segunda-feira, 12 de agosto de 2019

São Vicente - São Paulo

São Vicente é um município da Microrregião de Santos, na Região Metropolitana da Baixada Santista, localizada no estado de São Paulo, no Brasil.
História
Povos indígenas e colonização portuguesa
Por volta do ano 1000, índios tupis procedentes da Amazônia conquistaram a região atualmente ocupada por São Vicente, expulsando, para o interior, os seus habitantes anteriores (os chamados tapuias). Quando a expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos chegou ao Brasil, em 22 de janeiro de 1502, deu, à ilha, o nome de São Vicente, em homenagem a Vicente de Saragoça, um dos padroeiros de Portugal. O local, no entanto, já era conhecido pelos índios tupiniquins que a habitavam como ilha de Gohayó.
Outro fidalgo português, Martim Afonso de Sousa, nomeado pelo rei de Portugal dom João III, donatário de duas capitanias hereditárias que incluíam a ilha, foi enviado pela coroa portuguesa para explorar a nova colônia e colocar marcos territoriais no litoral atlântico e no Rio da Prata. Fundou, então, a vila de São Vicente em 22 de janeiro de 1532, com oposição dos nativos locais.
Martim Afonso instalou, então, em sua nova vila, os símbolos do poder organizado, construindo um pelourinho, uma igreja e uma câmara e realizando, em 22 de agosto de 1532, as primeiras eleições em todo o continente americano. Como atividade econômica da nova vila, começou a cultura da cana-de-açúcar e a instalação de engenhos para a manufatura do açúcar, principal produto do período colonial. Mas a implantação deste esquema exigiu atividades complementares, consideradas secundárias, porém fundamentais para a produção açucareira. Estas eram a pecuária e a agricultura de subsistência. As primeiras cabeças de gado a chegarem ao Brasil vieram do arquipélago de Cabo Verde, em 1534, para a capitania de São Vicente.
No início da colonização portuguesa, o Padre José de Anchieta contribuiu na catequização dos índios e na harmonização do povoado através do colégio vicentino. Ele ministrou suas aulas de catecismo junto à denominada "Bica da Fonte do Povoado", que, atualmente, é fonte histórica denominada afetivamente como "Biquinha".
Em 22 de janeiro de 1502, o navegador Gaspar Lemos, comandado pelo Bacharel Cosme Fernandes, junto a um grupo de degredados, construiu o Porto das Naus, localizado na área continental, e batizou a ilha do lado oposto como "Ilha de São Vicente". Funcionou como estaleiro e comércio. Em 1532, Martim Afonso o transformou em trapiche alfandegário. Já em 1580, abrigou um engenho de cana-de-açúcar de Jerônimo Leitão. Pero Correa lhe incluiu a Capela de Nossa Senhora das Naus. As instalações foram, posteriormente, destruídas em um ataque corsário holandês de 1615 de Joris van Spielbergen.
Guerra de Iguape
Esta batalha ocorreu entre os anos de 1534 e 1536, na região de São Vicente. Em virtude de uma interpretação particular do Tratado de Tordesilhas, alguns espanhóis, liderados por Ruy Garcia de Moschera, instalaram-se nos arredores da província vicentina. Aliados aos índios carijós, fundaram uma vila (a I-Caa-Para) e venceram algumas batalhas contra corsários franceses. Quando as forças de defesa luso-brasileiras enfrentaram o contingente espanhol, foram prontamente derrotadas. Em contrapartida, Garcia de Moschera e seus seguidores embarcaram no navio francês e atacaram a vila de São Vicente, que saquearam e incendiaram, levando inclusive o Livro do Tombo, deixando-a praticamente destruída, matando dois terços dos seus habitantes. No entanto, em virtude das incursões sistemáticas das forças luso-brasileiras (que arregimentaram outros índios rivais, "de serra acima", cf. Donato, p. 89), os espanhóis foram forçados a se retirarem: primeiro, para a Ilha de Santa Catarina e, depois, para Buenos Aires.
Clima
Uma das características da região é a alta taxa de umidade relativa durante todo o ano, sempre superior a oitenta por cento. Essa taxa tão elevada resulta de intensa evaporação e das constantes inversões de massa de ar de origem polar associado ao relevo escarpado. As temperaturas médias durante o verão são em torno de 24 graus centígrados; no inverno, em torno dos dezessete graus centígrados.
Economia
O centro de São Vicente (arredores das praças 22 de Janeiro, Coronel Lopes e Barão do Rio Branco) é um ponto de comércio que tem se desenvolvido em relação a outros pontos da região metropolitana desde meados da década de 2000, deixando de ser predominantemente utilizado por pessoas de baixa renda a partir de obras de revitalização central e políticas de atração com investimentos privados, como a instalação de shopping center em 2007, que impulsionou hipermercados, trouxe grandes redes de lojas, cinemas e restaurantes, explorando finalmente seu potencial estagnado das décadas anteriores.
