e a segunda em 17 de julho de 2000 (−1 °C). Por outro lado, os dias mais quentes foram 7 de outubro de 2020 e 21 de setembro de 2021, com máximas de 38,7 °C e 38,2 °C, respectivamente.
O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 143,1 mm em 13 de fevereiro de 1980.
Economia
No setor agropecuário do município, destacam-se as redes agroindustriais de produção: sucroalcooleira, de citricultura, de laticínios, de carne bovina, de avicultura de corte, e de silvicultura, com florestamentos de Eucalyptus sp. e Pinus sp. Nas últimas décadas, muitas áreas de pastagem estão sendo substituídas por áreas de lavoura. No caso das lavouras temporárias, a maior parte é destinada ao cultivo de cana-de-açúcar, enquanto a maioria das lavouras permanentes é destinada ao cultivo de laranja. A propósito, a cidade se insere na bacia do rio Mogi-Guaçú, região que constitui os principais complexos agroindustriais citrícola e canavieiro paulistas. Na mineração, o município não possui grandes jazidas com significância no mercado nacional, produzindo apenas insumos voltados para o setor da construção civil, especialmente areia e a brita. Em termos de estrutura fundiária, na área rural, predominam pequenas e médias propriedades. Embora o município conte com mais de mil propriedades rurais, as unidades de produção agrícola giram em torno de apenas 800. Essa diferença se deve ao processo de desmembramento de pequenas propriedades com fins não agrícolas, como chácaras de lazer e moradias rurais, surgidas a partir dos anos 1970.
O processo inicial de industrialização em São Carlos e, de modo geral, no Brasil, é tributário da acumulação de capitais gerada pela cultura cafeeira no Estado de São Paulo no final do século XIX e início do século XX. No anos 1940, a industrialização em São Carlos é marcada pela substituição das importações, em paralelo à Segunda Guerra. Ocorreria, inclusive, o florescimento de algumas atividades surgidas na década anterior, chamadas "indústrias da crise", como a indústria leiteira e, especialmente, a têxtil, a qual contava com integração vertical. São Carlos passou a ser conhecida, portanto, como um núcleo industrial de relativa importância, apesar da influência da capital. Assim como no meio rural, a maioria das grandes indústrias passara a ser administrada da capital, enquanto, na cidade, restava um grande números de pequenos e médios empresários de origem imigrante.
No pós-guerra, entretanto, a maioria das indústrias têxteis locais, com maquinário obsoleto, foi facilmente superada pelas indústrias de países desenvolvidos. Além disso, a partir de meados dos anos 1950, com um capitalismo mais maduro no Brasil, as indústrias dos imigrantes empresários passam a enfrentar dificuldades, seja pela gestão de padrão tradicional, seja pela rejeição à inserção dos imigrantes no meio político das elites rurais. Isso seria compensado em parte, pela instalação da Tapetes São Carlos, e a fábrica de conservas da Hero, casos singulares por terem se aproveitado de vínculos importantes com o exterior, importando tecnologia, embora se tratem de empresas de capital nacional. Aliás, no período, as únicas indústrias locais processadoras de alimentos, com porte razoável, seriam a Cooperativa de Laticínios, e a Hero.
Nos anos 1950, o grupo Pereira Lopes, com a fábrica Climax, produtora de refrigeradores, teria influência econômica e política decisiva sobre a cidade. Nos anos 1960, outra enorme empresa, igualmente pioneira no Brasil, seria construída pelo grupo, a CBT, fábrica de tratores. Essa seria a primeira fase de industrialização pesada em São Carlos. Apesar de ter havido uma retomada do crescimento industrial na cidade nos anos 1950, nas duas décadas seguintes acentuou-se novamente o processo de concentração da industrialização na metrópole, causando grande concorrência. Na década de 1980, entretanto, o processo de interiorização da indústria paulista, iniciado nos anos 1970, se intensificou. São Carlos hoje tem um perfil industrial ativo, possuindo unidades de produção de várias empresas multinacionais. Destacam-se entre as grandes unidades industriais, as fábricas da Volkswagen, Faber-Castell, Electrolux, Tecumseh do Brasil, Husqvarna, Toalhas São Carlos, Tapetes São Carlos, Papel São Carlos, Prominas Brasil, Opto Eletrônica, Latina, Sixtron Company. A cidade possui ainda o LATAM MRO, localizado na antiga fábrica da Companhia Brasileira de Tratores (CBT).
