Barra de São Francisco é um município brasileiro situado na região noroeste do estado do Espírito Santo, integrante da região sudeste do Brasil. Sua população, segundo o Censo do IBGE, em 2022, era de 42.498 habitantes.
A cidade é a 13ª mais populosa do Espírito Santo e a segunda mais populosa do noroeste capixaba, atrás de Nova Venécia. A agricultura foi, ao longo de décadas, o principal motor econômico do município, principalmente a produção de café[, mas, nos últimos anos, Barra de São Francisco se fortaleceu como polo de extrativismo mineral. A cidade tem a maior jazida de granito amarelo do mundo.
O nome do município faz referência a uma particularidade geográfica: é dentro do seu território que o Rio São Francisco encontra sua barra, ou seja, deságua no Rio Cricaré.
A cidade tem o epíteto de "sentinela capixaba", que faz referência ao papel histórico de permanente vigilância que exerceu ao longo do Contestado entre os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. Durante o período, a região foi alvo de disputa entre as duas unidades federativas.
Barra de São Francisco também é conhecida como a "terra do granito". Isso se deve ao título de capital estadual do granito, concedido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, em 2012.
História
O território do atual município de Barra de São Francisco recebeu, no inicio do século XX, seus primeiros colonizadores, procedentes de Colatina e do Estado de Minas Gerais.
Esses colonizadores, que vieram em busca de terras férteis devolutas para a formação de lavouras cafeeiras, fundaram, na confluência dos Rios São Francisco e Itaúnas, o patrimônio da Capela de São Sebastião.
Com a denominação de Barra de São Francisco, por estar localizado na confluência dos Rios São Francisco e Itaúnas, o Patrimônio de São Sebastião foi elevado, em 1938, à sede de distrito e, em 1943, instalou-se oficialmente como município, desmembrado de São Mateus.
O gentílico para os nascidos na cidade é francisquense
O perímetro que viria a ser a cidade de Barra de São Francisco começou a ser ocupado em 1927, com a chegada de posseiros procedentes de Minas Gerais, que buscavam terras devolutas e começaram a abrir clareiras na mata. Os primeiros ocupantes da região se instalaram na confluência entre o Rio São Francisco e o Rio Itaúnas e batizaram o local como Patrimônio de São Sebastião.
Em 24 de junho de 1935, a localidade se torna distrito de São Mateus e passa a se chamar Barra de São Francisco.
Através da Lei 15177, em 31 de outubro de 1943, Barra de São Francisco é elevada à categoria de município, desmembrado de São Mateus. A instalação ocorreu em 1º de março de 1943 e o feriado de festividade da cidade é comemorado em 04 de outubro, dia de São Francisco de Assis.
O pontapé inicial na história do local remonta ao período colonial, quando a região ainda era uma mata inexplorada. Em 08 de outubro de 1800, quando o Rio Doce foi aberto para a navegação, o governo colonial determinou a instalação de um posto de fiscalização para impedir o tráfico de pedras preciosas oriundas de terras mineiras. Em 18 de outubro de 1904, Espírito Santo e Minas Gerais estabeleceram a Serra dos Aimorés como marco físico do limite territorial entre os dois estados.
O Contestado entre Espírito Santo e Minas Gerais
Em 1911, os dois estados assinaram um convênio para ratificar a questão dos limites territoriais, mas o documento, ao invés de trazer entendimento, contribuiu para a disputa pelo espaço geográfico, pois trazia dupla denominação do maciço que serviria como marcador da divisa territorial: “Serra dos Aimorés”, ou “Serra do Souza”. A falta de clareza dessa peça legal alimentou a imprecisão sobre o limite territorial entre as duas unidades federativas na região.
A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal em 1914, momento em que o órgão confirmou a divisa entre os estados na Serra dos Aimorés. Essa decisão passou a ser contestada tanto pelo governo capixaba, como pelo mineiro.
Nesse contexto, uma obra importante foi inaugurada em 1928: a Ponte Florentino Avidos, em Colatina. Essa foi a primeira ligação terrestre a transpor o Rio Doce no território espírito-santense, facilitando o acesso de contingentes populacionais originários de outras regiões do estado, em busca de terras para se estabelecer.
