Tangará da Serra é um município brasileiro do estado de Mato Grosso, Região Centro-Oeste do país. É o quinto município mais populoso de seu estado, com população de 103.750 habitantes, conforme a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019.
Criado em 13 de maio de 1976, é consideravelmente novo e destaca-se pelo seu rápido crescimento populacional e econômico, além de ser um dos mais progressistas do interior do estado. Sua economia baseia-se na prestação de serviços, agroindústria e agricultura, com destaque para a produção de soja e cana-de-açúcar. O comércio é considerando um dos mais estruturados no interior de Mato Grosso. O município é um polo regional, sendo uma das cidades mais ricas do estado, possuindo também diversos atrativos turísticos em seu interior, como cachoeiras, pousadas e parques. O nome de Tangará da Serra vem do pássaro tangará, que nas épocas de calor no sul, migravam para Tangará na busca de frio.
Sua área é de 11.323,640 km² e a distância até Cuiabá, capital administrativa estadual, é de 240 quilômetros.
O município é rico em belezas naturais, no verão as ruas da cidade acabam por ficar banhada por Ipês de diversas cores. Banhado por vários rios e córregos, o município destaca-se por suas cachoeiras. A Cachoeira do Sepotuba é um dos lugares mais visitados da cidade. Atrai visitantes de todo o Brasil.
No inverno, a cidade é considerada uma das mais frias do estado de Mato Grosso. O seu clima tropical também favorece nas altas temperaturas.
Antes da emancipação, era distrito de Barra do Bugres.
Sua população se baseia em famílias que vieram do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e de Minas Gerais.
O município é considerado um dos mais bonitos do estado do Mato Grosso.
História
Origens e Pioneirismo
Inicialmente, a área que hoje constitui o município de Tangará da Serra ficou por um longo tempo povoada apenas pelas tribos indígenas de Nhambiquara e Parecí. Segundo as crônicas de Barbosa de Sá os primeiros contatos com outros povos se deram no século XVIII com o aprisionamento dos índios Pareci na cabeceira do rio Sepotuba no início do Século XX, quando a Comissão Rondon, liderada por Marechal Cândido Rondon, palmilhava a região em 1913, com o auxílio dos índios Parecis e Nhambiquaras, implantando-se o telégrafo e estudando a flora e a fauna presentes, para fornecer subsídios que seriam utilizados no futuro. Rondon, abriu a rodovia que sobe os chapadões dos Parecis, cujas marcas ainda estão presentes: a exemplo de sua casa, localizada no Assentamento Antônio Conselheiro e uma ponte construída sobre o Rio Sepotuba, no interior do Município de Tangará da Serra, ainda preservadas.
Em seguida, chegaram os extrativistas, atraídos pela mata de poaia, planta com propriedades medicinais, que cobria as encostas da Chapada dos Parecis, onde os tributários do Rio Paraguai têm suas nascentes.
Em seu projeto inicial, a área de Tangará da Serra deveria formar uma comunidade japonesa, que não teve êxito devido às más relações do Japão no cenário mundial, que também influía o Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, apenas as glebas de brasileiros ganharam liberação para colonização, a partir de 1954.
Em 1959, a Companhia de Terras instala-se em Tangará da Serra com o objetivo de implantar uma colônia de terras e o cultivo de café, arroz, milho e feijão. A intensa propaganda fez com que várias famílias migrassem de outros estados para a região, no anseio de possuírem terras bem maiores em relação às que já possuíam de onde viviam. Os senhores Júlio Martinez Benevides, Fábio Lissere, Joaquim Aderaldo de Souza e Joaquim Oléa fundaram a SITA - Sociedade Imobiliária Tupã para a Agricultura, uma vez atraídos pela excelente condição de clima e solo fértil, implantaram o loteamento Tangará da Serra, privilegiado no exuberante divisor das águas das bacias Amazônica e do Prata, emergente do antigo povoado surgido pelo loteamento das Glebas Santa Fé, Esmeralda e Juntinho, localizadas no então município de Barra do Bugres. O objetivo era formar um polo agrícola.
Logo após chegaram os madeireiros, devastando a região para ceder lugar aos colonos que exploraram o cerrado e se iniciaram na agropecuária, atividade ainda tão presente no município, base forte da economia tangaraense. Nos primeiros tempos, a cafeicultura teve presença marcante na economia de Tangará da Serra.
