Itaperuna é um município da Microrregião de Itaperuna, na Mesorregião do Noroeste Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Dista 313 quilômetros da capital do estado, a cidade do Rio de Janeiro. Ocupa uma área de 1.105,566 quilômetros quadrados. Sua população, em 2020, foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 103.800 habitantes, sendo, assim, o 29º município mais populoso do estado do Rio de Janeiro e o primeiro de sua microrregião.
Topônimo
Segundo o geógrafo Alberto Ribeiro Lamego, a Pedra Elefantina -"com sua lombada polida e negra"- teria sido inspiração para o nome do município de Itaperuna, quando em 6 de dezembro de 1889 foi a vila elevada a cidade, recebendo o nome atual, cuja etimologia indígena é dada como significando "pedra preta"; aquela época o imponente maciço rochoso ainda pertencia ao território deste município. A referida Pedra Elefantina é parte integrante do Brasão de Armas do município de Itaperuna, criado em 1960 por Alberto Fioravante, especialista em Heráldica nascido em Muqui.
"Itaperuna" é um termo proveniente da língua tupi antiga. Significa "pedra erguida escura", através da junção dos termos itá (pedra), byr (erguida) e una (escura). Outra designação seria "ita" (pedra), "per" (caminho) e "una" (preta) portanto caminho da pedra preta.
História
Até o século XVI, a região era habitada pelos índios puris. A partir de então, a região foi ocupada por bandeirantes e aventureiros que demandavam a baixada pelos afluentes da margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. A atividade econômica predominante passou a ser a criação de gado, que se desenvolveu em fazendas de grandes extensões.
Em 1831, o desbravador José de Lannes Dantas Brandão esteve na região, com iniciativas que passaram a atrair população para o núcleo pioneiro do futuro município. Lanes chegou à região após sua deserção da milícia do exército. Só viria a se fixar em 1834, quando se estabeleceu num lugar que foi denominado Porto Alegre. Pelos serviços de colonização, foi perdoado pelo governo, vindo a ser morto, no entanto, por seus escravos em 1852.
Em 1832, os Três Josés: José Garcia Pereira, José Ferreira César e José Bastos Pinto, vieram a região atrás de ouro. José Ferreira César era parente de José de Lannes. Eles se fixaram no Arraial de Laje, atual Laje do Muriaé, e são considerados fundadores da cidade.
A partir do final do século XIX, com o advento da economia cafeeira, a colonização se efetuou de forma rápida e uniforme.
Em 1834 surge o povoado de Natividade do Carangola, fundado por José de Lannes.
As negociações para desmembrar o território que hoje é Itaperuna começaram em 1870, e as discussões foram realizadas em Laje do Muriaé O principal articulador político para a construção de uma vila foi o Comendador Venâncio José Garcia. O Comendador Venâncio era muito bem visto por D. Pedro II e tinha bastante influência política.
Em 24 de novembro de 1885, o Decreto 2.810 elevou a Freguesia de Nossa Senhora da Natividade de Carangola (um dos primeiros nomes da cidade) à categoria de Vila de Itaperuna, levando esse nome por ser passagem para se chegar à Pedra Elefantina, localizada na divisa estadual de Minas Gerais com Rio de Janeiro; entre os municípios de Porciúncula e Antônio Prado de Minas.
O Comendador Cardoso Moreira era o principal interessado na criação da vila, visto que era donos das terras aonde seria fundado a vila. A criação de uma vila no local ajudaria em seus negócios, pois era acionista majoritário da Estrada de Ferro Campos a Carangola.
Para que fosse possível a emancipação de Campos dos Goytacazes, a Assembleia Provincial, em 1887, transferiu a sede de Natividade do Carangola para a Freguesia do Porto Alegre, em terras doadas pelo Comendador José Cardoso Moreira. Atualmente essa sede é a sede do município de Natividade.
Em 1887, foi criada a freguesia de São José do Havaí, nome em homenagem às armas brasileiras na Batalha de Avaí, na Guerra do Paraguai. Foram doados quinze alqueires de terra para patrimônio dessa vila pelo senhor Jaime Porto. A povoação foi elevada à categoria de vila em 1887, com a denominação de São José do Avaí, favorecida pela posição geográfica de fácil acessibilidade a Campos dos Goitacases, reforçada posteriormente pela ligação ferroviária. A cidade teve o núcleo inicial em torno da linha da estrada de ferro, à margem esquerda do Rio Muriaé. Hoje, ambos os lados do rio estão ocupados pela malha urbana.