Em 1937, um edital do governo mineiro afirmava que a então região capixaba de Mantena pertencia a Minas Gerais. Esse documento reacendeu a disputa entre os dois estados e iniciou um período de escalada de tensão na região.
Isso aconteceu porque toda a área contestada passou a viver sob dupla jurisdição Como os dois estados reivindicavam a posse do território, os registros de imóveis e de terras feitos em cartórios do Espírito Santo não eram reconhecidos pelos mineiros e vice-versa.
Em uma região praticamente inexplorada e com grandes áreas de terras devolutas, essa situação levou ao aumento da insegurança entre a população, uma vez que, sem garantias da Justiça, os conflitos pela posse de terras evoluíam para disputas violentas, que deixaram um número incerto de vítimas.
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas enviou homens do Serviço Geográfico do Exército à região, para resolver a situação. A comitiva, formada por geógrafos e engenheiros, elaborou um mapa, no qual constavam as mesmas divisas territoriais anteriores, o que desagradou a ambos os estados.
A partir de 1942 a tensão na região contestada aumentou. A animosidade entre capixabas e mineiros, civis ou militares, era grande. Relatos da época registraram o assassinato de um policial mineiro por um militar capixaba, após insultos e provocações. Em 1948, o Governo do Espírito Santo determinou a ocupação da área em disputa por um efetivo de 600 agentes de segurança. No ano seguinte, os dois estados enviaram novos contingentes de policiais para a região.
O conflito entre as forças de segurança capixabas e mineiras jamais chegou a ocorrer, mas o envio de tropas era uma forma de demonstração de força e de intimidação de parte a parte. A tensão na região permaneceu elevada até 1958, quando os governos estaduais retomaram negociações para um entendimento sobre o estabelecimento dos limites territoriais, após novo julgamento do STF não oferecer uma solução definitiva.
O Contestado se encerrou no dia 15 de setembro de 1963, com o acordo de efetiva divisão entre as partes e o tratado de paz, assinado pelos governadores Francisco Lacerda de Aguiar, do Espírito Santo, e Magalhães Pinto, de Minas Gerais. Ficou definido que a cidade de Mantena passaria a fazer parte do estado mineiro, enquanto Barra de São Francisco permaneceria integrada ao solo capixaba.
Atualmente, um obelisco de granito, localizado às margens da BR-381, no local da divisa entre os estados, celebra a paz entre capixabas e mineiros, com os dizeres: “este monumento demarca a linha de união entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, inspirado nos sentimentos de brasilidade dos mineiros e espírito-santenses, interpretados pelos governadores José de Magalhães Pinto e Francisco Lacerda de Aguiar."
Em 2013, quando foi comemorado o aniversário de 50 anos do fim do Contestado, o local recebeu um evento comemorativo, com a presença dos então governadores Renato Casagrande, do Espírito Santo, e Antônio Anastasia, de Minas Gerais. Os dois reforçaram os desejos de paz e de boa convivência entre os povos dos dois estados.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Barra de São Francisco em, 24 de junho de 1935, subordinado ao município de São Mateus.
Em divisão territorial datada de 31de dezembro de 1936, o distrito de Barra de São Francisco permanece no município de São Mateus.
Elevado à categoria de município com a denominação de Barra de São Francisco, pelo Decreto Lei Estadual nº 15.177, de 31 de dezembro de 1943, desmembrado de São Mateus. Sede no antigo distrito de Barra de São Francisco. Constituído de 4 distritos: Barra de São Francisco, Ametista, Gabriel Emílio e Joeirana. Desmembrado de Conceição da Barra. Instalado em 01 de março de 1944.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 4 distritos: Barra de São Francisco, Ametista, Gabriel Emílio e Joeirana.
Pela Lei Estadual nº 166, de 24 de dezembro de 1948, desmembra do município de Barra de São Francisco o distrito de Ametista. Elevado à categoria de município.
Pela Lei Estadual nº 167, de 24 de dezembro de 1948, desmembra do município de Barra de São Francisco o distrito de Joeirana. Elevado à categoria de município.
