Itabira é um município brasileiro no interior do estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país. Localiza-se no Quadrilátero Ferrífero, a leste da capital do estado, distando desta cerca de 110 km. Ocupa uma área de 1.253,704 km², sendo que 12,4377 km² estão em perímetro urbano, e sua população foi estimada em 2018 em 119.186 habitantes.
História
Origens
Sebastião da Rocha Pita, em sua obra História da América Portuguesa, descreve a "descoberta" da região como ocorrida em 1698. Porém o território ocupado pelo atual município de Itabira começou a ser de fato povoado no decorrer do século XVIII, após dois mineradores (os irmãos Francisco e Salvador Faria de Albernaz) encontrem ouro nos ribeiros que desciam pela encosta de um morro, no ano de 1720.
Francisco e Salvador Faria de Albernaz eram paulistas descendentes de bandeirantes e estavam em busca de escravos, tendo se afixado nos arredores do dito morro e por bastante tempo aproveitaram sozinhos as minas descobertas. Algum tempo depois, a notícia da descoberta de ouro se alastrou e logo vieram novos exploradores, ocorrendo nas décadas seguintes um processo de ocupação das terras da atual Itabira, em especial às margens dos riachos que corriam ao pé do Pico do Cauê. Por vezes essas terras ocupadas englobavam áreas de domínio indígena, dando origem a conflitos e mortes. Ao final do século XVIII, o povoamento já era consistente e havia sido batizado de Sant’Ana do Rosário, vindo a ser construída no começo do século seguinte uma capela em honra a Nossa Senhora do Rosário, padroeira do lugar.
Evolução administrativa
A partir do povoado de Sant’Ana, foi criado o distrito de Itabira de Mato Dentro, subordinado a Caeté, pelo alvará de 25 de janeiro de 1827, sendo elevado à categoria de vila pela resolução de 30 de junho de 1833, instalando-se a 7 de outubro do mesmo ano. Pela lei provincial nº 374, de 9 de outubro de 1848, a vila é elevada à categoria de cidade com o nome de Itabira.
Itabira se emancipou constituída de dois distritos, sendo eles o distrito-sede e São José da Lagoa, e seu território englobava ainda a área que se desmembraria em 1911 para dar origem ao município de Antônio Dias e, a partir deste, às cidades de Coronel Fabriciano (1948), Ipatinga (1964) e Timóteo (1964). Em 14 de setembro de 1832, é criado o distrito de Santana dos Ferros (correspondente ao atual município de Ferros), que foi emancipado em 23 de setembro de 1884 e mais tarde também deu origem a Joanésia. Em 15 de setembro de 1870, é criado o distrito de Senhora do Carmo (então com o nome de Carmo de Itabira), em 1º de abril de 1871 é criado o distrito de Santa Maria (mais tarde Santa Maria de Itabira) e em 20 de setembro de 1882, é criado o distrito de Dionísio (atualmente município), sendo transferido para São Domingos do Prata em 1911. Em 16 de novembro de 1892, é criado o distrito de Ipanema (atual município de Santana do Paraíso), transferido para Ferros em 1911, e em 23 de maio de 1894 cria-se o distrito de Ipoema (então com o nome de Aliança). Itabira também perdeu território para dar origem a partes dos municípios de Peçanha e São Domingos do Prata, em 1875 e 1890, respectivamente.
São José da Lagoa emancipa-se em 17 de dezembro de 1938 com o nome de Presidente Vargas (atual Nova Era) e em 31 de dezembro de 1943 emancipa-se Santa Maria de Itabira. Nesta mesma data, Itabira passou a denominar-se Presidente Vargas, voltando ao nome original pelo decreto nº 2.430, de 5 de março de 1947. Atualmente restam o distrito-sede, Ipoema e Senhora do Carmo. O nome "Itabira" se origina da antiga língua tupi, significando "pedra que brilha", através da junção dos termos itá ("pedra") e byra ("que brilha").
Após a emancipação
Entre o final do século XVIII e começo do século XIX, a mineração do ouro entrava em declínio, porém ao mesmo tempo a exploração do ferro começava a ganhar impulso, surgindo então as primeiras forjas, sendo Domingos Barbosa quem trouxe instrução à instalação da nova indústria. A primeira do tipo foi instalada por Manoel Fernandes Nunes, que, além de fundir o ferro, manufaturava e fabricava diversos objetos, ferramentas e ainda armas.