A área experimentou crescimento regional, concomitante à ampliação de sua importância administrativa e, em 1889, foi elevada à categoria de cidade, não fazendo mais parte do município de Campos dos Goytacazes, com o nome de Itaperuna, assim Campos dos Goytacazes perdeu a metade de seu território. Em 10 de maio de 1889, foi feita a primeira eleição para a câmara dos vereadores, sendo a vitória dos republicanos, que tomaram posse no dia 4 de julho do mesmo ano, sendo, portanto, a primeira câmara republicana do país, em pleno regime monárquico, regime esse que viria a ser desbancado pelo marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro desse mesmo ano. Em 6 de dezembro de 1889, foi a vila de São José do Avaí transformada em município de Itaperuna, sendo criada sua respectiva comarca.
O desenvolvimento da economia cafeeira na área foi responsável pela concentração de atividades comerciais e de serviços na cidade de Itaperuna, que passou a desempenhar funções de centro sub-regional do nordeste fluminense. A cultura cafeeira foi um grande destaque na economia da cidade por mais de quatro décadas, tornando-a, em 1927, a maior produtora nacional.
O declínio da atividade cafeeira fez com que a região passasse a sofrer fortes efeitos regressivos. A pecuária de corte desenvolveu-se, então, voltada para o abastecimento dos grandes matadouros e frigoríficos, desenvolvendo-se, posteriormente, a produção leiteira, estimulada pela presença da fábrica de leite em pó Glória na sede municipal.
A área municipal, atualmente, não abrange a mesma base territorial da época da criação, que se estendia aos atuais municípios de Laje do Muriaé, Natividade e Porciúncula, porém sua importância permanece na região. Do território original do município de Itaperuna, foram desmembrados os seguintes municípios: Bom Jesus do Itabapoana em 1938, Natividade e Porciúncula em 1947 e Laje do Muriaé em 1962, ficando Itaperuna com seu atual contorno.
Geografia
Itaperuna recebe as águas do Rio Muriaé e do Rio Carangola. O Rio Muriaé nasce no município de Miraí, na Zona da Mata Mineira e deságua no rio Paraíba do Sul, nas proximidades do município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Apresenta 250 km de extensão e tem como principais afluentes os rios Glória e Carangola. O Rio Carangola, com 130 km de extensão, nasce no município de Orizânia, também na Zona da Mata Mineira e deságua no rio Muriaé, dentro da sede do município de Itaperuna.
No município de Itaperuna, destacam-se duas unidades de relevo: a primeira está ligada a antigas superfícies cristalinas e a segunda é constituída pelas planícies aluviais intermontanas.
Clima
Devido ao fato de se encontrar entre vales, Itaperuna é conhecida por ter o clima mais quente do estado do Rio de Janeiro. A cidade é a mais quente em relação às cidades mais próximas, como Natividade, Laje do Muriaé e Bom Jesus do Itabapoana. O clima tropical de Itaperuna apresenta chuvas durante o verão.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1931 a 1961 (até setembro), março a dezembro de 1967, junho de 1968 a março de 1982 e a partir de janeiro de 1990, a menor temperatura ocorrida em 4,5 °C em 10 de junho de 1945 e a maior de 42 °C em 31 de outubro de 2012. O recorde precipitação em 24 horas é de 124 milímetros (mm) em 22 de janeiro de 1958. Outros acumulados iguais ou superiores a 100 mm foram 116,8 mm em 15 de março de 1994, 111,5 mm em 31 de dezembro de 1996 e 107 mm em 28 de fevereiro de 1972.
Infraestrutura
Educação
O município é dotado de uma ampla rede publica escolar, formada por instituições federais, estaduais e municipais de ensino; que atende diferentes níveis de escolaridade.
Itaperuna vem se tornando um polo estudantil no estado do Rio de Janeiro por agrupar faculdades particulares e determinados cursos em faculdades públicas, como a Universidade Federal Fluminense, Centro de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro, Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro e Fundação Universitária de Itaperuna. O fluxo de estudantes vindos de cidades vizinhas diariamente é grande. Alguns fixam residência na cidade durante o período de estudos. Muitos vêm de outros estados, como Minas Gerais (Zona da Mata Mineira), Espírito Santo e Bahia.
Em 2009, o Instituto Federal Fluminense, antigo Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos, iniciou suas atividades na cidade de Itaperuna. Hoje, o campus conta com os seguintes cursos técnicos: Administração, Eletrotécnica, Informática, Mecânica, Química e Automação Industrial. No IFF campus Itaperuna há também a oferta de cursos em nível superior: Bacharelado em Sistemas de Informação e Licenciatura em Química. Além de cursos de pós graduação lato sensu em Docência no Século 21: Educação e Tecnologias Digitais e em fase de implantação a pós graduação em Direitos Humanos.
