Mucuri é um município brasileiro localizado no litoral e extremo sul da Bahia. Sua população, conforme censo do IBGE de 2022, era de 37.977 habitantes.
Topônimo
"Mucuri" se origina do tupi antigo mukury, que significa "bacurizeiro".
Topônimo
"Mucuri" se origina do tupi antigo mukury, que significa "bacurizeiro".
O
nome Mucuri surgiu em homenagem à Aldeia Mucuri que nasceu às margens
do Rio Mucuri sob o Vale do Mucuri, região farta da Madeira Mucuri,
árvore praticamente extinta nos dias atuais. O nome “Mucuri” é um tronco
linguístico indígena que surgiu em tributo à bravura e à resistência
dos remotos povos Mokuriñ, originários da língua tupi.
História
No século XVI, período do descobrimento do Brasil, mas precisamente a partir de 1535, o território em que hoje é o município de Mucuri pertencia à Capitania Hereditária de Porto Seguro, durante o período colonial. O Brasil Colônia, na História do Brasil, é a época que compreende o período de 1530 a 1822. Este período começou quando o governo português enviou ao Brasil a primeira expedição colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza, que, em 1532, fundou o primeiro núcleo de povoamento, São Vicente, na baixada santista, no atual estado de São Paulo. Logo após a chegada dos portugueses ao novo território, a primeira atividade econômica girava em torno da exploração do pau-brasil, existente em grande quantidade na costa brasileira, especialmente aqui no Nordeste do Brasil.
O povoamento de Mucuri foi fundado em 1720, com a chegada na Aldeia Mucuri, de imigrantes alemães e suíços que vieram explorar o cultivo do café na área adjacente da foz do rio Mucuri. Mas em 1763, a sede do governo colonial foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, ocorrendo a ascensão de outras regiões econômicas. Outros estados coloniais foram fundados, como Maranhão e Piauí, e muitas outras colônias autônomas também foram criadas e novos territórios foram administrativamente declarados independentes, a exemplo do nosso território que, por força da Carta Régia de 03 de março de 1755, teria a subdivisão alterada para Mucuri.
Criando-se o município de Mucuri em 10 de outubro de 1769, com território desmembrado de demarcações denominadas pelo Estado que tinha sede territorial na capitania provinciana da segunda vila antiga de Porto Seguro. Dessa maneira, obteve-se área de 3.092 km² de território, considerada pequena se comparando as demais colônias autônomas da época, quando Mucuri ainda se chamava Vila de São José de Porto Alegre, um dos primeiros núcleos urbanos da tríplice fronteira dos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, formado pelos temidos índios aimorés, os botocudos da Aldeia Mucuri e imigrantes portugueses degredados.
A instalação governamental do município de Mucuri se deu em 15 de outubro de 1779 pelo ouvidor-geral da comarca de Porto Seguro, José Xavier de Machado Monteiro. O distrito sede deve-se à consagração da sua criação por meio de uma resolução de 22 de dezembro de 1795, data em que a Capela de São José foi elevada à categoria de Freguesia Eclesiástica pelo então arcebispo Dom Frei Antônio Correia, com o nome de São José de Porto Alegre em tributo ao nome do seu padroeiro, São José de Porto Alegre, popularmente conhecido por “São José Operário”, comemorado até os dias atuais como padroeiro e patrono do feriado municipal em Mucuri, todo dia 19 de março. A primeira capela dedicada a São José foi construída em 1768 por brancos e índios que habitavam na região.
Na Era Vargas entre 1930 e 1945, quando Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos e de forma contínua, numa época compreendida pelo Governo Provisório, o Governo Constitucional e o Estado Novo, ocasião de um divisor de águas na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que Vargas fez no país, tanto sociais e econômicas quanto administrativas e territoriais, no entanto, Mucuri sobreviveu sem qualquer alteração na sua organização de governo municipal e ainda foi contemplado, obtendo a manutenção da sua independência cívica com a publicação da sua emancipação político-administrativa em 3 de março de 1931 e o nome “Mucuri” foi definitivamente oficializado e o município de Mucuri deixou em tese de ser governo provisório e foi constitucionalmente oficializado como Poder Executivo Municipal, quando seus intendentes deixaram de ser nomeados pelo governador da Bahia e passaram a ser prefeitos eleitos pela população.
Uma época em que o Governo da Bahia estava sob o comando do interventor federal Artur Neiva, que governou o Estado de 1º de fevereiro a 4 de maio de 1931 e razão pela qual, o dia 10 de outubro de 1769 é a data em que se comemora o aniversário de Mucuri, tanto de criação do seu município com autonomia administrativa, quanto de emancipação política. Assim, Mucuri é a mais antiga cidade independente da região administrativa do extremo sul da Bahia, seguida por Santa Cruz Cabrália (23 de julho de 1833); Caravelas (23 de abril de 1855); Belmonte (23 de maio de 1891); Porto Seguro (30 de junho de 1891); Alcobaça (20 de julho de 1896); e Prado (02 de agosto de 1896).
