Vitória da Conquista é um município brasileiro do estado da Bahia, no Brasil.
História
O Arraial da Conquista foi fundado em 1783 pelo sertanista português João Gonçalves da Costa, nascido em Chaves em 1720, no Alto Tâmega, na região de Trás-os-Montes.
Através da Lei Provincial N.º 124, de 19 de maio de 1840, o Arraial da Conquista foi elevado a Vila e Freguesia, passando a se denominar Imperial Vila da Vitória, com território desmembrado do município de Caetité, verificando-se sua instalação em 9 de novembro do mesmo ano. Em ato de 1º de Julho de 1891, a Imperial Vila da Vitória, passou à categoria de cidade, recebendo, simplesmente, o nome de Conquista. Finalmente, em dezembro de 1943, através da Lei Estadual N.º 141, o nome do Município é modificado para Vitória da Conquista.
Juridicamente, o Município de Vitória da Conquista esteve ligado a Minas do Rio Pardo, depois, em 1842, ficou sob a jurisdição da Comarca de Nazaré. Por Decreto N.º 1,392, de 26 de abril de 1854, passou a termo anexo à Comarca de Maracás e, posteriormente, à Comarca de Santo Antônio da Barra (atual Condeúba), até 1882, quando se transformou em Comarca.
Até a década de 1940, a base econômica do município se fundava na pecuária extensiva. A partir dai, a estrutura econômica e social entraria em um novo estágio, com o comércio ocupando um lugar de grande destaque na economia local. Em função de sua privilegiada localização geográfica, com a abertura da estrada Rio-Bahia (atual BR-116) e da estrada Ilhéus-Lapa, o município pode integrar-se às outras regiões do estado e ao restante do país; e logo passou a polarizar quase uma centena de municípios do centro-sul da Bahia e norte de Minas.
O território onde hoje está localizado o Município de Vitória da Conquista foi habitado pelos povos indígenas Mongoiós, subgrupo Camacãs, Ymborés (ou Aimorés) e em menor escala os Pataxós. Os aldeamentos se espalhavam por uma extensa faixa, conhecida como Sertão da Ressaca, que vai das margens do alto Rio Pardo até o médio Rio das Contas.
Os índios mongoiós (ou Kamakan), aimorés e pataxós pertenciam ao mesmo tronco: Macro-Jê. Cada um deles tinha sua língua e seus ritos religiosos. Os mongoiós costumavam fixar-se numa determinada área, enquanto os outros dois povos circulavam mais ao longo do ano.
Os aimorés, também conhecidos como Botocudos, tinham pele morena e o hábito de usarem um botoque de madeira nas orelhas e lábios - daí o nome Botocudo. Gostavam de pintar o corpo com extratos de urucum e jenipapo. Eram guerreiros temidos, viviam da caça e da pesca e dividiam o trabalho de acordo com o gênero, cabendo às mulheres o cuidado com os alimentos. Os homens ficavam responsáveis pela caça, pesca e a fabricação dos utensílios a serem utilizados nas guerras.
Já os pataxós não apresentavam grande porte físico. Fala-se de suas caras largas e feições grosseiras. Não pintavam os corpos. A caça era uma de suas principais atividades. Também praticavam a agricultura. Há pouca informação a respeito dos Pataxós.
Os relatos afirmam que os Mongoiós ou Kamakan era donos de uma beleza física e uma elegância nos gestos que os distinguiam dos demais. Tinham o hábito de depilar o corpo e de usar ornamentos feitos de penas, como os cocares. Praticavam o artesanato, a caça e a agricultura. O trabalho também era divido de acordo com os gêneros. As mulheres mongoiós eram tecelãs. A arte, com caráter utilitário, tinha importância para esse povo. Eles faziam cerâmicas, bolsas e sacos de fibras de palmeira que se destacavam pela qualidade. Os mongoiós eram festivos, tinham grande respeito pelos mais velhos e pelos mortos.
Aimorés, Pataxós e Mongoiós travaram várias lutas entre si pela ocupação do território. O sentido dessas lutas, porém, não estava ligado à questão da propriedade da terra, mas à sobrevivência, já que a área dominada era garantia de alimento para a comunidade.
Os índios e os colonizadores
A ocupação do Sertão da Ressaca foi realizada com a conquista dos povos indígenas.
Primeiro, João Gonçalves da Costa enfrentou o povo Ymboré. Valentes, resistiram à ocupação do território. Por causa da fama de selvagens, foram escravizados pelos colonizadores. Os Mongoyó tinham primitivamente naqueles índios os seus principais inimigos por serem eles ferozes e cruéis e por impedir a circulação na região quando saiam em busca de caça. Por isto, se aliaram aos portugueses para derrotá-los.