Pela Lei Estadual nº 265, de 22 de outubro de 1949, são criados os distritos de Água Doce e Paulista e anexados ao município de Barra de São Francisco.
Pela Lei Estadual nº 776, de 29 de dezembro de 1953, são criados os distritos de Poranga e Santo Agostinho e anexado ao município de Barra de São Francisco. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960.
Pela Lei Estadual nº 1.892, de 09 de dezembro de 1963, são criados os distritos de Cachoeirinha de Itaúna e Monte Sinai e anexados ao município de Barra de São Francisco.
O distrito de Gabriel Emílio, localizado na Serra dos Aimorés, passou a pertencer ao Estado de Minas Gerais, conforme acordo ente os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Espírito Santo: Decreto Estadual nº 264, de 15 de setembro de 1963 e Minas Gerais: Decreto Estadual nº 7.166, de 15 de setembro de 1963).
Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído de 7 distritos: Barra de São Francisco, Água Doce, Cachoeirinha de Itaúna, Monte Sinai, Paulista, Poranga e Santo Agostinho.
Pela Lei Estadual nº 1.958, de 1º de janeiro de 1964, são criados os distritos de Governador Lacerda de Aguiar, Itaperuna, Santo Antônio e Vila Nelita e anexados ao município de Barra de São Francisco.
Em divisão territorial datada de 1º de janeiro de 1979, o município é constituído de 11 distritos: Barra de São Francisco, Água Doce, Cachoeirinha de Itaúna, Governador Lacerda de Aguiar, Itaperuna, Monte Sinai, Paulista, Poranga , Santo Agostinho, Santo Antônio e Vila Nelita.
Pela Lei Estadual nº 4.166, de 28 de julho de 1988, é criado o distrito de Santa Luzia do Azul anexado ao município de Barra de São Francisco.
Pela Lei Estadual nº 4.166, de 06 de maio de 1988, desmembra do município de Barra de São Francisco os distritos de Água Doce do Norte, Governador Lacerda de Aguiar, Santa Luzia do Azul, Santo Agostinho e Vila Nelita. Para formar o novo município de Água Doce do Norte.
Em divisão territorial datada de 1º de junho de 1995, o município é constituído de 7 distritos: Barra de São Francisco, Cachoeira de Itaúna, Itaperuna, Monte Sinai, Paulista, Poranga e Santo Antônio.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Economia
O Contestado marcou o desenvolvimento econômico de Barra de São Francisco a partir da segunda metade do século XX. Isso aconteceu porque, durante o período de disputa entre os dois estados, o governo mineiro investiu na instalação de equipamentos públicos na região de Mantena. Estradas, escolas, postos policiais e de saúde, entre outros serviços públicos, conferiram maior infraestrutura para a cidade mineira, tornando-a mais atrativa e desenvolvida, além de demarcar a área que Minas Gerais queria manter para si. Estagnada e sem os mesmos investimentos da vizinha, Barra de São Francisco vivia relação de certa dependência com Mantena.
O café, desde o início, foi o grande destaque da economia de Barra de São Francisco até a década de 1960, quando o Espírito Santo e o Brasil passaram a implementar a Política de Erradicação dos Cafezais. O plano, montado pelo Governo Federal, visava desestimular o plantio do café para evitar as supersafras, que derrubavam o preço do produto, tornando-o pouco vantajoso.
Esse foi um período de grande esvaziamento do município, com notável êxodo de pessoas que, em busca de mais perspectivas, migraram da região de Barra de São Francisco para o estado de Rondônia, onde havia disponibilidade de terras baratas e incentivo do Governo Federal para a ocupação.
Quem ficou, observou o foco da economia do município mudar do café para a pecuária. No ramo agrícola, o cultivo de milho, feijão, arroz e cana, passou a se destacar, até os anos 1970, quando recomeçou o estímulo ao plantio do café, cultura que, até hoje, representa um percentual considerável do PIB francisquense.
A nova fronteira econômica da cidade é a extração mineral, sobretudo de granito. A mineração trouxe um novo impulso à economia da cidade, que possui as maiores jazidas de granito amarelo do mundo, com previsão de exploração ao longo de 2 mil anos.