São José de Porto Alegre/Mucuri
As primeiras expedições portuguesas à região aconteceram no século XVI, com a presença de duas missões, lideradas respectivamente pelo português Martim Carvalho e pelo mestre de campo Antônio da Silva Guimarães, que registraram passagem pelo rio Mucuri em busca de ouro, pedras preciosas, tentando escravizar os índios. Fracassada a empreitada dos garimpeiros, iniciaram a extração de Pau-brasil (madeira de lei de cor avermelhada) e a produção de açúcar em engenhos, por ordem da coroa portuguesa. A partir da Aldeia de Mucuri, formou-se o povoamento de São José de Porto Alegre, contudo o povoamento foi dificultado devido à ferocidade dos índios.
Entre 1720 e 1730, chegaram à região imigrantes alemães e suíços que se estabeleceram cultivando café em terras de Mucuri. Os índios chamavam à região de Mucuri, nome de uma madeira que era encontrada em abundância próxima ao rio e especialmente, em homenagem aos seus povos antigos Mokuriñ, enquanto os brancos a chamavam de Porto Alegre.
Já partir de 1852, o jornalista e político mineiro Teófilo Benedito Otoni colocou em funcionamento a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri, que operava com três barcos, movidos a vapor, cujo percurso de 170 quilômetros abrangia desde o porto de Mucuri até o porto fluvial de Santa Clara, onde hoje está sediada a Usina Hidrelétrica de Santa Clara, na divisa de Mucuri (BA) com Nanuque (MG). Daí em diante, cargas e pessoas faziam o trajeto pela primeira estrada de rodagem do Brasil, inaugurada em 7 de setembro de 1853, ligando Santa Clara a Teófilo-Otoni (Filadélfia) com mais 240 quilômetros, além de um outro trecho até Minas Novas.
Zacimba Gaba
Durante anos Zacimba Gaba foi cruelmente castigada por não aceitar atender os desejos do fazendeiro. Um dia, ela foi arrastada da senzala até à Casa Grande, onde foi interrogada pelo senhor, que queria saber se era verdade o boato que se espalhava por todos os lugares de que ela era uma princesa. Depois de dias e muitas chibatadas, ela confessou sua verdadeira identidade: Zacimba Gaba, princesa da nação provinciana de Cabinda. E depois da descoberta a moça passou a sofrer violência sexual. Mas o fazendeiro, sabendo que os seus escravos, em grande maioria, eram oriundos de Angola, e que poderiam invadir a Casa Grande para libertá-la, passou a avisar que, se alguma coisa acontecesse a ele ou à sua família, “Zacimba seria morta”.
As noites na Casa Grande, onde era prisioneira, fizeram de Zacimba uma mulher madura, que aprendera a resistir aos mais degradantes castigos, e “vez por outra, os negros na senzala pareciam hipnotizados com o seu canto chamando a proteção dos deuses africanos, na claridade da lua cheia”. Com o passar do tempo, a jovem princesa, aprisionada na Casa Grande, sob ameaça permanente, castigos e sendo violentada pelo fazendeiro e pelo capataz, tomava coragem para enfrentar, sozinha, o senhor.
Ela tinha proibido que os negros tentassem libertá-la e passou a elaborar planos de fuga e de vingança. Zacimba também sofria ao ouvir os lamentos de seu povo sendo cortado no chicote, amarrado no tronco e levado aos ferros, durante os anos que se passaram. Uma das armas mais poderosas e silenciosas que os escravos usavam contra os senhores ou feitores que lhes impunham castigos desumanos e humilhantes era o envenenamento.
Um dos venenos mais utilizados pelos escravos era extraído da cabeça da “Preguiçosa”, uma cobra temida pelo seu veneno mortal, característica dos vales do Cricaré e do Mucuri, também conhecida por “jararaca”. Esse veneno era usado por matar com pequenas doses e não logo que ingerido. Os senhores daquela época, até pegarem confiança em quem preparava a comida, obrigava os escravos a experimentarem tudo primeiro. Se não acontecesse nada, o senhor comia. Para não envenenar ninguém do seu povo, Zacimba levou anos para conseguir finalizar o seu plano.
