Etimologia
A palavra "Cametá" vem do Tupi "Caá"(floresta, mato, vegetação densa) e Mutá (degrau, palanque, elevação), logo, Cametá, numa tradução livre significa "degrau da floresta".
Os povos nativos que habitam a região eram chamados de "Camutás", pelos Tupinambás, pois moravam em casas construídas nos topos das árvores, o que facilitava a caça de animais.
História
Incursões coloniais
Em 1612 os franceses haviam estabelecido o Forte de São Luís do Maranhão, no projeto colonial da França Equinocial, rumando a partir do ano de 1613 para terras a oeste, alcançando o rio Tocantins. Chegando na região de Cametá, os franceses fizeram contato com os indígenas, formando um pequeno posto colonial, com alguns homens. A expulsão dos franceses de São Luís, apenas dois anos mais tarde, deixa sem saída os soldados ali destacados, conseguindo deixar a região somente anos mais tarde.
Em 1617, frei Cristóvão de São José, religioso dos Padres Capuchos da Província de Santo Antônio, subiu o Rio Tocantins, desembarcando na margem esquerda. Foi o início da evangelização dos índios camutás. Aos poucos nativos passaram a habitar junto à ermida que havia construído.
Fixação portuguesa e quilombos
No ano de 1632, o capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho, organizou uma expedição para combater os estrangeiros que invadiam a região. Em 1635, Feliciano, foi nomeado como o primeiro Capitão-mor da Capitania de Camutá. Também naquele ano, o povoado foi elevado à categoria de vila com o nome de "Vila Viçosa de Santa Cruz de Camutá", tendo São João Batista, como santo padroeiro.
Em 26 de outubro de 1637, foi publicada uma Carta Régia que demarcou a Capitania.
Os judeus sefarditas desempenharam um papel importante para o desenvolvimento da cidade, quando chegaram as primeiras famílias portuguesas Albuquerque, Coelho e Carvalho na região. Essas famílias descendiam de judeus portugueses que foram expulso de sua terras em 1496, a expulsão de todos os hebreus que não se sujeitassem ao batismo católico. Assim, numerosos judeus foram expulsos de Portugal nos finais do século XV e inícios do século XVI.
De Cametá, saíram várias expedições exploratórias, como a de Pedro Teixeira, em 1673, com o padre Antônio Vieira. No começo do século XVIII, verificou-se a mudança da vila do local onde havia sido erguida inicialmente para onde hoje está a cidade, lugar chamado pelos índios de "Murajuba" por causa do fenômeno natural da erosão de sua ribanceira (margem).
Os quilombos surgidos na região de Cametá, dos escravos que trabalhavam nas plantações de cana-de-açúcar, mostraram alto grau de organização como foi o caso do Mola, liderado por figuras como Felipa Maria Aranha. Formado inicialmente por 300 negros, na altura de 1750, no passado foi uma cidade-estado, aos moldes de uma república, que contava com um elevado nível de organização para a época, tendo para tal um código civil, uma força policial e um sistema de representação direta.
Da localidades de Cametá, Tucuruí e Baião partiam as principais expedições contra os negros fugidos da escravidão, bem como para captura de índios para o trabalho escravo. A Confederação do Itapocu, formada por cinco quilombos, tendo como capital virtual o Mola, empreendeu severas derrotas às forças portuguesas e aos capitães do mato, nunca sendo derrotada.
Papel na Cabanagem
Em 1823, ocorriam, no Pará, lutas entre nacionalistas e conservadores, pois os portugueses continuavam a assumir os cargos de maior expressão no Governo da Província mesmo depois da Independência do Brasil, ocorrida um ano antes. Vários motins se sucederam, ora dirigidos por uma corrente, ora por outra. Nesse mesmo ano, ocorreu um fato que veio a acirrar mais ainda o ódio dos nativos contra os estrangeiros. O fato teve, como principal agente, o oficial inglês John Pascoe Grenfell e constituiu em mortes ocorridas no brigue Palhaço, o que elevou ao auge o descontentamento dos nacionalistas. Nasceu assim a Cabanagem, explosão cívica de maior repercussão revolucionária na história da Amazônia e do Brasil Regência.