Tal área privilegia-se de localização centralizada, pois atende tanto à demanda dos munícipes situados na área insular, quanto da área continental através da Ponte dos Barreiros como, ainda, de quem desce a serra para acessar ao município de Santos na parte da zona noroeste e de outro às praias e proximidades na zona leste ou, por fim, como acesso ao município de Praia Grande pela esplendorosa Ponte Pênsil. Por isso, atentou-se em identificar nas vias denominadas como linhas amarela e vermelha, para integrar o trânsito que aproxima-se à região entre o Centro e os bairros do Itararé e Gonzaguinha.
Cultura
São Vicente não guardou muitos vestígios de sua história antiga, embora existam testemunhos valiosos. A cidade hoje é eminentemente turística, e desenvolveu-se muito no século XX devido ao turismo de veraneio, mas tem por base a sua condição histórica antiga com títulos de Cidade Monumento da História Pátria, ou de Cellula Mater da Nacionalidade. Embora a rede hoteleira seja restrita, os veranistas em geral alugam imóveis mobiliados para a temporada. Por ser um balneário antigo, a cidade possui infraestrutura consolidada, especialmente com bares, restaurantes e clubes.
Na semana de aniversário da cidade, ocorrida na data de 22 de janeiro, é realizado o evento que reúne artistas e população, utilizando-se de um grande palco ao ar livre onde se dá a Encenação da vila de São Vicente e se reafirma sua condição histórica.
Pontos turísticos
Praças
A Praça 22 de Janeiro, antigamente conhecida como Largo da Fonte, passou a ser chamada por Largo Treze de Maio com a abolição da escravatura em 1888 e, a partir de 1918, passou a ser como uma praça que leva a data da fundação da vila em sua denominação. Nela, podem ser vistos o Relógio do Sol, e as estátuas de Benedito Calixto e do Soldado Pérsio de Queiroz Filho.
A Praça João Pessoa abriga o Mercado Municipal, inaugurado em 1929, onde era o centro de abastecimento local. O local antigamente denominado por Largo Santo Antônio quando abrigava a Casa da Câmara e a Cadeia, foi construído em 1729 e em 1925 foi demolido. Hoje, abriga algumas lojas em prédio histórico e a atual Igreja Matriz, que teve a sua primeira construção próxima à praia concluída em 1532 e destruída por maremoto dez anos depois, reconstruída pelo povo já na praça, em 1559, e atacada pelos piratas Thomas Cavendish em 1590 e Joris van Spilbergen em 1615. A terceira reconstrução ocorreu em 1757 a partir das bases da segunda e permanece até hoje, tendo sofrido um incêndio no ano de 2000 que revelou algumas características da antiga igreja. A igreja passa atualmente por restauração.
Desde 1998, a Praça Kotoku Iha passou a abrigar um recanto japonês, simbolizando a união da cidade de São Vicente com a de Naha, situada na Província de Okinawa, no Japão, abrigando a construção de um portal e a pedra da sorte à denominada Rua Japão.
Marcos arquitetônicos
Em 1895, foi erguido um casarão por Rafael Tobias de Aguiar, conhecido como o II Barão de Piracicaba, que possui nos fundos a mais antiga construção de alvenaria do Brasil, datada da primeira década do século XVI, construída por Cosme Fernandes, o Bacharel de Cananeia, que passou a ser denominada Martim Afonso de Sousa, em 1932.
Em memória à colônia portuguesa, surgiu, à região, o Marco Padrão, construído em 1932 sobre uma pequena ilha denominada Pedra do Mato. O marco apresenta escudos representativos de Portugal Quinhentista, da Ordem de Cristo, da atual pátria brasileira e de Martim Afonso de Sousa. Ao atravessar a plataforma de pesca e lazer e apreciar-se a vista de toda a Baía de São Vicente, chega-se ao acesso para a Ponte Pênsil.
A Casa do Barão é um casarão térreo com reserva ecológica de 6.500 metros quadrados construída em 1925 com tijolos, cobertura em telhas francesas, porão e uma grande varanda apoiada em colunas duplas. Serviu de residência ao Barão Kurt Von Pritzelwitz, gerente da firma exportadora de café Theodor Wille & Cia. Em 1946, o imóvel passou a sediar o Instituto São Vicente, e em 1972 o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, que expõe seu acervo aos visitantes. O casarão conta também com a Biblioteca Municipal em suas dependências. Foi tombado como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico em 1988.
Referência para o texto: Wikipédia.