Um dia aconteceu, o senhor da fazenda caiu envenenado, e logo Zacimba deu a ordem para os escravos da senzala invadirem a fazenda. Todos os torturadores foram mortos e a família do senhor da fazenda foi poupada. Zacimba fugiu junto com os outros negros e criou seu próprio quilombo em terras onde hoje são limites de Mucuri. Mas Zacimba não esqueceu de seu povo que ainda era escravizado e passou o resto da sua vida libertando os escravos, atacando os navios negreiros que os traziam como prisioneiros. Ela liderou a fundação de um quilombo às margens da praia do Riacho Doce, de onde dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos no porto próximo à aldeia de São Mateus, libertando os negros recém-chegados.
Após vencer uma guerra em defesa do seu povo negro contra a invasão portuguesa na região costeira da Praia do Riacho Doce (Local de divisa de Mucuri-BA e Conceição da Barra-ES), Zacimba Gaba morreu como uma princesa guerreira, fuzilada em um confronto durante a invasão de um navio para libertar seu povo nas águas do rio Cricaré, no ano de 1709, aos 39 anos. Para nativos, ativistas culturais, ambientalistas, jornalistas, escritores, acadêmicos, intelectuais e estudiosos, a princesa Zacimba Gama é o maior patrimônio literário da história de Mucuri e uma das maiores personagens históricas brasileiras.
EFBM – Estrada de Ferro Bahia Minas
A EFBM – Estrada de Ferro Bahia Minas iniciou a sua construção em 1881 no distrito de Ponta de Areia em Caravelas (BA) e chegou ao seu ponto definitivo em Araçuaí (MG), no médio Vale Jequitinhonha em 7 de setembro de 1942. Com a chegada da EFBM na cidade de Teófilo-Otoni com sua estação inaugurada em 3 de maio de 1898, a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri encerrou suas atividades. Os primeiros imigrantes na região de Mucuri foram os membros da família italiana Gazzinelli. Depois vieram os Borges, Kochs, Saúdes, Schappers, Kammietts, Câmara, Ribeiros, Costas, Limas, Cunhas e outros.
Formação administrativa
Além da cidade/sede, Mucuri possui 3 distritos: Itabatã, Taquarinha e Ibiranhém. São 9 povoados: Belo Cruzeiro, São Jorge, 31 de Março “Divisa”, Cruzelândia, Nova Brasília, Oliveira Costa, Campo Formoso e os balneários de Costa Dourada e Praia Dois, além de 4 povoamentos surgidos de assentamentos agrários: Paulo Freire, Jequitibá, Lagoa Bonita e Zumbi dos Palmares “Fazenda Esperança” e mais 54 comunidades rurais. A sede do município fica estabelecida à beira do Oceano Atlântico e às margens do cruzamento da BA-698 com a BA-001 e o seu território é cortado de norte a sul pela rodovia federal BR-101.
Geografia
Mucuri possui 18 praias em 45 km de litoral, e o município está no limite sul do estado da Bahia, fazendo, portanto, divisas com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Litoral
Com 45 quilômetros de litoral entre praias urbanas e virgens com belíssimas falésias e inúmeros coqueirais, sendo 14,3 Km no litoral norte e 30,7 Km no litoral sul, tendo como divisa do limite Norte-Sul, a foz do rio Mucuri. O município de Mucuri está situado na zona turística da Costa das Baleias, com 18 praias pela ordem de norte/sul: Praia Jacutinga, Praia Jardim das Tartarugas, Praia da Vila, Praia Baía do Sol, Praia do Pôr do Sol, Praia das Malvinas (Praia da Orla/Praia do Centro/Praia da Barra), Praia da Ponta “Boca da Barra”, Praia da Gamboa, Praia da Barra Nova (Vista Linda), Praia do Gesuel, Praia do Camurugi, Praia do Rio das Ostras “Sossego” ou “Domingo”, Praia dos Coqueiros, Costa Dourada, Praia Dois, Cacimba do Padre, Lençóis e Riacho Doce.
A Princesa de Mucuri
A Praia do Riacho Doce, além da sua beleza natural, guarda uma história fascinante à luz da imortal Zacimba Gaba, a personagem cultural mais importante da biografia do município de Mucuri. Ela foi uma princesa do reino de Cabinda, na Angola, África, nascida no século 17, que foi trazida escravizada da África para o Brasil em 1690, quando na época à cidade de Cabinda, foi praticamente dizimada pelas tropas portuguesas e seus sobreviventes foram capturados e trazidos ao Brasil como escravos.