Com o desenvolvimento trazido pela atividade mineradora, Barra de São Francisco se desenvolveu. Hoje, a cidade capixaba conta com muitas indústrias, empregos, comércio e instituições de ensino.
Desde 2007, Barra de São Francisco faz parte da área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), obtendo, com isso, benefícios fiscais que estimulam a atração de investimentos. Empresas que se instalam nessas áreas contam com desconto de até 75% no Imposto de Renda Pessoa Jurídica, além de descontos no PIS/Pasep e Cofins para aquisição de maquinário.
Geografia
Clima
De acordo com a classificação climática de Koppen-Geiger, Barra de São Francisco tem clima do tipo Aw, ou seja, tropical chuvoso, com estação seca no inverno. Agosto é o mês mais frio, com média de temperatura de 18ºC, podendo chegar a 16ºC, e precipitação inferior a 60 mm.
A temperatura média anual em Barra de São Francisco é de 24,5ºC, sendo fevereiro o mês com a média mais alta: 26,9ºC, com máximas de até 33,8ºC. O primeiro trimestre do ano costuma ser o mais quente na cidade, enquanto o terceiro trimestre é o mais frio, mas com a maior amplitude térmica.
Anualmente, em média, o município recebe 1.104,2 mm de chuva. O período chuvoso é entre outubro e abril e concentra 87,2% do acumulado total anual, com média de 963,3 mm. Entre maio e setembro, ocorre o período mais seco, com acumulado médio de 140,3 mm.
Hidrografia
Barra de São Francisco está localizada na bacia hidrográfica do Rio Cricaré. Afluentes de maior fluxo de água, como o Rio São Francisco e o Rio Itaúnas atravessam a sede do município. O território francisquense possui diversas nascentes, mas que não se encontram conservadas, principalmente por conta do desmatamento e da falta de obediência à legislação ambiental.
Além do São Francisco e do Itaúnas, cursos-d’água de menor vazão também cortam a área da mancha urbana de Barra de São Francisco, como o córrego Miracema e o córrego Estrela. A hidrografia presente na área urbana da cidade encontra-se degradada e assoreada, recebendo esgoto in natura das residências. A convivência da cidade com os rios e córregos também faz com que alguns bairros, como Centro, Campo Novo, Carabina, Nossa Senhora da Penha e Irmãos Fernandes estejam suscetíveis a enchentes.
Em dezembro de 2013, a cheia histórica dos rios São Francisco e Itaúnas provocou cinco inundações na cidade em um espaço de uma semana. Na época, a prefeitura calculou um prejuízo superior a R$ 35 milhões.
Vegetação
Originalmente, o território de Barra de São Francisco era completamente coberto pela Floresta Atlântica. Porém, estima-se que, atualmente, a vegetação original ocupe apenas 4% do território.
Relevo
A área onde está situada Barra de São Francisco conta com um elevado número de rochas, compondo a Serra dos Aimorés. As formações rochosas apresentam altitudes de até 1.500 metros.
Parques
Em 1999, foi inaugurado o Parque Municipal Sombra da Tarde, às margens da rodovia ES-320. Localizado a cerca de um quilômetro da sede do município, o parque é cortado pelo Rio São Francisco e conta com uma reserva florestal com remanescentes da fauna e da flora da mata atlântica brasileira.
Turismo
Por conta das características do seu relevo, a região de Barra de São Francisco tem potencial para a prática de esportes considerados radicais, como escalada, parapente e para realização de trilhas que levam até algumas cachoeiras, como a Cachoeira dos Mol, Cachoeira do Granito e Cachoeira do Denzol. No entanto, o desenvolvimento das atividades de turismo ligado à natureza ainda é incipiente.
Transportes
O principal modal de transporte em Barra de São Francisco é o rodoviário e a cidade é cortada pelas rodovias ES-080, ES-320, ES-220 e BR-381, que teve sua concessão estadualizada no trecho capixaba, denominando-se ES-381.
A malha rodoviária do município também é composta por estradas vicinais que fazem a ligação da sede com comunidades mais afastadas, predominantemente de característica rural.