Formação Administrativa e Etimologia
Com o sucesso do loteamento em Tangará da Serra, houve a elevação à categoria de distrito em 6 de janeiro de 1969, através da Lei Estadual 2.906, no município de Barra do Bugres. Logo, nasce o sentimento de emancipação política, mas ainda não havia motivação para a criação de novos municípios, o que logo fez a Comunidade Local pressionar o Governo Federal e Estadual. Houve ainda a tentativa de José Armando Barbosa Mota, então prefeito de Barra do Bugres, ao qual pertencera Tangará da Serra, propondo a transferência da sede do município para a região além da Serra Tapirapuã.
Sequencialmente, o município de Cuiabá deu origem a Cáceres, que deu origem a Barra do Bugres, que também foi desmembrado dando origem à Tangará da Serra, que só consegue sua emancipação política em 13 de maio de 1976, através da Lei Estadual nº 3.687, com áreas desmembradas dos municípios de Barra do Bugres e Diamantino. Nesta época, o cenário do estado favorecia e incentivava a criação e povoação de novos municípios, tendo em vista que Mato Grosso vivia o auge de sua divisão territorial, resultando na desmembração e criação do estado de Mato Grosso do Sul, em 1977.
O lugar recebeu a atual denominação através de seus pioneiros, inspirados pelo canto macio, cheio, vivo e sonoro do pássaro Tangará, uma das aves brasileiras mais famosas, avistado pelos primeiros visitantes da região, que aliaram o nome do gracioso pássaro à majestosa Serra de Itapirapuã e batizaram a localidade como Tangará da Serra.
Após a Emancipação
Desde a emancipação, a cidade assumiu uma importante posição de polo regional, sendo um dos principais municípios do interior de Mato Grosso. Sua economia, que esteve por muito tempo ligada à cafeicultura, passou a diversificar-se cada vez mais. A migração, tão marcante na história do município, se acentuou ainda mais após a emancipação. Em poucos anos, Tangará da Serra se fortaleceu e cresceu rapidamente, superando, inclusive, o município de origem, Barra do Bugres, bem como outros municípios já constituídos há muito tempo na região.
O desenvolvimento urbano exigiu melhorias na infraestrutura, aliadas com Planejamento Urbano e a criação de um Plano Diretor Municipal, além de investimentos significativos em diversos setores.
Geografia
O município possui uma área de 11.565,976 km². Localiza-se a uma latitude 14º37'10" sul e a uma longitude 57º 29' 25 " oeste. As reservas indígenas ocupam 53% do território tangaraense. O Fuso Horário em vigor é uma hora menor em relação ao Horário de Brasília, sendo que o Horário de Verão é adotado entre os meses de outubro e fevereiro do ano seguinte.
Clima
O clima do município é o tropical chuvoso quente e úmido, dividido em dois períodos bem definidos: chuvas entre setembro e abril, e estiagem entre maio e agosto. Com temperaturas médias entre 16 e 36 graus, variando de acordo com a época do ano, é considerada uma cidade quente. No inverno, Tangará da Serra costuma ficar entre as cidades que registram as menores temperaturas no estado. Em julho de 2013, os termômetros chegaram a marcar 7,4 graus, batendo o recorde anual.
Relevo e vegetação
O relevo tangaraense é caracterizado pela topografia plana (95%), enquanto, topografias suavemente onduladas e montanhosas formam 5% do relevo. A localização de Tangará da Serra entre as serras de Tapirapuã e dos Parecis delimita dois ecossistemas importantes no território brasileiro: o Pantanal (Sul) e o Chapadão do Parecis (Norte). A Serra dos Parecis é o divisor de águas entre as bacias do Amazonas (Norte) e do Paraguai-Paraná (Sul). O solo é de formação basáltica, que data, aproximadamente, 120 milhões de anos. As características marcantes deste solo são o basalto chumbo cinzento e diabásios intercalados. Quanto à vegetação, Tangará da Serra possui matas densas nas encostas e no alto da Serra Tapirapuã, e cerrado no alto da Serra dos Parecis.
Hidrografia
As características geográficas de Tangará da Serra propiciam a ocorrência de inúmeras nascentes de rios e águas cristalinas, cachoeiras e matas abundantes. O município é banhado pelo Rio Sepotuba, Rio Formoso e Rio Juba.
Economia
Setor primário
A agropecuária é um setor econômico importante na economia tangaraense. De todo o PIB do município, 224.057 reais é o valor adicionado bruto da agropecuária. O município produz ainda, em menor escala, café, melancia, mandioca, abacaxi, tomate, banana, feijão, milho, coco, limão e maracujá.