Aos 20 anos de idade, Zacimba Gaba foi leiloada e vendida ao fazendeiro português José Trancoso, no porto de São Mateus, no extremo norte do Espírito Santo, com mais uma dúzia de negros escravizados de Angola, uma “negrinha de feições finas e olhos esfumaçantes” que todos os pretos chamavam de princesa, sem imaginar, por certo, que estava levando para a sua fazenda, uma jovem negra que exercia total influência sobre os escravos e, que, mais tarde, iria ser uma das precursoras nas lutas dos negros contra o regime de escravidão na região e, foi em território de Mucuri, que ela escreveu sua saga de resistência, coragem e sabedoria.
Hidrografia
A sua bacia hidrográfica e homônima é formada a partir da junção de dois rios: Rio Mucuri do Norte, cuja nascente fica no município de Ladainha e Rio Mucuri do Sul, que nasce no município de Malacacheta. O rio Mucuri possui seis afluentes representativos, inclusive o rio Todos os Santos (margem direita) e o rio Pampã (margem esquerda), banhando 13 municípios mineiros e 1 baiano: Malacacheta, Ladainha, Poté, Teófilo-Otoni, Itaipé, Catuji, Caraí, Novo Oriente de Minas, Pavão, Crisólita, Carlos Chagas, Nanuque, Serra dos Aimorés e Mucuri. A colonização do Vale do Mucuri foi iniciada somente em 1852 para a exploração de madeira.
Clima
Em Mucuri, o verão é quente, opressivo, com precipitação e de céu quase encoberto; o inverno é agradável, abafado e de céu quase sem nuvens. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 19 °C a 31 °C e raramente é inferior a 17 °C ou superior a 33 °C.
Baseado no índice de praia/piscina, as melhores épocas do ano para visitar Mucuri e realizar atividades de clima quente são do fim de abril ao meio de julho e do fim de julho ao meio de outubro.
A estação quente permanece por 3,1 meses, de 1 de janeiro a 5 de abril, com temperatura máxima média diária acima de 30 °C. O mês mais quente do ano em Mucuri é fevereiro, com a máxima de 31 °C e mínima de 23 °C, em média.
A estação fresca permanece por 3,4 meses, de 7 de junho a 20 de setembro, com temperatura máxima diária em média abaixo de 27 °C. O mês mais frio do ano em Mucuri é julho, com a mínima de 19 °C e máxima de 27 °C, em média.
Economia
A antiga vila de pescadores do Mucuri viu surgindo no seu território, no início da década de 1980, indústrias, a ampliação do comércio e do setor imobiliário com construção de novos conjuntos habitacionais e domicílios residências. O turismo se fortaleceu na geração de emprego e renda, além de grandes investimentos públicos e privados no município nos últimos anos, tornando-se economicamente um dos mais importantes municípios do Estado da Bahia. As suas principais atrações na sede do município além das praias e a gastronomia, são: o Parque Florestal da Praia da Barra, a Passarela Ecológica do Gigica e o Parque de Lazer Lagoa Azul.
Fundada em 23 de outubro de 1720 e pertencente à jurisdição territorial de Mucuri, o povoamento de Vila Viçosa se emancipou politicamente com o nome de Nova Viçosa em 27 de julho de 1962, herdando 1.317 km² de território, quando Mucuri passou a ficar com apenas 1.775 km². Mesmo assim, o município de Mucuri ainda possui o 7º maior território entre os 21 municípios da região extremo sul da Bahia, com uma população atual de cerca de 45 mil habitantes, conforme cálculo do IBGE de 2021.
A economia base de Mucuri gira em torno da Agricultura (produção expressiva de mandioca e mamão), Pesca, Cacau, Mel, Cana para a indústria sucroalcooleira, Cultivo do Eucalipto para a indústria da Celulose e Papel. Na pecuária, apresenta importantes rebanhos bovino, suíno e equino. Possui 185 indústrias de pequeno, médio e grande portes (com destaque para a Suzano, maior empresa nacional do ramo em patrimônio líquido, 1º lugar na posição geral na indústria de celulose na América do Sul e a maior indústria de papel do continente) e 1.266 estabelecimentos comerciais na 38ª posição dentre os 417 municípios baianos.
Mucuri é uma pequena cidade que se destaca pela alta regularidade das vendas no ano e pelo elevado potencial de consumo. Por outro lado, o pequeno número de novas oportunidades claras de negócios é um fator de atenção.
De janeiro a outubro de 2024, foram registradas 4,1 mil admissões formais e 3,6 mil desligamentos, resultando em um saldo positivo de 461 novos trabalhadores.
Até novembro de 2024 houve registro de 12 novas empresas em Mucuri, sendo que a maioria delas atua com estabelecimento fixo. Neste último mês, não foi identificada nenhuma nova empresa.