Referências para o texto: Wikipédia ; Site Câmara Municipal .
A cidade é a 13ª mais populosa do Espírito Santo e a segunda mais populosa do noroeste capixaba, atrás de Nova Venécia. A agricultura foi, ao longo de décadas, o principal motor econômico do município, principalmente a produção de café[, mas, nos últimos anos, Barra de São Francisco se fortaleceu como polo de extrativismo mineral. A cidade tem a maior jazida de granito amarelo do mundo.
O nome do município faz referência a uma particularidade geográfica: é dentro do seu território que o Rio São Francisco encontra sua barra, ou seja, deságua no Rio Cricaré.
A cidade tem o epíteto de "sentinela capixaba", que faz referência ao papel histórico de permanente vigilância que exerceu ao longo do Contestado entre os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. Durante o período, a região foi alvo de disputa entre as duas unidades federativas.
Barra de São Francisco também é conhecida como a "terra do granito". Isso se deve ao título de capital estadual do granito, concedido pelo Governo do Estado do Espírito Santo, em 2012.
História
O território do atual município de Barra de São Francisco recebeu, no inicio do século XX, seus primeiros colonizadores, procedentes de Colatina e do Estado de Minas Gerais.
Esses colonizadores, que vieram em busca de terras férteis devolutas para a formação de lavouras cafeeiras, fundaram, na confluência dos Rios São Francisco e Itaúnas, o patrimônio da Capela de São Sebastião.
Com a denominação de Barra de São Francisco, por estar localizado na confluência dos Rios São Francisco e Itaúnas, o Patrimônio de São Sebastião foi elevado, em 1938, à sede de distrito e, em 1943, instalou-se oficialmente como município, desmembrado de São Mateus.
O gentílico para os nascidos na cidade é francisquense
O perímetro que viria a ser a cidade de Barra de São Francisco começou a ser ocupado em 1927, com a chegada de posseiros procedentes de Minas Gerais, que buscavam terras devolutas e começaram a abrir clareiras na mata. Os primeiros ocupantes da região se instalaram na confluência entre o Rio São Francisco e o Rio Itaúnas e batizaram o local como Patrimônio de São Sebastião.
Em 24 de junho de 1935, a localidade se torna distrito de São Mateus e passa a se chamar Barra de São Francisco.
Através da Lei 15177, em 31 de outubro de 1943, Barra de São Francisco é elevada à categoria de município, desmembrado de São Mateus. A instalação ocorreu em 1º de março de 1943 e o feriado de festividade da cidade é comemorado em 04 de outubro, dia de São Francisco de Assis.
O pontapé inicial na história do local remonta ao período colonial, quando a região ainda era uma mata inexplorada. Em 08 de outubro de 1800, quando o Rio Doce foi aberto para a navegação, o governo colonial determinou a instalação de um posto de fiscalização para impedir o tráfico de pedras preciosas oriundas de terras mineiras. Em 18 de outubro de 1904, Espírito Santo e Minas Gerais estabeleceram a Serra dos Aimorés como marco físico do limite territorial entre os dois estados.
O Contestado entre Espírito Santo e Minas Gerais
Em 1911, os dois estados assinaram um convênio para ratificar a questão dos limites territoriais, mas o documento, ao invés de trazer entendimento, contribuiu para a disputa pelo espaço geográfico, pois trazia dupla denominação do maciço que serviria como marcador da divisa territorial: “Serra dos Aimorés”, ou “Serra do Souza”. A falta de clareza dessa peça legal alimentou a imprecisão sobre o limite territorial entre as duas unidades federativas na região.
A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal em 1914, momento em que o órgão confirmou a divisa entre os estados na Serra dos Aimorés. Essa decisão passou a ser contestada tanto pelo governo capixaba, como pelo mineiro.
Nesse contexto, uma obra importante foi inaugurada em 1928: a Ponte Florentino Avidos, em Colatina. Essa foi a primeira ligação terrestre a transpor o Rio Doce no território espírito-santense, facilitando o acesso de contingentes populacionais originários de outras regiões do estado, em busca de terras para se estabelecer.
