sexta-feira, 8 de maio de 2020

SÃO GONÇALO DO AMARANTE - RIO GRANDE DO NORTE

São Gonçalo do Amarante é um município brasileiro, localizado na Região Metropolitana de Natal, no estado do Rio Grande do Norte, na Região Nordeste do país. Possui uma área territorial de aproximadamente 249,124 km². É o quarto município mais populoso do estado, atrás apenas de Natal, Mossoró e Parnamirim, com a população estimada para o ano de 2018 em 101.102 habitantes. Abriga, desde 2014, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, um complexo aeroportuário brasileiro, que foi o primeiro aeroporto brasileiro a ser privatizado e atende à demanda do transporte de cargas e de passageiros da Região Metropolitana de Natal.
É um município brasileiro conhecido em todo o mundo por ter sido cenário de um dos eventos mais significativos de toda a história do Rio Grande do Norte e da religião católica brasileira, quando holandenses exterminaram oitenta pessoas no evento conhecido como Massacre de Uruaçu, ocorrido em 1645. Ao longo de sua história, São Gonçalo do Amarante chegou a perder sua autonomia algumas vezes, até conseguir sua emancipação definitiva em 1958, quando se desmembrou de Macaíba.
Nos dias atuais, o município conta com uma rica tradição cultural, possuindo vários lugares históricos e monumentos, como o Monumento aos Mártires, inaugurado no lugar do massacre de 1645 e um dos principais pontos de visitação religiosa do Rio Grande do Norte. Em 2017, 30 mártires, do Rio Grande do Norte, entre eles vítimas do Massacre de Uruaçu, foram reconhecidos como santos, na Praça São Pedro, no Vaticano, em uma cerimônia presidida pelo Papa Francisco.
História
Antes, o território que corresponde ao atual município de São Gonçalo do Amarante era habitado pelos índios potiguaras, entre os quais destaca-se Poti, conhecido por Felipe Camarão, originário de uma comunidade de Extremoz.
O seu nome deriva de Gonçalo de Amarante, que foi um eclesiástico português, padroeiro da cidade de Amarante em Portugal. São Gonçalo do Amarante teve seus primeiros habitantes apenas no século XVII, os membros da família de Estevão Machado de Miranda, logo sacrificados pelos holandeses no massacre de Cunhaú e Uruaçu, em 1645. Somente em 1689, teriam ocorrido as expedições que deram origem ao repovoamento do local, vindas de Pernambuco, após a expulsão dos invasores.
No século XVIII, em 1710, próximo ao Engenho Potengi, vieram de Pernambuco e instalaram-se, às margens do rio homônimo, Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel Sirinhaém, naturais de Portugal, junto com suas famílias. Após a instalação, ambos construíram suas residências e foram responsáveis por construir uma pequena igreja, tendo como padroeiro o santo Gonçalo de Amarante. No altar dela, uma imagem do santo feita de pedra foi colocada, dando origem ao topônimo do município.
Em 11 de abril de 1833, durante o governo de Manoel Lobo de Miranda Henrique, foi criado o município de São Gonçalo do Amarante. Em 1856, durante o governo de Antônio Bernardes de Passos, São Gonçalo do Amarante foi atingida por uma epidemia de cólera, que matou um total de 171 pessoas. Em 1868, por meio de uma lei provincial sancionada pelo governador Gustavo Augusto de Sá, o município perdeu sua autonomia, sendo anexado ao município de Natal, capital da província do Rio Grande do Norte. Somente seis anos mais tarde a vila foi desmembrada e novamente elevada à condição de município.
Mas cinco anos depois (1879), a população de São Gonçalo do Amarante foi vitimada por um golpe que transferiu a sede do governo municipal para a vila de Macaíba, antes denominada Cuité. Em 1890, alguns meses após o episódio da proclamação da república, o vice-presidente do estado do Rio Grande do Norte, José Inácio Fernandes Barros, elevou a vila de São Gonçalo do Amarante, que pertencia a Macaíba, à condição do município.