Eventos
As festas tradicionais da cidade de Mucuri são Réveillon, Carnaval e festa junina do Peroá no período do São Pedro. O calendário do carnaval é a época do ano que atrai milhares de pessoas à cidade, procedentes dos mais diversos cantos do país, principalmente de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Brasília, quando Mucuri é transformada na capital dos mineiros. O município é portal de entrada da Bahia e do nordeste brasileiro, fazendo fronteira com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Referências para o texto: Wikipédia ; Weather Spark ; Caravela ; Site da Prefeitura Municipal .
História
No século XVI, período do descobrimento do Brasil, mas precisamente a partir de 1535, o território em que hoje é o município de Mucuri pertencia à Capitania Hereditária de Porto Seguro, durante o período colonial. O Brasil Colônia, na História do Brasil, é a época que compreende o período de 1530 a 1822. Este período começou quando o governo português enviou ao Brasil a primeira expedição colonizadora chefiada por Martim Afonso de Souza, que, em 1532, fundou o primeiro núcleo de povoamento, São Vicente, na baixada santista, no atual estado de São Paulo. Logo após a chegada dos portugueses ao novo território, a primeira atividade econômica girava em torno da exploração do pau-brasil, existente em grande quantidade na costa brasileira, especialmente aqui no Nordeste do Brasil.
O povoamento de Mucuri foi fundado em 1720, com a chegada na Aldeia Mucuri, de imigrantes alemães e suíços que vieram explorar o cultivo do café na área adjacente da foz do rio Mucuri. Mas em 1763, a sede do governo colonial foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, ocorrendo a ascensão de outras regiões econômicas. Outros estados coloniais foram fundados, como Maranhão e Piauí, e muitas outras colônias autônomas também foram criadas e novos territórios foram administrativamente declarados independentes, a exemplo do nosso território que, por força da Carta Régia de 03 de março de 1755, teria a subdivisão alterada para Mucuri.
Criando-se o município de Mucuri em 10 de outubro de 1769, com território desmembrado de demarcações denominadas pelo Estado que tinha sede territorial na capitania provinciana da segunda vila antiga de Porto Seguro. Dessa maneira, obteve-se área de 3.092 km² de território, considerada pequena se comparando as demais colônias autônomas da época, quando Mucuri ainda se chamava Vila de São José de Porto Alegre, um dos primeiros núcleos urbanos da tríplice fronteira dos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, formado pelos temidos índios aimorés, os botocudos da Aldeia Mucuri e imigrantes portugueses degredados.
A instalação governamental do município de Mucuri se deu em 15 de outubro de 1779 pelo ouvidor-geral da comarca de Porto Seguro, José Xavier de Machado Monteiro. O distrito sede deve-se à consagração da sua criação por meio de uma resolução de 22 de dezembro de 1795, data em que a Capela de São José foi elevada à categoria de Freguesia Eclesiástica pelo então arcebispo Dom Frei Antônio Correia, com o nome de São José de Porto Alegre em tributo ao nome do seu padroeiro, São José de Porto Alegre, popularmente conhecido por “São José Operário”, comemorado até os dias atuais como padroeiro e patrono do feriado municipal em Mucuri, todo dia 19 de março. A primeira capela dedicada a São José foi construída em 1768 por brancos e índios que habitavam na região.
Na Era Vargas entre 1930 e 1945, quando Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos e de forma contínua, numa época compreendida pelo Governo Provisório, o Governo Constitucional e o Estado Novo, ocasião de um divisor de águas na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que Vargas fez no país, tanto sociais e econômicas quanto administrativas e territoriais, no entanto, Mucuri sobreviveu sem qualquer alteração na sua organização de governo municipal e ainda foi contemplado, obtendo a manutenção da sua independência cívica com a publicação da sua emancipação político-administrativa em 3 de março de 1931 e o nome “Mucuri” foi definitivamente oficializado e o município de Mucuri deixou em tese de ser governo provisório e foi constitucionalmente oficializado como Poder Executivo Municipal, quando seus intendentes deixaram de ser nomeados pelo governador da Bahia e passaram a ser prefeitos eleitos pela população.
Uma época em que o Governo da Bahia estava sob o comando do interventor federal Artur Neiva, que governou o Estado de 1º de fevereiro a 4 de maio de 1931 e razão pela qual, o dia 10 de outubro de 1769 é a data em que se comemora o aniversário de Mucuri, tanto de criação do seu município com autonomia administrativa, quanto de emancipação política. Assim, Mucuri é a mais antiga cidade independente da região administrativa do extremo sul da Bahia, seguida por Santa Cruz Cabrália (23 de julho de 1833); Caravelas (23 de abril de 1855); Belmonte (23 de maio de 1891); Porto Seguro (30 de junho de 1891); Alcobaça (20 de julho de 1896); e Prado (02 de agosto de 1896).