Em 1937, um edital do governo mineiro afirmava que a então região capixaba de Mantena pertencia a Minas Gerais. Esse documento reacendeu a disputa entre os dois estados e iniciou um período de escalada de tensão na região.
Isso aconteceu porque toda a área contestada passou a viver sob dupla jurisdição Como os dois estados reivindicavam a posse do território, os registros de imóveis e de terras feitos em cartórios do Espírito Santo não eram reconhecidos pelos mineiros e vice-versa.
Em uma região praticamente inexplorada e com grandes áreas de terras devolutas, essa situação levou ao aumento da insegurança entre a população, uma vez que, sem garantias da Justiça, os conflitos pela posse de terras evoluíam para disputas violentas, que deixaram um número incerto de vítimas.
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas enviou homens do Serviço Geográfico do Exército à região, para resolver a situação. A comitiva, formada por geógrafos e engenheiros, elaborou um mapa, no qual constavam as mesmas divisas territoriais anteriores, o que desagradou a ambos os estados.
A partir de 1942 a tensão na região contestada aumentou. A animosidade entre capixabas e mineiros, civis ou militares, era grande. Relatos da época registraram o assassinato de um policial mineiro por um militar capixaba, após insultos e provocações. Em 1948, o Governo do Espírito Santo determinou a ocupação da área em disputa por um efetivo de 600 agentes de segurança. No ano seguinte, os dois estados enviaram novos contingentes de policiais para a região.
O conflito entre as forças de segurança capixabas e mineiras jamais chegou a ocorrer, mas o envio de tropas era uma forma de demonstração de força e de intimidação de parte a parte. A tensão na região permaneceu elevada até 1958, quando os governos estaduais retomaram negociações para um entendimento sobre o estabelecimento dos limites territoriais, após novo julgamento do STF não oferecer uma solução definitiva.
O Contestado se encerrou no dia 15 de setembro de 1963, com o acordo de efetiva divisão entre as partes e o tratado de paz, assinado pelos governadores Francisco Lacerda de Aguiar, do Espírito Santo, e Magalhães Pinto, de Minas Gerais. Ficou definido que a cidade de Mantena passaria a fazer parte do estado mineiro, enquanto Barra de São Francisco permaneceria integrada ao solo capixaba.
Atualmente, um obelisco de granito, localizado às margens da BR-381, no local da divisa entre os estados, celebra a paz entre capixabas e mineiros, com os dizeres: “este monumento demarca a linha de união entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, inspirado nos sentimentos de brasilidade dos mineiros e espírito-santenses, interpretados pelos governadores José de Magalhães Pinto e Francisco Lacerda de Aguiar."
Em 2013, quando foi comemorado o aniversário de 50 anos do fim do Contestado, o local recebeu um evento comemorativo, com a presença dos então governadores Renato Casagrande, do Espírito Santo, e Antônio Anastasia, de Minas Gerais. Os dois reforçaram os desejos de paz e de boa convivência entre os povos dos dois estados.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Barra de São Francisco em, 24 de junho de 1935, subordinado ao município de São Mateus.
Em divisão territorial datada de 31de dezembro de 1936, o distrito de Barra de São Francisco permanece no município de São Mateus.
Elevado à categoria de município com a denominação de Barra de São Francisco, pelo Decreto Lei Estadual nº 15.177, de 31 de dezembro de 1943, desmembrado de São Mateus. Sede no antigo distrito de Barra de São Francisco. Constituído de 4 distritos: Barra de São Francisco, Ametista, Gabriel Emílio e Joeirana. Desmembrado de Conceição da Barra. Instalado em 01 de março de 1944.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de 4 distritos: Barra de São Francisco, Ametista, Gabriel Emílio e Joeirana.
Pela Lei Estadual nº 166, de 24 de dezembro de 1948, desmembra do município de Barra de São Francisco o distrito de Ametista. Elevado à categoria de município.
Pela Lei Estadual nº 167, de 24 de dezembro de 1948, desmembra do município de Barra de São Francisco o distrito de Joeirana. Elevado à categoria de município.
Pela Lei Estadual nº 265, de 22 de outubro de 1949, são criados os distritos de Água Doce e Paulista e anexados ao município de Barra de São Francisco.