Nos anos 1990, houve um crescimento da oferta de serviços pelo setor terciário na cidade, não apenas nos setores tradicionais, mas também naqueles mais capital intensivos e utilizadores de mão de obra qualificada, como os serviços de telecomunicações, informática, pesquisa e desenvolvimento, e publicidade. A oferta desses serviços, caracteristicamente concentrados na metrópole, teve um aumento devido à reestruturação do setor industrial local, havendo um incremento de tecnologia no processo produtivo, ampliando a demanda por tais serviços. Também nos anos 1990, houve a instalação de algumas cadeias de magazines de projeção nacional. Em 1997, foi inaugurado o primeiro shopping, o Iguatemi, direcionado ao consumo da classe média alta. Diante dessas novas formas de comercialização, o comércio tradicional teve de se reorganizar. Atualmente, as principais atividades econômicas da cidade, em termos de números de estabelecimentos, são: o comércio varejista, o setor de alimentação, o comércio e reparação de veículos, e atividades de atenção à saúde humana. Apesar de terem ocorrido recentes modificações socioespaciais em São Carlos, ainda hoje as agências bancárias prevalecem no centro. A característica educacional dá à cidade ainda outro título: "Atenas Paulista". Isto faz de São Carlos um importante polo tecnológico, educacional e científico.
Infraestrutura
Educação, ciência e tecnologia
A história de São Carlos como centro educacional data do início do século XX. Em 1911, é fundada a Escola Normal Secundária, estadual, voltada para a formação de professores. Inicialmente abrigada num prédio próximo à Estação Ferroviária, teve seu prédio novo inaugurado em 1916. Com a extinção das Escolas Normais, a instituição passou a ser uma escola de ensino básico, atual Escola Estadual Álvaro Guião. Em 1914, é instalada uma efêmera "Escola de Pharmacia". Outro estabelecimento importante da época foi a Escola Profissional Secundária Mista, fundada nos anos 1930, também chamada Escola Industrial, atual ETEC Paulino Botelho.
Quanto ao ensino primário, em 1858 foi instituída a primeira cadeira de ensino de primeiras letras para o sexo masculino e, em 1862, para o sexo feminino. Em 1905, é fundado o Colégio São Carlos, privado, pelas Irmãs Sacramentinas, inicialmente no Palacete Conde do Pinhal, passando para a sede própria em 1914. Os primeiros Grupos Escolares, estaduais, foram o Paulino Carlos (1901-1904, na Praça Coronel Salles), o Eugênio Franco (1919, no prédio antes usado pela Escola Normal), o do Centenário (1922, na Avenida; posteriormente rebatizado Arlindo Bittencourt e movido para a Vila Monteiro), o Bispo Dom Gastão (1934, na Vila Prado) e o Professor Luiz Augusto de Oliveira (1934, na Vila Monteiro). Na reforma do ensino paulista dos anos 1920, a cidade passou a sediar uma das quinze Delegacias de Ensino então criadas, hoje Diretorias. O ensino secundário só seria expandido a partir dos anos 1960 e 1970, pelo governo estadual. Na década de 1980, cresce a educação infantil, por parte da esfera municipal. Nos anos 1990, tem início a municipalização do ensino fundamental estadual, em especial o ciclo inicial.
Atualmente, a cidade destaca-se pela presença de instituições de pesquisa voltadas à alta tecnologia. Possui grande número de empresas e centros tecnológicos, desenvolvidos em torno de duas das mais destacadas universidades do país: a Universidade de São Paulo (USP, estabelecida na cidade nos anos 1950, com a Escola de Engenharia de São Carlos-EESC, contando hoje com dois campi), e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, fundada em 1968). A USP se instalou inicialmente no prédio da Sociedade Dante Alighieri (atual CDCC), depois se transferiu para o local do antigo Posto Zootécnico, enquanto a UFSCar foi instalada na antiga Fazenda Trancham. Além destas duas universidades, São Carlos possui outras entidades públicas de pesquisa, ensino superior ou profissional, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa, com duas unidades, estabelecidas em 1974 e 1984, sendo que a primeira se originou de uma estação experimental do Ministério da Agricultura, de 1935), o Instituto Federal de São Paulo (IFSP, instalado em 2008), e uma FATEC (2014). Dentre os estabelecimentos privados de ensino superior ou profissional, estão o Senai (1951), o Senac (1951), o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP, antiga Asser, de 1972), Atheneu (2005), o Instituto de Educação e Tecnologia de São Carlos (IETECH, 2012), e um polo da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp, 2018).
