sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

ARAGUAÍNA - TOCANTINS

Araguaína é um município brasileiro do estado do Tocantins, Região Norte do país. Sua população estimada em 2018 era de 177.517 habitantes.
Segundo o historiador araguainense Raylinn Barros da Silva, a partir da criação da unidade federativa do Tocantins com a Constituição de 1988, Araguaína foi a maior cidade do estado durante os seus primeiros anos, tendo sido depois ultrapassada em aspectos populacionais por Palmas, capital planejada que nasceu junto com o novo estado. A sua localização mesopotâmica entre os rios federais Araguaia e Tocantins, a proximidade com os estados do Pará e do Maranhão, o fortalecimento da região econômica do MATOPIBA e os acessos rodoviário e ferroviário tornam a cidade um importante centro regional, que se destaca nos quesitos comercial, educacional, de saúde e de serviços.
História
Desbravamento
O livro 'A Transformação Histórica de Araguaína', obra organizada pelos historiadores Raylinn Barros da Silva e Cleube Alves da Silva - coletânea que reúne 15 capítulos de vários pesquisadores que abordam parte da história da cidade - informa que foram os índios carajás foram os habitantes primitivos da vasta região compreendida entre os rios Andorinhas e Lontra, afluentes da margem direita do Rio Araguaia, área que viria a constituir a maior parte do atual município de Araguaína. Os remanescentes dos carajás ainda habitam as margens do Araguaia em reservas indígenas sob a orientação da FUNAI.
O desbravamento da região tem como marco a chegada de João Batista da Silva e sua família, em 1876, procedentes da Vila de Nossa Senhora do Livramento de Paranaguá, atual município de Parnaguá, no Piauí. A família se instalou à margem direita do Rio Lontra, local que denominaram "Livre-Nos Deus", que expressava o temor do ataque de indígenas e animais selvagens. O desbravador trouxe consigo a esposa, Rosalina de Jesus Batista, e os filhos, dentre os quais, Tomás Batista da Silva, na época aos nove anos de idade, ao qual muitos atribuem, erroneamente, a fundação do município. Poucos meses após a chegada da família, ainda no mesmo ano, outras começaram a chegar e se fixar no mesmo local, o que formou um povoado o qual passaram a chamar de "Povoado Lontra" por localizar-se à margem do rio homônimo.
Os primeiros colonizadores se dedicaram inicialmente ao cultivo de cereais para subsistência. Posteriormente, no início do século XX, passaram a vender os grãos no Povoado Nova Aurora do Coco, atual município de Babaçulândia, a pouco mais de 60 km da região. Tentou-se ainda implantar a cultura do café como atividade predominante do povoado, mas foi abandonada pela dificuldade de escoamento da produção, decorrente da ausência de vias terrestres para transporte.
Municipalização
De acordo com o historiador Raylinn Barros da Silva, o povoado pertenceu inicialmente ao município de São Vicente do Araguaia, atual Araguatins, mas passou posteriormente para o município de Boa Vista do Tocantins, atual Tocantinópolis. Em razão do isolamento causado pela ausência de estradas, o povoado sofreu um longo período de estagnação que durou até o ano de 1925, quando se instalaram na região as famílias de Manuel Barreiro, João Brito, Guilhermino Leal, José Lira e João Batista Carneiro. As famílias recém-chegadas provocaram mudanças no povoado.
A primeira professora nomeada para o povoado foi Josefa Dias da Silva. Em 1936, criou-se o primeiro destacamento policial, cujo primeiro delegado foi o comandante Paulino Pereira. A primeira agência de vendas de passagens de ônibus foi criada em 1963 em uma sala do Hotel São Vicente, na Rua Cônego João Lima, que atendia as primeiras empresas interestaduais, como Expresso Braga, Rápido Marajó e Viação Jussara.
Com a criação do município de Filadélfia, em 1949, o então Povoado Lontra passou a lhe integrar, embora a sua denominação tenha mudado no mesmo ano para "Povoado Araguaína", cuja etnologia provém em homenagem ao Rio Araguaia, que atualmente delimita os municípios de Araguaína e Conceição do Araguaia, no Pará. Com a Lei Municipal nº 86, de 30 de setembro de 1953, o povoado se transformou em um distrito de Filadélfia. A instalação do distrito de Araguaína ocorreu em 1º de janeiro de 1954, quando foi nomeado como subprefeito (primeiro administrador), Cassimiro Ferreira Soares, permanecendo no cargo até janeiro de 1959 quando Araguaína deixou a condição de distrito e passou à condição de município. O município foi instalado oficialmente em 1º de janeiro de 1959, quando foi nomeado como primeiro prefeito, Henrique Ferreira de Oliveira, que governou a cidade até janeiro de 1961, quando assumiu o primeiro prefeito eleito de forma direta, Anatólio Dias Carneiro e seu vice, Raimundo Falcão Coelho.