Depois dos Ymboré, foi a vez dos Pataxó. Eles também resistiram à ocupação estrangeira, mas acabaram se refugiando para o sul da Bahia, onde, em número reduzido, permanecem até hoje, lutando para preservar sua identidade e seus costumes, com o apoio da FUNAI.
Os Kamakan-Mongoyó conseguiram estabelecer relações mais estreitas com os colonizadores a fim de garantir sua manutenção como povo. Ajudaram os portugueses na luta contra os Ymboré.
Em 1782, ocorreu a batalha que entrou para a história de Vitória da Conquista como uma das mais importantes. Sabe-se que naquele ano, aconteceu uma fatídica luta entre os soldados de João Gonçalves da Costa e os índios. Os soldados, já fatigados, buscavam forças para continuar o confronto. Na madrugada posterior a uma dia intenso de luta, diante da fraqueza de seus homens, João Gonçalves da Costa teria prometido à Nossa Senhora das Vitórias construir uma igreja naquele local, caso saíssem dali vencedores.
Essa promessa foi um estimulante aos soldados que, revigorados, conseguiram cercar e aniquilar o grupo indígena que caiu, no alto da colina, onde foi erguida a antiga igreja, demolida em 1932. Não se sabe ao certo se essa promessa foi realmente feita, mas essa história tem passado de geração em geração.
A História nos relata que no período de 1803 e 1806, os colonizadores e os índios nativos alternavam momentos de paz e animosidade.
Os Mongoyó, sempre valentes guerreiros, continuavam a sofrer e não esqueciam as derrotas passadas perante os colonizadores e preparavam vinganças, mesmo depois de firmar acordo de paz. Passaram então a usar de um artifício para emboscar e matar os colonizadores estabelecidos no povoado. A estratégia consistia em convidar os colonizadores a conhecerem pássaros e animais selvagens nas matas próximas à atual Igreja Matriz, provavelmente as matas do Poço Escuro, atualmente uma reserva florestal. Ao embrenhar na mata o índio então com ajuda de outros, já dentro da mata emboscava e matava o homem branco, desaparecendo com o corpo. Isto de modo sucessivo, até que um colono, após luta corporal, conseguiu fugir e avisar às autoridades estabelecidas e demais colonos qual foi o destino de tantos homens desaparecidos. Do mesmo modo se estabeleceu uma vingança por parte dos colonos contra tamanha ousadia. Foram então os índios chamados a participar de uma festa e quando se entregavam à alegria foram cercados de todos os lados e quase todos mortos. Depois disto os índios embrenharam-se nas matas e o arraial conseguiu repouso e segurança. Este episódio passou a se chamar de o "banquete da morte".
Desenvolvimento
A região de Vitória da Conquista, compreendendo os municípios de Barra do Choça, Planalto e Poções, devido à localização em uma altitude próxima de 1.000 m acima do nível do mar e por não ter geadas, sempre foi um produtor de café.
Entretanto a partir do ano de 1975 esta cultura agrícola foi incrementada com financiamentos subsidiados pelos bancos oficiais, passando a região a ser a maior produtora do norte e nordeste do Brasil.
A partir do final dos anos 1980, o município realça sua característica de polo de serviços. A educação, a rede de saúde e o comércio se expandem, tornando a cidade a terceira economia do interior baiano. Esse polo variado de serviços atrai a população dos municípios vizinhos.
Paralelamente à expansão da lavoura cafeeira, um polo industrial passou a se formar em Vitória da Conquista, com a criação do Centro Industrial dos Ymborés. Nos anos 1990, os setores de cerâmica, mármore, óleo vegetal, produtos de limpeza, calçados e estofados entram em plena expansão.
O ano de 2007 foi considerado o marco inicial de um novo ciclo na agricultura regional, fundamentado no plantio de cana-de-açúcar, para produção sobretudo de etanol, e no plantio de eucalipto, destinado à produção de carvão para a indústria siderúrgica do norte de Minas Gerais, essências e madeira serrada que substituíra a madeira de lei nativa, cada vez mais escassa. Já estão plantados neste ano mais de vinte milhões de pés de eucalipto.
As micro-indústrias, instaladas por todo o Município, geram trabalho e renda. Estas indústrias produzem de alimentos a cofres de segurança, passando por velas, embalagens e movelaria, além de um pequeno setor de confecções.