São José de Porto Alegre/Mucuri
As primeiras expedições portuguesas à região aconteceram no século XVI, com a presença de duas missões, lideradas respectivamente pelo português Martim Carvalho e pelo mestre de campo Antônio da Silva Guimarães, que registraram passagem pelo rio Mucuri em busca de ouro, pedras preciosas, tentando escravizar os índios. Fracassada a empreitada dos garimpeiros, iniciaram a extração de Pau-brasil (madeira de lei de cor avermelhada) e a produção de açúcar em engenhos, por ordem da coroa portuguesa. A partir da Aldeia de Mucuri, formou-se o povoamento de São José de Porto Alegre, contudo o povoamento foi dificultado devido à ferocidade dos índios.
Entre 1720 e 1730, chegaram à região imigrantes alemães e suíços que se estabeleceram cultivando café em terras de Mucuri. Os índios chamavam à região de Mucuri, nome de uma madeira que era encontrada em abundância próxima ao rio e especialmente, em homenagem aos seus povos antigos Mokuriñ, enquanto os brancos a chamavam de Porto Alegre.
Já partir de 1852, o jornalista e político mineiro Teófilo Benedito Otoni colocou em funcionamento a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri, que operava com três barcos, movidos a vapor, cujo percurso de 170 quilômetros abrangia desde o porto de Mucuri até o porto fluvial de Santa Clara, onde hoje está sediada a Usina Hidrelétrica de Santa Clara, na divisa de Mucuri (BA) com Nanuque (MG). Daí em diante, cargas e pessoas faziam o trajeto pela primeira estrada de rodagem do Brasil, inaugurada em 7 de setembro de 1853, ligando Santa Clara a Teófilo-Otoni (Filadélfia) com mais 240 quilômetros, além de um outro trecho até Minas Novas.
Zacimba Gaba
Durante anos Zacimba Gaba foi cruelmente castigada por não aceitar atender os desejos do fazendeiro. Um dia, ela foi arrastada da senzala até à Casa Grande, onde foi interrogada pelo senhor, que queria saber se era verdade o boato que se espalhava por todos os lugares de que ela era uma princesa. Depois de dias e muitas chibatadas, ela confessou sua verdadeira identidade: Zacimba Gaba, princesa da nação provinciana de Cabinda. E depois da descoberta a moça passou a sofrer violência sexual. Mas o fazendeiro, sabendo que os seus escravos, em grande maioria, eram oriundos de Angola, e que poderiam invadir a Casa Grande para libertá-la, passou a avisar que, se alguma coisa acontecesse a ele ou à sua família, “Zacimba seria morta”.
As noites na Casa Grande, onde era prisioneira, fizeram de Zacimba uma mulher madura, que aprendera a resistir aos mais degradantes castigos, e “vez por outra, os negros na senzala pareciam hipnotizados com o seu canto chamando a proteção dos deuses africanos, na claridade da lua cheia”. Com o passar do tempo, a jovem princesa, aprisionada na Casa Grande, sob ameaça permanente, castigos e sendo violentada pelo fazendeiro e pelo capataz, tomava coragem para enfrentar, sozinha, o senhor.
Ela tinha proibido que os negros tentassem libertá-la e passou a elaborar planos de fuga e de vingança. Zacimba também sofria ao ouvir os lamentos de seu povo sendo cortado no chicote, amarrado no tronco e levado aos ferros, durante os anos que se passaram. Uma das armas mais poderosas e silenciosas que os escravos usavam contra os senhores ou feitores que lhes impunham castigos desumanos e humilhantes era o envenenamento.
Um dos venenos mais utilizados pelos escravos era extraído da cabeça da “Preguiçosa”, uma cobra temida pelo seu veneno mortal, característica dos vales do Cricaré e do Mucuri, também conhecida por “jararaca”. Esse veneno era usado por matar com pequenas doses e não logo que ingerido. Os senhores daquela época, até pegarem confiança em quem preparava a comida, obrigava os escravos a experimentarem tudo primeiro. Se não acontecesse nada, o senhor comia. Para não envenenar ninguém do seu povo, Zacimba levou anos para conseguir finalizar o seu plano.
Um dia aconteceu, o senhor da fazenda caiu envenenado, e logo Zacimba deu a ordem para os escravos da senzala invadirem a fazenda. Todos os torturadores foram mortos e a família do senhor da fazenda foi poupada. Zacimba fugiu junto com os outros negros e criou seu próprio quilombo em terras onde hoje são limites de Mucuri. Mas Zacimba não esqueceu de seu povo que ainda era escravizado e passou o resto da sua vida libertando os escravos, atacando os navios negreiros que os traziam como prisioneiros. Ela liderou a fundação de um quilombo às margens da praia do Riacho Doce, de onde dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos no porto próximo à aldeia de São Mateus, libertando os negros recém-chegados.
