Itaguaí é um município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Localiza-se a 73 quilômetros de distância da capital do estado. Ocupa uma área de 271.563 km², e sua população foi estimada no ano de 2019 em 133.019 habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo o 25º mais populoso do estado e o primeiro de sua microrregião.
Etimologia
O topônimo "Itaguaí" tem origem na antiga língua tupi e significa "rio da enseada da pedra", através da junção dos termos itá (pedra), kûá (enseada) e 'y (rio).
História
Primórdios
O território no qual está instalada a cidade de Itaguaí foi desbravado no século XVII, aproximadamente, pelos índios Jaguaremenon. A tribo dos Y-tingas se desenvolveu, prosperou e passou a rechaçar a presença dos jesuítas, o que produziu vários conflitos. Num deles, um pequeno índio de dez anos foi ferido e pego por futuros brasileiros, sendo batizado com o nome de José Pires Tavares.
Tavares cresceu entre os futuros brasileiros mas sempre pensou em defender seu povo. Quando fez trinta anos, já casado com uma índia, embarcou rumo a Portugal buscando uma carta de proteção para aldeia Y-tinga junto à Coroa Portuguesa. Foi recebido no Paço Real pela rainha Dona Maria I. Os futuros brasileiros, sabendo da alta chance de o indígena conseguir a proteção régia, não perderam tempo: atacaram a aldeia durante sua viagem, não distinguindo sexo ou idade. Os sobreviventes foram amarrados a barcos com furos e lançados ao mar, morrendo todos afogados.
José Tavares retornou de Portugal juntamente com o Conde de Resende tendo como ordem da Rainha dona Maria I que restituísse as terras dos indígenas. José Pires ainda reivindicou a posse efetiva das terras indígenas em 1804, tendo em vista a possível arrematação do Engenho de Taguay localizado dentro das mesmas. Morreu em 1805. O Engenho de Taguay foi arrematado por proprietários, entre eles Antônio Gomes Barroso (primeiro alcaide-mor de Itaguaí). Mesmo com esse fato, os nativos ainda permaneceram ali por algum tempo.
Vila de Itaguaí
Após a barbárie, foi fundada pelos colonos a Vila de Itaguaí, que passou a ser uma rota de viagem padrão para os viajantes para São Paulo e para as Minas Gerais, o chamado "Caminho do Ouro" devido ao terreno pouco acidentado e transitável durante todo o ano, com poucos alagadiços e com bastante água para os animais. Por volta de 1725, iniciou-se a construção deste caminho que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo com o objetivo de encurtar a viagem exaustiva e perigosa que era feita por mar de Paraty ao porto do Rio, pois habitavam na Ilha Grande uma grande quantidade de corsários que assaltavam as embarcações que por ali passavam, o que quase sempre representava prejuízos à Coroa Portuguesa.
No século XIX, na famosa viagem onde seria dado o Grito de Independência do Brasil, Dom Pedro I parou na vila para pernoitar, alimentar e saciar seus cavalos, onde hoje chama-se Praça Dom Luís Guanela, próximo a Igreja Matriz de São Francisco Xavier.
Em 1844, foi fundado o distrito de Seropédica, cujo nome deriva da sericultura - criação do bicho da seda. Foi o início da primeira fábrica de tecidos de seda do Brasil.
Cidade de Itaguaí
Depois da Independência do Brasil, Itaguaí desenvolveu a sua agricultura, sendo, em tempos diversos, o maior produtor de milho, quiabo, goiaba, laranja e banana do Brasil. Recebeu inicialmente o uso de trabalho escravo de negros, que foi gradualmente substituído por mão de obra estrangeira, mais especificamente de japoneses, em 1938 e, em menor número, de alemães. Ainda hoje, é uma das maiores colônias japonesas do estado do Rio de Janeiro.
Em 1938, começou a ser construída a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no distrito de Seropédica, utilizando-se as instalações de uma antiga fábrica de seda.
Até a década de 1950, a má administração pública gerou diversos problemas sociais, resultando em surtos recorrentes de malária, cólera e outras doenças erradicadas das cidades vizinhas. Tal fato trouxe má fama à cidade, que ganhou o apelido de "Município Abandonado".
A partir da década de 1960, a cidade começou a se industrializar com a construção de fábricas como a Ingá Mercantil (zinco), a Nuclep (material termonuclear) e de outras empresas no Distrito Industrial de Santa Cruz. Em 1960, o distrito de Paracambi foi emancipado da cidade e, em 1995, o distrito de Seropédica também se separou. Muitas partes do município também foram perdidas para Mangaratiba e para a cidade do Rio de Janeiro.
Na década de 1970, a cidade passou a ter ligação mais fácil com o litoral através da construção da Rodovia Rio-Santos.