Criação do Tocantins
Araguaína era a quarta maior cidade do estado de Goiás, de 1980 a 1986, estando logo atrás de Luziânia, Anápolis e Goiânia, e a maior da região separatista do Tocantins. Com a promulgação da Constituição de 1988 e a consequente emancipação do norte de Goiás, tornou-se a maior cidade do novo estado e a sua pretensa capital, mas não foi escolhida por fatores geográficos, sociais e políticos, principalmente por influência de José Sarney, então presidente da República, que, segundo o governo do estado na época, não queria prejudicar o desenvolvimento da cidade de Imperatriz, no Maranhão, a 250 km.
A inesperada escolha de Miracema como capital provisória por Siqueira Campos, então primeiro governador eleito do estado e um dos principais líderes do movimento pela emancipação, provocou uma revolta popular que interditou a rodovia federal Belém-Brasília por mais de um dia, deixando diversos carros e ônibus vandalizados. Miracema sequer manifestava a pretensão de se tornar capital, restando a disputa sobretudo entre Araguaína e Porto Nacional. O tumulto, protagonizado principalmente pela classe de caminhoneiros, somente encerrou após negociações envolvendo lideranças locais, incluindo o então prefeito Robson dos Santos, opositor de Campos e contrário à escolha de Miracema. À época, Santos denunciou que a decisão havia se dado por interesses imobiliários de empresas goianas financiadoras da campanha de Campos ao governo.
História recente
Araguaína passou a ser conhecida como a "Capital do Boi Gordo" na década de 90, com a consolidação de grandes propriedades rurais, destacando-se a criação de gado para cria, recria, engorda e abate, a produção leiteira e de produtos agrícolas. Nos anos 2000, passou a receber grandes empreendimentos imobiliários e investimentos na infraestrutura, sobretudo devido à inauguração de trecho da Ferrovia Norte-Sul em 2007 e às novas expansões da fronteira agrícola do MATOPIBA.
Em junho de 2013, acompanhando a onda de manifestações populares que se espalharam por todo o Brasil, cerca de 7 mil pessoas marcharam nas ruas de Araguaína contra a corrupção e por mais investimentos em gastos sociais, como em saúde e educação. Na ocasião, foram apreendidos artefatos explosivos, latas de tintas, barras de ferro, produtos incendiários e outros. A Polícia Militar contou com a colaboração direta de manifestantes pacíficos que conclamavam por ordem e paz na manifestação.
Clima
O clima do município de Araguaína é tropical semiúmido, do tipo "Aw" na classificação climática de Köppen-Geiger, com uma estação definida de chuvas, entre os meses de outubro a maio, e uma estação seca, entre os meses de junho a setembro, com precipitação anual acima de 1 800 mm. As temperaturas são elevadas durante todo o ano, com mínima de 20 ºC e máxima de 32 ºC, chegando aos 34 ºC em setembro.
Economia
Araguaína é um centro econômico forte e estratégico, indutor de desenvolvimento regional, inserido em uma das regiões que mais crescem atualmente no Brasil. Destaca-se por seu centro comercial varejista e atacadista, atendendo um mercado de 2 milhões de consumidores em um raio de 250 km. O comércio é alimentado pela força do agronegócio, cada vez mais profissionalizado e produtivo. A agricultura de precisão na produção de grãos e a pecuária de ponta movimentam as demais cadeias produtivas. O município conta com 6 frigoríficos exportadores, além de 2 unidades produtoras e de abate de frango. Na silvicultura, os mais de 100 mil hectares de floresta plantados, incluindo eucaliptos, seringueiras e madeiras nobres, geram oportunidade de negócios nos setores de movelaria, produção de celulose e de carvão.
Nos últimos anos, Araguaína recebeu grandes empreendimentos imobiliários de alto padrão e passou a se verticalizar. Foram construídos novos conjuntos habitacionais, com infraestrutura completa, atingindo a meta de 6 mil moradias erguidas em 4 anos. A mais recente revisão do Plano Diretor Municipal permitiu o crescimento ordenado da cidade, sem ocupações irregulares, além de uma gestão de águas moderna e com proteção às nascentes fluviais em sua área.
O município é cortado por 3 grandes linhas de transmissão energética nacionais e se localiza a 80 km de uma hidroelétrica. Recentemente, iniciou um programa de incentivos fiscais para a produção de energia solar, visando aproveitar a alta incidência solar da cidade.
Educação
O município é referência estadual em educação e também para o sul dos estados do Pará e do Maranhão. Por tal razão, estudantes de outros estados se deslocam para a cidade, que se ajustou nos últimos anos à faceta de cidade universitária. Além do ensino básico e fundamental, o município conta com 5 universidades, sendo 3 públicas (Universidade Federal do Tocantins, Instituto Federal do Tocantins e a recém-criada Universidade Federal do Norte do Tocantins, da qual o município será sede). O município apresenta também as maiores escolas técnicas e profissionalizantes do estado do Tocantins.