Pela Lei Estadual nº 776, de 29 de dezembro de 1953, são criados os distritos de Poranga e Santo Agostinho e anexado ao município de Barra de São Francisco. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1º de julho de 1960.
Pela Lei Estadual nº 1.892, de 09 de dezembro de 1963, são criados os distritos de Cachoeirinha de Itaúna e Monte Sinai e anexados ao município de Barra de São Francisco.
O distrito de Gabriel Emílio, localizado na Serra dos Aimorés, passou a pertencer ao Estado de Minas Gerais, conforme acordo ente os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Espírito Santo: Decreto Estadual nº 264, de 15 de setembro de 1963 e Minas Gerais: Decreto Estadual nº 7.166, de 15 de setembro de 1963).
Em divisão territorial datada de 31 de dezembro de 1963, o município é constituído de 7 distritos: Barra de São Francisco, Água Doce, Cachoeirinha de Itaúna, Monte Sinai, Paulista, Poranga e Santo Agostinho.
Pela Lei Estadual nº 1.958, de 1º de janeiro de 1964, são criados os distritos de Governador Lacerda de Aguiar, Itaperuna, Santo Antônio e Vila Nelita e anexados ao município de Barra de São Francisco.
Em divisão territorial datada de 1º de janeiro de 1979, o município é constituído de 11 distritos: Barra de São Francisco, Água Doce, Cachoeirinha de Itaúna, Governador Lacerda de Aguiar, Itaperuna, Monte Sinai, Paulista, Poranga , Santo Agostinho, Santo Antônio e Vila Nelita.
Pela Lei Estadual nº 4.166, de 28 de julho de 1988, é criado o distrito de Santa Luzia do Azul anexado ao município de Barra de São Francisco.
Pela Lei Estadual nº 4.166, de 06 de maio de 1988, desmembra do município de Barra de São Francisco os distritos de Água Doce do Norte, Governador Lacerda de Aguiar, Santa Luzia do Azul, Santo Agostinho e Vila Nelita. Para formar o novo município de Água Doce do Norte.
Em divisão territorial datada de 1º de junho de 1995, o município é constituído de 7 distritos: Barra de São Francisco, Cachoeira de Itaúna, Itaperuna, Monte Sinai, Paulista, Poranga e Santo Antônio.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Economia
O Contestado marcou o desenvolvimento econômico de Barra de São Francisco a partir da segunda metade do século XX. Isso aconteceu porque, durante o período de disputa entre os dois estados, o governo mineiro investiu na instalação de equipamentos públicos na região de Mantena. Estradas, escolas, postos policiais e de saúde, entre outros serviços públicos, conferiram maior infraestrutura para a cidade mineira, tornando-a mais atrativa e desenvolvida, além de demarcar a área que Minas Gerais queria manter para si. Estagnada e sem os mesmos investimentos da vizinha, Barra de São Francisco vivia relação de certa dependência com Mantena.
O café, desde o início, foi o grande destaque da economia de Barra de São Francisco até a década de 1960, quando o Espírito Santo e o Brasil passaram a implementar a Política de Erradicação dos Cafezais. O plano, montado pelo Governo Federal, visava desestimular o plantio do café para evitar as supersafras, que derrubavam o preço do produto, tornando-o pouco vantajoso.
Esse foi um período de grande esvaziamento do município, com notável êxodo de pessoas que, em busca de mais perspectivas, migraram da região de Barra de São Francisco para o estado de Rondônia, onde havia disponibilidade de terras baratas e incentivo do Governo Federal para a ocupação.
Quem ficou, observou o foco da economia do município mudar do café para a pecuária. No ramo agrícola, o cultivo de milho, feijão, arroz e cana, passou a se destacar, até os anos 1970, quando recomeçou o estímulo ao plantio do café, cultura que, até hoje, representa um percentual considerável do PIB francisquense.
A nova fronteira econômica da cidade é a extração mineral, sobretudo de granito. A mineração trouxe um novo impulso à economia da cidade, que possui as maiores jazidas de granito amarelo do mundo, com previsão de exploração ao longo de 2 mil anos.