Com o decreto-lei estadual nº 268 de 1943, São Gonçalo do Amarante mais uma vez perdeu sua autonomia política, voltando de novo a ser distrito de Macaíba, com o nome de Felipe Camarão, e perdendo parte de suas terras, que deram lugar ao atual município de São Paulo do Potengi. Foi somente com a sanção da lei estadual nº 2.324, de 11 de dezembro de 1958, que o distrito obteve definitivamente sua emancipação política, e com seu nome alterado, de Felipe Camarão para seu nome atual, São Gonçalo do Amarante.
Clima
O clima de São Gonçalo do Amarante é tropical chuvoso (do tipo Aw na classificação climática de Köppen-Geiger), com temperaturas médias superiores a 18 °C em todos os meses do ano e precipitação inferior a sessenta milímetros (mm) nos meses mais secos. A temperatura média anual gira em torno dos 26 °C, chegando aos 32 °C nos meses mais quentes. O índice pluviométrico é de aproximadamente 1 250 mm/ano, concentrados entre os meses de março e julho, a umidade relativa do ar média de 76% e o tempo de insolação em torno de 2 700 horas/ano.
Economia
O setor primário contribui com menos de 2% do produto interno bruto municipal (R$ 18.052 mil). Destaca-se a prática da agricultura de subsistência, com o cultivo voltado à produção de frutas e legumes. Na pecuária, destacam-se os bovinos (voltados à produção do leite), os caprinos e os ovinos. Na pesca, destaca-se a criação de crustáceos e moluscos, principalmente camarão, marisco, ostra e sururu. São Gonçalo do Amarante possui ainda dois apiários, um onde se criam abelhas e outro para a produção de mel.
O setor secundário é responsável pela segunda maior parcela do produto interno bruto de São Gonçalo do Amarante. Este setor é responsável por contribuir com quase um terço da economia do município (R$ 312.410 mil). A indústria mais abundante é a cerâmica, onde há o destaque na produção de tijolos. A dezoito quilômetros da sede, localiza-se a Comunidade Serrinha, onde é realizada a extração mineral por pedreiras, usadas na pavimentação de ruas e avenidas e na construção civil. As indústrias geram emprego e renda aos habitantes de São Gonçalo do Amarante e aos demais municípios da região metropolitana. São Gonçalo do Amarante possui um distrito industrial, próximo à divisa com Natal, onde atuam dezessete empresas de diversos setores.
O setor terciário é responsável por quase metade da economia do município (R$ 465.064 mil). Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, São Gonçalo do Amarante possuía, no ano de 2008, 691 unidades locais, 672 empresas e estabelecimentos comerciais atuantes e 24.214 trabalhadores, sendo 12.499 do tipo pessoal ocupado total e 11.715 do tipo ocupado assalariado. O comércio realizado em São Gonçalo do Amarante se destaca na venda de produtos alimentícios em estabelecimentos comerciais, como bares, lanchonetes, mercados, mercearias e supermercados. Além de produtos alimentícios, há também destaque para a comercialização de artefatos culturais, borrachas, materiais usados na construção, produtos farmacêuticos, roupas e tecidos.
Saúde
Em 2009, São Gonçalo do Amarante possuía, ao todo, 35 estabelecimentos de saúde, dos quais 27 eram públicos e oito eram privados, além de 29 deles serem vinculados ao Sistema Único de Saúde.
O Hospital Maternidade Belarmina Monte é uma instituição de caráter filantrópico vinculada ao Sistema Único de Saúde e mantido por recursos da Secretaria Municipal de Saúde. Foi construído em um terreno doado pelas irmãs Queiroz, sendo concluído e inaugurado em dezembro de 1976. Desde sua inauguração, o estabelecimento já passou por algumas reformas em sua estrutura, sendo dirigida, desde novembro de 2008, pela Sociedade Beneficente São Camilo. Esse hospital possui 64 leitos para internação e nele também são realizadas internações nas especialidades de clínica médica, clínica pediátrica, cirúrgica (geral, ginecológica ou urológica) e obstétrica.
Educação
O fator educação do Índice de Desenvolvimento Humano da Educação em 2010 foi de 0,564, conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, das escolas públicas de 2009, era de 3,3 para estudantes de primeira à quarta série e 2,9 para estudantes de quinta à oitava série.