Destacam-se os cursos de Medicina, Direito, Administração e outros voltados principalmente à economia local, como Medicina Veterinária, Zootecnia, Logística, Cooperativismo, Turismo e Engenharia de Produção. A UFT oferece ainda os cursos de Matemática, Física, Biologia, Química, Letras, Geografia e História. O Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), maior universidade particular da região, oferece os cursos de Administração, Agronomia, Ciências Contábeis, Direito, Educação Física, Enfermagem, Estética e Cosmética, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Farmácia, Medicina, Odontologia, Pedagogia, Psicologia, Radiologia, Sistemas de Informação.
Turismo
Dentre os pontos turísticos da região urbana de Araguaína, destacam-se o Parque Cimba, o Lago Azul o Cristo Redentor e a Via Lago. Também são oferecidos diversos serviços de lazer, como paintball, cinemas, boates e grandes festas universitárias. Contudo, o forte do município é a exploração do ecoturismo, um dos segmentos que mais crescem no país segundo a Organização Mundial do Turismo. A cidade é privilegiada por suas belezas naturais, com fauna, flora e, principalmente, água abundante que forma belas paisagens. O seu potencial hídrico, formado principalmente por rios, cachoeiras, córregos e ribeirões nos arredores da cidade, proporciona diversos pontos de lazer em clubes e chácaras que oferecem diversão à população local e turistas. A 26 km do município se localiza a Cachoeira Véu de Noiva, onde se oferece áreas de camping, churrasco, campos de futebol, piscinas, sala de jogos, restaurante e quartos para aluguel, chegando a receber, em média, 250 pessoas nos finais de semana mais movimentados, como feriados.
Araguaína sedia uma das maiores e mais tradicionais cavalgadas do país, reunindo cerca de cinco mil cavaleiros e amazonas de várias partes do estado, com seus objetos e trajes tradicionais, como o berrante e a cabaça. Além destes, participam dezenas de comitivas de todo o Tocantins e mais de 100 mil espectadores (2014). As cavalgadas são eventos anuais que abrem a programação da Exposição Agropecuária de Araguaína (Expoara), realizada nos meses de junho.
Durante o mês de julho, quando baixa o nível das águas do Rio Araguaia, inicia-se a temporada de praias do estado, o que incrementa consideravelmente a estrutura e os recursos oferecidos pelas secretarias regionais de turismo. As praias que surgem, muitas vezes ilhadas, são locais propícios para camping, festas, churrasco e lazer em família. As mais próximas são as do Garimpinho, do Genésio, dos Porcos e do Urubu, a cerca de 35 km da cidade e cujo acesso se dá pela rodovia estadual TO-226, mas se destacam também as praias de Araguanã e do Escapole, distantes cerca de 100 km da cidade, no município de Araguanã.
Cultura e lazer
Cinema
O primeiro cinema de Araguaína se instalou em dezembro de 1960, sob o nome de Cine Luz, localizado na Avenida Castelo Branco, sendo o seu proprietário Carlos Oliveira da Luz. Posteriormente, instalou-se também o Cine Natal, de propriedade da Igreja Católica, localizado na Praça São Luiz Orione. O primeiro foi desativado em meados de março de 1979, quando o seu proprietário se mudou para o Pará. O segundo, por sua vez, passou a ser alugado para particulares, restringindo a programação a pornografia e artes marciais. O fechamento se deu em 1985 por razões judiciais, após o locatário trazer uma trupe de atores para fazer sexo ao vivo, escândalo punido com a rescisão do contrato.
Durante os anos 2000, coexistiram como cinemas o Espaço Cultural, na Avenida Tocantins, e o Top Cine, na Cônego João Lima (centro). Mais recentemente, passou a operar também o Mobi Cine, na Marginal Neblina.
Esporte
Araguaína dispõe do Estádio Leôncio de Souza Miranda também conhecido como "Mirandão", administrado pelo governo estadual, com capacidade de até 15.000 torcedores e local de mando dos jogos do Araguaína Futebol e Regatas, fundado em 1997, e do Sociedade Desportiva Sparta, fundado em 2006. O primeiro, apelidado de "Tourão do Norte" por seus torcedores, chegou a ser a equipe de futebol de maior torcida do estado, tendo disputado o Campeonato Brasileiro da Série C (2011) e sido o primeiro time de futebol masculino do Tocantins, desde a criação do estado, a subir de série em uma competição nacional. O Sparta, por sua vez, conquistou em 2016 o seu primeiro título do Campeonato Tocantinense.
Referência para o texto: Wikipédia .