Governador Valadares é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais, região Sudeste do país. Localiza-se no vale do rio Doce, a leste da capital do estado.
História
Colonização da região - A região do atual município de Governador Valadares se encontra habitada por indígenas há pelo menos 10 mil anos e registros dos primeiros exploradores da região após a descoberta do Brasil, apontam que nessa ocasião eles ainda eram numerosos. O desbravamento dessa área teve início no século XVI, em expedições como a de Sebastião Fernandes Tourinho que seguiam pelo curso do rio Doce à procura de metais preciosos em suas margens. Fernandes Tourinho acompanhou o caminho inverso do rio Doce até atingir o Rio Santo Antônio, no entanto o povoamento da região foi proibido no começo do século XVII, a fim de evitar contrabando do ouro extraído na região de Diamantina.
O povoamento foi liberado em 1755 e para garantir a segurança de colonos e comerciantes que navegavam pelo rio Doce foram instalados quarteis destinados a vigiar ataques dos índios Botocudos. O quartel de Baguari foi o primeiro em território do atual município e a partir dele surgiram povoamentos próximos, dentre os quais Figueira, que corresponde à atual sede municipal. Os indígenas eram vistos como uma ameaça aos colonizadores e os quartéis serviram como uma estratégia de forçá-los a deixar a região. Perto de Figueira foi criado em 1818 o quartel D. Manoel, na margem esquerda do rio Doce, onde funcionou um pequeno porto que atendia ao serviço militar, local onde também se formou um núcleo comercial.
Posteriormente, o povoado foi elevado a distrito de paz com a denominação de Baguari, levando à criação do distrito subordinado a Peçanha pela lei provincial nº 3.198, de 23 de setembro de 1884, passando então a denominar-se Santo Antônio da Figueira.
Emancipação e desenvolvimento - No começo do século XX, o anúncio da locação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) pela região favoreceu o desenvolvimento do então distrito e em 15 de agosto de 1910, houve a inauguração da primeira estação ferroviária da localidade. A consolidação da ferrovia incentivou a instalação de plantações de café e a extração da madeira, que passaram a ter uma alternativa de escoamento da produção em direção aos portos do Espírito Santo. No início da década de 1920, o núcleo urbano ainda se restringia a poucas ruas existentes entre o rio Doce à direita e a via férrea à esquerda, com algumas fazendas ao redor. Nessa ocasião, o povoamento era atendido por estradas que o ligavam a outras regiões para o tráfego de tropeiros, estabelecendo-se ali um ponto de descanso.
Pela lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, Santo Antônio da Figueira recebeu o nome de Figueira. Em 1925, foi construída uma pequena usina elétrica movida a vapor com o objetivo de fornecer energia elétrica ao povoamento e em 1928, foi estruturada a primeira estrada, ligando o distrito a Coroaci. Na década de 1930, houve os primeiros movimentos a favor da emancipação do distrito, que veio a ocorrer pelo decreto-lei estadual nº 32, de 31 de dezembro de 1937, instalando-se em 30 de janeiro de 1938. Em 17 de dezembro de 1938, o município recebeu a denominação de Governador Valadares em referência ao então governador de Minas Gerais Benedito Valadares. À época da emancipação, seu território abrangia total ou parcialmente as áreas dos atuais municípios de Alpercata, Açucena, Naque e Periquito, que foram desmembrados no decorrer das décadas seguintes.
Em 1940 a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e a Acesita apossaram-se de vastas áreas do município e do vale do rio Doce com a intenção de extrair madeira destinada a abastecer suas usinas, localizadas em João Monlevade e Timóteo, respectivamente. Na região central da cidade foram abertas 14 serrarias entre 1940 e 1950, apesar do declínio da atividade em 1960. Também na década de 1940 houve o encetamento da exploração mineral em terras valadarenses, com a extração de mica e pedras preciosas que atraíam consumidores e investidores de várias partes do Brasil, o que impulsionou a população. A cana-de-açúcar e a pecuária também se mostravam como atividades promissoras, tendo em vista as terras férteis.
Esgotamento econômico e emigração - O esgotamento dos recursos naturais no município levou ao declínio da exploração madeireira na década de 1960, resultando no fechamento das serrarias existentes na cidade. A falta de mercado consumidor na região e a evasão dos investidores implicaram na queda da produção pecuária e de cana-de-açúcar, que tinha como importante investidor a Companhia Açucareira do Rio Doce (CARDO), subsidiária da Belgo-Mineira desativada na década de 1970. A partir da década de 70, parte das terras devastadas para a extração de madeira e a agropecuária foi cedida para abrir espaço à monocultura de eucalipto destinada à usina de celulose da Cenibra, no município de Belo Oriente.
Em vista do declínio de suas principais atividades econômicas, o município passou a registrar uma queda em sua produção econômica, deixando de gerar capital e emprego. Como agravante, dias seguidos de chuvas intensas em toda a bacia do rio Doce elevaram o nível do leito em 5,18 metros acima do normal na cidade durante a histórica enchente de fevereiro de 1979, gerando situação de calamidade com repercussão internacional. Em alternativa à improdutividade, ganhou impulso entre as décadas de 70 e 80 a emigração da população com destino a outras partes do país e principalmente ao exterior, culminando na entrada de capital que, por fim, foi capaz de movimentar a economia valadarense. Setores como construção civil, o comércio e a prestação de serviços se viram impulsionados por esse retorno de capital no decorrer das décadas de 80 e 90, ao passo que cerca de 27 mil habitantes haviam emigrado do município com destino a outros países, em especial para os Estados Unidos, até 1993.