A cidade de Cametá teve papel destacado durante todo o movimento. Foi de Cametá que Ângelo Corrêa saiu para Belém, atendendo ao chamado do Governo Cabano chefiado por Antônio Vinagre, para assumir a presidência da província. Após uma série de desentendimentos, no entanto, não pôde assumir o governo, e retornou a Cametá, onde, deliberadamente, tomou posse do cargo perante a Câmara Municipal. Assim, por um breve período, Cametá foi a sede do Governo da Província.
Pós-cabanagem até 1970
Somente em 21 de outubro de 1848, Cametá obteve o status de cidade, embora já sediasse as instituições municipais. A essa altura, era uma das mais ricas e importantes cidades do norte do Brasil.
O município passou pelos ciclos econômicos típicos da Amazônia. Favoreceu-se bastante nos ciclos da borracha e do cacau. O último, com bastante importância local, foi o da pimenta-do-reino, embora oficialmente não seja caracterizado propriamente como um ciclo. Esses ciclos geraram algumas melhorias nas condições de vida da população.
Década de 1970 ao presente
Por meio da utilização da energia elétrica, proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que represou o Rio Tocantins, busca-se atrair capital para geração de renda e produção na cidade e nas vilas que também foram beneficiadas. Um exemplo desse movimento é a Fazenda Dulluca, que, através da fruticultura, gera de trabalho e renda para a comunidade Livramento.
Apesar de a cidade de Cametá ter sido declarada Patrimônio Histórico Nacional, poucos são os benefícios advindos disso que possam fomentar a atividade econômica do turismo. Não é visível a preservação dos prédios públicos e, particularmente, dos de real valor histórico no município. A Câmara Municipal está praticamente em ruínas. Alguns documentos históricos estão no Museu de Cametá, embora sem catalogação.
Parte do casario antigo da Primeira Rua foi demolido ou assolado pela erosão do rio, que já desgastou muito a orla da cidade. Ainda há a destacar os prédios antigos, como as igrejas de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Aldeia, da Matriz, o Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas e a Prefeitura. Esses prédios integram um roteiro turístico chamado de Museu Contextual, organizado pela Secretaria de Cultura.
Clima
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1970 a menor temperatura registrada em Cametá foi de 16,4 °C em três ocasiões, todas em 1970, sendo uma em 17 de setembro e as outras duas em outubro, nos dias 6 e 10, e a maior atingiu 37,9 °C em 5 de janeiro de 1979
Transportes
Uma das vias de transporte de passageiros e cargas mais importantes do município é a fluvial, feita principalmente pela navegação no Rio Tocantins. Tanto que na cidade de Cametá está em funcionamento o Porto de Cametá, uma facilidade logística de médio porte vital para esta localidade. Outros portos importante, mas de pequeno porte, são: Porto de Juaba (distrito de Juaba), Porto de Curuçambaba (distrito de Curuçambaba) e Porto de Carapajó (distrito de Carapajó).
A principal via de transporte rodoviário que serve ao município é a rodovia federal BR-422, que liga Cametá à Limoeiro do Ajuru, ao norte, e; a Tucuruí, ao sul. Outra via importante é a rodovia estadual PA-379, que liga Cametá a Oeiras do Pará. O município de Cametá ainda é cortado por outras rodovias: PA-151 (leste municipal, dando acesso a Mocajuba e Igarapé-Miri), PA-467 (ligação distrito de Curuçambaba com PA-151) e PA-469 (ligação distrito de Carapajó com PA-151).
Além dos modais rodoviário e fluvial, o município também dispõe de um aeródromo, o Aeroporto de Cametá.
Educação
O município conta com diversas instituições de ensino, sendo que no aspecto superior destacam-se de longe as públicas, sendo: Universidade do Estado do Pará, Universidade Federal do Pará e Instituto Federal do Pará, além de um polo de educação à distância mantido pela Universidade Aberta do Brasil.
Cultura e lazer
O Carnaval de Cametá é um evento muito importante para a cidade, conhecido como o melhor de todo o Pará. A cidade chega a dobrar o número de habitantes durante o evento.
Promovido pela Diocese de Cametá, a festividade do padroeiro municipal, São João Batista, no mês de junho, é a principal manifestação cultural-religiosa cametaense, assim também como a procissão de São Benedito.
Referência para o texto: Wikipédia .