segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Gravataí - Rio Grande do Sul

Gravataí é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul pertencente à microrregião de Porto Alegre e Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre, localizando-se a norte da capital do estado.
História
Origens e pioneirismo
Ao expandir seus domínios para o sul da América no século XVIII, a Coroa Portuguesa concedia cartas de sesmarias a quem já habitava a região, com o intuito de povoá-la. Pedro Gonçalves Sandoval, natural de Lima (Peru), recebeu a primeira sesmaria, pois já habitava o chamado rincão de Gravataí, nos campos de Viamão. Nesta época, o capitão João Lourenço Veloso também recebeu sua sesmaria, dando posse das terras que habitava no mesmo rincão, mais a nordeste, próximo ao Morro Itacolomi. Parte dessas terras seria comprada pela coroa portuguesa para assentamento da então Aldeia dos Anjos. Era o primeiro arranchamento da aldeia, transferido posteriormente para as atuais terras centrais de Gravataí.
Desde tempos pré-coloniais que Portugal e Espanha avançavam um no território de outro; por esse motivo em 1750 assinaram o Tratado de Madrid, estipulando que Portugal devolveria a Colônia do Sacramento, fundada em território espanhol em troca dos Sete Povos das Missões, mais a nordeste. Para povoar os Sete Povos das Missões, os portugueses trariam colonos do superpovoado arquipélago dos Açores. Como consequência do acordo e do posterior Tratado de Santo Ildefonso (1777), os guaranis que habitavam os Sete Povos das Missões deveriam deixar a região. Como os índios não aceitaram abandonar as terras, teve início a Guerra Guaranítica. Em consequência da guerra, milhares de índios fugiram para o território português, estabelecendo-se nas imediações do Rio Pardo, atualmente rio Santa Maria. Desse contingente de refugiados, cerca de mil índios guaranis foram trazidos, em 1762, pelo Capitão Antônio Pinto de Carneiro para as proximidades do rio Gravataí, dando início ao povoamento da Aldeia dos Anjos. Note-se que a Aldeia já existia de fato antes de sua data oficial de fundação, em 8 de abril de 1763. Com a confusão gerada pela Guerra Guaranítica, os colonos açorianos que originalmente seriam assentados nos Sete Povos das Missões tiveram que ocupar outras áreas, ou seja, o Vale do rio Jacuí (centro do estado) e o Vale do rio Gravataí.
Com a chegada de José Marcelino de Figueiredo, Governador da Província de São Pedro, em 1772, a Aldeia dos Anjos começou a se desenvolver. José Marcelino de Figueiredo urbanizou o aldeamento, construindo escolas, olarias e moinhos. Os índios Tapes, foragidos das Missões Jesuíticas do Uruguai, foram estabelecidos em Gravataí por Marcelino de Figueiredo, que os fez aprender a cultura do trigo a que mais tarde se dedicaram.
Formação administrativa e política
Com a criação dos quatro primeiros municípios do estado do Rio Grande do Sul, em 7 de outubro de 1809, a então Aldeia dos Anjos alçou-se à condição de distrito de Porto Alegre. Em 11 de junho de 1880, com o grande trânsito de carretas de mercadorias vindas principalmente do Litoral Norte e de Santo Antônio da Patrulha, passou à condição de Vila. Quatro meses depois, em 23 de outubro de 1880, foi instalado de forma oficial o município de Gravataí; que tem origem na língua guarani, onde gravatá é o nome de uma espécie de Apiácea, embora erroneamente classificado como Bromeliácea, abundante na região, enquanto que "hy" significa rio na linguagem nativa. Até o final do século XIX a grafia correta para o nome do município era "Gravatahy", que pode ser traduzido literalmente como "Rio dos Gravatás".
Desenvolvimento econômico e social
Nas últimas décadas do século XIX, registrou-se um significativo desenvolvimento da região, principalmente em função do cultivo da mandioca e da exportação de sua farinha para outras partes do país e exterior, através do Passo das Canoas. A cultura da farinha de mandioca garantiu desenvolvimento econômico para o município até a primeira metade do século XX. Na década de 1930, assumiu o governo do município José Loureiro da Silva, que, durante seu mandato, configurou uma importante fase desenvolvimentista para Gravataí. Entre as suas principais realizações estão a implantação do sistema de energia elétrica na cidade, o alargamento e calçamento das primeiras ruas, a construção da faixa ligando Gravataí a Porto Alegre e o projeto urbanístico atual do centro da cidade.