Itaguaí hoje
Itaguaí, hoje, é um município em grande crescimento. A Companhia Siderúrgica do Atlântico, que fica em Santa Cruz, bairro do Rio vizinho à cidade, promete dinamizar a economia local, além dos investimentos no Porto de Itaguaí. Novos portos privados, como o Porto Sudeste, com investimentos de mais de 2.000.000.000 de reais, estão por se instalar na cidade, além de estaleiros civil e militar. A Marinha brasileira pretende construir submarinos em Itaguaí, inclusive atômico, em parceria com o governo francês e estabelecer uma base naval.
Na história recente, são destaques os problemas advindos da falida fábrica de zinco Ingá Mercantil, cujos dejetos químicos abandonados causam graves problemas ecológicos. A compra do terreno da Ingá Mercantil pela siderúrgica Usiminas promete dar fim a este passivo ambiental.
Clima
O clima da região é classificado como Aw (verão chuvoso com inverno seco) segundo a classificação de Köppen(1938). O período de maior pluviosidade concentra-se entre dezembro e janeiro, podendo estender-se até março, enquanto o período seco estende-se de maio a setembro, sendo a pluviosidade média de 1 500 milímetros por ano. A umidade relativa média anual é de 75 por cento, com insolação total média anual de 2.162,7 horas. A nebulosidade mensal varia de 4,3 a 7,1 em escala que vai de 0 a 10, segundo a estação de Ecologia Agrícola em Seropédica. A temperatura durante o ano varia entre 20ºC e 32ºC.
Relevo e hidrografia
O relevo de Itaguaí é caracterizado por duas regiões distintas: a das montanhas e a das planícies. O município está totalmente inserido na Bacia da Baía de Sepetiba. Ao norte e a oeste, encontram-se as grandes elevações, estendendo-se a região plana ao sul e a leste onde predominam terrenos alagadiços e pantanosos. A Serra do Mar delimita o município com Rio Claro, Piraí e Paracambi. As principais serras são as de Itaguaí, Caçador, Matoso, Guarda Grande, Pouso Frio e Mazomba. Nos limites com o município de Rio Claro, localiza-se o ponto culminante do município, com 1.136 metros de altitude.
A região hidrográfica de Itaguaí abrange duas bacias, a do Rio Mazomba e a do Rio da Guarda. A Bacia do Rio Mazomba-Cação abrange cerca de 96 quilômetros quadrados, confronta-se a leste com a Bacia do Rio da Guarda e a oeste com bacias da região hidrográfica do Litoral Oeste. O Rio Mazomba nasce a 1.080 metros de altitude, na Serra da Mazomba, e corre por cerca de 26 quilômetros, passa a ser denominado de Rio Cação à montante de seu desvio pela margem esquerda, onde tem início o Canal de Arapucaia ou do Martins. O fluxo do rio segue pelo Rio Cação até desaguar em um manguezal situado na face oeste da ilha da Madeira.
Vegetação
Dentre os tipos de vegetação nativa remanescentes em seu território e os diferentes usos do solo, estão floresta densa e em estágio médio de regeneração, floresta em estágio inicial de regeneração; comunidades vegetais de afloramento rochoso, comunidades vegetais de restinga; vegetação de mangue; vegetação de mangue degradado; campo/pastagem; áreas inundadas e inundáveis; reflorestamento; áreas agrícolas; solos exposto e áreas urbanas.
O Parque Estadual Cunhambebe abrange parte do seu território. A unidade de conservação foi criada em 2008.
Economia
O setor terciário é o mais relevante da economia de Itaguaí. De todo o produto interno bruto da cidade, 2.085.652 mil reais é o valor adicionado bruto da prestação de serviços. O setor secundário vem em seguida. 221.187 mil reais do produto interno bruto municipal são do valor adicionado bruto da indústria. Por sua vez, a agropecuária rende 13 550 mil reais ao produto interno bruto itaguaiense. No município, destaca-se a produção de banana, cana-de-açúcar, feijão, mandioca e milho, além da criação de caprinos, galináceos, muares, ovinos e suínos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2010 o município possuía um rebanho de 11.277 bovinos, 510 equinos, 1.160 suínos, 118 caprinos, 7 asininos, 138 muares, 40 bubalinos, 205 ovinos, 4.000 galinhas, galos, frangos e pintinhos. Ainda no mesmo ano, Itaguaí produziu 1.163.000 de litros de leite, 10.000 dúzias de ovos de galinha e 5.000 quilos de mel.
Indústria
O município de Itaguaí tem experimentado um crescimento econômico com a ascensão do Porto de Itaguaí e de empreendimentos na vizinhança, que tem atraído novos moradores. Desde a inauguração do então Porto de Sepetiba, a localização de Itaguaí adquiriu um caráter estratégico, sobretudo para aquelas atividades voltadas diretamente para a exportação. Um trabalho do Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro apontou Itaguaí como o terceiro município mais bem localizado do estado, justamente por ofertar uma série de vantagens locacionais às empresas ali instaladas.