A educação é um dos principais eixos de desenvolvimento deste setor. A abertura do Ginásio do Padre Palmeira formou os professores que consolidaram a Escola Normal, o Centro Integrado Navarro de Brito, além das primeiras escolas privadas criadas no Município.
A abertura da Faculdade de Formação de Professores, em 1969, respondeu à demanda regional por profissionais melhor formados para o exercício do magistério. A partir da década de 1990, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia multiplicou o número de cursos oferecidos. Também nessa década, surgiram três instituições privadas de ensino superior.
O setor de saúde ganhou novas dimensões. Antigos hospitais foram aperfeiçoados, clínicas especializadas foram abertas e a Rede Municipal de Saúde se tornou, a partir de 1997, referência para todo o País. Esse fato criou condições para que toda a região pudesse se servir de atendimento médico-hospitalar compatível com o oferecido em grandes cidades.
Hoteleiros, empresários, comerciantes atacadistas e profissionais liberais formam os segmentos que, junto com a Educação e a Saúde, fizeram a infraestrutura da cidade abarcar, além de migrantes, a população flutuante que circula na cidade diariamente.
Conservação ex situ
Conservação ex situ (ou Conservação ex-situ), que significa literalmente, conservação fora do lugar de origem, é o processo de proteção de espécies em perigo de extinção, de plantas e animais pela remoção de parte da população do habitat ameaçado e transportando-as para uma nova localização, que pode ser uma área selvagem (santuário) ou um cativeiro (zoológico ou outro local semelhante). Compreende um dos métodos de conservação de espécies mais antigo e bem estudados. A cidade de Vitória da Conquista possui duas unidades que auxiliam no manejo ex situ de fauna e flora, sendo eles, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e o Horto Florestal Vilma Dias.
Centro de Triagem de Animais Silvestres em Vitória da Conquista
Implantado em 2000, é uma unidade de referência, tanto no estado, quanto fora dele, em razão da qualidade dos trabalhos prestados para a preservação da biodiversidade. Com sede no Parque Municipal da Serra do Periperi, o Cetas tem por objetivo recepcionar e recuperar animais silvestres apreendidos pela fiscalização ambiental e destiná-los ao seu habitat. Desde a sua criação, o CETAS tem cumprido um papel relevante na preservação e no povoamento da fauna nativa regional e nacional, reduzindo o alto índice de mortalidade de animais durante o tráfico e contribuindo para a construção de uma consciência preservacionista e para o desenvolvimento de estudos e pesquisas de diversas instituições.
Horto Florestal Vilma Dias
O Horto Florestal Vilma Dias (antigo açude da cidade) é um espaço arborizado, localizado às margens do rio Verruga, no espaço urbano de Vitória da conquista (cidade localizada no sudoeste baiano). Hoje conta com uma área de mais de 1 ha e são produzidas mudas para a arborização da cidade, principalmente as espécies: Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa), Jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia, D. Don), Pata-de-vaca (Bauhinia forficata), ipê-de-jardim (Tecoma stans), Mamorana (Pachira glabra), Flamboyant (Delonix regia) e Jamelão (Syzygium jambolanum).
Economia
Comércio
O comércio é forte e dinâmico, contando com grande número de empresas como no ramo atacadista com a presença de grandes grupos: Atacadão (Grupo Carrefour), Maxxi Atacado (Walmart), Hiper Bompreço (Walmart), duas lojas do Hiper GBarbosa (Cencosud), GPA com o Assaí Atacadista. Possui dois grandes shoppings centers, o Shopping Conquista Sul, inaugurado em 2006 e localizado na Zona Sul e o Boulevard Shopping inaugurado em 2018, na Zona Leste; além de vários conjuntos comerciais, com lojas e salas de escritórios. O pujante comércio abrange todo o centro-sul da Bahia além do norte de Minas Gerais, influenciando uma população aproximada de 2 milhões de pessoas, o que coloca a cidade entre os cem maiores centros urbanos do país. As concessionárias de veículos na cidade são: Coreana (Kia Motors), Atlanta e Atlanta caminhões (Ford) do Grupo Indiana, Fiat, Volkswagen, Chevrolet, Honda, Nissan, Citröen, Toyota, Mitsubishi, Hyundai, Jeep, Volvo Caminhões, Renault (Roda Leve), dentre outras.
Indústria
Destacam-se setores da economia como o moveleiro, considerado o maior polo desta natureza no estado. Na indústria destacam-se o Grupo Marinho de Andrade (Teiú e Revani), Solar Coca-Cola, Tia Sônia, Ambev, Maratá, Umbro, Kappa, BahiaFarma, Café Maratá, ZAB e Grupo Dass.
