Mossoró é um município brasileiro no interior do estado do Rio Grande do Norte, situado no oeste Potiguar, Região Nordeste do país.
Localizada entre duas capitais, Natal e Fortaleza, às quais são ligadas pela BR-304, Mossoró é uma das principais cidades do interior nordestino, e atualmente vive um intenso crescimento econômico e de infraestrutura, considerada uma das cidades de médio porte brasileiras mais atraentes para investimentos no país. O município é o maior produtor em terra de petróleo no país, como também de sal marinho. A fruticultura irrigada, voltada em grande parte para a exportação, também possui relevância na economia do estado.
As festividades realizadas na cidade anualmente atraem uma enorme quantidade de turistas, como o Mossoró Cidade Junina, um dos maiores arraiás do Brasil, e o Auto da Liberdade, o maior espetáculo brasileiro em palco ao ar livre.
Reduto cultural, o município é marcado pelo Motim das Mulheres, pelo primeiro voto feminino do país, por ter libertado seus escravos cinco anos antes da Lei Áurea, sem falar da resistência histórica ao bando de Lampião. O município foi desmembrado de Assu em 1852 e tinha o nome de Vila de Santa Luzia de Mossoró. Hoje, conhecida como a "Capital do Oeste", destaca-se também pelo turismo de negócios.
Toponímia - Não se sabe ao certo a origem do topônimo "Mossoró", mas existem várias versões contadas a respeito desse assunto. Conta-se que o nome provém de "Monxoró", nome atribuído aos primeiros indígenas que habitavam a região. Outros dizem que o nome vem de "Mororó", árvore resistente e flexível.
De acordo com as atuais regras de ortografia da língua portuguesa, a grafia correta é Moçoró, pois prescreve-se o uso da letra "ç" para palavras de origem tupi. O nome vem do tupi e quer dizer erosão, corte, ruptura. Ao longo dos anos, a grafia foi alterada para mo-so-'roka, mossoró e finalmente para moçoró. Do mesmo vocábulo vem moçoroense, que é o natural do município.
História
Origens e emancipação - Por volta de 1600, por meio de cartas e documentos que faziam referência às salinas existentes na região, acredita-se que, pela primeira vez, o território que hoje corresponde ao município de Mossoró teria sido povoado. De acordo com Luís da Câmara Cascudo, historiador potiguar experiente e notório, os holandeses Gedeon Morris de Jonge e Elbert Smiente extraíam o sal existente na região até meados de 1644.
Dom Fernando Martins Mascarenhas, que era governador de Pernambuco, concedeu, em 1701, terras em Paneminha ao Convento do Carmo de Recife, com sesmarias de entrada em volta, que ainda hoje pertencem ao município de Mossoró. Do mesmo modo, foram sendo concedidas mais terras a brasileiros e portugueses.
Durante o século XVIII, às margens de um rio, várias fazendas instaladas por proprietários vindos de outras regiões. A população desses lugares era restrita somente aos vaqueiros, criadores e procuradores da fazenda, uma vez que seus donatários moravam geralmente fora de suas propriedades, como em Natal ou em outras províncias vizinhas, como a Paraíba e o Ceará. Acredita-se que as primeiras pessoas a se instalarem de forma definitiva em suas propriedades foram as famílias Gamboa, Guilherme e Ausentes, que habitavam locais situados às margens do Rio Mossoró, e foram se espalhando para outros lugares até chegarem a Apodi.
Ainda no século XVIII, mudou-se para o mesmo lugar o sargento-mor português Antônio de Souza Machado e sua família, em meados de 1760, com anseio de povoar aquele lugar. Ele foi proprietário da fazenda Santa Luzia e mandou construir uma capela de Santa Luzia, um dos marcos fundamentais ao surgimento de Mossoró. A capela foi fundada oficialmente no dia 5 de agosto de 1772.
Em 1842, o pequeno povoado tornou-se uma freguesia, cuja população se restringia a um quadro em frente à capela de Santa Luzia. Em 15 de março de 1852, a lei n° 246 concedeu autonomia ao povoado de Mossoró, que foi elevado à categoria de vila, desmembrando-se de Assu (na época "Princesa") e tornando-se um novo município do Rio Grande do Norte. Dez anos depois, a capela de Santa Luzia foi reconstruída e tornou-se uma matriz. Mais tarde, em 9 de novembro de 1870, a vila de Mossoró foi elevada à categoria de cidade.