A cidade também contava com a Escola Técnica de Comércio (1919-1963), a Faculdade de Comércio D. Pedro II (1928-1963), Escola Técnica de Química Industrial (1960-63), o Liceu José Geraldo Keppe (1963-1974), a Escola de Educação Física (EEFSC, 1949-1996), a Escola de Biblioteconomia e Documentação (EBDSC, 1959-1996), a FADISC (1962-2012, privada). A EEFSC e a EBDSC, inicialmente privadas, foram municipalizadas em 1976, sendo absorvidas pela Fundação Educacional São Carlos (FESC), e posteriormente federalizadas nos anos 1990, incorporadas pela UFSCar.
Dentre alguns intelectuais ligados à cidade e suas universidades, estão: o filólogo Amadeu Amaral, que residiu na cidade, onde realizou parte de seus estudos sobre o dialeto caipira; Euclides da Cunha, o qual acompanhou a construção da escola Paulino Carlos, tendo concluído a primeira versão de sua obra Os Sertões enquanto residia na cidade; o médico veterinário Antônio Teixeira Viana, desenvolvedor da raça de gado Canchim; o químico Mário Tolentino, com trabalhos sobre o ensino de ciências; o físico Vanderlei Bagnato, membro da Pontifícia Academia das Ciências, especialista em óptica; o casal Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas, pioneiros da ciência dos materiais e da cristalografia no país, respectivamente; o sociólogo e político Florestan Fernandes, referência na sociologia brasileira, cidadão honorário; o filósofo Bento Prado Júnior, dedicado ao problema da subjetividade; o filósofo José Arthur Giannotti, natural da cidade, especialista em filosofia da lógica; e o escritor Deonísio da Silva, professor da UFSCar por mais de vinte anos.
Cultura
A cidade conta com várias opções de cultura, entretanto, a maioria dos equipamentos públicos se encontra na região central. Com relação às políticas de fomento à cultura, as duas universidades públicas vêm desempenhando um papel importante por meio de projetos de extensão, como o festival Contato (desde 2006), e o projeto Contribuinte da Cultura (desde 1999), que organiza anualmente o festival Chorando sem Parar (desde 2004).
Nos últimos anos, entretanto, a cidade passou por alguns reveses na área, como: a descontinuidade dos Pontos de Cultura (2012–2013), fechamento do Museu TAM (2006–2014), do Espaço Cultural Acervo Antônio Ibaixe (2013–2016), da Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda (1990–2017), da Pinacoteca Municipal (2012–2017, desalojada para a BPMAA), e a descontinuidade da Casa da Cultura Prof. Vicente Camargo (1982–2007, prédio que abrigava a BPMAA, remanejado para órgãos administrativos). Mas ainda assim permanecem alguns espaços, como o Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira "Odette dos Santos", fundado em novembro de 2006 como fruto de uma parceria entre a prefeitura da cidade e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSCar.
Na área do lazer, falta, ainda hoje, uma política pública consistente, que não se limite a atividades esportivas. Na área do turismo, há potencial em campos como o do turismo histórico e rural, mas até recentemente faltavam iniciativas organizadas. Em 2017, no novo Mapa do Turismo Brasileiro, a cidade foi incluída na Região Turística Histórias e Vales, havendo a elaboração de um plano regional de turismo.
Artes
Teatro
- A primeira apresentação teatral na cidade se deu em 1874, enquanto o primeiro teatro, o Ypiranga, foi construído em 1884 (depois renomeado Theatro São Carlos, demolido nos anos 1970)
- Teatro Municipal Dr. Alderico Vieira Perdigão (1969), que conta com um teatro de arena
- Teatro do SESC (1996)
Cinema
- A primeira exibição de cinema na cidade ocorreu em 1897
- Cine Iguatemi (1997, três salas)
- Cine São Carlos (reinaugurado em 2008, duas salas)
- Programação esporádica do SESC, Sesi, Cine UFSCar, Cineclube do CDCC/USP
- Projeto Cinema para Todos (em todos os lugares, todos os dias da semana), projeto em parceria entre Prefeitura com Vídeo 21, CDCC, CINEUFScar e SESC.