Educação
Vitória da Conquista também se destaca por possuir um setor educacional privilegiado, formado por excelentes escolas conveniadas com as melhores redes de ensino do país, como por exemplo, o IBEN (Instituto Baiano de Educação de Negócios), conveniado à Fundação Getúlio Vargas, além de contar com várias faculdades, tais como: UCSal, UNIT, FAINOR, FTC, Faculdade Maurício de Nassau, Faculdade Santo Agostinho, UNIP, UNOPAR, UNIT, UNIcesumar, FASU, UFBA, o que a consagra como um importante polo de educação superior com cerca de 12 mil universitários, não só para o estado da Bahia, como para todo o Brasil.
Hotelaria
Apesar de não ser uma cidade turística, conta com bons hotéis, dentre eles o Ibis Hotel (da Accor), na região do Shopping Conquista Sul, e o Ibis Styles que está localizado na avenida Luís Eduardo Magalhães, também na zona Sul, além de hotéis de pequeno e médio porte espalhados pela cidade.
Turismo
A cidade oferece como atrações turísticas o Cristo Crucificado da Serra do Peripiri, de Mário Cravo, executada entre os anos de 1980 e 1983, com as feições do homem sertanejo, sofrido e esfomeado, medindo 15 metros de altura por 12 de largura; a Reserva Florestal do Poço Escuro e o Parque Municipal da Serra do Periperi, onde se encontra a espécie endêmica Melocactus conoideus, além de eventos como São João da cidade e o Festival de Inverno Bahia, evento de inverno oficial da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo de Televisão na Bahia.
O Museu da História Política, Casa de Régis Pacheco, contém um acervo de quadros com todos os políticos que governaram a cidade desde a sua emancipação, além de mostrar a arquitetura preservada da metade do século XX.
Dos vários monumentos, destacam-se: Monumento Getúlio Vargas, Monumento aos Bandeirantes, Monumentos aos dez Mandamentos, Monumento aos Imigrantes, Monumento aos Ex- Pracinhas da Segunda Guerra Mundial,o Monumento ao Príncipe Maxmiliano, o Monumento ao Índio, o Monumento da Bíblia Sagrada, o Monumento às Águas, o Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos da Bahia no período do regime militar instalado em 1964, localizado no Jardim das Borboletas (Praça Tancredo Neves) e o Monumento a Jacy Flores.
Este último monumento, além da vida da homenageada, a primeira mulher comerciante legalmente estabelecida em Vitória da Conquista, descendente do casal fundador do Arraial da Conquista, Josefa e João Gonçalves da Costa, relata também a ligação histórica entre Vitória da Conquista, na Bahia e Chaves, em Trás os Montes, com trabalhos em faiança portuguesa, representando o brasão de cada uma destas duas cidades. Fazem parte ainda deste conjunto mais de vinte árvores de Pau Brasil, plantadas em 10 de fevereiro de 2004, data da inauguração, representando os índios (moradores primitivos), os colonos e os os atuais moradores.
Entre os atrativos turísticos da cidade, encontra-se o "Poço Escuro", uma reserva florestal sob administração do poder público, com diversas trilhas e flora e fauna preservadas. Na Serra do Peripiri nasce o Rio Peripiri, em torno do qual João Gonçalves da Costa fundou a Arraial da Conquista, em 1783.
O Rio Peripiri também é conhecido como, Riacho da Vitória, Córrego do Poço Escuro, Rio Berruga e Rio "Verruga", em referencia ao Arraial da Verruga, atualmente Itambé, onde fica a sua foz no Rio Pardo.
Burle Marx esteve em 1965 em Vitória da Conquista pesquisando a flora do Sertão da Ressaca. Comemorando os 100 Anos de Burle Marx no Brasil e 44 Anos em Vitória da Conquista, foi implantado o Jardim Burle Marx, próximo à UESB.
O Caminho de Santiago do Piripiri é um caminho localizado na Serra do Peripiri, inicia no Ibc-Capinal e finaliza no Poço Escuro, foi implantado pelos Peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, a Abacs, e representando um dia andando neste caminho na Espanha.
O futebol é o principal esporte praticado na cidade, que possui dois clubes profissionais: o Conquista F.C. e o Vitória da Conquista, que mandam os seus jogos no Estádio Lomanto Júnior, mas que é apelidado pelos torcedores/imprensa como Lomantão. As corridas de kart, o ciclismo e o caratê são modalidades de esportes muito praticadas na cidade.
Referência para o texto: Wikipédia.