Possui, também, várias faculdades particulares, dentre elas a Universidade Iguaçu (UNIG), a Sociedade Universitária Redentor (Faculdade Redentor) e o Centro Universitário São José. A cidade conta com vários cursos como administração de empresas, arquitetura, comunicação social, ciências biológicas, ciências contábeis, direito, educação física, enfermagem, engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia de produção, engenharia de petróleo, farmácia, física, fisioterapia, fonoaudiologia, geografia, história, letras, matemática, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, pedagogia, psicologia, serviço social e sistema de informação.
As Faculdades em Itaperuna incluem: Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro; Centro Universitário São José; Fundação de Apoio à Escola Técnica; Centro Universitário Redentor; Instituto Federal Fluminense; Sociedade Universitária Redentor; Universidade Cruzeiro do Sul Educacional; Universidade Iguaçu; Universidade Norte do Paraná (EAD); Universidade Estácio de Sá (EAD e presencial).
Dentre as Escolas técnicas podem ser mencionadas: Instituto Federal Fluminense; Escola Técnica da Fundação São José; Centro de Ensino Técnico Redentor; SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; Embelleze; Senac.
Saúde
Itaperuna é referência nacional e internacional no tratamento hospitalar de pacientes com problemas cardíacos e também neurológicos, pois abriga um dos mais modernos centros hospitalares do país: o Hospital São José do Avaí. A Casa de Saúde e Maternidade Santa Therezinha, hoje hospital das Clínicas é o maior centro de natalidade da região.
Economia
Itaperuna é a mais desenvolvida e a maior cidade do Noroeste Fluminense. Na cidade, há universidades, grandes empresas e um comércio bem desenvolvido. Destaque também para a agropecuária, que está em pleno desenvolvimento. Entre as grandes empresas situadas em Itaperuna, estão a Quatá Alimentos (Leite Glória), a Camargo Correia, e a Fábrica de Laticínios Marília.
Comércio
Itaperuna também possui o comércio mais desenvolvido do Noroeste e atende um enorme fluxo de pessoas diariamente de Itaperuna e cidades vizinhas. Na Avenida Cardoso Moreira, Rua Assis Ribeiro e Rua 10 de Maio estão localizados o maior número de lojas e escritórios comerciais da cidade.
Itaperuna possui um Polo de Confecções e atende de forma significativa à demanda regional. As grandes lojas de confecções que estão situadas na Rua José Rafael Vieira - mais conhecida como a Rua das Confecções, localizada ao lado do Terminal Rodoviário, recebe muitas excursões de revendedores de toda a região. Engloba uma concentração com cerca de 50 lojas de fábrica Outlet, que oferecem descontos atraentes para quem busca produtos para revenda ou mesmo para consumo próprio. A especialidade do local são roupas de dormir e peças para cama, mesa e banho. As peças íntimas também são outra variedade do local. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas do Noroeste Fluminense, a maioria dos ônibus vem do estado do Espírito Santo, principalmente de Cachoeiro de Itapemirim, Muqui, Castelo, Vila Velha e Colatina. Também há uma parcela menor do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Alguns dos shoppings de Itaperuna:: Edifício Rotary; Centro Comercial Jorge Nunes; Centro Comercial e Empresarial Itaperuna; Galeria Mak's; Itaperuna Shopping Rio Center.
Esporte
Itaperuna também é destaque no esporte, em especial no futebol, com o Itaperuna Esporte Clube, antigo Porto Alegre, que disputou o Campeonato Carioca de Futebol - Segunda Divisão pela última vez em 2011.
Esse time já disputou a Primeira Divisão do Campeonato Carioca, travando memoráveis partidas contra os times da capital, chegando inclusive a obter êxito em algumas oportunidades, vencendo jogos contra Flamengo, Fluminense e Botafogo. O único clube grande que o time do interior não conseguiu vencer foi o Vasco da Gama. Em 2011 disputou a Segunda Divisão do Campeonato Carioca, mas foi rebaixado para Terceira Divisão em 2012 por abandonar injustificadamente a competição.
Turismo
Estátua do Cristo Redentor
Itaperuna possui a segunda maior estátua do Cristo Redentor no mundo, com vinte metros de altura. Foi inaugurada em 1966 nos festejos do aniversário do município pelo então prefeito Ary Moreira Bastos. Fica no Morro do Castelo e de lá se tem uma vista de quase toda a área urbana da cidade.
Referência para o texto: Wikipédia ..