Outros espaços culturais (exposições, música)
- Conservatório Musical de São Carlos (1947-1991)
- Foto-Cine Clube Sancarlense (1948-1957)
- Íris Foto Grupo (1959-)
- Escola Livre de Música Maestro João Seppe (2004)
- Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira Odette dos Santos (2006)
- Centro Cultural Espaço 7 (2007)
- Instituto Cultural Janela Aberta (2007)
O grande ator e comediante Ronald Golias era natural do município.
Bibliotecas
O Sistema Integrado de Bibliotecas de São Carlos (SIBI São Carlos), criado pela Lei nº 13.464, de 2 de dezembro de 2004, engloba 12 unidades de informação (dentre elas bibliotecas públicas, escolas do futuro e uma biblioteca voltada a deficientes visuais) que possuem o objetivo comum de contribuir na implantação e consolidação do Programa de Incentivo ao Livro e à Leitura, atendendo assim a população das várias regiões de São Carlos.
O SIBI São Carlos atualmente está instalado no Centro, Rua São Joaquim, 735.
São 3 as bibliotecas públicas participantes do sistema e 8 as Escolas do Futuro, além de uma biblioteca voltada a deficientes visuais:
- Biblioteca Pública Municipal Amadeu Amaral
- Biblioteca Pública Municipal Euclides da Cunha
- Biblioteca Pública Distrital de Água Vermelha
- Escola do Futuro - EMEB Dalila Galli
- Escola do Futuro - EMEB Afonso Fioca Vitalli
- Escola do Futuro - EMEB Antonio Stella Moruzzi
- Escola do Futuro - EMEB Janete Maria Martinelli Lia
- Escola do Futuro - EMEB Angelina Dagnone de Melo
- Escola do Futuro - EMEB Maria Ermantina Tarpani
- Escola do Futuro - EMEB Carmine Botta
- Escola do Futuro - EMEB Arthur Natalino Deriggi
- Espaço Braille
-Biblioteca Comunitária UFSCar - BCo
Em março de 2010, o acervo do SIBI São Carlos era composto por 143.300 exemplares, os quais podem ser emprestados a qualquer indivíduo, desde que o mesmo tenha efetuado seu cadastro no sistema. Para se cadastrar basta a apresentação de um documento com foto e de um comprovante de residência. Crianças e jovens devem se apresentar com seus responsáveis. Outro serviço oferecido é um catálogo online que indica em qual das unidades participantes o exemplar buscado poderá ser encontrado; o catálogo online do SIBI São Carlos encontra-se disponível para consulta pública.
Museus
- Casa Ronald Golias (2016)
- Centro de Divulgação Científica e Cultural/USP (1980)
- Museu da Ciência Professor Mario Tolentino (2012)
- Museu de Energia (anos 2000), localizado na Usina Hidrelétrica Monjolinho
- Museu Histórico e Pedagógico Cerqueira César (1957, renomeado Museu Histórico em 2012), no prédio da Estação Cultura
Arquivos históricos
- Arquivo Histórico, da Fundação Pró-Memória (1993), no prédio da Estação Cultura
- Centro de Estudos da Casa do Pinhal (anos 2000)
- Fundo Florestan Fernandes (1996), da BCo/UFSCar
- Unidade Especial de Informação e Memória - UEIM (1998), antigo Arquivo de História Contemporânea - AHC (anos 1970), da UFSCar.
Arquivos de registros
- 1º Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos (1859)
- Oficial de Registro de Imóveis e Anexos (1883)
- 2º Tabelião de Notas e Protesto de Letras e Títulos (1890)
- Arquivo da Mitra Diocesana de São Carlos (anos 1900)
Bens históricos
São Carlos possui quase uma dezena de edifícios tombados, além de um política municipal de proteção do patrimônio histórico, contando com cerca de 500 "imóveis declarados de interesse histórico". No tocante às fazendas históricas, podem ser listadas:
- Fazenda Pinhal - km 4,5 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini e acessar (SCA-276).
- Fazenda Iolanda (Restaurante Iolanda) - km 4,5 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini e acessar (SCA-276).