A partir da década de 1960, a cidade entrou em um rápido processo de industrialização. Alguns dos fatores determinantes para que Gravataí abandonasse a economia agrária foram a construção da auto-estrada BR-290 (também conhecida como "Freeway") e a criação do distrito industrial. Esse desenvolvimento, juntamente com o crescimento de cidades próximas, fez com que em 8 de junho de 1973, pela lei complementar federal nº 14, fosse criada a Região Metropolitana de Porto Alegre, envolvendo além de Gravataí, outros 31 municípios. Em 2001, com praticamente quatro milhões de habitantes, era a 102ª maior aglomeração urbana do mundo.
História recente
Um importante fato para a economia da cidade foi a instalação do Complexo Industrial da General Motors, ocorrida entre o final da década de 1990 e começo da década de 2000. O anúncio da sua instalação foi feito em 17 de março de 1997, data que ficou sendo um marco de desenvolvimento do município, visto que esta empresa veio juntar-se ao Parque Industrial de grande porte e ao comércio da cidade. O complexo consolidou o perfil industrial da cidade e tornou Gravataí um dos maiores polos da indústria metal-mecânica brasileira.
Ultimamente a predominância do espaço rural tem vindo a ser substituída pelo urbano, para atender às exigências da expansão urbana, dada pelo aumento das atividades produtivas na cidade (indústria, comércio e serviços) e pelo aumento da demanda habitacional, gerado pela concentração populacional. O limite entre o campo e a cidade está deixando de ser visível e a população do campo vem decrescendo a cada ano. Geomorfologia, geologia e hidrografia.
Geomorfologia, geologia e hidrografia
O relevo de Gravataí e da Região Metropolitana de Porto Alegre é caracterizado pela predominância de três grandes domínios morfoestruturais. São eles: depósitos sedimentares, bacias e coberturas Sedimentares, além do embasamento em estilos complexos. A geologia da RMPA é caracterizada por quatro domínios tectono-estruturais compartimentados a partir de suas características quanto ao ambiente deposicional, origem, características lito-estruturais e idade. São eles: Dorsal de Canguçu (representado pelo Complexo Gnáissico arroio dos Ratos e compreende ortognaisses tonalíticos a granodioríticos), Cinturão Dom Feliciano (constitui-se por rochas graníticas não deformadas associadas a vulcânicas ácidas como dacitos, riólitos e riodacitos), a Bacia do Paraná (representada por rochas de idade permiana e triássica) e Planície Costeira e Aluviões.
Dentre as diversas formações geológicas aflorantes no município, as mais extensamente representadas são aquelas que apresentam um menor potencial fossilífero: depósitos quaternários, Formação Serra Geral e Formação Botucatu. Entretanto, algumas ocorrências localizadas de unidades geológicas altamente fossilíferas podem ser detectadas em Gravataí. São elas: Formação Rio do Rasto, Formação Estrada Nova e Formação Rio Bonito. Estas unidades geológicas representam depósitos permianos (295-245 milhões de anos) no estado, incluindo registros de vida do final do período Paleozoico. Registros de fósseis animais e vegetais também são reportados para estas formações em várias outras regiões do estado.
O município está localizado, em sua maior parte, na bacia hidrográfica do rio Gravataí e, em uma pequena parte, da bacia hidrográfica do rio dos Sinos. O rio Gravataí nasce em Santo Antônio da Patrulha e suas nascentes não são claramente definidas, pois as planícies alagadas formam uma espécie de canal que vai se estreitando ao longo de 16 km. Do ponto denominado Passo do Vau, parte mais estreita desse canal e que corresponde ao afunilamento dos banhados, até a foz, o rio conta com 39 km de extensão. Grande parte das áreas urbanizadas ao londo do leito estão concentradas no seu trecho inferior. Os arroios que desaguam na margem direita do rio Gravataí são: arroio do Pinto, arroio Demétrio, arroio Barnabé, arroio Brigadeiro e arroio Grande.