A partir de então Itabira tinha seu progresso econômico garantido pelas indústrias de fundição de ferro, que existiam desde o fim do império. É considerada a mais importante a Fábrica do Girau (1816). Mais tarde, vieram as fábricas de tecido, destacando-se as Fábricas da Gabiroba (1876) e da Pedreira (1888). Em 1867, contabilizavam-se 84 forjas nas regiões de Itabira e Santa Bárbara. Em 1910, no XI Congresso Geológico Internacional, realizado em Estocolmo, na Suécia, revelou-se que, no centro do estado de Minas Gerais, estavam localizadas as maiores jazidas de minério de ferro do mundo. Em junho de 1911, a Itabira Iron Ore Company, sucessora da Brazilian Hematite Syndicate, foi autorizada a explorar e exportar minério de ferro das jazidas de Itabira por concessão do Governo Federal, sendo o presidente da república Hermes da Fonseca.
Em 1942, com a criação da Vale S.A., antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), e a exploração do minério em grande escala, a cidade de fato começou a crescer e a se desenvolver economicamente. A Vale reformulou e, mais tarde, duplicou a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), destinada ao transporte de minério até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo. No final da década de 1960, Itabira ganhou novo impulso em seu desenvolvimento, com o Plano de Expansão da Vale, que construiu e colocou em operação o "Projeto Cauê" responsável por um verdadeiro crescimento econômico e cultural da cidade.
Geografia
A área do município, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 1.253,704 km², sendo que 12,4377 km² constituem a zona urbana e os 1.240,96 km² restantes constituem a zona rural. Está a uma distância de 111 quilômetros a nordeste da capital mineira. Seus municípios limítrofes são Itambé do Mato Dentro, a norte; Jaboticatubas, a noroeste; Nova União, a leste; Bom Jesus do Amparo, a sudoeste; João Monlevade e São Gonçalo do Rio Abaixo, a sul; Bela Vista de Minas, a sudeste; Nova Era, a leste; e Santa Maria de Itabira, a nordeste.
De acordo com a divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo IBGE, o município pertence às Regiões Geográficas Intermediária de Belo Horizonte e Imediata de Itabira. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Itabira, que por sua vez estava incluída na mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte.
Relevo e hidrografia
O relevo do município de Itabira é predominantemente montanhoso. Aproximadamente 70% do território itabirano é coberto por mares de morros e montanhas, enquanto em cerca de 20% há o predomínio de terrenos ondulados, e os 10% restantes são lugares planos. A altitude máxima está no Alto da Mutuca, na Serra do Espinhaço, divisa municipal com Jaboticatubas e Nova União, que chega aos 1.662 metros, enquanto que a altitude mínima é de 540 metros e encontra-se no lago formado pela construção da Usina Hidrelétrica de Dona Rita, no rio Tanque, na tríplice divisa municipal entre Itabira, Itambé do Mato Dentro e Santa Maria de Itabira.
Na geologia do município, há predomínio de rochas do complexo granito-gnáissico do mesoarqueano, sendo encontradas também rochas proterozoica do supergrupo "Minas", em que predominam quartzitos, itabiritos, conglomerados e filitos. O solo itabirano é do tipo latossolo vermelho-amarelo, em que há ocorrência de granitos e xistos e em menor quantidade argissolos vermelho-amarelo. Nas áreas de formações ferríferas, os latossolos vermelhos são muito comuns, enquanto que os cambissolos aparecem nas encostas com grande grau de inclinação. Ainda há ocorrências de neossolos na vertente leste da Serra do Espinhaço, a noroeste do município.
Clima
O clima itabirano é caracterizado, segundo o IBGE, como tropical de altitude (ou subtropical úmido — tipo Cwa segundo Köppen), tendo temperatura média anual em torno dos 20 °C com invernos secos e amenos e verões chuvosos com temperaturas elevadas. O índice pluviométrico é de aproximadamente de 1.315 mm/ano, concentrados entre os meses de outubro e abril.