- Fazenda Paulo Botelho (Tulha Paulo Botelho) - km 6 da (SPA-149) Rodovia Municipal Domingos Innocentini com acesso à esquerda.
- Fazenda Santa Maria do Monjolinho - km 158 da (SP-215) Rodovia Luís Augusto de Oliveira.
- Fazenda Vale do Quilombo -
- Fazenda São Roberto - km 245 da (SP-318) Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Junior e (SCA-329) EM Abel Terrugi até Santa Eudóxia.
- Fazenda Lenda D'Água - km 11 da (SCA-334) EM da Babilônia.
- Sítio São Joaquim
- Sítio São João - km 7,8 Rodovia Municipal Domingos Innocentini à esquerda, mais 5 km de terra. Projetos de recuperação de áreas degradadas, principalmente da micro bacia do Ribeirão Feijão e Programa de Educação Ambiental "Amigos do Ribeirão Feijão" com trilhas ecológicas, oficinas, brincadeiras, dinâmicas, cursos, cursos de férias com acampamento e aulas práticas, para Educadores Ambientais, Produtores Rurais, Alunos e Professores de escolas estaduais, municipais e particulares de São Carlos e Região.
Atrativos naturais
- Horto Florestal Municipal Navarro de Andrade (1936): fundado por Edmundo Navarro de Andrade para fornecimento de madeira de eucalipto para a CPEF. Foi municipalizado em 1953 e, hoje, tem como função o fornecimento de mudas para a arborização urbana, além de possuir algumas áreas de vegetação nativa e uma trilha de 400 m.
- Parque Ecológico de São Carlos Dr. Antônio Teixeira Viana (1976): fundado nos anos 1970, conta com zoológico, atuando na educação ambiental e preservação. No passado, abrigou a Piscina Municipal do Espraiado, foi local de captação de água, e também estande de tiro do Tiro de Guerra.
- Pista da Saúde da UFSCar (1980): bosque com percurso de 2.000 m, sinalização de exercícios apropriados a cada 100 m.
- Bosque Santa Marta (1985): com uma trilha com percurso de 1.500 m.
Eventos
Além de encontros acadêmicos regulares, nas universidades, a cidade possui um calendário de eventos anuais, incluindo, por exemplo:
- Festa do Clima (desde 1961): realizada anualmente no mês de abril, com uma tradicional exposição de orquídeas, shows, artesanato e barracas de comidas diversas.
- Taça Universitária de São Carlos – TUSCA (desde 1978): competição e festival universitários.
- Festa do Milho de Água Vermelha (desde 2002): evento gastronômico, realizada anualmente no distrito de Água Vermelha.
- Festival Chorando Sem Parar (desde 2004): festival de chorinho.
- Festival Contato (desde 2006): evento multimídia.
- Matsuri (desde 2007): festa tradicional da cultura japonesa.
- Festival Rock na Estação (desde 2007): cultura rock and roll da cidade e região.
Esportes
O associativismo em São Carlos tem início no final do século XIX, com lojas maçônicas (1874), associações de cunho étnico racial (1896), clubes recreativos (1903), associações profissionais e sindicatos (1904) e associações patronais (1931).
Os esportes na cidade ocorrem desde, pelo menos, o início do século, quando eram comuns o turfe em hipódromos, além do futebol. Em 1929, realizou-se um concurso de pesca, reputado como o primeiro do Brasil. A seguir, as principais equipes esportivas profissionais da cidade, que atuam em seis modalidades esportivas:
- Rugby - Confederação Brasileira de Rugby - Estádio da USP e Campo de Água Vermelha
- Futebol Americano (FLAG) – Estádio da USP
- Futebol - Estádio Luís Augusto de Oliveira
- Handebol - Ginásio João Marigo Sobrinho e Ginásio Hugo Dornfeld (Zuzão)
- Handebol em Cadeira de Rodas - HCR UFSCar - Ginásio Poliesportivo da UFSCar
- Basquete - Ginásio Clube dos Bancários e Ginásio João Marigo Sobrinho
- Basquete Lance Livre São Carlos - Ginásio João Marigo Sobrinho e Ginásio da Santa Felícia
- Tiro com Arco - Estande Indoor BEST
- Futsal - Ginásio Milton Olaio Filho
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