Clima
O clima de Gravataí é subtropical (tipo Cfah segundo Köppen), com duas estações bem definidas; verões quentes e invernos frios, condição determinada tanto pela latitude, como pela ação dos anticiclones do oceano Atlântico e do móvel polar. O mês mais quente, fevereiro, tem temperatura média de 25,5 °C, sendo a média máxima de 30 °C e a mínima de 21 °C. E os meses mais frios, junho e julho, possuem média de 15 °C, sendo 19 °C e 11 °C as médias máxima e mínima, respectivamente. Na região predominam ventos do quadrante sul e do leste. Esses ventos são oriundos das altas pressões subtropicais, comuns nessa área, devido a fatores de posição geográfica.
Ecologia e meio ambiente
Em Gravataí predominam as seguintes formações vegetais originais e antrópicas na área urbana e rural no município: Formações Pioneiras (ocorrem nas planícies baixas e inundáveis do rio Gravataí e possuem vegetação variada, com predomínio de espécies arbustivas e arbóreas); Floresta Estacional Semidecidual (ocorria em uma floresta na parte norte da cidade, dando lugar a loteamentos e indústrias, hoje restando alguns poucos remanescentes); Vegetação Secundária (ocupa, naturalmente, as áreas em que a vegetação original florestal, arbustiva e herbácea foi removida); Agricultura e reflorestamento (áreas que antes foram ocupadas pelas matas e que hoje estão sendo usadas para agricultura, pecuária, pomares e reflorestamentos); além da Vegetação urbana. Essa última encontra-se localizada em praças, parques e vias públicas.
Atualmente há 22 praças arborizadas, muitas com espécies nativas. Há três parques, com abundantes áreas verdes, sendo dois mantidos pelo poder público. São eles: o Jayme Caetano Brum, que possui área de 13.837,92 m², o Parcão da "79", com área de 29.000,00 m², e o Pampas Safari, que possui 320 ha., sendo um parque particular, no qual se encontram distribuídos mais de 1.300 exemplares de animais da fauna mundial. É considerado o maior parque-safari da América do Sul. Cabe à administração municipal, com base no Código de Arborização Urbana, adequar a arborização da cidade às condições ambientais, utilizando espécies vegetais adequadas a cada situação. O município possui ainda três unidades de conservação, sendo elas: a Reserva Ecológica do Banhado Grande, criada pelo estado através do Decreto nº 38.971 de 23 de outubro de 1998, possuindo área de 400 ha.; o Morro Itacolomi, que é considerado uma área de preservação ecológica e paisagística do município, sendo revestido por vegetação nativa; além da Estância Província de São Pedro, contando com 400 ha. e arborização nativa.
Economia
Setor primário
A agricultura é o setor menos relevante da economia de Gravataí.
Setor secundário
A indústria, atualmente, é o setor mais relevante para a economia do município. 2.371.233 reais do PIB municipal são do valor adicionado bruto da indústria (setor secundário). Grande parte desses lucros originam-se no Complexo Industrial Automotivo de Gravataí da General Motors do Brasil, criado em 17 de março de 1997 e inaugurado em 20 de julho de 2000. Desde então o município passou a ter uma visibilidade nacional no ramo. Atualmente a fábrica produz cerca de 240 mil veículos por ano, sendo 40% do que a GM produz em todo o Brasil. O complexo está localizado em uma área total de 386 hectares, sendo que em 2007 as fábricas ocupavam 940 mil m² de área construída e 50 hectares são destinados à preservação ambiental.
Setor terciário
A prestação de serviços rende 2.002.743 reais ao PIB municipal. O setor terciário atualmente é a segunda maior fonte geradora do PIB gravataiense. De acordo com o IBGE, a cidade possuía, no ano de 2008, 7.489 unidades locais, 7.290 empresas e estabelecimentos comerciais atuantes e 104.358 trabalhadores, sendo 56.664 pessoal ocupado total e 47.694 ocupado assalariado. Salários juntamente com outras remunerações somavam 899.229 reais e o salário médio mensal de todo município era de 3,6 salários mínimos.
Educação
O município conta com escolas em todas as suas regiões.