Ecologia e meio ambiente
A vegetação original e atualmente predominante no território do município é a Mata Atlântica, porém Itabira situa-se em uma faixa de transição entre o domínio vegetal atlântico e o cerrado, sendo que este encontra-se mais comumente nas encostas da Serra do Espinhaço, na porção oeste itabirana.
A região de Itabira vem observando, há décadas, profundas transformações ambientais oriundas, principalmente, de um intenso processo de atividades extrativas minerais, persistente atualmente. Também passou a se desmatar para alimentar as industrias produtoras de carvão, objetivando a alimentação de siderúrgicas e agropecuária. Isso gerou e segue favorecendo uma grande mudança paisagística, reduzindo áreas verdes de vegetação nativa em pequenos fragmentos em meio a áreas abertas de pastagem. A grande maioria dessas áreas fragmentadas encontra-se protegida por meio de unidades de conservação públicas ou particulares, por intermédio de regras exigidas pelo poder público quanto ao licenciamento ambiental.
Muitos dos fragmentos vegetacionais correspondem a locais de acesso menos facilitado, permitindo que seja preservada a biodiversidade, albergando por vezes espécimes endêmicas, raras e ameaçadas de extinção. Dentre estas, na flora municipal são encontrados representantes da Dalbergia nigra (jacarandá-da-bahia) e da Dicksonia sellowiana (xaxim). Com importância econômico-ecológica há a Aechmea bromeliifolia (bromélia), a Astronium fraxinifolium (gonçalo-alves), o Aspidosperma parvifolium (pitiá), a Cariniana legalis (jequitibá-rosa), a Lecythis lurida (sapucaiú) e a Plathymenia foliolosa (vinhático).
Economia
Setor primário
A pecuária e a agricultura representam o setor menos representativo na economia de Itabira. Em 2011, de todo o PIB da cidade, 19.178 mil reais era o valor adicionado bruto da agropecuária, enquanto que em 2010, 5,88% da população economicamente ativa do município estava ocupada no setor.
Na lavoura temporária são produzidos principalmente a cana-de-açúcar, o milho e a mandioca, além do feijão. Já na lavoura permanente destacam-se a banana, a laranja e a tangerina, sendo cultivados ainda café, goiaba, limão, manga e pêssego.
Setor secundário
A indústria, em 2011, era o setor mais relevante para a economia do município. 3.262.635 reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor secundário. De acordo com estatísticas do ano de 2010, 10,65% dos trabalhadores de Itabira estavam ocupados no setor industrial extrativo e 6,42% na indústria de transformação. A exploração do ferro ocorrida entre o final do século XVIII e começo do século XIX, com o declínio da extração do ouro em Minas Gerais, abriu caminho para o setor industrial itabirano. Naquele período foram abertas as primeiras forjas, que por bastante tempo serviram como uma das principais fontes de renda da cidade.
Em 1911, a Itabira Iron Ore Company foi autorizada a explorar e exportar minério de ferro das jazidas de Itabira por concessão do Governo Federal e em 1942 é criada a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), atual Vale S.A.. Neste momento, ocorre um novo crescimento da industria na cidade, com a construção de complexos industriais e facilitamento do escoamento do ferro aos portos do litoral capixaba, já feito pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), que passa por um processo de modernização ao ser administrada pela Vale.
Setor terciário
Em 2010, 11,65% da população ocupada estava empregada no setor de construção, 1,47% nos setores de utilidade pública, 14,18% no comércio e 43,64% no setor de serviços e em 2011, 1.350.125 reais do PIB municipal eram do valor adicionado bruto do setor terciário.Estatísticas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabira apontam, no entanto, que em março de 2013 o comércio gerava cerca de 15 mil empregos na cidade.
Educação
Em relação ao ensino superior, a cidade possui campi da Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, Centro de Ensino Superior de Itabira e Universidade Federal de Itajubá.