Setor secundário
A indústria é, atualmente, o segundo setor mais relevante para a economia do município. De acordo com os dados do IBGE, divulgados em 2012, 342.278 reais é o valor adicionado bruto da indústria. A Indústria Alimentícia tem maior destaque. Tangará da Serra conta com um Plano de Incentivo a novas empresas, que tem atraído alguns investimentos importantes (Lei nº 2.168/2004 de 23 de junho de 2004, alterada pelas leis nº 2.371/2005 e nº 2.424/2005). O Plano oferece incentivo para a instalação de Indústrias no município como a doação de terreno, a terraplanagem, energia elétrica no local (no padrão), isenção dos impostos municipais, e o PRODEI (através do Governo do estado - isenção de ICMS). Ressalta-se a Anhambi Alimentos Norte Ltda., que conta com 165 aviários em sistema de integração e abate 80 mil aves/dia, com potencial de ampliação para 120 mil aves/dia, e possui, também, de 07 a 10 postos de trabalho com 950 funcionários. O Marfrig Ltda abate hoje 1.100 bovinos/dia, com capacidade instalada de 1.500 cabeças/dia, abastecendo, também o comércio exterior. A empresa possui 21 postos de trabalho com 1.050 funcionários. Há indústrias de Etanol com pretensões de investir 3 Bilhões em Tangará da Serra.
Setor terciário
O setor terciário é o maior destaque da economia tangaraense. A prestação de serviços rende 864.792 reais ao valor PIB municipal. Neste setor, Tangará da Serra apresenta um grande potencial e crescimento expressivo, despertando a atenção de investidores de diversas regiões do país. O comércio local atrai pessoas de diversas cidades vizinhas e é considerado um dos mais fortes do interior do estado, o que consolida a cidade como prestadora de serviços na região. De acordo com o IBGE, a cidade possuía, em 2011, 2.882 unidades locais, 2.792 empresas e estabelecimentos comerciais atuantes e 36.804 trabalhadores, sendo 20.158 pessoal ocupado total e 16.646 pessoal ocupado assalariado. Salários, juntamente com outras remunerações somavam 271.574 reais e o salário médio mensal era de 2,2 salários mínimos.
Referência em Mato Grosso, a cidade hoje recebe mensalmente inúmeros consumidores e é o maior centro de compras e lazer da região. Sendo polo na região, possui empresas locais de grande nome e que possuem filiais em todo o estado ou atendem grande parcela do país, dentre elas: B&P Informática, Piccoli Transportes, Hiper Gotardo, Univida Santa Cruz, dentre outras. Nos últimos anos, grandes franquias e empresas se instalaram na cidade, como a Novo Mundo, Clube Turismo, Lojas Americanas, O Boticário, Cacau Show, Subway, Burger King, Atacadão e Casas Bahia. No turismo, conta com diversas agências, além da CVC Turismo. Outras grandes lojas varejistas instaladas são: Gabriela Calçados, Tecelagem Avenida e Stuzio Z, as três com grandes lojas espalhadas por Mato Grosso. O potencial econômico de Tangará da Serra também despertou a atenção da rede de lojas de departamentos Havan, que em 2014 instalou na cidade a 5ª loja no estado e 76ª mega loja no Brasil. A região central concentra uma parcela expressiva do comércio e da prestação de serviços, com escritórios contábeis, oficinas mecânicas, escritórios de advocacia, cabeleireiros, clínicas de estética, escolas de idiomas, comércio varejista de vestuário e acessórios, comércio popular, artesãos, lojas de variedades, farmácias, sorveterias e fornecimento de alimentos para consumo domiciliar, pet shops, relojoarias, além de grandes empresas varejistas de eletrodomésticos, materiais para construção e artigos para o lar. A cidade possui diversas galerias, um centro comercial e um shopping center, além de centros de eventos e casas noturnas.
Educação
Existe uma grande oferta de cursos técnicos em instituições públicas e particulares. Em um levantamento feito nas escolas, havia mais de 50 cursos em diversas áreas de atuação. Em 2014, houve a implantação do campus do Instituto Federal de Mato Grosso, o IFMT. O município possui características de cidade universitária, uma vez que possui diversas instituições de ensino superior, sendo que em 2011 havia cerca de 3.775 alunos matriculados no Ensino Superior. No ensino público, destaca-se a atuação do campus da Universidade do Estado de Mato Grosso que oferta nove cursos de graduação, além dos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.[No ensino privado, a cidade conta com instituições particulares como a Universidade de Cuiabá.