Com o desenvolvimento trazido pela atividade mineradora, Barra de São Francisco se desenvolveu. Hoje, a cidade capixaba conta com muitas indústrias, empregos, comércio e instituições de ensino.
Desde 2007, Barra de São Francisco faz parte da área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), obtendo, com isso, benefícios fiscais que estimulam a atração de investimentos. Empresas que se instalam nessas áreas contam com desconto de até 75% no Imposto de Renda Pessoa Jurídica, além de descontos no PIS/Pasep e Cofins para aquisição de maquinário.
Geografia
Clima
De acordo com a classificação climática de Koppen-Geiger, Barra de São Francisco tem clima do tipo Aw, ou seja, tropical chuvoso, com estação seca no inverno. Agosto é o mês mais frio, com média de temperatura de 18ºC, podendo chegar a 16ºC, e precipitação inferior a 60 mm.
A temperatura média anual em Barra de São Francisco é de 24,5ºC, sendo fevereiro o mês com a média mais alta: 26,9ºC, com máximas de até 33,8ºC. O primeiro trimestre do ano costuma ser o mais quente na cidade, enquanto o terceiro trimestre é o mais frio, mas com a maior amplitude térmica.
Anualmente, em média, o município recebe 1.104,2 mm de chuva. O período chuvoso é entre outubro e abril e concentra 87,2% do acumulado total anual, com média de 963,3 mm. Entre maio e setembro, ocorre o período mais seco, com acumulado médio de 140,3 mm.
Hidrografia
Barra de São Francisco está localizada na bacia hidrográfica do Rio Cricaré. Afluentes de maior fluxo de água, como o Rio São Francisco e o Rio Itaúnas atravessam a sede do município. O território francisquense possui diversas nascentes, mas que não se encontram conservadas, principalmente por conta do desmatamento e da falta de obediência à legislação ambiental.
Além do São Francisco e do Itaúnas, cursos-d’água de menor vazão também cortam a área da mancha urbana de Barra de São Francisco, como o córrego Miracema e o córrego Estrela. A hidrografia presente na área urbana da cidade encontra-se degradada e assoreada, recebendo esgoto in natura das residências. A convivência da cidade com os rios e córregos também faz com que alguns bairros, como Centro, Campo Novo, Carabina, Nossa Senhora da Penha e Irmãos Fernandes estejam suscetíveis a enchentes.
Em dezembro de 2013, a cheia histórica dos rios São Francisco e Itaúnas provocou cinco inundações na cidade em um espaço de uma semana. Na época, a prefeitura calculou um prejuízo superior a R$ 35 milhões.
Vegetação
Originalmente, o território de Barra de São Francisco era completamente coberto pela Floresta Atlântica. Porém, estima-se que, atualmente, a vegetação original ocupe apenas 4% do território.
Relevo
A área onde está situada Barra de São Francisco conta com um elevado número de rochas, compondo a Serra dos Aimorés. As formações rochosas apresentam altitudes de até 1.500 metros.
Parques
Em 1999, foi inaugurado o Parque Municipal Sombra da Tarde, às margens da rodovia ES-320. Localizado a cerca de um quilômetro da sede do município, o parque é cortado pelo Rio São Francisco e conta com uma reserva florestal com remanescentes da fauna e da flora da mata atlântica brasileira.
Turismo
Por conta das características do seu relevo, a região de Barra de São Francisco tem potencial para a prática de esportes considerados radicais, como escalada, parapente e para realização de trilhas que levam até algumas cachoeiras, como a Cachoeira dos Mol, Cachoeira do Granito e Cachoeira do Denzol. No entanto, o desenvolvimento das atividades de turismo ligado à natureza ainda é incipiente.
Transportes
O principal modal de transporte em Barra de São Francisco é o rodoviário e a cidade é cortada pelas rodovias ES-080, ES-320, ES-220 e BR-381, que teve sua concessão estadualizada no trecho capixaba, denominando-se ES-381.
A malha rodoviária do município também é composta por estradas vicinais que fazem a ligação da sede com comunidades mais afastadas, predominantemente de característica rural.
Referências para o texto: Wikipédia ; Site Câmara Municipal .