Conforme já citado anteriormente, a capela de Santa Luzia foi demolida e reconstruída para se tornar uma igreja matriz, em 1862. Ela foi reconstruída novamente entre os anos de 1878 e 1880. Tempos depois, o povoado de Mossoró foi experimentando um crescimento, quando a viúva do sargento-mor Antônio de Souza Machado doou terras para o povoamento do município.
Abolição da escravatura - A abolição da escravatura ocorreu em 30 de setembro de 1883, cinco antes da lei áurea. A luta para a libertação dos escravos do intenso trabalho e dos castigos físicos começou muito tempo antes. Mossoró foi, em geral, o primeiro município potiguar a abolir a escravidão. O estado do Rio Grande do Norte não chegou a ser uma unidade da federação dependente da mão de obra escrava para que pudesse ocorrer o desenvolvimento.
Em 1º de setembro de 1848, um deputado geral do Rio Grande do Norte fez um discurso geral durante uma assembleia. Em suas palavras, ele destacou e afirmou:
“Concorda em que o trabalho do escravo não é necessário. No Rio Grande do Norte há poucos escravos, e quase toda a agricultura é feita por braços livres. Conhece muitos senhores de engenho que não têm senão quatro ou cinco escravos, entretanto que têm 20, 25 e 40 trabalhadores livres, e se não os têm em maior número, é pelo pequeno salário que lhes pagão. Disto se convenceu o orador quando ali foi presidente, porque em consequência de elevar o salário a 400 reis por dia, nunca lhe faltarão operários livres para trabalharem na estrada que teve de fazer.”
Em 1862, a população total de Mossoró era de 2.493 pessoas, entre os quais 153 eram escravos. Um dos pontos que teria justificado o movimento de abolição do movimento escravista teria sido a grande seca devastadora ocorrida no Brasil de 1877 e 1878, onde milhares de pessoas sofreram, inclusive os donos e proprietários dos escravos. A partir daí, esses donatários começaram a mandar seus escravos para serem vendidos, em municípios litorâneos. Além disso, o comércio escravista também estava sendo estabelecido em Mossoró. Ao todo, várias casas de comércio foram lugares destinados à comercialização dos escravos, como, por exemplo, a Mossoró & Cia, pertencente ao Barão de Ibiapaba. Esses escravos, ao serem vendidos, eram mandados para Fortaleza, capital do Ceará, e depois enviados para províncias do sul. A ideia de abolir a escravidão ocorreu por volta de 1881, na capital cearense.
Finalmente, em 30 de setembro de 1883, o principal objetivo do movimento abolicionista foi alcançado e a escravidão foi oficialmente abolida. Essa data é considerada importante na história de Mossoró e, desde 1913, é considerado como feriado municipal. Em homenagem a este acontecimento, Mossoró foi, entre 28 e 30 de setembro de 2011, capital do Rio Grande do Norte, sendo o governo estadual transferido temporariamente de Natal para Mossoró, instalado no Casarão Lili Duarte, que é atualmente sede da vice-prefeitura de Mossoró.
Motim das mulheres e primeiro voto feminino - Celina Guimarães, primeira mulher mossoroense a tirar o título de eleitor, votando onde atualmente funciona a Biblioteca Municipal de Mossoró, em 1928. Denomina-se "motim das mulheres" o movimento liderado por Anna Floriano, cujo principal palco do motim foi a sede do jornal O Mossoroense, que ocorreu em 30 de agosto de 1875, quando cerca de trezentas mulheres saíram pelas ruas da cidade em passeata com o objetivo de protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar. As mulheres fizeram de refém o escrivão de paz e em praça pública rasgaram o livro e os papéis que recrutavam os homens mossoroenses para lutar na Guerra do Paraguai. Revoltadas, mulheres nordestinas invadiram repartições públicas e delegacias, armadas com pedras e pedaços de pau, para rasgar documentos que convocavam seus maridos para o Exército ou para a Marinha. Atualmente, o Motim das Mulheres é apresentado em um espetáculo encenado no Auto da Liberdade.
Outro ato libertário considerado importante para toda a história de Mossoró foi o primeiro voto feminino do Brasil, ocorrido em 1928, um episódio considerado de grande relevância no mundo, uma vez que a maioria dos países também proibia o voto feminino. Na época, a constituição brasileira, datada de 1891, permitia apenas aos ricos o direito ao voto. As mulheres, escravos, analfabetos e pobres não tinham esse direito. Foi em 1928 que Celina Guimarães Viana, professora e árbitra de futebol, obteve o primeiro título eleitoral e o primeiro voto feminino do país. Isso levou mulheres potiguares e de outros nove estados brasileiros a fazerem um grande movimento nas ruas das cidades para reivindicarem o direito ao voto, que já havia sido conquistado no Rio Grande do Norte. No Brasil, as mulheres só ganharam o direito ao voto somente seis anos depois, em 1934, durante o governo do presidente Getúlio Vargas.