História recente - Em janeiro de 1997, Governador Valadares foi afetada pela segunda pior enchente da história da cidade, perdendo apenas para a de 1979, com o rio Doce atingindo 4,77 metros acima do nível normal. Em dezembro de 2013, chuvas fortes e contínuas provocaram duas mortes e deixaram mais de 250 desalojados na cidade, afetando 25 bairros. Foi decretado estado de emergência. Em novembro de 2015, o município foi novamente destaque nacional, dessa vez como um dos afetados pelos impactos do rompimento de barragem ocorrido em Mariana. A lama da barragem de rejeitos da Samarco chegou ao rio Doce, comprometendo o abastecimento de água em várias cidades que dependem do curso para o suprimento, como em Governador Valadares a partir do dia 8 de novembro.
Turismo - Uma das principais fontes de renda da cidade ainda é o turismo. O município possui várias atrações turísticas. Com destaque para o Pico da Ibituruna, com 1.123 metros de altitude acima do nível do mar, possui as melhores térmicas do mundo e se consagra como cenário nacional e internacional na prática do voo livre. Além do voo livre, a área do pico é propícia para a prática de outros esportes de aventura. Atualmente, o Ibituruna é considerado como APA (Área de Preservação Ambiental).
O município possui ainda outras diversas atrações turísticas em seu território, sendo em área rural ou na zona urbana de Governador Valadares.
Ilha dos Araújos: É um bairro residencial de alto padrão e paisagens ao som do rio Doce quebrando entre as pedras no fundo do rio. Excelente para a prática de esportes como uma caminhada ou um passeio de bicicleta e até mesmo para o lazer.
Açucareira: Antiga usina de cana-de-açúcar, a Açucareira foi recentemente tombada como patrimônio histórico de Governador Valadares.
Praça Serra Lima: É uma homenagem a um dos pioneiros de Governador Valadares: José Serra Lima, o homem que projetou a área central da cidade. É um dos pontos mais tradicionais, e que não passa despercebida.
Praça da Estação: Conhecida também por Praça João Paulo Pinheiro, tem a primeira locomotiva a cruzar a cidade entre as décadas de 1920 e 1930. Possui uma enorme fonte onde fica a locomotiva, cercada de lindos jardins floridos e árvores centenárias.
Ponte do São Raimundo: É a primeira ponte da cidade. Surgiu com o progresso da rodovia BR-116 (Rio-Bahia). Quem passa por ela, vê a grande extensão do Rio Doce e uma vista parcial de Governador Valadares bem ao fundo.
Rio Doce: Visto em vários bairros da cidade, o rio Doce é admirado por sua largura e comprimento. Alguns pontos com pedras, fazendo assim um barulho de cachoeira inconfundível.
Museu da Cidade: O Museu Histórico do Município de Governador Valadares foi fundado em 1983, com o nome de Museu da Cidade. Abriga uma variada gama de objetos, com um acervo de mais de 1.200 peças, desde instrumentos de suplício (utilizados para castigar escravos), trajes litúrgicos antigos, aparelhos telefônicos, cerâmicas indígenas, documentos e fotografias até pequenas curiosidades como a cópia da Planta Original do Traçado da Cidade.
Mercado Municipal: Após passar por um processo de revitalização com recursos do governo estadual, o velho mercado, inaugurado na década de 1940, foi entregue à população em março de 2007 completamente reestruturado.
Costumes, artes e eventos - O município, possui uma razoável tradição em seu artesanato e culinária. Normalmente, pratos regionais - que vão desde tortas e bombons a pequenas refeições caseiras, como arroz e feijão - e peças artesanais são vendidas em barracas e feiras da cidade ou em eventos recorrentes ao longo do ano. Na cidade existe a Associação dos artesãos de Governador Valadares que organiza eventualmente exposições e vendas de artefatos produzidos. Um dos principais locais utilizados é o mercado municipal de Governador Valadares.
Festas e eventos - Com o objetivo de estimular o turismo local, a prefeitura em parceria com empresas da cidade organiza durante o ano algumas festas e eventos. Muitas já são tradição no município. São algumas delas: GV Folia: Carnaval fora de época. Ocorre todo ano no mês de abril.
Festa da Fantasia: Uma das maiores do gênero no Brasil e a maior de Minas Gerais ocorre anualmente entre os meses de abril e maio; Expoleste: A Expoleste é uma feira de negócios do Leste de Minas Gerais. Reúne diversos setores da economia e promove a interação entre público – consumidor, fornecedores, imprensa e meio empresarial; Expoagro: A exposição é realizada todo mês de julho, promovida pela união ruralista Rio Doce. Sua duração é de uma semana. Dentro da programação constam exposições, leilões, concursos de animais, rodeios, vaquejadas e shows artísticos; Brasil Gem Show: É considerada a maior e mais importante feira da América Latina no segmento de pedras e gemas; Valadares Power: O Valadares Power foi o primeiro festival de cultura popular da região do leste de Minas Gerais, acontece tradicionalmente no mês de setembro, atrai pessoas interessadas em tecnologia, inovação e cultura, geek, otaku, esporte eletrônico e esportes undergrounds; Anime GV: O Anime GV é um festival direcionado a fãs de entretenimentos visuais, impressos ou virtuais. Acontece no primeiro semestre.
Referência par o texto: Wikipédia.