Itaguaí reúne aspectos favoráveis para a produção industrial de alimentos, para a fabricação de produtos eletrônicos, cimento, peças de amianto, material elétrico leve, mobiliário e produtos químicos. A instalação do porto também vem abrindo novas possibilidades na área de serviços portuários.
Em Itaguaí, encontra-se instalada, também, a Nuclep, única empresa nacional capaz de produzir componentes de grande porte e alta tecnologia para geração de energia nuclear. A própria Nuclep justifica sua localização em Itaguaí pelas excelentes condições logísticas oferecidas: próxima à Rio-Santos, cortada pelo ramal ferroviário de Mangaratiba e com acesso ao mar tanto através de seu próprio porto como pelo Porto de Itaguaí.
Comércio
Concentrado principalmente no Centro, no entorno da Rua Doutor Curvelo Cavalcanti, o comércio do município tem apresentado grande crescimento nos últimos anos devido ao aumento de renda da população.
A cidade conta com dois shoppings: o Itaguaí Shopping Center, fundado em 1999; e o PátioMix Costa Verde, fundado em 2010, às margens da rodovia Rio-Santos. Ainda há um terceiro em construção: o Shopping Park Estrela do Céu.
Educação
A demanda por profissionais qualificados com a chegada dos novos empreendimentos industriais fez com que fosse criada mais uma unidade de ensino técnico e graduação do CEFET-RJ em Itaguaí com cursos diretamente voltados para a área portuária - Técnico em operações portuárias, Técnico em Mecânica e graduação em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção. Também foi inaugurado um novo centro de formação profissional do SENAI em parceria com a siderúrgica Thyssenkrupp, instalada próxima à região.
Cultura
Turismo e eventos
Durante a semana do dia 5 de julho, ocorre a Expo de Itaguaí, que é uma exposição agropecuária da região que inclui comidas típicas, e shows diários, incluindo banda gospel e artistas do momento atraindo não somente moradores de cidades vizinhas como Mangaratiba, Seropédica e de bairros da zona oeste do Rio de Janeiro, como também de todo o estado. Apesar de não possuir os mesmo potencial turístico que os outros municípios da Costa Verde, as praias da Ilha da Madeira, Coroa Grande e a Ilha do Martins são muito visitadas principalmente no verão. E, apesar de incipiente, Itaguaí oferece diversas atividades ligadas ao ecoturismo. Dentre elas, caminhadas e banhos de cachoeira como a dos rios Mazomba, Itinguçú e Itimirim. Outra boa opção de diversão é fazer trilhas pelas serras, como a Serra da Calçada com as famosas placas de bronze e o Mirante do Imperador, porém recomenda-se que essas trilhas sejam feitas apenas com a companhia de guias e conhecedores dos lugares. Existem outros potenciais, como o turismo de negócios, explorado apenas pelos Hotéis Pierre e Charles e o turismo histórico: a cidade tem construções que datam do século XVIII.
Os famosos sítios de lazer: Jonosake, Bumerangue, Cantinho da Roça, Caminho da Roça, Recanto da Serra e dos Netinhos, são alguns exemplos de lazer e entretenimento estabelecidos na cidade que de outubro a dezembro, recebem mais de 10 mil pessoas diariamente. Essa força econômica proporciona trabalho e renda para a população local, reforçando assim o Turismo Rural.
Carnaval
No carnaval, cujo Itaguaí veem engatinhando, existem as escolas de samba Acadêmicos de Itaguaí, recentemente fundada no ano de 2015 e apadrinhada da Acadêmicos de Santa Cruz, em que muitos Itaguaienses desfilam[40] e ainda Renascer de Itaguaí e Marreco de Vila Geni, mas o carnaval forte mesmo são os desfiles dos blocos de rua em diversos pontos do município.
Esportes
No campo dos esportes, a cada ano surgem, em Itaguaí, adeptos de esportes nada populares em terras brasileiras, o rúgbi representado pelo Itaguaí Rugby e o beisebol representado pelo Bunka, ambos com equipes estaduais e este último com estádio próprio. A cidade é celeiro de jogadores de futebol, como: Gilson Gênio, Gilcimar Wilson Francisco, Júlio César da Silva e Souza e Reinaldo da Cruz Oliveira Nascimento. E já foi destaque no voleibol, chegando a conquistar o campeonato juvenil de clubes no ano de 1986 com a equipe do professor Joaquim Inouê. O futsal é outro esporte que também se destaca no município. Durante o ano Itaguaí conta com diversos campeonatos, organizados pela prefeitura do município através da secretaria de esportes. As principais equipes de futsal da cidade são: Areal, Ito e Kinder (campeão municipal 2013). A principal equipe de futebol da cidade é o Itaguaí Atlético Clube, agremiação esportiva fundada em 18 de dezembro de 1947, que estreou na Terceira Divisão de Profissionais do Carioca em 1987.
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