Dentre as instituições de ensino superior, estão o campus avançado do Instituto Federal do Rio Grande do Norte e uma unidade da rede de idiomas Wizard.
Cultura
O município tem uma posição destacada no Rio Grande do Norte quanto à sua produção e aos seus recursos culturais. Conta com o Teatro Municipal Prefeito Poti Cavalcanti, inaugurado em 2003 e com capacidade para 238 pessoas, além de ser considerado como o templo de cultura de todo o município, sediando vários tipos de evento.
São Gonçalo do Amarante também é a terra de algumas personalidades importantes, entre elas a senhora Militana Salustino do Nascimento, conhecida como Dona Militana, a maior romanceira do Brasil e ícone da cultura popular do Rio Grande do Norte. Além dela, destaca-se Larissa Costa que, apesar de ser natural de Natal, foi a Miss Rio Grande do Norte 2009 representando o município de São Gonçalo do Amarante, sendo também Miss Brasil naquele mesmo ano.
São Gonçalo do Amarante sedia uma diversa quantidade de eventos todos os anos. Os principais são a festa de São Sebastião, comemorada em alguns povoados do município no dia 19 de janeiro; a festa de São Gonçalo, realizada em 28 de janeiro, feriado municipal; a Festa dos Motoristas no dia 30 de maio; a festa de Santo Antônio no distrito de Santo Antônio do Potengi em 12 de junho; a tradicional festa de Santa Terezinha realizada na comunidade de Guanduba e a corrida de jegues, ambos em setembro; a festas de São Francisco (realizada nas comunidades de Alagadiço Grande e Rio da Prata), de São Benedito, de Nossa Senhora do Ó (no povoado de Rego Moleiro) e a comemoração aos Mártires de Uruaçu, no mês outubro; a festa de São Judas nos povoados de Jacaré-Mirim e Uruaçu, em novembro e as festas de Santa Luzia (realizada na Igreja Nova e na comunidade Serrinha) e de emancipação política, em dezembro.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, em 2008 São Gonçalo do Amarante contava com duas bibliotecas públicas, seis clubes sociais, 56 campos de futebol, quatro ginásios poliesportivos, dez associações beneficentes, um asilo/abrigo, dezoito estádios de futebol, quinze quadras de esporte e um centro cultural. Seu principal clube de futebol é o São Gonçalo Futebol Clube, fundado em 1999.
Artesanato e culinária
O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural gonçalense. Em várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, criada de acordo com a cultura e o modo de vida local. Alguns grupos reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais e feita com matérias-primas regionais, como argila, cipó, retalhos e sisal. Normalmente essas peças são vendidas em feiras, exposições ou lojas de artesanato, como o Mercado de Artesanato, localizado no distrito de Santo Antônio do Potengi às margens da rodovia estadual RN-160.
Na culinária de São Gonçalo do Amarante, são pratos típicos tradicionais o camarão, a galinha caipira e vários outros crustáceos. Na zona rural do município, está localizada a comunidade-referência na gastronomia da Região Metropolitana de Natal: a comunidade Pajuçara, que é pouco populosa, mas dispõe de vários estabelecimentos onde o camarão é o prato típico mais consumido. A partir deles, diversos pratos derivados são preparados, como o camarão gratinado e o pirão de camarão, combinado ainda com outras comidas. Além do camarão, também se destaca a produção de doces e licores com sabor de frutas tropicais, na comunidade de Rio da Prata.
Monumentos e lugares históricos
Povoados
O povoado de Barreiros é um dos mais antigos do município, próximo ao estuário do rio Potenji, onde é realizada a prática da pesca. Na época do povoamento de São Gonçalo do Amarante, abrigava um porto fluvial que dava acesso a Natal. O antigo povoado de Poço Limpo surgiu no decorrer da segunda metade do século XIX e foi palco de uma série de confrontos. Pertenceu ao município de São Gonçalo do Amarante até 1943 e corresponde ao atual município de Ielmo Marinho.