Cultura
Artes e artesanato
No cenário teatral de Gravataí, destaca-se os serviços disponibilizados pela unidade do Serviço Social do Comércio de Gravataí (SESC Vale do Gravataí). A instituição conta com sala multiuso para 120 pessoas, biblioteca com um acervo de mais de 4.000 exemplares de obras literárias e livros de consulta na área técnica, clube para idosos e uma sala de teatro com capacidade para 779 pessoas. O SESC organiza em todos os anos diversas atividades culturais, como realizações de peças teatrais, mostras de cinema e espetáculos musicais. Também destaca-se a realização de eventos pela prefeitura com âmbito à área artística, como a Conferência Municipal de Cultura, realizada em março, e a Semana Municipal da Leitura, em outubro.
Uma entidade de destaque na área artística da cidade é a SCB Acadêmicos de Gravataí, uma escola de samba criada em 1961 que atualmente representa Gravataí no Carnaval de Porto Alegre, sendo a principal do município. Desde 2007, a escola pertence ao chamado "Grupo Especial de Porto Alegre", que reúne as dez melhores escolas de samba dos desfiles da capital gaúcha.
O artesanato também é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural gravataiense. Em várias partes do município é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, feita com matérias-primas regionais e criada de acordo com a cultura e o modo de vida local. Alguns grupos, como a Casa do Artesanato de Gravataí, reúnem diversos artesãos da região, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais. Normalmente essas peças são vendidas em feiras, exposições ou lojas de artesanato.
Turismo e eventos
Gravataí ainda conta com diversos pontos turísticos, como: a Igreja Matriz Nossa Senhoras dos Anjos, já citada anteriormente, cujas obras tiveram início em 1772 e foi construída em estilo barroco português; o Colégio Dom Feliciano, que foi a primeira escola particular do município e atualmente é mantido pelas irmãs do Imaculado Coração de Maria, sendo sua arquitetura conhecida por possuir um arco que liga a escola de um prédio ao outro sobre a avenida José Loureiro da Silva;o CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Aldeia dos Anjos, sendo um dos melhores CTG's do Rio Grande do Sul já campeão 10 vezes do ENART; o Prédio da Prefeitura Municipal, que é a sede da prefeitura, construída em estilo eclético, guardando características do neoclássico e do moderno, sendo adquirido em 1894 para a instalação da intendência municipal e reformado em 1996; a Capela Santa Cruz, feita por índios para abrigar uma cruz, era local de adoração e preces dos habitantes do povoado de Gravataí, sendo que em 1909 a capela estava em ruínas, e com donativos da comunidade foi iniciada a sua reconstrução, concluída em 1944; o Museu Municipal Agostinho Martha, cujo acervo conta a história colonial da região do Vale do Rio Gravataí, destacando-se a moenda de cana, o tear manual, bem como todo o complexo artesanal da tecelagem, além de possuir uma sala com móveis da região dos Açores, em Portugal, e de ser onde está o Arquivo Histórico Municipal; o Casarão dos Fonseca, conhecido em 1877, possui características da arquitetura colonial portuguesa, trazida pelos colonos açorianos; e o Casarão dos Bina, em estilo português datado de 1882, o casarão faz parte de uma propriedade rural com cerca de 40 hectares, denominada Sítio do Sobrado, cujo porão da casa abrigou uma senzala com grande número de escravos. Neste local atualmente funciona a Fundação Municipal do Meio Ambiente.
Para estimular o desenvolvimento socioeconômico local, a prefeitura de Gravataí, juntamente ou não com empresas locais, investe no segmento de festas e eventos. Essas festas, muitas vezes atraem pessoas de outras cidades, exigindo uma melhor infraestrutura no município e estimulando a profissionalização do setor, o que é benéfico não só aos turistas, mas também a toda população da cidade. As atividades ocorrem durante o ano inteiro. Dentre a lista de Eventos Oficiais da cidade, que é divulgada anualmente pelo governo municipal, há: a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, realizada sempre em 2 de fevereiro; o carnaval de Gravataí, sempre em fevereiro ou março; a Paixão de Cristo, sempre em março ou abril; a festa das Bromélias, em abril; as celebrações de Corpus Christi, em maio ou junho; a Semana da Pátria e Desfile Cívico, em setembro; a Semana Farroupilha, em setembro; e a Semana da Consciência Negra no Município, em novembro.
Referência para o texto: Wikipédia.