Esporte
No esporte, destacam-se: Associação Atlética Serra, Estádio: Mané Garrincha - 4.000 Pessoas, Associação de Tangaraense de Automobilismo ATA, Associação Ciclística da Serra, Associação Tangaraense de Handebol, Liga Esportiva de Tangará da Serra, Associação Tangaraense de Atletismo, Associação Esportiva Tangaraense, Associação Tangaraense de Beisebol, Associação de Ciclismo Tangaraense, Associação Tangaraense de Futebol Americano, Associação Tangaraense de Xadrez, Associação Tangaraense de Redação.
Cultura e lazer
Tangará da Serra conta com o Centro Cultural Pedro Alberto Tayano, inaugurado na década de 1990, sendo uma referência na região. Este possui uma biblioteca municipal e espaço para a realização de apresentações de música e teatro, palestras e simpósios, conferências, exposições artísticas e outras áreas.
A cidade também é palco de diversos eventos ao longo do ano. Frequentemente são realizados shows, festas, desfiles, competições, exposições, cavalgadas, bailes, feiras, dentre outros.
A população também conta com casas noturnas, barzinhos e centros de eventos. Há também o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) - "Aliança da Serra" e o Centro de Tradições Nordestinas (CTN) - "Gonzagão".
Turismo
Quanto aos atrativos turísticos, o município é privilegiado com beleza natural surpreendente. O principal parque urbano da cidade é o Parque Natural Ilto Ferreira Coutinho, mais conhecido como Bosque Municipal, localizado na área central da cidade.[58] No interior do município, existem inúmeros pontos turísticos. Tangará da Serra conta com locais apropriados para a prática da pesca desportiva. Além disso, o município possui natureza propícia para a prática de esportes radicais, como o rafting, escalada, trilhas, canoagem e rapel.
Dentre os pontos turísticos destacam-se:
- Cachoeira Salto das Nuvens - A cachoeira é formada pelo Rio Sepotuba, tendo logo após a queda uma praia natural de água doce..
- Cachoeira Salto Maciel - A cachoeira é formada pelo Rio Sepotuba com sequência de corredeiras entre rochas.
- Cachoeira do Formoso - A cachoeira está localizada em uma área indígena junto à Aldeia do Formoso. Outras atividades possíveis são a flutuação no Rio Bonito e a visita a gruta sagrada dos índios Pareci.
- Cachoeiras do Juba - A cachoeira é formada pelo Rio Juba (um dos principais afluentes do Rio Sepotuba), tendo logo após a queda uma praia natural de água doce.
- Bosque Municipal Ilto Ferreira Coutinho - O parque é a maior reserva ambiental localizada dentro da área urbana de Tangará da Serra. Possui uma vegetação de transição entre Cerrado e Floresta Amazônica.
- Cachoeira Queima-Pé - A cachoeira é formada pelo Rio Queima-Pé, possui 18 metros de altura, onde é possível tomar banho na cachoeira e praticar esportes radicais como rapel guiado e cascading.
- Cachoeira Cortina da Onça - A cachoeira é um ótimo cenário para quem gosta de desfrutar de muita aventura e de uma paisagem encantadora.
- Pedra Solteira - A Pedra Solteira está situada na Serra Tapirapuã e é marco histórico e divisor dos municípios de Tangará da Serra e Nova Olímpia (Mato Grosso).
Outras atrações turísticas incluem: Cachoeira Maracanã; Gruta dos Morcegos; Cachoeira Coqueiral; Pousada e Pesqueiro Piracema; Estância Amazonas; Recanto Haras JJ; Recanto do Paraíso; Cachoeira da Paraíso; Estância Modelo; Estância Mato Grosso; Recanto Touro Ventania; Balneário Biquinha e Casa de Rondon
Exposerra
A Exposerra é uma grande feira agropecuária, realizada pelo Sindicato Rural de Tangará da Serra, onde pequenas e grandes empresas expõem seus produtos e serviços. Durante o evento também acontece o tradicional rodeio, além de shows de cantores e bandas nacionais. O público estimado em todas as edições ultrapassa 100 mil pessoas. Já foi realizada no mês de maio, junto ao aniversário do município, e desde 2007 é realizada anualmente no mês de setembro.