Após vencer uma guerra em defesa do seu povo negro contra a invasão portuguesa na região costeira da Praia do Riacho Doce (Local de divisa de Mucuri-BA e Conceição da Barra-ES), Zacimba Gaba morreu como uma princesa guerreira, fuzilada em um confronto durante a invasão de um navio para libertar seu povo nas águas do rio Cricaré, no ano de 1709, aos 39 anos. Para nativos, ativistas culturais, ambientalistas, jornalistas, escritores, acadêmicos, intelectuais e estudiosos, a princesa Zacimba Gama é o maior patrimônio literário da história de Mucuri e uma das maiores personagens históricas brasileiras.
EFBM – Estrada de Ferro Bahia Minas
A EFBM – Estrada de Ferro Bahia Minas iniciou a sua construção em 1881 no distrito de Ponta de Areia em Caravelas (BA) e chegou ao seu ponto definitivo em Araçuaí (MG), no médio Vale Jequitinhonha em 7 de setembro de 1942. Com a chegada da EFBM na cidade de Teófilo-Otoni com sua estação inaugurada em 3 de maio de 1898, a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri encerrou suas atividades. Os primeiros imigrantes na região de Mucuri foram os membros da família italiana Gazzinelli. Depois vieram os Borges, Kochs, Saúdes, Schappers, Kammietts, Câmara, Ribeiros, Costas, Limas, Cunhas e outros.
Formação administrativa
Além da cidade/sede, Mucuri possui 3 distritos: Itabatã, Taquarinha e Ibiranhém. São 9 povoados: Belo Cruzeiro, São Jorge, 31 de Março “Divisa”, Cruzelândia, Nova Brasília, Oliveira Costa, Campo Formoso e os balneários de Costa Dourada e Praia Dois, além de 4 povoamentos surgidos de assentamentos agrários: Paulo Freire, Jequitibá, Lagoa Bonita e Zumbi dos Palmares “Fazenda Esperança” e mais 54 comunidades rurais. A sede do município fica estabelecida à beira do Oceano Atlântico e às margens do cruzamento da BA-698 com a BA-001 e o seu território é cortado de norte a sul pela rodovia federal BR-101.
Geografia
Mucuri possui 18 praias em 45 km de litoral, e o município está no limite sul do estado da Bahia, fazendo, portanto, divisas com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Litoral
Com 45 quilômetros de litoral entre praias urbanas e virgens com belíssimas falésias e inúmeros coqueirais, sendo 14,3 Km no litoral norte e 30,7 Km no litoral sul, tendo como divisa do limite Norte-Sul, a foz do rio Mucuri. O município de Mucuri está situado na zona turística da Costa das Baleias, com 18 praias pela ordem de norte/sul: Praia Jacutinga, Praia Jardim das Tartarugas, Praia da Vila, Praia Baía do Sol, Praia do Pôr do Sol, Praia das Malvinas (Praia da Orla/Praia do Centro/Praia da Barra), Praia da Ponta “Boca da Barra”, Praia da Gamboa, Praia da Barra Nova (Vista Linda), Praia do Gesuel, Praia do Camurugi, Praia do Rio das Ostras “Sossego” ou “Domingo”, Praia dos Coqueiros, Costa Dourada, Praia Dois, Cacimba do Padre, Lençóis e Riacho Doce.
A Princesa de Mucuri
A Praia do Riacho Doce, além da sua beleza natural, guarda uma história fascinante à luz da imortal Zacimba Gaba, a personagem cultural mais importante da biografia do município de Mucuri. Ela foi uma princesa do reino de Cabinda, na Angola, África, nascida no século 17, que foi trazida escravizada da África para o Brasil em 1690, quando na época à cidade de Cabinda, foi praticamente dizimada pelas tropas portuguesas e seus sobreviventes foram capturados e trazidos ao Brasil como escravos.
Aos 20 anos de idade, Zacimba Gaba foi leiloada e vendida ao fazendeiro português José Trancoso, no porto de São Mateus, no extremo norte do Espírito Santo, com mais uma dúzia de negros escravizados de Angola, uma “negrinha de feições finas e olhos esfumaçantes” que todos os pretos chamavam de princesa, sem imaginar, por certo, que estava levando para a sua fazenda, uma jovem negra que exercia total influência sobre os escravos e, que, mais tarde, iria ser uma das precursoras nas lutas dos negros contra o regime de escravidão na região e, foi em território de Mucuri, que ela escreveu sua saga de resistência, coragem e sabedoria.