Resistência ao bando de Lampião - Mais um importante ato libertário ocorrido em Mossoró, ano de 1927, foi a resistência ao bando do cangaceiro mais famoso do nordeste brasileiro: Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como "Lampião". Nesse mesmo ano, o município experimentava um crescimento tanto no comércio e na indústria. O bando entrou no Rio Grande do Norte pelo município de Luís Gomes, entre os dias 9 de 10 de junho, percorrendo várias cidades do oeste do Rio Grande do Norte, chegando até Mossoró poucos dias depois. Nesse ataque, Lampião e seu bando sofreram sua única derrota desde o seu início da vida como cangaceiro. No dia 12 de junho, o cangaceiro e seus companheiros chegaram ao distrito de São Sebastião, atual município de Governador Dix-Sept Rosado, na época um distrito de Mossoró, hoje. Lá, ele enviou um telegrama à população de Mossoró, avisando sobre o ataque do bando, fazendo com que a cidade entrasse em desespero e levando o prefeito Rodolfo Fernandes a organizar um êxodo, montando trincheiras para conter os invasores.
Já em 13 de junho, Lampião e seu bando chegaram ao Sítio Saco. Lá, ele enviou um bilhete, que pedia uma quantidade total de 400 réis em dinheiro, para poupar a cidade de Mossoró. O prefeito de Mossoró negou e depois recebeu um segundo bilhete ameaçador. O ataque a Mossoró só começou de fato às quatro horas da tarde, quando o líder do bando dividiu seus cangaceiros em três grupos diferentes, cada um com a função de atacar um local diferente: o primeiro grupo atacou a casa do prefeito, que hoje abriga a sede da prefeitura municipal; o segundo grupo atacou a estação ferroviária de Mossoró, enquanto o terceiro teve a função de atacar o cemitério. Um hora depois, o bando recuou, deixando Colchete (morto no momento do confronto) e Jararaca para trás. Este último foi ferido, preso e morto 3 dias depois do ataque e encontra-se enterrado no mesmo cemitério que havia sido invadido pelo bando de Lampião, sendo depois um elemento de culto pelos mossoroenses.
Economia - No setor primário do município, o destaque é a fruticultura irrigada. Mossoró forma, com os municípios vizinhos Assu e Baraúna, o Polo Mossoró/Baraúna/Assu, o maior produtor de melão do Brasil, seguido pela região do Médio Jaguaribe, já no vizinho estado do Ceará. A região polarizada por Mossoró é, desde 1990, conhecida pelo Ministério da Agricultura como "Mosca da Fruta" ou "área livre da praga Anastrepha Grandis, condição que proporciona e facilita a entrada de produtos mossoroenses em outros mercados consumidores, entre os quais Estados Unidos, Japão e União Europeia.
Na indústria, Mossoró é tanto o maior produtor nacional de sal quanto de petróleo em terra. Destacam-se ainda a produção de cimento e de cerâmica, sendo encontradas várias filiais de empresas de grande porte. O município é um dos principais polos industriais do Rio Grande do Norte, ao lado de Natal, abrigando uma grande concentração de indústrias têxteis, de confecção e de artigos essencialmente voltados ao turismo. Nos últimos anos, a construção civil também tem ganhando força na economia de Mossoró.
O comércio mossoroense é um dos mais dinâmicos do estado do Rio Grande do Norte. A cidade possui alguns centros comerciais, entre os quais o Partage Shopping Mossoró, antigo Mossoró West Shopping, primeiro shopping center do município, inaugurado em 2007 e o maior centro de compras da região oeste do Rio Grande do Norte; o Atacadão, e o Hiper Bompreço, além das micro e pequenas empresas. Também há o Mercado Público de Mossoró, o mais antigo centro comercial da cidade, que foi construído no século XIX, por volta de 1875, tendo seu acabamento final dois anos depois e sendo reconstruído três décadas mais tarde.
Educação - Mossoró abriga a reitoria da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Outras instituições de ensino superior no município são o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE), a Faculdade Mather Christi, a Faculdade Diocesana de Mossoró, e a Universidade Potiguar (UNP).
Destacam-se também, no município. diversas escolas técnicas como IFRN, SENAI, Apoena Cursos Técnicos e Tereza Neo.