O povoado de Rego Moleiro é palco de dois fatos marcantes ocorridos na história do município: o primeiro deles foi a morte de um dos defensores dos interesses holandeses na região, Jacob Rabbi, e o outro é a participação da primeira mulher presidente da Câmara de Vereadores de São Gonçalo do Amarante, Maria do Carmo Brito. Seu nome original era Rodrigo Moleiro, nome do proprietário de um antigo moinho de cereais. O povoado deveria se chamar Alberto Maranhão em 1910, por sua sugestão da intendência municipal, contudo tal mudança não chegou a acontecer. No povoado situa-se a capela de Rego Moleiro, uma das mais edificações mais antigas de São Gonçalo do Amarante.
O povoado de Santo Antônio dos Barreiros foi criado em 1885 como vila, e surgiu a partir do interesse de uma família latifundiária que habitava suas terras. Surgiu próximo à vila Barreiros, daí seu nome. Na década de 1970 foi elevado à categoria de distrito, com o nome Santo Antônio do Potengi, que vem passando pelo processo de urbanização e é o segundo distrito mais importante de São Gonçalo do Amarante, depois do distrito-sede. Guarda importantes marcos da história do município, como o antigo casarão da família Matoso e o engenho de São Francisco.
Igrejas
A Capela de Utinga foi erguida por volta de 1730, segundo documentos oficiais, e é dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A capela serviu como rota para a ocupação holandesa no século XVIII e, desde 1989, é tombada pela Fundação José Augusto, do Rio Grande do Norte. Acreditava que a estrada mais antiga do estado, que ligava Baía da Traição, na Paraíba, até Natal, passava pela capela de Utinga. O termo Utinga, na língua indígena, significa água branca.
A Capela de Santo Antônio do Potengi foi construída em 1885 (ano que se encontra esculpido na fachada da capela até os dias atuais) e está situada numa região de altitude mais elevada, onde pode ser avistado um breve panorama da zona urbana de São Gonçalo do Amarante. Uma possível lenda afirma que a capela teria sido construída em honra a duas mulheres que descobriram uma imagem de Santo Antônio dentro de uma gruta. Elas teriam levado a imagem para casa, mas a mesma teria sumido e sido reencontrada na mesma gruta em que fora descoberta.
A Igreja Matriz foi construída no século XVIII, em 1719, e concluída somente no século XIX. Possui várias imagens antigas feitas de madeira e esculpidas e altares com característica da arquitetura do movimento barroco. É considerado o monumento histórico mais representativo de São Gonçalo do Amarante, tendo sido, em 1963, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A Igreja Nova foi fundada em 1867 por Joaquim Félix de Lima, e é dedicada à Imaculada Conceição. Também foi construída com o estilo barroco e é outro monumento representativo do município. Localiza-se em frente a uma praça, onde havia um cruzeiro antigamente usado na corrida de jegues.
Outros monumentos
O Casarão Olho d'Água do Lucas foi construído na metade do século XIX, em 1853, e possui esse nome em homenagem à família Lucas, a primeira detentora do casarão. Hoje, o monumento possui escombros do engenho local e desenhos antigos feitos pelos escravos.
O Cruzeiro dos Mártires está situado a cinco quilômetros da sede, no povoado de Uruaçu, e surgiu no início do século XVII, por volta de 1609. Serviu como resistência dos moradores do local contra os holandeses, onde os moradores do engenho Potengi lutaram pelo fim dos abusos cometidos pela administração holandesa. Em 3 de outubro de 1645, foi registrado dos fatos mais significantes da história do Rio Grande do Norte, o Massacre de Uruaçu, que ocorreu próximo de onde está situado o atual povoado de Uruaçu, que abriga o Monumento aos Mártires. A três quilômetros do local, está localizada a Capela dos Mártires, dedicada a São João Batista e que já passou por várias reformas em sua estrutura.
O Monumento aos Mártires é um altar de concreto inaugurado em 5 de dezembro de 2000 e construído para as possíveis celebrações de missas, contando com capacidade para trinta mil pessoas.
Feriados municipais
Além dos feriados nacionais e estaduais, em São Gonçalo do Amarante há três feriados municipais. São eles o dia 28 de janeiro, dia do padroeiro São Gonçalo; 29 de outubro, dia do patrono São Benedito e o dia 11 de dezembro, data da emancipação política do município.
Referência para o texto: Wikipédia .