Hidrografia
A sua bacia hidrográfica e homônima é formada a partir da junção de dois rios: Rio Mucuri do Norte, cuja nascente fica no município de Ladainha e Rio Mucuri do Sul, que nasce no município de Malacacheta. O rio Mucuri possui seis afluentes representativos, inclusive o rio Todos os Santos (margem direita) e o rio Pampã (margem esquerda), banhando 13 municípios mineiros e 1 baiano: Malacacheta, Ladainha, Poté, Teófilo-Otoni, Itaipé, Catuji, Caraí, Novo Oriente de Minas, Pavão, Crisólita, Carlos Chagas, Nanuque, Serra dos Aimorés e Mucuri. A colonização do Vale do Mucuri foi iniciada somente em 1852 para a exploração de madeira.
Clima
Em Mucuri, o verão é quente, opressivo, com precipitação e de céu quase encoberto; o inverno é agradável, abafado e de céu quase sem nuvens. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 19 °C a 31 °C e raramente é inferior a 17 °C ou superior a 33 °C.
Baseado no índice de praia/piscina, as melhores épocas do ano para visitar Mucuri e realizar atividades de clima quente são do fim de abril ao meio de julho e do fim de julho ao meio de outubro.
A estação quente permanece por 3,1 meses, de 1 de janeiro a 5 de abril, com temperatura máxima média diária acima de 30 °C. O mês mais quente do ano em Mucuri é fevereiro, com a máxima de 31 °C e mínima de 23 °C, em média.
A estação fresca permanece por 3,4 meses, de 7 de junho a 20 de setembro, com temperatura máxima diária em média abaixo de 27 °C. O mês mais frio do ano em Mucuri é julho, com a mínima de 19 °C e máxima de 27 °C, em média.
Economia
A antiga vila de pescadores do Mucuri viu surgindo no seu território, no início da década de 1980, indústrias, a ampliação do comércio e do setor imobiliário com construção de novos conjuntos habitacionais e domicílios residências. O turismo se fortaleceu na geração de emprego e renda, além de grandes investimentos públicos e privados no município nos últimos anos, tornando-se economicamente um dos mais importantes municípios do Estado da Bahia. As suas principais atrações na sede do município além das praias e a gastronomia, são: o Parque Florestal da Praia da Barra, a Passarela Ecológica do Gigica e o Parque de Lazer Lagoa Azul.
Fundada em 23 de outubro de 1720 e pertencente à jurisdição territorial de Mucuri, o povoamento de Vila Viçosa se emancipou politicamente com o nome de Nova Viçosa em 27 de julho de 1962, herdando 1.317 km² de território, quando Mucuri passou a ficar com apenas 1.775 km². Mesmo assim, o município de Mucuri ainda possui o 7º maior território entre os 21 municípios da região extremo sul da Bahia, com uma população atual de cerca de 45 mil habitantes, conforme cálculo do IBGE de 2021.
A economia base de Mucuri gira em torno da Agricultura (produção expressiva de mandioca e mamão), Pesca, Cacau, Mel, Cana para a indústria sucroalcooleira, Cultivo do Eucalipto para a indústria da Celulose e Papel. Na pecuária, apresenta importantes rebanhos bovino, suíno e equino. Possui 185 indústrias de pequeno, médio e grande portes (com destaque para a Suzano, maior empresa nacional do ramo em patrimônio líquido, 1º lugar na posição geral na indústria de celulose na América do Sul e a maior indústria de papel do continente) e 1.266 estabelecimentos comerciais na 38ª posição dentre os 417 municípios baianos.
Mucuri é uma pequena cidade que se destaca pela alta regularidade das vendas no ano e pelo elevado potencial de consumo. Por outro lado, o pequeno número de novas oportunidades claras de negócios é um fator de atenção.
De janeiro a outubro de 2024, foram registradas 4,1 mil admissões formais e 3,6 mil desligamentos, resultando em um saldo positivo de 461 novos trabalhadores.
Até novembro de 2024 houve registro de 12 novas empresas em Mucuri, sendo que a maioria delas atua com estabelecimento fixo. Neste último mês, não foi identificada nenhuma nova empresa.
Eventos
As festas tradicionais da cidade de Mucuri são Réveillon, Carnaval e festa junina do Peroá no período do São Pedro. O calendário do carnaval é a época do ano que atrai milhares de pessoas à cidade, procedentes dos mais diversos cantos do país, principalmente de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Brasília, quando Mucuri é transformada na capital dos mineiros. O município é portal de entrada da Bahia e do nordeste brasileiro, fazendo fronteira com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Referências para o texto: Wikipédia ; Weather Spark ; Caravela ; Site da Prefeitura Municipal .