Cultura e lazer
Eventos e personalidades
Para estimular o desenvolvimento socioeconômico local, a prefeitura de Itabira, juntamente ou não com instituições locais, passou a investir mais no segmento de festas e eventos. Se destaca a realização do Cavalgada do Clube do Cavalo, organizado anualmente desde 1997 no mês de maio, que além da intensa programação para os criadores de animais de raça também conta com apresentações de cantores de música sertaneja com relevância tanto regional quanto nacional; a Semana do Produtor Rural de Itabira, organizada anualmente em julho, com a realização de diversos cursos de aprimoramento de técnicas agrícolas nas áreas rurais itabiranas; a ExpoIta, realizada desde 1982, com shows de música sertaneja e mostras agrícolas; além das comemorações do aniversário da cidade, que mesmo sendo comemorado em 9 de outubro envolve uma programação que se estende por todo o mês de outubro, com realização de shows, promoções, festivais, missas e desfiles.
A cidade é terra natal de alguns artistas que obtiveram relevância regional, nacional ou mesmo internacional, tais como a modelo Ana Beatriz Barros; o contista, cronista e poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, sendo que como cidade-natal Itabira serviu de inspiração para algumas de suas obras; o romancista, biógrafo, jornalista, polígrafo, cientista, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e poeta Horácio de Carvalho; o escritor, professor e historiador João Camilo de Oliveira Torres; e a modelo Patrícia Barros, irmã da também modelo Ana Beatriz Barros.
Artes cênicas e atrativos
Na área das artes cênicas se destaca a realização anual do Festival de Inverno de Itabira, que ocorre desde 1974, sempre no mês de junho ou julho. É organizado pela Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, um dos órgãos responsáveis pelo fomento cultural itabirano, oferecendo em algumas edições cerca de 100 atrações em 15 dias, sendo a maioria gratuita e com nomes de destaque regional em diversos segmentos artísticos, como artes cênicas, artes plásticas, teatro, música e por vezes cinema. Durante o período em que o festival é realizado ocorrem lançamentos de livros, espetáculos de teatro de rua e de palco, encontro de congados, apresentação de orquestras e oficinas, além de outras atrações em diversos pontos da cidade. O principal espaço teatral da cidade é o Teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, inaugurado em 1982 e com capacidade para cerca de 420 pessoas. Também há o Museu Itabirano, o Museu Caminhos Drummondianos e do Memorial Drummond, que reúnem um relevante acervo que conta em detalhes a história de Itabira e a vida de Carlos Drummond de Andrade.
Além dos atrativos cênicos, destacam-se em Itabira diversos atrativos naturais, tais como o Parque Natural Municipal da Água Santa, que tem 12 mil m² e é uma área verde situada no centro de Itabira; a Mata do Intelecto, remanescente de Mata Atlântica de 21,60 hectares; a Mata do Limoeiro, remanescente de Mata Atlântica de 2 mil hectares, um dos maiores da região; o Morro Redondo; a Pedra da Igreja; a Serra do Bicudo; o Cânion dos Marques; a Serra das Bandeirinhas; a Serra dos Alves; além das cachoeiras dos Cristais, da Lucy, dos Borges, do Campo, do Bongue, da Conquista, da Boa Vista, do Dirrubado, do Paredão, do Limoeiro e do Meio. Em Ipoema se destacam as cachoeiras Alta, Boa Vista, Patrocínio Amaro e do Meio.
Esportes
A cidade conta com equipes de diversos esportes, que por vezes se destacam ao conquistarem títulos regionais, estaduais ou mesmo nacionais, tais como basquetebol, voleibol, handebol, futebol de salão, xadrez, natação, tênis de Mesa, judô, ginástica de trampolim, taek wond do e atletismo. Também é comum, principalmente entre a população jovem, a prática de esportes radicais, como skate e BMX. Dentre os espaços desportivos, se destaca o Ginásio Poliesportivo Maestro Silvério Faustino, complexo esportivo que conta com áreas e quadras propícias à prática do atletismo, basquete, futsal e voleibol.
O principal clube de futebol de Itabira é o Valeriodoce Esporte Clube, que foi fundado em 1942 e conquistou dois Campeonatos Mineiros de Módulo II, equivalente à segunda divisão do Campeonato Mineiro de Futebol (1964 e 1965). Manda seus jogos no Estádio Israel Pinheiro, que tem capacidade para mais de 4 mil pessoas.
Referência para o texto: Wikipedia .