Cultura - É notório que, apesar de ser um polo cultural, a cidade ainda não possua um centro histórico definido. A ONG Salv'Art - Instituto de Serviço e Apoio a Arte, Cultura, Cidadania e Meio Ambiente - tem buscado apoio junto aos poderes públicos para que ele se instale na antiga praça da Redenção, hoje praça Dorian Jorge Freire, visto que ali se encontram ainda intactos muito da arquitetura antiga na cidade.
Espaços culturais e pontos turísticos - O Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, construído em 2003 pela prefeitura em conjunto com a parceria da Petrobras, possui capacidade para 740 lugares e é o principal teatro da cidade. Neste teatro, ocorrem diversos tipos de eventos, como danças, assembleias, encenações de peças teatrais e folclore. Também há o Teatro Lauro Monte Filho, com capacidade para seiscentas pessoas, mas que se encontra fechado devido a problemas estruturais.
Mossoró conta com alguns museus. O Memorial da Resistência Mossoroense possui exposições que destacam o tema do cangaço e a resistência ao bando de Lampião durante sua invasão em 1927. A Estação das Artes Elizeu Ventania, antiga estação ferroviária, abriga o Museu do Petróleo, com uma exposição diversa de materiais sobre a história do petróleo em Mossoró e no Rio Grande do Norte. O Museu Municipal Jornalista Lauro Escócia já abrigou uma antiga cadeia pública e foi criado em 1948, sendo hoje um dos monumentos pertencentes ao centro cultural do município, abrangendo exposições referentes à sua história, além de documentos históricos. O Museu de Paleontologia Vingt-Un Rosado, por sua vez, reúne espécies de fósseis da antiga ESAM (Escola Superior de Agricultura de Mossoró), hoje UFERSA.
Mossoró também conta com alguns pontos turísticos, além dos espaços culturais, entre os quais a Capela de São Vicente, a Catedral de Santa Luzia, o Cemitério São Sebastião, o Mercado Municipal e o Mercado do Bode. Principal cidade do Polo Costa Branca, Mossoró é um dos principais destinos turísticos do Rio Grande do Norte.
O Mossoró Cidade Junina, uma das maiores festas juninas do Nordeste brasileiro, chegando a atrair mais de um milhão de turistas, acontece desde 1996 na estação das artes, ao longo do mês de junho. Conta com apresentações de quadrilhas e apresentações musicais, além de barracas com comidas típicas e projetos culturais. Durante o evento acontece um espetáculo teatral, a Chuva de Bala no País de Mossoró, que lembra a trajetória do cangaceiro Lampião e seu bando na cidade (1927), é realizado desde 2003 em frente à capela de São Vicente, local dos confrontos entre o bando e a população local.
A festa da padroeira Santa Luzia é um dos principais eventos religiosos do Rio Grande do Norte e acontece no mês de dezembro, em frente à catedral, começando no dia 3 com a missa de abertura e prosseguindo durante nove noites de novena. Ao longo da festa acontece o Oratório de Santa Luzia, uma encenação teatral que conta a história de Santa Luzia e acontece logo após o término das novenas. Também realizados diversos outros eventos, como a cavalgada de Santa Luzia, a pedalada da Luz e a Moto Romaria da Luz, além de apresentações musicais. Os festejos se encerram no dia 13 de dezembro com missas e a tradicional procissão, chegando a atrair até cem mil fiéis de Mossoró e outros lugares. Através da lei estadual 10.114, de 7 de outubro de 2016, a festa passou a ser considerada patrimônio cultural, histórico e imaterial do Rio Grande do Norte.
Outros eventos importantes do calendário cultural de Mossoró são: a Festa do Bode, realizada no Parque de Exposição Armando Buá pelo governo do Rio Grande do Norte, em parceria com a prefeitura municipal e associações locais, cuja programação inclui exposições de bovinos, caprinos, ovinos e suínos, bem como de produtos artesanais, além de um festival gastronômico, apresentações artísticas, entre outras atrações; a Feira Industrial e Comercial da Região Oeste (FICRO), que acontece desde 1987 e é promovida pela Associação Comercial e Industrial de Mossoró (ACIM); a Feira do Livro de Mossoró, evento de incentivo à leitura que ocorre desde 2005, com exposições de livros e uma vasta programação; a Feira Internacional de Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), o principal evento da fruticultura irrigada do Brasil, contando com a participação de diversas empresas nacionais e internacionais e o Auto da Liberdade, principal espetáculo teatral realizado dentro da Festa de Liberdade, no final de setembro, que recorda três dos quatro atos libertários de Mossoró: o motim das mulheres (1875), a abolição da escravidão (1883) e o primeiro voto feminino (1927), contando também desfiles e apresentações musicais.
Fonte para o texto: Wikipédia.